Capítulo Único




"O amor pode estar na sua frente. Mas você é muito tapado para perceber"

Eu estava indo para a aula de poções com minhas duas novas amigas, Marrie e Samantha. Estávamos combinando o que faríamos no dia seguinte, em Hogsmeade, quando ouvimos uma voz arrastada atrás de nós.
- Sangue-ruim poluindo o ambiente.
Viramos para trás e vimos Draco Malfoy, para variar, seguido como sempre pelos seus capangas, Crabbe e Goyle, e me olhando como se fosse superior.
- Malfoy, é melhor você calar a boca enquanto não inventa um insulto novo, porque sinceramente, sangue-ruim já cansou.
Eu ouvi Sam soltar uma risadinha. Malfoy encarou Marrie e disse:
- Não se meta na conversa. – e então ele olhou novamente para mim – Eu sei que a Granger sabe se defender sozinha.
Eu continuei olhando para ele, como estava fazendo desde que ele havia chegado, e disse:
- Vamos embora, se não chegaremos atrasadas. – e me virei, continuando meu caminho com Marrie e Sam logo atrás de mim.
O caminho até a masmorra de Snape foi rápido.
Normalmente Marrie sentava-se com Sam, Harry com Ron, e eu com Neville. Mas hoje, assim que entramos na masmorra, Marrie virou-se para Sam e perguntou:
- Você se importa se eu sentar com a Mione e você com o Neville? É só hoje.
Sam concordou e então Marrie sentou-se do meu lado.
- Você quer me contar algo? – ela perguntou enquanto pegava seus materiais dentro da mochila, como se estivesse comentando sobre o tempo.
- Hum... acho que não – respondi, tentando parecer indiferente.
- Acha? – ela perguntou, olhando-me intensamente.
- Aonde você quer chegar? – eu perguntei, começando a ficar nervosa.
Essa nossa aula era com os sonserinos. Eu a vi passar os olhos por todos, discretamente, até que parou em cabelos loiros platinados. Inconfundíveis. E então olhou novamente para mim.
- Acho que eu sou muito visível né?
Ela riu com o meu comentário e disse:
- Talvez. Porque bem, eu não tenho tanta facilidade para... ler algumas pessoas, como eu tenho com você.
Eu dei um sorriso amarelo e disse:
- No dormitório conversamos.
Ela concordou com a cabeça e então começamos a fazer a poção que Snape passara.
O dia passou calmamente e a noite estávamos apenas eu e Marrie no dormitório, visto que Sam estava no Salão Comunal jogando Snap explosivo com os gêmeos e Lilá tinha sumido.
- E então, paixão ou amor?
- Que tal só ódio?
- Acho que já deixou de ser só ódio a uns dois meses. Estou certa?
Eu olhei para ela indignada.
- Você andou me observando demais!
- Não. O tanto de sempre, mas foi o suficiente para perceber pequenas mudanças.
- É. Você conseguiu novamente. Mas eu não sei se é amor ou paixão.
- Primeira vez que gosta assim de um garoto?
Eu balancei a cabeça, tristemente, e disse:
- Meu primeiro amor, ou paixão, é um dos meus maiores inimigos.
- E que inimigo – ouvi Sam dizer e pulei da cama de susto. Ela tinha entrado no quarto e eu nem tinha percebido.
Eu ouvi Marrie rir e disse, nervosa:
- Eu estou com sérios problemas, será que dá pra não rir?
- Desculpe. Mas bem, ele deve sentir algo por você, porque você é a pessoa que ele mais irrita.
- Nossa, que sintoma para se gostar de alguém.
- Não se esqueça que o ódio está a um passo do amor.
Passou-se cerca de um mês, e continuou a mesma coisa: Malfoy irritando-me e eu sem saber o que sentia por ele.
Até que um dia quando eu, Sam, Marrie, Ron e Harry estávamos indo para as estufas eu o vi beijando Pansy Parkinson.
Eu senti que ia chorar, mas segurei as lágrimas. Meu coração ficou apertado e estava tudo rodando ao meu redor. Então ouvi Marrie dizer:
- Sam, despiste os garotos. E se não formos à aula, não se preocupe. Diga à professora e aos meninos que ela não estava sentindo-se bem.
Marrie segurou minha mão e me guiou pelo jardim. Então avistamos um banco e ela me fez sentar, sentando-se ao meu lado.
- Você está bem? – eu a ouvi me perguntar, e então eu a abracei, bem forte.
- Ele não gosta de mim.
- Bem, nem sempre eu acerto minhas especulações.
- Por que eu Má? Por quê?
- Porque nenhuma vida é perfeita
E foi por isso que um mês depois, quando estava indo ver Hagrid e Bicuço, com Harry e Ron, eu o soquei. Para aliviar um pouco de toda a dor que ele me causava. Para fazê-lo sentir um pouco de dor também, mesmo que a dele fosse menor porque era apenas dor física. E depois que eu o soquei eu disse:
- Você tinha razão, eu sei me defender.
Mas então no ano seguinte as coisas mudaram. Eu conheci Cedrico e foi paixão à primeira vista.
Ele era mais velho, lindo, simpático, corajoso, inteligente...
Não que eu fosse amiga dele ou falasse com ele... Só falávamos um “oi” quando nos encontrávamos pelos corredores e tal. E internamente eu morria de ciúmes daquele monte de garota em cima dele.
