A Recuperação
Depois de uma longa noite em claro Madame Pomfrey finalmente pode dormir. Assim que terminou sua árdua missão de ministrar na hora correta as poções para o casal sentiu-se aliviada e tranqüilizada, mas seu sono fora interrompido por alunos que queriam saber noticias de seus amigos.
Madame Pomfrey não pode respondê-los com muita certeza, afinal nem ela mesma sabia qual era o real estado de Hermione e Draco, mas mesmo assim permitiu algumas poucas visitas.
Ambos ainda permaneciam desacordados, apesar de já não estarem mais feridos, Madame Pomfrey deduziu que eles apenas dormiam depois de uma longa noite e, para sua grande surpresa realmente eles apenas dormiam.
Madame Pomfrey ainda lutava contra seu sono quando Hermione despertou.
Acordou sobressaltada, perdida no tempo e sem entender o que havia acontecido, antes mesmo de se situar perguntou:
- Onde está Draco?- olhando com os olhos arregalados para a enfermeira que sorria aliviada ao ver a garota aparentemente muito bem e recuperada.- Ele está bem?- disse com urgência, começando se levantar.
Madame Pomfrey logo se apressou em deitá-la. – Acalme-se querida, seu colega passa bem, ele está dormindo.- disse indicando o leito ao lado.
Hermione olhou para o lado e pareceu aliviada ao ver Draco ali, dormindo, não tinha muitas lembranças da noite anterior, só se lembrava da traição do seu suposto amigo Ben.
Respirei fundo, sentia o ódio correr em minhas veias, como Ben pode ser tão canalha a ponto de tentar matar a mim e Draco? Aquilo era uma coisa difícil de acreditar, Ben parecia tão confiável, tão amável e amigo, o pior de tudo é que eu me sentia mal por ter duvidado da palavra de Draco e ainda por cima ter colocado sua vida em risco.
“Ele é o seu guardião, daria a vida por você.”
Minha mente estava confusa, eu não podia me lembrar perfeitamente do que me disseram ou quem me disse, só podia me lembrar que haviam me dito isso ou pelo menos algo assim.
Tinha fleches de lembranças as quais eu não fazia questão alguma de ter, minha cabeça doía um pouco e me sentia um pouco fraca, as lembranças iam voltando para dentro da minha cabeça aos poucos e ficavam nítidas com muita rapidez, tudo era tão rápido que chegava me enjoar.
Madame Pomfrey me observava preocupada, eu podia jurar que fazia caretas enquanto lutava para não vomitar.
- Você está bem, querida?- perguntou ela me olhando, a preocupação era evidente, apenas me limitei a balançar a cabeça negativamente, o enjoo continuou piorar e as lembranças também.
- Estou me sentindo enjoada.- disse entre os dentes, minha respiração era irregular, não podia manter-me com ela estável, tentei me concentrar em algo que não fosse as cenas de terror e pavor que tive a noite passada.
Logo Madame Pomfrey se afastou de mim e voltou com muita rapidez, trazia em sua mão um frasco de vidro azul, destampou e me ajudou a tomar todo o conteúdo, pelo gosto horrível com certeza era uma poção para vomito.
Fechei os olhos e pousei minha cabeça no travesseiro tentando relaxar, imediatamente contorci meu rosto, a lembrança de Draco sendo arremessado com violência para uma árvore me causou o mesmo efeito da noite anterior, abri os olhos e mirei-o deitado, senti alivio por vê-lo ali, vivo e com a aparência muito melhor do que poderia estar.
Tinha muitas perguntas em minha cabeça, por isso decidi que assim que eu saísse da enfermaria iria procurar pelas respostas, começando pela biblioteca de Hogwarts.
Depois de ter tomado a poção o enjoo passou, mas aquelas cenas ainda me torturavam. Tudo o que eu conseguia pensar era numa maneiro dolorosa o suficiente para me torturar, me sentia culpada pelo fato de Draco quase ter morrido, se eu não tivesse sido tão tonta, tão ingênua...
