CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZESSETE
Estar ligada a um homem rico tinha um monte de desvantagens, na opinião de Gina, mas havia também um bônus indiscutível. A comida. No caminho de volta, cortando a cidade, ela conseguiu se empanturrar com frango à Kiev, conseguido no AutoChef totalmente repleto do carro dele.
- Ninguém tem frango à Kiev no AutoChef do carro. - disse ela, com a boca cheia.
- Pois todos teriam se andassem com você. Se não fosse assim, você sobreviveria comendo só hambúrguer de soja e ovos em pó irradiados.
- Eu detesto ovos em pó irradiados.
- Exatamente. - Ele gostou de ouvi-la rir. - Você está de muito bom humor, tenente.
- É que as coisas estão se encaixando, Harry. Eles vão retirar as acusações de Luna na segunda-feira de manhã, e até lá eu já vou ter cercado os canalhas. Foi tudo uma questão de grana. - disse ela, pegando o restinho dos grãos de arroz com os dedos. - Sempre a droga do dinheiro. Cho era a conexão principal com a Immortality, e aqueles três aviõezinhos de elite queriam a parte deles.
- Então a atraíram até o ateliê de Leonardo e a mataram.
- Ir até o ateliê de Leonardo provavelmente foi idéia dela. Cho não queria desistir dele e estava disposta a brigar. Isso deu a eles a oportunidade perfeita para armar tudo. Luna entrar na história foi o toque final. Era bem capaz de eles terem deixado Leonardo pendurado pelo saco, se não fosse assim.
- Sem querer pôr em xeque a sua mente ágil e questionadora, me diga por que não acabar com ela em um beco? Se você está certa, eles já fizeram isso antes.
- Deviam estar querendo um cenário dessa vez. - e mexeu os ombros. - Hetta Moppett era uma ponta solta em potencial. Um deles a enfrentou, tipo bateu de frente, e então se livrou dela. Era melhor não arriscar a possibilidade de Boomer ter deixado escapar alguma coisa enquanto transava com ela.
- Então Boomer foi a vítima seguinte.
- Ele sabia demais, conseguira coisas demais. É provável que ele não soubesse dos três, mas pressionou pelo menos um deles, e quando o avistou na boate se escondeu. Eles conseguiram achá-lo, torturaram-no e o mataram. Só que não tiveram tempo de voltar para pegar o material em seu apartamento.
- Tudo isso pelo lucro?
- Pelo lucro e, se aquela análise provar o que eu imagino, pela Immortality. Cho estava envolvida com o lance, sem dúvida. Meu palpite é de que o que Cho tivesse ou desejasse, Jerry Fitzgerald queria ter mais do que ela. E se ela tinha uma droga que a fazia parecer mais jovem, mais forte e sexy... Podia valer uma fortuna para ela profissionalmente. Sem falar no ego da moça.
- Mas é letal.
- É o que dizem sobre o cigarro, mas eu já vi você acendendo a sua dose de tabaco. - e arqueou uma sobrancelha ao olhar para ele. - Sexo sem proteção era letal durante a segunda metade do século XX. Isso não impediu as pessoas de transarem com estranhos. Armas são letais, mas levamos décadas para conseguir tirá-las das ruas. Portanto...
- Você me convenceu. Muitos de nós acreditam que vão viver para sempre. Vocês fizeram testes com Redford?
- Fizemos. Ele está limpo. O que não significa que tenha menos sangue nas mãos. Vou trancafiar os três pelos próximos cinqüenta anos.
Harry foi diminuindo a velocidade do carro até parar por completo em um sinal fechado. Virando-se para ela, perguntou:
- Gina, você está atrás deles por causa dos assassinatos ou por estragar a vida de uma amiga?
- Os resultados são os mesmos.
- Mas os seus sentimentos não.
- Eles a magoaram. - respondeu ela com firmeza. - Fizeram-na encarar um inferno. Forçaram-me a agir como eles, colocando-a nesse inferno. Ela perdeu o emprego e grande parte da autoconfiança. Eles vão ter que pagar por isso.
- Tudo bem. Tenho só mais uma coisa a dizer.
