Único
Harry Potter andava com movimentos lentos pelos corredores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Suas expressões eram calmas, porém dentro dele se traçava uma difícil batalha.
Já fazia dois dias desde que destruíra Voldemort, e havia ficado na escola para ajudar os professores. Eles estavam reformando-a para que no próximo ano ela voltasse a funcionar normalmente. Rony, Hermione, Gina, Neville e Luna também decidiram ficar.
Apesar do sentimento alegre, Harry tinha dúvidas e mais dúvidas, não sabia o que fazer agora. Voltaria a estudar? Compraria uma casa? Se tornaria um auror? E Gina?
Bom, essa última pergunta era a que mais o infernizava nesses últimos dias. Rony e Hermione, pelo jeito, ainda não tinham conversado desde o beijo que tinham trocado quando ele defendeu os elfos da cozinha de Hogwarts. Os amigos de Harry apenas ficavam se olhando e olhando e, cada vez que seus olhares se encontravam, eles ficavam como pimentões.
Mas, e ele? O que faria em relação à Gina? Não sabia se poderia simplesmente chegar e beijá-la. Pra ele, era injusto querer algo com ela depois de ter terminado com a menina. Depois de ter a feito esperá-lo tanto. Contudo, quando pensava que ela poderia ter esperado todo esse tempo pra ficarem juntos, ele tinha vontade de correr, abraçá-la forte e dizer que agora que tudo acabou, eles iam ficar juntos pra sempre.
E se ela não tivesse o esperado? E se ela decidira seguir com a vida dela? E se ela não o amasse mais?
Esse pensamento fazia as entranhas de Harry sacudirem e seu coração falhar.
Por outro lado, sentia-se culpado por estar triste assim. Todo o mundo mágico estava feliz e comemorando, todos se sentiam agradecidos pelo Menino-Que-Sobreviveu. Ora, Voldemort morreu, sua cicatriz não doía mais, seus pensamentos já não eram invadidos e ele já não tinha medo pelas pessoas que amava.
Como numa rede, esse pensamento feliz era ligado a outro. Seus pais, Cedrico, Sirius, Dumbledore, Olho-Tonto, Dobby, Snape, Fred, Lupin, Tonks,... Todos eles se foram nessa guerra e a maioria se foi para salvá-lo. Quando pensava nessas pessoas, sentia-se culpado e até impotente por não ter impedido o pior.
Pensava em Tonks e Lupin e se familiarizava com o futuro de Teddy. Ele nem tivera tempo de conhecer seus pais, assim como Harry. E pensando assim ele tinha certeza que ia cuidar do afilhado como se fosse seu próprio filho. Lembrou-se de Sirius...
Os Marotos aos poucos se foram, mas a lealdade, a amizade e a marotagem que foram transmitidas pra Harry por eles, ainda estava em algum lugar dele, fazendo companhia pro monstro que rugia inquieto pela distância de Gina.
Gina...
Quando Harry saiu da Sala Comunal, deixando seus amigos numa conversa animada sobre as plantas que Neville descobrira nas suas férias pra Itália há dois anos atrás, Gina não estava lá.
Em parte sabia que o monstro em seu estômago tomara conta do seu corpo fazendo o mesmo se movimentar pra fora, em busca dela. Mas, ao mesmo tempo, sua mente trabalhava, pensando que a menina poderia estar com outro, se divertindo e esquecendo-se completamente de Harry Potter.
Ah! Sua cabeça trabalhava tentando organizar seus pensamentos, tentando tomar alguma decisão que não prejudicasse ninguém.
Seus pés o guiaram pro jardim. A Orla da Floresta Proibida era banhada pela luz da lua. E embora fosse lua cheia, nada se ouvia de dentro da floresta, era um silêncio inédito, parecia que até as criaturas habitantes de lá comemoravam a vitória d’O Eleito.