Tentei controlar meus pensamentos, minha culpa já me causava grande raiva e eu não precisava de mais. O peso de minha consciência me atingia com golpes duros, eu podia desejar que um raio me partisse ao meio ou algo pior me acontecesse, eu realmente merecia o pior.
Eu estava tão atormentada com meus pensamentos que nem percebi quando Draco despertou, apenas senti um par de olhos cinzas me olhando sem nada dizer, olhei para o lado para poder encara-lo.
- Desculpe.- foi a primeira e única coisa que saiu da minha boca assim que nossos olhos se encontraram, a minha culpa me fez dizer isso.
Draco sorriu sinceramente, era um sorriso leve muito discreto e tranqüilizador.
- Você não precisa se desculpar.- disse simplesmente, não podemos continuar a discussão Madame Pomfrey se aproximou de nós afoita, queria saber como nós nos sentíamos.
Demoramos um bom tempo até convencermos ela de que estávamos nos sentindo bem, alias bem até demais, o que me fez notar que não estávamos nada machucados como na noite anterior, fiquei intrigada.
- Madame Pomfrey...- chamei pela enfermeira, precisava fazer algumas perguntas a ela.
Madame Pomfrey se aproximou de prontidão, um pouco preocupada que houvesse algo de errado.
- Eu gostaria de conversar com a Senhora, preciso fazer algumas perguntas, se não se importar.- disse olhando-a, ela não pareceu surpresa, muito pelo contrário acho que ela queria mesmo conversar sobre aquilo.
Pensei por um segundo, quais seriam as possibilidades de Draco e eu termos nos salvado na noite anterior? Se existia alguma possibilidade eu não conhecia, nossos ferimentos eram muito graves e, pelos meus poucos conhecimentos na área médica, sabia que a menos que houvesse ocorrido um milagre nos salvaríamos.
- Madame Pomfrey o que exatamente aconteceu aqui? Digo, Draco e eu estamos ótimos e sem ferimentos.-olhando-a para ter certeza de que ela compreendera minha pergunta.
- Parece que a senhorita tem muitos amigos, amigos novos eu quero dizer.- ela me olhou com um olhar penetrante como se estivesse lendo meus pensamentos, apenas concordei com a cabeça. – Eu não sei ao certo quem são, a única coisa que sei é que eles salvaram a sua vida e a do Sr. Malfoy. Duas mulheres apareceram aqui ontem a noite, quando eu já não sabia mais o que fazer, eu já tinha esgotado todo o meu repertório de poções e não tinha obtido nenhum efeito sobre vocês, eu não sei como se chamam, uma delas parecia conhecer você e outra era uma anciã muito sábia, foram elas que fizeram as poções que eu ministrei em vocês durante a noite toda em intervalos de tempos exatos.- ela fez uma pequena pausa mas logo continuou. – Eu segui as instruções como foram me passadas e na última dose vocês já estavam curados, eu jamais vi algo assim antes.- completou.
Suas palavras faziam sentido, a tal mulher que ela disse vir até aqui deve ter sido a mesma que apareceu para mim na noite anterior pouco antes do baile, eu já não precisava mais fazer perguntas, aquilo tudo me bastava.
Depois dessa breve conversa Madame Pomfrey me mandou descansar, apesar de eu me sentir muito bem não me opus, realmente precisava descansar e pensar um pouco, fechei meus olhos para fingir que dormia, enquanto isso minha cabeça pensava sem parar.
Depois de muito pensar acabei adormecendo, não tive como continuar acordada devido ao meu cansaço, eu podia sentir que exigira demais de mim na noite passada, mas pelo menos isso valeu de algo, Draco e eu tínhamos sobrevivido e estávamos bem.
Perdi a noção do tempo logo depois que fiquei inconsciente, quando abri os olhos pude ver vários pares de olhos fixos em mim, não entendi muito bem porque todos me olhavam, mas não pude deixar de sorrir ao ver Harry e os outros, todos pareciam aliviados e sorriam pra mim.