- Não preciso de críticas sobre o meu trabalho vindas de um cara que abre fechaduras como você, meu chapa!
Ele pegou um lenço e o passou sob o queixo dela.
- Da próxima vez que você pensar em dizer que não tem uma família, Gina - começou ele, falando devagar - pense duas vezes. Luna é a sua família.
Ela ia começar a falar, mas reavaliou o que dizer.
- Estou realizando o meu trabalho. - decidiu. - Se sinto, pessoalmente, um pouco de prazer com isso, o que há de errado?
- Nada. - Ele a beijou de leve e fez uma curva para a esquerda.
- Quero chegar pelos fundos do prédio. Vire à direita na próxima curva, e depois...
- Eu sei como chegar aos fundos desse prédio.
- Não me diga que você é dono dele também.
- Tudo bem, então não digo. E, por falar nisso, se você tivesse me perguntado sobre o sistema de segurança no prédio de Justin Young, você teria poupado muito tempo, ou, no caso, Feeney teria, e muitos problemas. - Quando ela bufou com força, ele sorriu. - Se eu sinto, pessoalmente, um pouco de prazer em possuir grande parte de Manhattan, o que há de errado?
Ela se virou para olhar para fora da janela a fim de que ele não visse o seu sorriso de deboche.
Para Harry, tudo parecia dar certo. Havia sempre uma mesa reservada no restaurante mais exclusivo, poltronas na primeira fila da peça de maior sucesso e uma vaga conveniente para estacionar na rua, como naquele momento. Ele entrou nela e desligou o motor.
- Você não está achando que eu vou ficar esperando por você aqui, está?
- O que acho normalmente não faz diferença com você. Pode vir, mas lembre-se de que você é um civil. Eu não.
- Isso é algo de que jamais esqueço. - e trancou o carro digitando um código na porta. Aquela não era uma região perigosa, mas o carro valia pelo menos seis meses de aluguel de uma das salas exclusivas do prédio. - Querida, antes de passarmos para as formalidades oficiais, o que você está usando por baixo desse vestido?
- Um acessório bolado para enlouquecer os homens.
- Pois está funcionando. Acho que nunca vi a sua bundinha se agitar tanto.
- A partir de agora é a bunda de uma policial, gostosão, tenha cuidado!
- Eu tenho, - e sorriu, dando-lhe um forte tapa no traseiro - pode acreditar. Boa-noite, Hermione.
- Potter. - Com o rosto sem expressão, como se não tivesse ouvido nada, Hermione saiu de trás de um arbusto. - Weasley.
- Algum sinal de... - Gina se agachou ligeiramente por instinto, ao sentir que o arbusto voltou a se mover, e então xingou ao ver Malfoy sair lá de dentro, sorrindo. - Mas que droga, Hermione!
- Não Gina, não coloque a culpa em Mione. Eu estava com ela quando recebeu a sua ligação. Ela jamais conseguiria me impedir de vir. Cooperação interdepartamental, lembra Gina? - Ainda sorrindo, ele estendeu a mão. - Potter, é um prazer conhecê-lo. Meu nome é Draco Malfoy, da Divisão de Drogas Ilegais.
- Já deu para perceber. - As sobrancelhas de Harry se uniram ao ver a forma com que Malfoy tocou na seda preta que estava agarrada ao corpo de Gina. Ao modo típico dos homens e cães pouco amigáveis, arreganhou os dentes.
- Lindo vestido, Gina. Você disse alguma coisa a respeito de levar uma amostra para o laboratório.
- Você sempre fica ouvindo as transmissões dos colegas?
- Bem... - e coçou o queixo. - É que a ligação chegou em um momento pessoal, entende? Eu teria que ser surdo para não ouvir. - e ficou com a voz mais séria. - Você acha que pegou Jerry Fitzgerald com uma dose de Immortality?
- Vamos ter que esperar pelo resultado da análise. - e prestou atenção a Hermione. - Justin Young está em casa?
- Está. Verifiquei com a segurança, e o vídeo mostrou que ele chegou às dezenove horas. Não saiu mais.
- A não ser que tenha escapado por trás.
