Em Família




N/A: GENTE! eu nao sei o que aconteceu comigo esses dias. Desculpem a demora para postar. Eu tive que apagar umas três vezes algumas cenas, por que eu não tava conseguindo dar continuidade ao que eu escrevia! o_O ashysaguasygsaugas mas em fim, tá aí mais um capítulo.

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Não eram mais de oito horas da noite e minha mãe chamou para jantar. Ela não era o tipo de mãe que geralmente fazia isso, mas de repente a vi com um avental e descobri que ela tinha preparado a comida. Estava animada para saber o que eu ia achar; meu pai, na ponta da mesa, experimentava a macarronada dando algumas garfadas com uma expressão que indicava estar achando a comida interessante. Ele não olhou para mim quando arrastei a cadeira para me sentar à mesa.

– O que acharam? – perguntou minha mãe um tempinho depois. Meu pai ficou calado, girando os olhos. Eu sorri, e ela entendeu isso como um elogio. – Bem, eu sei que Draco adorou, então não precisa dizer nada, querido. Vejo em sua expressão e no fato de que repetiu duas vezes.

Ele preferiu ignorar a alfinetada. O jantar na mansão era sempre assim. Apenas minha mãe falava, enquanto meu pai apenas ouvia e eu fingia estar prestando atenção. Não era uma hora de muita conversa, como nas outras famílias. E eu nunca soube o por quê.

Assim que minha mãe parou de falar, meu pai limpou a boca e se levantou da cadeira. Ele andou em direção a sala, ligeiramente mancando. Quando desapareceu de vista, voltei a olhar para minha mãe. Ela estava com o rosto contraído em seriedade.

– O que aconteceu? – perguntei a ela, referindo-me ao fato do meu pai estar mancando.

– Semana passada ele caiu da escada.

Eu achei aquilo ridículo. Tanto que devo ter demonstrado a minha impaciência. Minha mãe estendeu seu braço e tocou minha mão. Os olhos delas, antes alegres e contentes, agora demonstravam a realidade de sempre: agonia e arrependimento. Ela parecia estar confessando um de seus maiores pecados para mim. Sua voz saiu trêmula:

– Scorpius, não sei mais o que fazer com o seu pai.

– Então não faça nada.

– Scorpius... – murmurou ela, chocada com a minha frieza. – Ele precisa de você, de nós dois juntos. Ele está bebendo muito, parece cada dia mais derrotado e...

Ergui a sobrancelha. Não acreditava naquilo.

– Meu pai está cansado de mim, por que não diga a ele que eu também estou cansado dele?

– Qual é o seu problema, Scorpius? – os olhos da minha mãe lacrimejaram, e ela afastou sua mão da minha. Eu me levantei. – O que ele fez a você?

- Em toda a minha vida tudo o que ele fez foi apenas dizer o quanto eu sou inútil e fraco.

– Scorpius – ela se levantou e se aproximou de mim. Segurou meus dois braços com força. – Isso não é verdade. Se pensa assim, então pare agora mesmo. Seu pai sempre teve orgulho de você, você sabe disso. Ele apenas quer que você não se transforme no que ele mesmo já foi no passado...

– Mãe – eu disse assim que vi lágrimas rolarem em seu rosto pálido feito boneca de porcelana. Suas mãos soltaram meu braço devagar. – Parece que ele não se importa mais com isso. – Eu tentei explicar.

– Você raramente está aqui para ver. Detesto saber o quanto o laço entre vocês, antes tão forte, tão arrebatador, tão unido, está se despedaçando a cada momento em que descobrem defeitos e imperfeições que sempre tiveram. Eu não sei mais...

Não sabia como agir quando minha mãe chorava silenciosamente. Estava preocupada e transtornada, sempre por minha causa. Eu detestava cada angustia que minhas palavras transmitiam a ela, ao meu pai. Mas o que eu podia fazer para impedir que isso acontecesse?

– Vou para o quarto.

Ela não disse nada, apenas permitiu que eu subisse as escadas.

Para que tudo ficasse bem eu só deveria continuar trancado no meu quarto, sem dar avisos de que eu ainda existia. À noite, o silêncio na mansão era o mais monótono, e mais aterrorizante que o silêncio de Hogwarts. Olhava para a janela, observava a sebe, a fonte e o portão. Sinais de vidas apenas nos corredores, quando os retratos começavam a querer conversar e a xingar os traidores de sangue existentes.