- Como você está, Mione?- perguntou Harry, preocupado.
- Você nos deu um susto e tanto.- disse Rony me olhando.
- Me desculpem por ter preocupado vocês, eu estou bem graças ao tratamento que Madame Pomfrey ministrou com sucesso.- tentei enrolar, não queria explicar muitas coisas antes de conversar com Draco sobre o assunto.
Gina ficou me observando em silêncio, aquilo já estava começando ficar constrangedor, mas nada disse, preferi manter silêncio também. Eles ficaram comigo por pouco tempo, Madame Pomfrey não permitiu que a visita se estendesse por muito tempo, depois que conversamos e que eles viram que eu estava bem, ela pediu educadamente que eles se retirassem.
Permaneci ali, deitada, olhando o teto, pensando em qual seria o próximo ataque e o que eles fariam isso era imprevisível não tinha como eu saber o próximo passo, mantive-me em meus pensamentos por alguns minutos, mas logo pude ouvir uma voz irritantemente familiar.
- Hermione...- chamou Draco, eu quis ignorar mas não pude, algo me dizia que ele não pararia de chamar meu nome até eu olhar para ele.
Virei meu rosto para olhá-lo, mantive-me em silêncio para que ele pudesse falar seja lá o que fosse.
- Eu realmente sinto muito que você tenha passado por isso.- começou ele, confesso que fiquei surpresa. – Eu devia ter te contado tudo antes, devia ter explicado tudo pra você ao invés de ficar te alertando para ficar longe do Willian.- disse o nome entre dentes. – Eu...
Antes que ele pudesse terminar, interrompi. – Ei, a culpa não foi sua e nem de ninguém, eu entendo que você quis ajudar e se tem alguém culpado nisso tudo, esse alguém sou eu que por bobagem num dei ouvidos as coisas que você dizia, eu e minha desconfiança foram os grandes responsáveis pela minha e pela sua quase morte.- completei. – Eu é que devo me desculpar.
Ele apenas me encarava, sem nada dizer. Não parecia que ele diria algo depois disso, eu e ele sabíamos muito bem que essa era a verdade eu tinha toda a culpa nisso, meu orgulho bobo quase me matou e matou a ele também.
Eu me sentia muito culpada para continuar falando algo, deixei que o silêncio permanecesse por algum tempo, procurei algumas palavras para falar, mas não consegui encontrá-las.
Madame Pomfrey se aproximou de nós e sorriu levemente, ela parecia aliviada em nos ver vivos.
- Vou dar-lhes uma última poção e depois estarão dispensados para continuar suas rotinas de aulas.- disse simpaticamente, enquanto nos entregava dois frascos com cores iguais. – Tomem tudo até a última gotinha.- sorriu, logo Draco e eu tomamos a poção, essa tinha um gosto muito azedo e chegava dar náusea, fiz uma careta, respirei fundo para não vomitar.
Madame Pomfrey nos deixou para que pudéssemos ir embora, seu trabalho já tinha sido muito bem feito e já não havia mais nada para dizer ou fazer por ali.
Depois de alguns minutos me sentei na cama, mantive meus olhos no chão, eu não tinha coragem de encarar Malfoy nos olhos.
- Hermione...- sua voz me chamou. – Não se culpe, eu nunca te dei motivos para acreditar em mim, não foi culpa sua.- completou ele, isso era uma grande e amarga verdade, Malfoy nunca foi gentil comigo e muito menos me deu motivos para acreditar nele.
- Está tudo bem.- eu disse ainda olhando o chão, eu não podia fazer muita coisa aquela altura do campeonato, discordar dele não seria algo inteligente, afinal ele estava certo. Não podia acreditar que estava dando razão para Draco Malfoy, talvez algo tivesse mudado dentro de mim.