- Não, senhora. - Hermione se permitiu dar um pequeno sorriso. - Eu liguei para o tele-link do apartamento dele, assim que cheguei, e ele atendeu. Pedi desculpas e disse que era engano.
- Então ele viu você na tela.
Hermione balançou a cabeça, afirmando:
- Homens como ele não se lembram de subordinados. Ele não me reconheceu, e não houve movimento algum por aqui desde a minha chegada, às vinte e três horas e trinta e oito minutos. - e apontou para cima. - As luzes estão acesas.
- Então a gente fica esperando. Malfoy, você podia fazer alguma coisa útil e ficar de tocaia na entrada da frente.
- Tentando se livrar de mim? - e lançou um sorriso.
- Isso! - seus olhos se acenderam. - Vamos ver pelo lado técnico. Como investigadora principal no caso dos assassinatos de Moppett, Johannsen, Cho e Ro, eu tenho plena autoridade nas investigações conjuntas. Portanto...
- Você é durona, Gina. - Suspirando, ele encolheu os ombros e deu uma piscada na direção de Hermione. - Mantenha o meu lugar aquecido, Mione.
- Sinto muito, tenente. - começou Hermione, com formalidade, assim que Malfoy saiu. - Ele ouviu a transmissão. Já que não havia como evitar que ele viesse para cá por conta própria, me pareceu mais produtivo contar com a sua ajuda.
- Ele não vai trazer problemas. - Quando o seu comunicador tocou, ela saiu para o lado. - Weasley falando! - Ouviu por um momento, sorriu de leve e concordou com a cabeça. - Obrigada. - Fez um gesto de quem ia enfiar o aparelho no uniforme, mas se lembrou de que não estava de uniforme e guardou-o na bolsa.
- Jerry Fitzgerald já está solta, sob fiança. Não é de admirar que ela tenha conseguido fiança por causa de uma briga em um desfile de moda.
- Se o resultado do laboratório chegasse... - disse Hermione.
- Se. Vamos esperar. - e olhou para Harry. - Esta pode ser uma noite longa. Você não precisa ficar aqui. Hermione e Malfoy podem me dar uma carona quando acabarmos.
- Eu gosto de noites longas. Quero só um instante da sua atenção, tenente. - Com a mão firme no braço de Gina, Harry a levou para alguns passos longe do local. - Você não comentou que tinha um admirador na Divisão de Drogas Ilegais.
- Não comentei não? - e passou a mão pelos cabelos.
- E o tipo de admirador que está doido para fazer a mão subir pelas suas pernas.
- Essa é uma forma interessante de descrevê-lo. Olhe, ele e Hermione estão juntos no momento.
- Mas isso não o impede de ficar babando em cima de você.
Ela soltou uma risada curta, e então, ao notar a fúria nos olhos de Harry, falou de forma séria, limpando a garganta:
- Ele é inofensivo.
- Eu não acho.
- Ah, qual é, Harry, esse é um daqueles jogos de testosterona, típicos dos homens? - os olhos dele continuavam brilhando e fez com que ela sentisse uma fisgada quase agradável no estômago. - Você está, tipo assim, com ciúme?
- Estou. - Era humilhante reconhecer, mas ele era um homem que fazia o que precisava ser feito.
- Sério? - A fisgada se transformou em uma sensação de prazer que se espalhou. - Puxa, obrigada.
Não havia sentido em bufar de raiva e muito menos em sacudi-la. Em vez disso, ele enfiou as mãos nos bolsos e inclinou a cabeça para o lado.
- De nada! Gina, vamos nos casar daqui a alguns dias.
- Eu sei. - A fisgada começou de novo, com força total.
- Se ele continuar a olhar para você daquele jeito, vou ter que agredi-lo.
- Calma, garoto. - ela sorriu e bateu de leve em sua bochecha. Antes que Gina tivesse a chance de sorrir, ele a agarrou pelos punhos e a puxou para perto, dizendo:
- Você é minha! - Os olhos dela soltaram faíscas e Gina rangeu os dentes. - Funciona nos dois sentidos, querida, mas, caso você não tenha percebido, é justo que eu lhe avise que sou muito possessivo com o que é meu. - e beijou a boca de Gina, que já começava a resmungar. - Eu amo você de verdade, Gina. De forma ridícula.
