Capítulo I : "O Chamado do Sen



Era noite escura naquela rua ladeada de altas sebes, as trevas reinavam absolutas e o raio prateado da luz do luar não conseguia deter o avanço das sombras; entre as grandes casas senhoriais naquela região, nada se movia, pois o medo era tão grande como os grandes carvalhos que se incrustava no solo de algumas delas; uma brisa gélida assombrava os cantos mais obscuros daquele lugar e apenas o silêncio selava as barbaridades ali já realizadas...

No final de uma daquelas ruas se encontrava um grande portão de ferro, todo trabalhado com entalhes em ramos e serpentes, mais entre os mesmos se destacava um enorme brasão em forma de 'M', um soberbo e refinado sinal da soberania dos moradores do casarão além desse portão, um portão rodeado por sebes bem aparadas e um muro de mármore puro;dentro dos limites desse muro estava um belo e requintado jardim, com várias roseiras e outras plantas, assim como arbustos secos e fontes, bustos e estátuas em homenagem ao comando dos puro-sangue. Sobre a grama castigada pelo frio, vários saibros faziam um caminho até um grande casarão, que erguia agourento no meio da escuridão;alguns pavões ainda caminhavam pelo jardim, farfalhando a cada passo comedido, pois sabiam que a brisa fria que rondava por ali não era um bom presságio.

Naquele casarão, com janelas em formato de losango, uma luz se destacava no meio da penumbra, no andar térreo.Numa sala nesse andar,com uma comprida mesa ornamentada, um grande e suntuoso tapete cobrindo o piso de pedra e uma aconchegante lareira onde o fogo crepitava estava o Sr.Draco Malfoy.Ele estava em frente a lareira, tomando uma xícara de chá, sentado em sua poltrona, presente do seu filho Scórpio.Sua esposa, Astena Greengrass estava no andar acima, dormindo profundamente enquanto seu esposo refletia logo embaixo .
Tudo corria normalmente como em uma enfadonha noite de frio, mas em um instante o inimaginável aconteceu: o vento frio que remexia o jardim do Sr.Malfoy mudou de intensidade, e com ele veio à cabeça de Draco uma voz inconfundível...
Ao ressonar daquela voz, Draco olhou com espanto para o espelho dourado que encimava a lareira, e para seu espanto, viu dois olhos vermelhos mirando-o na escuridão. A voz ressonou novamente, com um silvo ofídico e mortal:

-Draco, a quanto não vejo um Malfoy em minha frente...
Sem ter coragem o suficiente para olhar para trás, Draco apenas mirou os dois olhos em meio a escuridão...
- Milord, c-como, eu não entendo, você está morto, como...?- o olhar maligno de Voldemort se intensificou sob o Malfoy- você morreu...
- Sim Draco, meu corpo deixou o mundo físico, mas, o meu espectro não, você conhece as artes negras mais profundas, deve saber o significado disso...
- Sim, milord, a marca negra nunca se apaga, e a maldade no coração dos seus seguidores é o seu vínculo com esse mundo... essa é a essência do feitiço de proteu, o feitiço colocado na marca negra- nesse instante Draco sentiu a marca marcada à fogo em seu braço queimar em brasas- quando aceitamos a marca em nossos corpos, nossa alma é violada e o senhor pode se alimentar dela, até que consiga voltar à vida.
- Sim, e sabe por que eu demorei dezenove para manter contato com meus seguidores novamente?-os olhos de pupilas verticais ainda flutuavam imersos em trevas- por que nesse tempo, em forma de espectro e descobri uma forma de voltar à vida e como me manter forte por muitos séculos...
- Como, milord?
- a pedra da ressurreição e o feitiço da legião...a pedra está em Hogwarts, esquecida sob a floresta proibida, uma relíquia capaz de trazer-me de novo a vida,e , o feitiço, você conhece muito bem...
-Oh milord, sim, eu o farei, assim o senhor voltará a viver neste mundo... mas o Senhor permite que eu seja sua morada?
- não minha, mas de todos os outros que já morreram, pois com a pedra eu voltarei e trarei um exército comigo...
- Milord, sim..
- Draco, o ato de falhar está em seu sangue,prove sua lealdade e não me decepcione...
- Milord, eu farei o ritual e trarei toda a legião à vida novamente...
Neste momento, a marca parou de queimar e Draco sabia que o lord se fora, mesmo morto a marca poderia manter o lord ligado ao
mundo físico...
- Mentalis!!!

O feitiço soou simples,mas eficaz, Draco sabia que ele era um presente de despedida do lord, e nesse momento todas as informações sobre a pedra da ressurreição entraram na mente do Malfoy, e ele sabia que um espectro podia vagar pelas mentes dos mortais, por isso,para o lord, conseguir informações foi extremamente fácil...
Quando a influência do feitiço cessou, Draco se levantou da sua poltrona, mirou o espelho dourado e não viu nada, não viu aquele par de olhos flutuantes mirando-o, então foi se deitar, deixando o fogo na lareira crepitar, consumindo toda a madeira, como o poder das trevas consumiria o mundo algum dia.

Longe dali, em Godric's Hallow, uma noite de sonho foi interrompida, pois lá vivia um garoto com o dom de ver as trevas invisíveis em sonhos...

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