Eu olhei para ele e para minha surpresa seus olhos me encaravam com atenção, um sorriso iluminou sua face quando nossos olhos se encontraram, eu sorri em resposta.
- Me desculpe por tudo o que já te fiz até hoje, Hermione.- disse ele sem que eu esperasse. – Eu sei que causei mal a você e fui um idiota.- completou, nisso ele tinha razão, ele foi um idiota.
Sorri.
- É você foi um idiota.- não pude deixar de concordar, isso era como um instinto. – Desculpe foi mais forte que eu.- sorri timidamente, ele também sorriu.
- Eu mereci isso.- disse ele ainda sorrindo.
Depois dessa breve conversa fomos saindo da enfermaria, sair dali era um alivio depois de uma noite como a anterior.
Eu não pude acreditar que tive uma conversa pacifica com Draco Malfoy, aquilo era realmente estranho, eu iria precisar de muitos momentos de reflexão para enxergar e entender com clareza o que havia mudado de uma noite para outra.
Passamos a manhã toda na enfermaria, já era hora do almoço quando conseguimos sair de lá, rumamos direto para o salão principal.
Íamos caminhando pelos corredores e atraindo todos os olhares, os alunos cochichavam baixinho.
- Parece que somos notícia.- disse Draco repentinamente.
- É, parece q sim.- concordei olhando para os alunos.
Era muito estranho andar por um lugar e não ter uma só alma que não falasse sobre sua quase morte, até mesmo Nick quase sem cabeça comentava algo com um dos alunos.
Tentei fingir que não via, era algo impossível de se fazer, mas mesmo assim eu tentei. Eu não gostava nada da idéia de estar andando pelos corredores junto com Draco Malfoy e gostava menos ainda que todas aquelas pessoas nos vissem juntos, mas aquilo ali não estava sendo tão doloroso quanto saber que comentavam coisas sobre eu e ele.
O caminho até o salão principal nunca foi tão longo. Andamos em silêncio todo o caminho, isso fazia com que me sentisse melhor. Chegamos à porta do salão e logo pude avistar a professora McGonagall aflita andando de um lado para outro. Ela pareceu aliviada ao nos ver.
- Srta. Granger, Sr. Malfoy...-ela começou olhando para mim e para Draco em seguida. – Eu peço desculpas a vocês em nome de Hogwarts, nossa segurança foi falha e isso quase ocasionou a morte de vocês dois.- disse a professora.
- Não morremos professora McGonagall.- disse Draco com calma. – Agradecemos a preocupação, está tudo bem.- completou tranquilamente, a professora pareceu mais calma depois das palavras de Draco e eu estava muito surpresa, acredito até que estava com a boca entre aberta, o que aconteceu com o Draco Malfoy nojento e asqueroso? Aquele ali não era o mesmo, será que experiências de quase morte realmente mudam as pessoas radicalmente?
Gina, Harry, Rony e Luna se aproximaram rapidamente de mim, todos com um sorriso no rosto, acho que estavam aliviados de me verem bem e fora de um leito de enfermaria, eu também estava aliviada por isso, retribui o sorriso.
Me despedi sutilmente de Draco e fui caminhando para a mesa da Grifinória, todos ali pareciam felizes em me ver bem, sorri para os conhecidos e para os não conhecidos também, sentei-me e apreciei com calma o banquete muito bem preparado.
Depois do almoço, fui direto para o sala comunal, estava cansada de ser a notícia do dia. Disse a senha para a mulher gorda e entrei sala adentro. Sentei-me numa das poltronas de frente para a lareira e fiquei a observar as chamas. Pensativa.
Muitas coisas tinham acontecido naquele dia, eu iria precisar refazer meus passos, ou pelo menos parte deles. Tentei reviver parte da minha tarde e noite, antes do ataque ocorrer.