- É ridículo mesmo, com certeza. - Para acalmar a raiva, ela tentou respirar fundo. - Olhe Harry, não que eu ache que você mereça algum tipo de explicação, mas o fato é que não estou interessada em Malfoy nem em ninguém. E, por acaso, Hermione está com ele. Portanto, segure sua onda!
- Combinado. Agora, quer que eu vá até o carro para pegar um pouco de café?
- Essa é uma propina barata para limpar a sua barra? - perguntou ela, colocando a cabeça de lado.
- Gostaria de lembrar a você que a minha marca de café não é barata.
- Hermione gosta de café fraco. Espere um instante. - Agarrando-o pelo braço, ela o empurrou para trás dos arbustos. - Espere só um pouco. - murmurou no momento em que um carro apareceu na rua. O veículo freou de repente e subiu de forma perpendicular à rua para se apertar em uma vaga acima da calçada. Com manobras impacientes, o carro bateu no da frente e no de trás. Uma mulher vestida com roupa prateada e cintilante desceu a passos largos pela rampa que vinha até a calçada.
- Chegou a nossa garota! - disse Gina baixinho. - Ela não perdeu tempo.
- Você acertou, tenente. - comentou Hermione.
- Parece que sim. Agora me contem por que razão uma mulher que acabou de passar por uma situação inconveniente, desconfortável e potencialmente embaraçosa corre de volta para o homem com quem acabou de romper um relacionamento, que foi acusado de traí-la e ainda a agrediu no rosto? Tudo isso em público?
- Tendências sadomasoquistas? - sugeriu Harry.
- Acho que não. - disse Gina, olhando para ele. - Tendências a gostar de sexo e dinheiro, isso pode ser. E olhe só, Hermione, nossa heroína conhece a entrada dos fundos.
Olhando distraída para trás, Jerry foi direto para a entrada de serviço, digitou um código e entrou.
- Eu diria que ela já entrou por ali antes. - Harry colocou a mão sobre o ombro de Gina. - Isso é o bastante para desmontar o seu álibi?
- É um grande começo. - Pegando a bolsa, Gina apanhou os óculos de longa distância. Colocando-os, ligou o aparelho e ajustou o foco nas janelas de Justin Young - Não dá para vê-lo. - murmurou ela. - Não tem ninguém na sala. - e desviou a cabeça. - O quarto está vazio, mas tem uma mala de viagem aberta sobre a cama. Várias portas estão fechadas. Daqui não dá para ver a cozinha nem a entrada de serviço, droga! - Colocando as mãos na cintura, ela continuou a examinar tudo. - Tem um copo com alguma coisa na mesinha-de-cabeceira, e há sombras luminosas no ar. Acho que o telão do quarto está ligado. Lá está ela.
Os lábios de Gina continuavam sorrindo enquanto ela via Jerry irromper no quarto. Os óculos eram poderosos o bastante para mostrar a ela um close claro da fúria concentrada de Jerry. Sua boca estava se movendo. Ela se abaixou e tirou os sapatos, atirando-os longe.
- Nervosa, muito nervosa. - murmurou Gina. - Ela está chamando por ele, atirando coisas. Entra o nosso herói, à direita. Ora, tenho que reconhecer que ele tem um corpaço.
Com os próprios óculos de distância já colocados, Hermione soltou um murmúrio de concordância.
Justin estava nu em pêlo, com a pele brilhando por causa da água e o cabelo brilhante escorrendo. Aparentemente, Jerry não se impressionou. Voou em cima dele, empurrando-o, enquanto ele segurava as mãos dela. A briga ficou mais acirrada, mais dramática, avaliou Gina, com muitos gestos de braços e balançar de cabeças. Então mudou de tom, subitamente. Justin estava rasgando o vestido prateado de dez mil dólares de Jerry, enquanto os dois caíam sobre a cama.
- Ah, não é lindo, Hermione? Eles estão fazendo as pazes!