Numa manhã de sol, saí para passear pelo grande terreno da mansão. Era uma caminhada longa, mas eu não estava com nenhuma pressa. Enquanto andava em direção ao portão de ferro, ouvi um estrépito. Alguns metros à frente, meus avós aparataram dentro do terreno. Eles me viram. Meu avô apontou sua bengala para mim e ordenou que eu chamasse meu pai, enquanto se direcionava, com passos lardos e apressados, até a entrada do casarão. Ele não parecia muito contente, estava zangado. Minha avó, por outro lado, o seguia indiferente, segurando sua bolsa verde nas mãos.

Meu pai já os esperava na escadaria de mármore.

– Draco – exclamou meu avô. – Que história é esse de que vai trabalhar em um dos departamentos do Ministério da Magia? Não sabe o quanto está poluído, com bando de sangues ruins...!

– Bom-dia, pai – ele girou os olhos dando as costas para entrar no hall da mansão. Meu avô nos acompanhou enquanto bufava sem parar. – Pegue um copo de água para ele, Scorpius.

Ele alfinetou minha barriga com a bengala.

– Eu quero um gole de wisky, e não água. Água é para pessoas como Harry Potter, sem preocupações na vida agora. Na realidade, traga-me duas garrafas de wisky...

– Olá, Narcissa – minha mãe apareceu, cumprimentando minha avó com afinidade. – Lucio.

Meu avô explodiu.

– Como ousa deixar Draco trabalhar para bandos de traidores de sangue!? Ah, você irá ver só, Astória!

Entreguei um copo de wisky para ele. Quando bebeu, pareceu mais relaxado. Então meu pai aproveitou e disse:

– A idéia foi minha.

As sobrancelhas do meu avô levantaram-se em desdém. Ele sorriu, bebendo mais um gole.

– Sua? Ótimo. Ótimo. Finalmente aprendendo a fazer as escolhas sem a minha ajuda. Muito bom, Draco. Realmente muito bom. Corajoso também. Coloque mais, Hyperion.

Obedeci.

– Mas, me diga uma coisa – continuou, andando até a sala de estar. Todo mundo o acompanhava. – Como é?

– Como é o quê?

– Vergonhoso? Terrível? Extraordinário?

– Do que o senhor está falando?

– Como é trabalhar com o Eleito? O herói. O semideus Potter!

– Ele é um auror – sibilou meu pai. – Sou apenas um funcionário do Ministério.

– Ora, Draco! Hyperion...

Enchi a taça de Wisky até transbordar. Meu avô agradeceu.

– Bem – eu disse, guardando a taça na estante. – Estarei no meu quarto. Não quero atra-

Levei outra alfinetada com a bengala.

– Fique – ordenou meu avô, sentando-se no sofá. – Converse conosco, exponha suas opiniões. Mulheres! – ele se virou para minha avó e mãe. – Nos dêem licença. Amanhã é o aniversário do Hyperion, não é mesmo? Quero conversar com os homens da família.

Nenhuma das duas protestou.

– Sente-se! Quero lhe fazer uma pergunta que nunca fiz, mas que irei fazer agora. O que acha dos trouxas?

Meu pai bateu palmas.

– Não, Lucio! Não venha com essas perguntas ao meu filho...

No entanto, olhando atentamente para mim meu avô esticou o braço com a mão aberta, pedindo para que meu pai ficasse quieto em seu lugar.

– Fiz uma pergunta, Hyperion. Responda.

Nunca tive uma opinião formada sobre isso. Eu nunca tive curiosidade de saber coisas sobre nascidos trouxas, ou como meu avô costumava dizer “sangue-ruins”. Com isso, acabei erguendo os ombros e respondi: “nada.”

– NADA? Então você não os despreza. Que interessante. Realmente nada? Pois é. Você não viveu na época como a do seu pai, como a minha. Não pode dizer absolutamente nada, não é mesmo? Hoje em dia casar-se com trouxas é a coisa mais natural do mundo. É como ir ao banheiro. Ninguém se importa com o sangue limpo que tem nas veias. Mas saiba, meu neto! – ele aumentou a voz, inclinando a cabeça para mais perto de mim. As próximas palavras foram ditas lentamente, como se quisesse deixar aquilo bem claro: – Não interessa o que sejam, não interessa o que façam, não interessa se são heróis, se são bonzinhos, se são felizes... nunca perdoarei se você se envolver com pessoas que idolatram inferiores a bruxo. Entendeu?