Eu não lembrava de muitas coisas, apenas me recordo de ter conversado com a bruxa da loja que me contou uma historia sobre feiticeiras e me deu um guardião e um colar lindo, depois disso estava pronta para o baile, fui até o salão principal e lá fiquei, dancei um pouco com Draco e em seguida sai do salão com Ben para saber o que ele queria. Caminhamos para perto da floresta negra e...minhas lembranças eram meio vagas mas aquelas cenas eram nítidas, comensais da morte saíram da floresta negra, lutamos e o lobo branco que vi várias vezes apareceu para mim, a luta continuou e Draco e eu terminamos gravemente feridos. Não queria recordar tudo aquilo novamente, era torturante e muito doloroso.
Pensei por alguns minutos e decidi que em meu próximo passeio a Hogsmead iria procurar a tal bruxa novamente, precisava esclarecer algumas dúvidas sobre o poder do colar e a minha ligação com Malfoy.
Aos poucos a sala comunal foi se enchendo de grifinórios e claro, todos falando sobre mim e querendo falar comigo para saber o que de fato aconteceu. Levantei-me calmamente e caminhei até meu dormitório, tinha muitas coisas para fazer e a mais importante no momento era escrever uma carta para meus pais avisando que eu já estava bem e fora de perigo, pelo menos por enquanto.
Subi as escadas e caminhei até o dormitório com muito cuidado, entrei lentamente com medo que houvesse alguém lá dentro, não tinha vontade de dar explicações a ninguém a não ser meus pais. Para minha sorte o quarto estava vazio, sentei-me em minha cama e peguei um pedaço de pergaminho e uma pena, comecei escrever escolhendo com cuidado as palavras, não queria chocar meus pais com o ocorrido apesar de já achar que eles estavam chocados. Assim que terminei de escrever, procurei por um envelope no meio de um monte de papéis e acabei achando o roteiro do musical, segurei-o por uns poucos segundos, olhando as folhas em minha mão.
- Eu tinha me esquecido que tinha esse musical, preciso me preparar pra isso, principalmente psicologicamente.- suspirei, dei uma folhada e li algumas partes pequenas, fechei rapidamente o roteiro e me concentrei em achar um envelope para a carta.
Virei todos os meus papéis, foi difícil achar um mas depois de tanto procurar encontrei. – Bem que dizem os trouxas, quem procura realmente achar.- sorri, coloquei a carta dentro do envelope e escrevi o nome dos meus pais do lado de fora, depois de ter terminado a carta, levantei-me e caminhei em direção a saída do dormitório.
Desci as escadas e logo fui notada pelos alunos que ali estavam, corri para a saída tentando ignorar os pares de olhos que me encaravam com atenção, passei rapidamente pela passagem na parece e rumei diretamente para o corujal.
Andei pelos corredores atraindo aos olhares curiosos que encontrava pelo meio do caminho, apertei o passo e logo cheguei ao corujal, peguei uma coruja e enviei a carta.
Encontrei Gina, Harry, Rony e Luna sentados embaixo da árvore próxima ao lago, aproximei-me em silêncio, eles pareciam conversar algo divertido. Todos sorriram para mim ao me ver retribui o sorriso, sentei-me junto a eles e como sempre me diverti muito.
Fiquei muito feliz em saber que Harry e Gina estavam namorando e Rony e Luna também, isso era realmente ótimo. Conversamos muitas coisas e rimos bastante, era sempre muito bom estar com meus amigos.
Passamos boa parte da tarde ali sentados rindo e conversando apenas, aproveitando para tomar sol. E como o sol parecia bom naquele dia, acho que jamais notei quão lindo era o lago e como ficava ainda mais bonito na presença do sol que se refletia em suas águas calmas. Eu me sentia bem por estar ali, viva. Procurei evitar pensar na noite anterior, aquilo me trazia péssimas lembranças, apenas curti e vivi o momento.
Depois de nos divertirmos perto do lago, resolvi ir até a biblioteca. Despedi-me de todos e rumei calmamente até a biblioteca, onde Madame Prince parecia me esperar com um livro.