Harry deu um tapinha no ombro de Gina e perguntou:
- Você não tem mais um par desses óculos?
- Tarado! - mas reconhecendo que parecia justo, arrancou os óculos e os entregou a ele. - Pode ser que você seja convocado para testemunhar.
- Como? Eu nem estou aqui! - Colocando os óculos, ele os ajustou. Depois de um instante, balançou a cabeça. - Eles não têm muita imaginação, não acha? Diga-me, tenente, você passa muito do seu tempo observando pessoas transando quando fica de tocaia?
- Não há muita coisa que um ser humano faça a outro que eu já não tenha observado.
Reconhecendo o tom de voz, ele tirou os óculos e os entregou de volta, comentando:
- É um emprego miserável o seu. Pelo jeito, suspeitos de assassinato não têm direito a privacidade.
Ela deu de ombros e reajustou os óculos. Era importante manter o humor. Ela sabia que alguns policiais já tinham sido pegos espiando janelas alheias, e o mau uso dos óculos de distância era comum em vários níveis. Gina os considerava uma ferramenta de trabalho muito importante, não importa o quanto seu uso fosse questionado pelos tribunais.
- Parece que acabou. - disse ela, sem emoção. - Temos que reconhecer a velocidade deles.
Justin, apoiado nos cotovelos, mergulhava dentro dela. Com os pés plantados com firmeza sobre o colchão, Jerry levantava os quadris para acompanhá-lo. Seus rostos estavam brilhando por causa do suor, e os olhos fechados de ambos exibiam a mesma expressão de agonia e delícia. Quando ele despencou em cima dela, Gina abriu a boca para falar.
Desistiu de pronunciar as palavras quando viu os braços de Jerry se levantarem e o acariciarem. Justin esfregava o nariz no pescoço de Jerry. Eles continuavam abraçados, acariciando-se, com o rosto colado.
- Ora, quem diria! - murmurou ela, afinal. - Não é apenas sexo. Eles gostam um do outro.
Mais do que o desejo animal, a verdadeira afeição humana era difícil de se observar. Eles se separaram por um segundo e se sentaram na cama, com as pernas ainda amorosamente enlaçadas. Ele acariciou o cabelo despenteado dela. Ela colocou o rosto sobre a palma da mão dele. Começaram a conversar. Pela expressão em seus rostos, o tom da conversa era sério, intenso. Em um determinado momento, Jerry abaixou a cabeça e começou a chorar.
Justin beijou-lhe o cabelo, a sobrancelha, então se levantou e atravessou o quarto. Em um frigobar, pegou um recipiente de vidro e encheu uma taça com o líquido azul-escuro.
Sua expressão era sombria quando ela agarrou a taça da mão dele e bebeu tudo de um gole só.
- Bebida natural uma ova! Aquilo é droga e ela está viciada!
- Só ela. - observou Hermione. - Ele não está tomando nada.
Justin tirou Jerry da cama e, com um braço em torno de sua cintura, levou-a para fora do quarto e eles saíram da linha de visão.
- Continue de olho, Hermione! - ordenou Gina. Puxou os óculos para baixo e os deixou pendurados em torno do pescoço. - Ela está no limite, por causa de alguma coisa. E acho que a nossa pequena briga ainda não acabou. A pressão está começando a pesar para o lado dela. Algumas pessoas não são assassinas por natureza.
- Se eles estão tentando se distanciar um do outro para dar mais força ao álibi, foi arriscado para ela vir até aqui esta noite.
Gina concordou enquanto olhava para Harry.
- Ela precisava dele. Os vícios aparecem de diversas formas. - Quando o comunicador tocou, Gina o pegou na bolsa. - Weasley falando.
- Correria, correria, sempre correria!
- Quim, me dê boas notícias.
- Trata-se de uma mistura interessante, tenente. A não ser por alguns aditivos para torná-la líquida, acrescentar uma cor bonita e dar um leve sabor de frutas, a substância é a mesma. Todos os elementos do pó previamente analisado estão ali, incluindo o néctar da Flor da Eternidade. No entanto, é uma mistura menos potente, e quando ingerida por via oral...
