Capitulo Catorze



Capitulo Catorze

A petição foi lida pelo juiz e depois arquivada na Câmara Municipal. Uma audiência foi marcada e divulgada no mural. Não havia mais nada a fazer senão esperar.
Hermione fora trabalhar como de costume, mas, depois de se casar, tornara-se uma nova pessoa. O entusiasmo com o marido permeava todos os aspectos de seu trabalho. Pela primeira vez na vida, sentia-se completa.
Os dois foram juntos visitar Maris Wyler e Keith Colson. O jovem estava mais adaptado agora e estava trabalhando duro. O professor particular que vinha trabalhando com ele desde as férias do verão passado estava orgulhoso do progresso que o menino fizera. Keith também estava aprendendo a se tornar um caubói e se empolgando com a matéria de preservação dos animais silvestres. Queria ser guarda-florestal, e Maris o encorajava. Até falava sobre cursar uma universidade.
No caminho de volta à cidade, Hermione comentou com Potter:
- Não poderia ficar mais feliz. Keith está tão diferente, não está? Não é mais aquele menino carrancudo e com má vontade o tempo todo. Quase não o reconheci.
- Pessoas infelizes não deixam boas impressões. Se você soubesse quantas pessoas vão para a prisão por falta de amor, atenção e até mesmo disciplina... Algumas pessoas não deveriam ter filhos.
- Acho que eu e você seríamos bons pais. - ela disse. Percebeu um tom triste na voz dela.
- Pare com isso. Você é a única pessoa neste mundo que eu sei que não é pessimista.
- Estou tentando não me desencorajar. Mas quero tanto adotar Jennifer! - disse ela. - Tenho medo de querer alguma coisa tanto assim.
- Você me quis tanto assim. - relembrou-lhe. - E veja o que aconteceu.
Olhou-o com amor e sorriu.
- Bem, é verdade. Você não era algo esperado.
- Nem você. Já estava resignado a viver sozinho.
- Acho que fomos abençoados.
- Sim. E as bênçãos ainda estão vindo. Espere e veja.
Ela se recostou na cadeira com um suspiro, complacente, mas ainda não convencida.
Foram à audiência no outono. Kate Randall era a juíza. Hermione a conhecia e gostava dela, mas não podia controlar o nervosismo. Testemunha depois de testemunha, todos davam pareceres positivos a respeito de Hermione e Potter. As autoridades juvenis mencionavam o bom currículo de ambos ao ajudar menores infratores, mais recentemente Keith Colson. E, durante toda a sessão, Hermione segurou a mão de Harry por baixo da mesa e mordeu o lábio inferior com apreensão.
A juíza a observava secretamente. Após todas as testemunhas serem ouvidas e as autoridades juvenis darem suas boas recomendações, falou diretamente a Hermione.
- Você está muito nervosa, Sra. Potter. - Kate disse, com uma brincadeira gentil apesar da formalidade judicial. - Eu pareço um ogro para você?
Hermione engasgou.
- Ah, não, meritíssima! - ela falou alto, ficando vermelha.
- A julgar pela tensão em seu rosto, deve pensar isso de mim. A sua alegria com essa criança, somada ao seu currículo, tornaria difícil para qualquer juiz lhe dizer não. E eu não sou nem de perto um ogro. - falou, sorrindo para Hermione. - A petição para a adoção da criança abandonada chamada Jennifer está aprovada sem reservas. Caso encerrado. - Ela bateu o martelo e se levantou.
Hermione caiu em lágrimas, e Harry levou bastante tempo para acalmá-la e confortá-la.
- Ela disse sim! - ele ficou repetindo, rindo de alegria. - Agora pare de chorar ou pode fazê-la mudar de idéia!
- Não, não vou. - a juíza assegurou, parada de pé pacientemente ao lado da mesa deles.
Hermione enxugou os olhos, levantou-se a abraçou a juíza.