Enquanto ele dizia aquilo, Rose apareceu na minha memória. Eu supliquei para que ela saísse dali. Não era um bom momento.

– Entendeu?

– É obvio que Scorpius entendeu. Eu digo sempre a ele.

– Ótimo. – Ele se levantou. – Estou decepcionado com você, Draco. Mas o que se pode fazer? Estamos devendo a vida a Harry Potter, não estamos? Mesmo que tenha passado uns bons trinta anos... ele merece compaixão até a eternidade!

Meu avô dizia isso tão constantemente que agora parecia estar sendo sarcástico. Logo depois ele e minha avó foram embora, avisando que voltariam da viagem na semana seguinte. Eu voltei para meu quarto, mas antes que subisse as escadas, meu pai me chamou.

– Sobre o que o seu avô falou, Scorpius...

– É – eu murmurei. – Eu entendo perfeitamente, não se preocupe.

Ele me analisou por um momento. Quando voltei para subir as escadas, ouvi meu nome outra vez.

– Espero que ainda goste de Quadribol – disse meu pai, sério. Franzi a testa. – Vamos a final da Copa Mundial amanhã.

E quando comentei isso com a minha mãe, percebi que ela achara a idéia pouco provável. Eu não tinha nada contra ir a uma final de Quadribol, mas ela tinha, por causa do próprio marido. A perna do meu pai não estava boa – ele dizia que aquilo não atrapalharia absolutamente nada, mas minha mãe o conhecia perfeitamente –, além disso, haveria milhares de trouxas e sangue ruins por todos os lados, ele iria odiar. Mesmo assim, depois de uma breve discussão meu pai venceu.

– Fiquemos longe deles, se é esse o problema, Astória.

– Mas... não é problema nenhum para mim. O único problema é que todos estarão por lá. Todos – ela enfatizou a palavra com medo de que meu pai não entendesse.

– Minha querida, nós vamos. Eu ainda espero ver um jogo de Quadribol novamente. Não será nenhum deles que irá atrapalhar o nosso fim de semana.

Minha mãe ficou olhando para ele, estupidamente surpresa, e em fim aceitou.

***

Era uma floresta a estrada onde nós estávamos caminhando. Meus pais odiavam acampamento, e a sorte era que o Ministério havia reunido todos os funcionários em companhia de sua família para passarem o tempo na cabine excepcionalmente espaçosa que havia no meio da floresta, para que os bruxos pudessem usar magia à vontade, sem que trouxas desconfiassem.


Mas naquele momento acompanhávamos os torcedores até o local da última partida da Copa Mundial. Ocorreram bastante tropeço, brigas e discussões, e até alguns garotos feridos por terem caído no chão, mas nada grave. Esperei o tempo passar, a fila e a multidão se afastarem e de repente me vi entregando o ingresso para um homem. Meu pai ajeitou seu sobretudo preto e pediu para que eu e minha mãe o seguisse diante de um corredor escuro.


Homens e mulheres, crianças e adolescentes, uma multidão se inclinava em direção ao grande campo de Quadribol. Os camarotes numa posição perfeita para as visões dos espectadores. Milhares de torcedores se instalando nelas, e não havia nada que arrancasse as risadas e toda a felicidade e animação dos torcedores da Escócia, nem da Dinamarca. Ver tanta gente aglomerada em um só lugar me deixava enjoado, eu não entendia o por quê. Eu tinha vontade de empurrá-las para dar passagem, mas tentei me controlar.

Chegamos a uma parte vazia do camarote quase infinito, que nos trinta minutos seguintes ficou todo lotado. Pessoas conhecidas cumprimentavam minha mãe enquanto passavam. Alguns de meus colegas davam acenos frenéticos com a mão.

Três aros, as bandeiras estendidas ao vento fresco da noite. Luzes e holofotes iluminando os torcedores mais animados. Gritos, berros, risadas, quase tão surreais quanto a vista extraordinária dali de cima. Era um sonho. Eu sorri alegremente, minha mãe começou a conversar com uma senhora ao nosso lado, também animada, mas meu pai... imóvel em seu lugar ao meu lado, não sorria, sua expressão indicava o nada. Ele parecia absorto em pensamentos. Assim que a voz do ministro ecoou bravamente a todos, anunciando a apresentação do time da Dinamarca, ele bateu palmas e olhou para os lados, como se fosse um completo estranho.

Eu senti pena dele. Parecia que não pertencia mais àquele mundo.

– Sim, é ele mesmo – alguém dizia, olhando diretamente para Draco Malfoy. – Aquele homem ordinário... Pensei que já estivesse morto.