- Isso é tudo o que eu precisava saber. Transmita o relatório completo para a minha sala. Conforme o regulamento, envie também uma cópia para o comandante Lupin, uma para Malfoy e mais uma para o promotor.
- Quer que eu amarre um laço vermelho, bem bonito, também? - perguntou ele, com voz azeda.
- Não seja babaca, Quim! Você já conseguiu os seus lugares no estádio, pertinho do campo. - Desligando, ela sorriu. - Solicite um mandado de busca e confisco, Hermione. Vamos pegá-los.
- Sim, senhora. E quanto a Malfoy?
- Diga-lhe que nós vamos entrar pela frente. A Divisão de Drogas Ilegais vai ter sua parte nos louros.
Já eram cinco da manhã quando eles acabaram com toda a papelada e conseguiram terminar a primeira rodada de interrogatórios. Os advogados de Jerry Fitzgerald haviam insistido em pelo menos seis horas de intervalo. Sem outra opção a não ser concordar, Gina ordenou a Hermione que ficasse descansando até as oito horas e foi para a própria sala.
- Não lhe disse para ir tirar um cochilo? - perguntou ela quando viu Harry sentado à sua mesa.
- Tinha um trabalho a fazer.
Franzindo as sobrancelhas, ela olhou para o monitor do seu computador. As plantas e os projetos complicados que viu na tela a fizeram bufar.
- Mexer em propriedade do governo pode resultar em dezoito meses de prisão domiciliar.
- Dá para segurar um pouco essa ordem de prisão? Estou quase acabando. Visão da ala leste, todos os andares.
- Não estou brincando, Harry. Você não pode usar o meu tele-link para assuntos pessoais.
- Hum... Lembrar-se de ajustar o Centro de Recreação C. A metragem quadrada não é suficiente. Transmita todos os memorandos, dimensões recalculadas, diagramas de custos, arquitetura e projeto e envie tudo para o meu escritório no Satélite FreeStar One. Salvar arquivo em disco e desligar. - Ele tirou o disco e o enfiou no bolso. - O que estava dizendo, Gina?
- Este computador está programado para reconhecer apenas a minha impressão de voz. Como conseguiu fazê-lo funcionar?
- Ora, Gina! - e ele apenas sorriu.
- Tudo bem, não me conte. Não quero saber mesmo. Você não poderia ter feito isso de casa?
- Certamente. Só que não teria o prazer de levá-la para casa e fazer com que durma algumas horas. - se levantou. - E isso é exatamente o que eu vou fazer agora.
- Vou tirar um cochilo aqui no sofá.
- Não, você provavelmente vai acabar sentando aqui para ficar examinando as pistas, provas e pedir cálculos de probabilidade do sistema, até cair de sono.
Ela poderia ter negado aquilo. Mas era muito difícil negar, sob a maior parte das circunstâncias.
- Eu tenho só umas coisinhas que queria colocar em ordem.
- Onde está Hermione? - ele deixou a cabeça pender para o lado.
- Mandei-a para casa.
- E o inestimável Malfoy?
Reconhecendo a armadilha, mas sabendo como escapar, Gina deu de ombros.
- Acho que ele foi com ela.
- E os seus suspeitos?
- Eles tinham direito a um intervalo.
- E você também. - disse ele, tomando-a pelo braço. Ela começou a se desvencilhar, mas ele continuou a empurrá-la para fora da sala, em direção ao corredor. - Tenho certeza de que todos gostaram do seu novo uniforme para fazer interrogatórios, mas creio que você faria um trabalho melhor depois de uma soneca, um banho e uma troca de roupas.
Ela olhou para o vestido preto de seda. Havia se esquecido por completo de que ainda estava com ele.
- Devo ter uma calça jeans aqui no meu armário. - Quando ele conseguiu empurrá-la para dentro do elevador, quase sem esforço, ela reparou que estava quase desabando. - Tudo bem, tudo bem. Vou passar em casa para tomar um banho e talvez comer alguma coisa.
E, pensou Harry, vai dormir por, pelo menos, cinco horas.
- Como é que foi o interrogatório?