- Ei, Hermione.- chamou ela, aproximei-me apreensiva. – A srta. tem dois livros reservados em seu nome, um deles foi pego aqui mesmo na biblioteca por uma senhora e o outro foi deixado aqui pelo seu amigo Ben.- completou ela, não pude deixar de trincar os dentes ao ouvir o nome do meu ex amigo. Peguei os livro e agradeci.
Adentrei na biblioteca com os dois livros em mãos, caminhei por entre as estantes sem mexer em nada, aquela biblioteca era o meu refúgio. Depois de passar um tempo ali, sai para os corredores novamente, andei por eles apreciando cada pequena estrutura que não havia notado até então.
Caminhei para a torre da Grifinória calmamente, havia poucos alunos nos corredores e também pudera já eram quase seis da tarde e o toque de recolher passou ser mais cedo depois do ocorrido de ontem, pude ver alguns dos monitores mandando os alunos para suas respectivas casas, Draco e eu tínhamos sido dispensados dos serviços de monitoria por dois dias.
No caminho percebi que não havia um único aluno da Grifinória pelos corredores a não ser eu obviamente, isso me pareceu estranho de certa forma mas não me importei muito com isso, só queria chegar na sala comunal rapidamente.
Continuei caminhando até chegar na pintura da mulher gorda, cheguei bem a tempo de pegar a nova senha para poder entrar.
- Olhos de leão.- disse ela me olhando seriamente, repeti a senha e entrei.
Tudo ali estava silencioso demais e logo que entrei na sala pude notar o motivo do silêncio, todos me esperavam provavelmente queriam uma explicação do ocorrido, respirei fundo eu tinha adiado aqueles olhares o dia todo.
- Suponho que todos queiram saber o que aconteceu ontem a noite.- engoli seco, as minhas lembranças não eram muito boas. – Não sei por qual motivo o garoto que eu pensei ser meu amigo não era meu amigo, Ben William é um traidor. Ele está do lado dos comensais da morte e ontem quase matou a mim e a Draco Malfoy. Eu não me recordo bem o que aconteceu, mas em resumo foi isso. Se algum de vocês verem William andando pela rua comuniquem urgentemente o professor Dumbledore ou o Ministério.- era claro que eu tinha mentido, não poderia contar tudo o que me lembrava e nem o que sabia, aquilo seria cruel demais com os calouros e apavorante demais para todos. – Agora se me derem licença eu preciso descansar. – caminhei para meu dormitório pouco a vontade com a minha explicação, não sabia se tinha sido convincente o suficiente.
Entrei em meu dormitório e logo tratei de por meu pijama, suspirei. Era muito bom poder dormir em minha cama depois de passar o dia num leito de enfermaria entre a vida e a morte. Suspirei novamente, deitando em minha cama e mirando o teto por alguns minutos, ao me espreguiçar senti um maço de folhas roçar minha mão, apalpei o amontoado de folhas pegando-o nas mãos, comecei folha-lo e pude ver que era o tal musical, suspirei pela terceira vez.
Corri os olhos pelas folhas. A historia parecia ter sido perfeitamente criada para mim e Malfoy, não estava surpresa devia ter sido feita por alguém que queria ver o circo pegar fogo e claro, sairia pelo cano.
Aos poucos senti minhas pálpebras pesarem, meus olhos pareciam grudar e logo não tive forças para abri-los novamente. Estava muito exausta.
Algumas coisas tinham mudado, acho que até mais coisas do que eu imaginava, realmente experiências de quase morte mudam o modo como vemos nossa vida e como somos com os outros, tudo isso nos faz ver quanto frágeis somos diante de situações drásticas. Eu aprendi uma grande lição com isso tudo, dar valor a cada diazinho de nossas vidas é fundamental, pois esse diazinho pode nos ser o último.
N/A: desculpeeem mesmo a demora, espero que tenha valido a pena ler depois desse tempo.
bjinhos**
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