Meu pai nunca conseguiu ter uma segunda chance. Ele olhou para o casal que passava, mas não disse nada. Deveria estar concordando, ilogicamente. Voltou à atenção para a apresentação agora da Escócia e pegou seu onióculo para observar os dançarinos.

– Malfoy.

Virei-me de repente. Alvo Severo passou por mim e me cumprimentou entusiasmado.

– Sabia que viria. Quer um onióculo?

Ele estendeu o objeto em minha direção e eu o peguei. Meu pai tirou o próprio onióculo do rosto e girou o corpo para perguntar ao Potter, com a sobrancelha erguida:

– Sua família também está aqui?

– Sim, eles...

O sr. e a sra. Potter se revelaram atrás de um grupo de pessoa antes que seu filho logo respondesse. O sr. Potter estendeu a mão para meu pai, e eles se cumprimentaram. Depois se afastaram para encontrar lugares ali perto.

O jogo começara. Era uma daquelas partidas em que os jogadores não tinham consciência ao dar um soco ou machucar o adversário. Eu conseguia ver os mínimos detalhes da partida, por causa da magia do onióculo. Regulava o objeto para ver melhor o modo como o pomo de ouro oscilava numa velocidade incrível que mal conseguia ser acompanhado a olho nu.

O placar da partida aumentava para o time da Escócia, os torcedores pulavam e se abraçavam. Mas logo em seguida a Dinamarca conseguiu fazer três pontos a mais, o que resultou vaias. Deu para imaginar que oitenta por cento dos bruxos desejavam que Escócia vencesse a partida, mas não era o que estava acontecendo. O apanhador da Dinamarca tinha velocidade e cinco vezes mais agilidade que o apanhador da Escócia, mas a defesa do mesmo time tinha suas vantagens: eles não deixaram que o apanhador da Dinamarca se aproximasse do pomo.

E eles ficaram assim durante meia hora, evitando a aproximação do jogador profissional.

Nesse tempo, eu senti alguém me puxar pela camiseta. Tirei o onióculo do rosto, zangado. Minha mãe segurava o braço do meu pai, e ela exclamou:

– Draco está passando mal!

– Eu estou bem, Astória! – ele gritou, se afastando.

O que era uma tremenda mentira, pois um segundo depois ele caiu no chão com estrondo. As pessoas ali perto se aproximaram para ajudá-lo. Meu pai abriu os olhos e se levantou, cambaleando e voltando à tona.

– Vamos embora, filho – minha mãe puxou minha camisa. – Seu pai não está bem mesmo.

– Não – eu rosnei. – Eu vou ficar aqui. Eu já tenho idade o suficiente para usar magia e sei aparatar. Façam o que quiser, contanto que eu continue vendo esse jogo até o final.

– Você não vai me obedecer? Vai deixar o seu pai na mão?

– Na mão? – eu não acreditava naquilo. Até ri. – O problema é dele se bebeu demais antes de vir para cá.

Voltei a ver a partida sem querer saber se tinham ido embora. Naquela noite, a Escócia ganhou o titulo da Copa Mundial, mas eu não consegui saborear a vitória. Corri para a floresta, desesperado, quando os jogadores receberam as medalhas. Eu estava sem a varinha. O que era realmente estranho, pois sempre a deixei no bolso. Poderia ter caído na floresta, mas eu procurei durante três horas seguidas e não a encontrei.

Eu era um idiota.

A noite começou a ficar medonha e fria. Corri até o camarim do Ministério, onde havia uma aglomeração lá dentro. Eu estava correndo muito rápido. No meio do caminho um vulto apareceu também na mesma velocidade e nós esbarramos um no outro. Apenas descobri quem era quando a derrubei no chão, forçando o impacto. Eu não pude deixar de gaguejar ao ver os olhos azuis dela, e o meu peso contra o seu corpo delicado. Rose engoliu em seco.

– Desculpe – eu disse depressa sem me mexer. Ela parecia muito assustada. – Você está bem?

– Eu senti sua falta – sussurrou ela.

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Comentários (2)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI AQUI :)A-M-O SCORPIUS PELO O Q ELE DISSE U.UELE É MAIS CORAJOSO DO Q PENSA :) 

    2013-02-05
  • Lana Silva

    Nossa que capitulo. Eu senti muita pena do  Draco...Mas poxa o que ele fez antes com o Scorpius foi fogo!

    2012-02-16
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