- Certo, certo. - ela a confortou. - Vi muitos casos de adoção passarem por esta Corte, mas poucas crianças conseguiram pais tão bons quanto vocês. No final, não importa que a criança seja adotada. Vocês que vão cuidar dela, portanto, serão os pais. Esse é o maior teste de amor, penso eu. É a criação que conta.
Hermione concordou de coração.
- Você pode imaginar como me senti, o quanto estava temerosa. - ela confessou.
Kate deu-lhe tapinhas nas costas.
- Sim, posso. Tive uma avalanche de pessoas vindo à minha sala para pedir em nome de vocês. Vocês se surpreenderiam se soubessem quem eram. O seu próprio chefe. - disse a Potter, balançando a cabeça. - Quem teria imaginado?
- Black? - Harry perguntou surpreso.
- Ele mesmo. E até mesmo o velho Jeremiah Kincaid. - acrescentou com uma risada. - Achei que meus olhos saltariam do rosto quando o vi. - Kate olhou para o relógio. - Tenho outro caso em seguida. É melhor você ir ver o seu bebê, Hermione. Acho que vocês agora terão muitas coisas para fazer.
- Ah, claro! - ela exclamou. - Teremos de comprar fraldas, cremes e brinquedos...
- Já temos o berço. - Potter disse sorrateiramente, rindo da surpresa de Hermione. - Bem, eu estava confiante, mesmo que você não estivesse. Encomendei na loja de móveis.
- Eu te amo! - Ela o abraçou.
Ele a manteve ao seu lado e apertou a mão da juíza. Da Corte, saíram para fazer compras pela cidade, aproveitando a onda de felicidade de Hermione, e providenciaram tudo o que precisavam para começar uma vida com uma criança.
Mas a parte mais maravilhosa foi buscar a pequena Jennifer na casa de Mabel Darren, a mulher que estivera cuidando dela.
Até mesmo Bichento fora um perfeito cavalheiro, cheirando a criança, mas mantendo uma distância respeitosa. Hermione e Harry se sentaram no sofá com a pequena preciosidade nos braços e nem ligaram a televisão a noite toda. Em vez disso, passaram o tempo observando o bebê. Jenny fez beicinho e olhou para eles com os olhões azuis e não chorou nenhuma vez.
Mais tarde, quando Hermione e Potter se deitaram juntos, com o berço no quarto deles, ficaram vendo Jennifer dormir com a iluminação suave do abajur.
- Nunca me dei conta de como seria ser pai. - Harry disse baixinho. - Ela é nossa... É nossa...
Hermione se aproximou dele.
- Harry, e se a mãe dela aparecer? - Harry a abraçou.
- Se a mãe dela a quisesse e pudesse cuidar dela, não a teríamos adotado. - falou. - Você tem que parar de pensar nisso. Há coisas na vida que nunca descobriremos e, ao mesmo tempo, há certos mistérios que estão prestes a se resolver. Por exemplo, ainda estamos trabalhando no caso do assassinato misterioso no casamento. Talvez solucionemos o caso, talvez não. O mesmo é verdade na situação de Jennifer. Mas já somos legalmente os pais adotivos. A criança nos pertence, e nós a ela. E isso é tudo.
Hermione soltou um longo suspiro. Um minuto depois, balançou a cabeça e disse:
- Certo. Então é assim que será. - Voltou-lhe o rosto e beijou-a.
- Feliz? - perguntou sussurrando.
- Tanto que poderia morrer de felicidade. - ela respondeu. Potter abraçou-a. Ao fechar os olhos, Hermione pensou no futuro, quando Jennifer tivesse suas festas de aniversário e fosse à escola. Nunca pensara que viveria essas coisas, mas a vida foi-lhe generosa. Lembrou-se do que Harry lhe dissera: que os maus momentos do passado foram o preço pago pelos bons momentos que se seguiriam. E talvez fossem mesmo. Deus sabia que os bons tempos dela tinham apenas começado!

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