E todos, exceto Sam e Marrie, achavam que eu gostava do Krum, então ninguém desconfiava e isso estava ótimo para mim.
Mas então todos os meus sonhos foram destruídos quando Voldemort o matou. Eu entrei um uma depressão. Prometi a mim mesma que não mais me apaixonaria.
E assim eu passei o 5º ano. Ocupando minha mente com os Nom’s, com meus amigos, e em derrubar Umbrige e Voldemort.
Mas então no fim do 5º ano uma coisa surpreendeu-me.
Marrie estava a certo tempo dizendo-me que Ron gostava de mim, mas é claro que eu não acreditava.
Mas então um dia ele chegou até mim e disse isso. E eu disse a ele que não queria me envolver com ninguém.
Só que depois disso a nossa amizade ficou horrível.
As brigas que antes tínhamos e se resolviam logo depois passaram a ser brigas sem reconciliação. Brigávamos por tudo, não concordávamos em nada. Era patada atrás de patada. Ele passou a ser uma pessoa horrível para mim.
E então entramos no 6º ano, e eu ainda estava brigada com Ron. Quando um dia o vi beijando Lilá Brown.
Não havia explicações plausíveis, mas eu senti a mesma coisa que eu tinha sentido quando tinha visto Draco e Pansy juntos há três anos atrás. Mas dessa vez eu não contei nada a ninguém. Tentei explicar a mim mesma que quando joguei aquele feitiço no Ron depois disso era porque estava com raiva por ele não ter me contado que estava com ela.
Mas então eles terminaram o namoro, e com o tempo nossa amizade foi melhorando um pouco.
Até que um dia, do nada, ele chegou até mim e disse que precisava falar uma coisa. Ele estava super travado, e eu tentava fazê-lo falar. E então ele perguntou:
- Quer ficar comigo?
A única coisa que eu consegui dizer foi:
- Vou pensar – e saí correndo.
Fui para o Salão Principal, onde todos tomavam café-da-manhã, e encontrei Marrie rindo de algo que Sam disse.
- Preciso falar com você.
Acho que ela viu a urgência na minha voz, porque disse à Sam que já voltava e me seguiu para fora do castelo. Sentamos em um dos bancos do jardim, e então ela me perguntou:
- Tudo bem? O que houve?
- Ele pediu pra ficar comigo
- Quem?
- Ron, pelo amor de Deus.
Ela parecia estar mais chocada que eu.
- Não foi isso que ele tinha me dito. Mas o que você respondeu?
- Que ia pensar.
Ela fingiu um desmaio.
- Merlin, é o apocalipse.
- Não! Agora que eu estou cogitando a hipótese você vem me falar em apocalipse?!
O queixo dela caiu.
- Você está cogitando a hipótese?
- É. Eu acho que eu gosto dele.
- Você acha?
- Droga, Marrie, eu não sei.
- Olha só, eu sei que ele gosta de você. Agora falta você descobrir o que sente por ele.
O dia passou calmamente. Para todos, menos para mim. Passei o dia inteiro conversando com Sam e Marrie, e à noite já tinha tomado minha decisão.
Na manhã seguinte nem precisei procurar por Ron, ele estava me esperando no fim da escada.
- Bom-dia – ele disse para mim, Marrie e Sam.
Nós respondemos ao cumprimento. Eu parei ao lado dele enquanto Marrie e Sam continuaram o caminho.
- Ei, o que vocês estão fazendo?
- Algo menos interessante que você – Sam respondeu marota, me fazendo fuzilá-la com o olhar. Então elas saíram do Salão. E não tinha mais ninguém. Só eu e Ron.
- E então, pensou?
- Hum... sim.
Ótimo, hoje era eu que estava travada.
- E aí? – ele perguntou, olhando em meus olhos.
Uma coisa peculiar em Ron Weasley é que os olhos dele mudam de cor. E como era uma manhã ensolarada os raios de sol que batiam em seus olhos estavam os tornando verdes. E aquela me pareceu uma imagem tão linda... Ele ali parado, apenas esperando minha resposta... E eu senti que pela primeira vez eu estava tendo a chance de ser feliz no amor. Então eu disse:
- Eu quero tentar.
- Isso é um sim? – ele perguntou, os olhos arregalados em surpresa.
- Sim, Ronald Weasley, isso é um sim.
Ele não esperou mais nada. Eu senti uma de suas mãos em minha cintura, e a outra em minha nuca, e instintivamente eu enlacei seu pescoço com meus braços. Ele então passou sua mão levemente pela minha bochecha, e eu fechei os olhos, sorrindo. Então ele pressionou seus lábios contra o meu, e eu abri os meus, permitindo a passagem de sua língua. Ele passava as mãos pelas minhas costas, enquanto eu fazia carinho com seu cabelo.
Aquele contato estava tão bom, que eu esqueci tudo ao meu redor. Até que tivemos que nos separar para respirar.
E quando eu olhei para ele, ele estava com um sorriso tão bonito.
- Quer namorar comigo? – ele perguntou, fazendo meu coração bater ainda mais forte, se é que era possível.
- Acho que meu coração finalmente acertou na escolha.
- Vou considerar isso como um sim.
E voltamos a nos beijar.
E a tarde, quando estava contando às meninas, Marrie disse:
- Você podia ter descoberto isso antes né, eu não ia ter que ter ouvido tantas reclamações.

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