- Hein? - ela piscou, balançando a cabeça para permanecer alerta. - Não houve muito progresso. Eu nem esperava, na primeira rodada. Eles estão se prendendo à história original e afirmando que a droga foi plantada no local. Já conseguimos o bastante para solicitar um teste toxicológico em Jerry, e ela vai ser obrigada a fazê-lo. Os advogados estão reclamando muito, mas nós vamos conseguir.
Gina bocejou, abertamente.
- Vamos usar isto para arrancar mais dados dela ou talvez uma confissão completa. - continuou ela. - Vamos atacá-los em trio, na próxima rodada.
Harry a levou pela passarela deslizante ao ar livre até o estacionamento onde deixara o carro. Ela caminhava, ele notou, com o corpo pesado de uma mulher completamente bêbada.
- Eles não têm a mínima chance. - disse ele enquanto eles se aproximavam do carro. - Aqui é Potter, destranque o veículo.
Abrindo a porta do carro, ele a colocou com cuidado no banco do carona.
- Nós vamos atacar em turnos. Malfoy é bom para fazer interrogatórios. - Sua cabeça tombou para trás no banco. - Isso eu tenho que reconhecer. Hermione tem muito potencial. Ela é obstinada. Vamos mantê-los em salas separadas e nós três vamos ficar nos alternando nas perguntas. Aposto que Justin Young vai ser o primeiro a confessar.
- Por quê? - Harry saiu com o carro do estacionamento e seguiu na direção de casa.
- Porque o canalha a ama. O amor acaba com a pessoa. Você comete erros porque está preocupado com quem ama e fica aflito. Burrice!
Ele sorriu de leve, tirou para o lado o cabelo que caía no rosto de Gina e a viu mergulhar profundamente no sono.
- Eu que o diga! - confessou ele.
Agradecimentos especiais:
gilmara: O Crack é um dos meus personagens favoritos sem ser os principais nas tramas e agora que você fez essa comparação tenho de concordar com você, acho que só faltaria as roupas escandalosas. A Luna tem mesmo uns amigos muito loucos e mesmo sofrendo um pouco agora ela vai ser muito recompensada quando começar a fazer sucesso com a musica, quanto ao Moody a historia completa vem futuramente e é realmente uma merda, pois o policial era corrupto e não ajudou em nada, apenas fechou o caso como briga de gangues, mas o Harry se vingou pelo Moody o que explica a lealdade que o mordomo tem por ele, quanto ao relacionamento entre o Moody e a Gina eu acho que eles meio que se respeitam mutuamente e em breve o Moody vai passar a vê-la com outros olhos. Espero que continue lendo. Beijos.
Bianca: Concordo com você nesse lance, mas acho que quem tem quer sempre mais e eles não olham para as pessoas que precisam, esse é o maior mal do Brasil e também do mundo. Jerry realmente se deu mal nessa, e você está certa achando que não foi ela ou o Justin que matou a Cho, mas eles tem culpa no cartório sim, cada um deles a sua maneira, mas eles sabiam sobre quase tudo. O Barata foi mais pra despistar do que qualquer outra coisa, ele nem mesmo é importante para a trama... Sobre o livro Amantes e Inimigos, como eu não o encontrei ainda na internet e olha que eu rodei em uma porção de sites diferentes sábado de manha eu fui até uma livraria e acabei achando o livro e li a sinopse, e agora estou realmente querendo ler o livro, não pude comprar, pois eles estão vendendo a 62,90, o que eu achei um absurdo. Quanto a Êxtase Mortal você já pode começar a ler se quiser, pois eu não vou postar nenhum capitulo que possa revelar algo de Eternidade, o que eu acho que só poderão ser os dois primeiros, depois vou ter que terminar de postar eternidade primeiro. Quanto aos capítulos, fora esse ainda faltam três para o final, o ultimo é o capitulo vinte e o desenrolar de toda a historia. Sobre você não comentar, não se preocupe, eu entendo até porque eu estou me dobrando em três para atualizar todas as minhas fics na segunda e ainda vou ter de revezar o post das quatro que eu mesmo faço. Beijos.
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