Numa das árvores mais próximas do lago, avistou a sombra de alguém. Era a árvore que passava os tempos vagos com Rony e Hermione, a árvore que seu pai e seus amigos estavam depois dos N.O.M’s de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Sentia que conhecia a pessoa que estava deitada sobre a grama, com a cabeça apoiada em uma das raízes da árvore. E, ao se aproximar mais um pouquinho, o rugido de felicidade do mostro em seu estômago confirmou suas hipóteses.
Lá estava ela, mas linda do que nunca. Seus cabelos balançavam devido ao vento fraco de um verão que já estava começando.
Dava pra ver que a menina observava o céu, pensativa e concentrada, nem notou a aproximação de Harry.
Ele chegou e sentou-se ao lado de Gina, também olhando o céu. Podiam ver as estrelas, que brilhavam fortemente só pra eles.
- Pensei que você não viria. – disse ela, assustando Harry. Ele a olhou questionando suas palavras e Gina apenas riu e piscou pra ele. – Ora, eu te conheço, Harry Potter. Sabia que você iria querer ficar sozinho logo, logo.
Ele não falou nada, apenas puxou a menina e abraçou fortemente, sentindo o perfume que emanava de seus rubros cabelos. Ah, como sentiu falta desse perfume. Pensou na aula de poções quando sentiu o mesmo perfume saindo do caldeirão de Amortentia. Riu e Gina se afastou do abraço, olhando direto nos olhos dele.
- O que houve? – disse ela também rindo. A menina virou-se e deitou nos braços de Harry voltando a observar o céu.
- Estava me lembrando da primeira aula de poções do ano passado. – ela ficou quieta, mas parecia confusa. – O professor nos mostrou diversos tipos de poções e uma delas era Amortentia.
- Ah, ele nos mostrou isso no começo desse ano também! Mas... do que você ‘tá rindo? – ela deitou sua cabeça, encostando-se aos ombros de Harry.
- Bom, o cheiro da Amortentia é diferente pra cada tipo de pessoa, e... bom, nós sentimos o cheiro do que mais gostamos, do que mais nos atrai... – Harry ficou incrivelmente vermelho e deu graças a Merlin por estar escuro. -... e... na aula eu me lembro de ter sentido cheiro de torta de caramelo, resina de madeira em cabo de vassoura e... e...
- Merlin, Harry, desembucha! – disse Gina rindo e virando-se pra encarar aqueles olhos verdes que brilhavam como as estrelas no céu.
- Bem, eu senti o seu perfume.
O sorriso de Gina aumentou demasiadamente e Harry pode ver que ela também corou um pouco, pelo menos era o pouco que dava pra ver no escuro. Ela aproximou-se ainda mais e selou seus lábios nos dele, causando uma corrente elétrica em ambos os corpos que clamavam um pelo outro há tanto tempo.
Harry colocou suas mãos na cintura de Gina, enquanto ela bagunçava ainda mais seus cabelos rebeldes.
De repente todas as dúvidas dele tinham evaporado de sua mente. Não importa o que fizesse, não importam as decisões que tomaria, Harry ficaria com Gina pra sempre.
- Ron, pelo amor de Merlin, espera um minuto! Eu disse que queria conversar! – disse a menina se esquivando do garoto pela milésima vez.
- Ah, Mi, você me trouxe aqui pra conversar? – ele olhou cínico pra ela. - Podemos conversar na Sala Comunal. Armário de Vassouras não serve pra conversar!
Ele voltou a segurá-la pela cintura e começou a distribuir beijos pelo seu pescoço.
- Ron! – ela respira fundo. – Esto-ou preo-ocupa-ada com o Harry...
- Oras, por quê? Ele já destruiu o cara-de-cobra, tá todo mundo amando ele, ele tem todas as garotas aos seus pés,...
- Ronald! Não é isso... – ele continua passeando pelo pescoço da menina. – Merlin! Você não para! - disse brava, mas suas mãos faziam carinho nos cabelos do rapaz. – Acho injusto esconder isso dele!
- Isso o quê? – disse ele, encarando-a e unindo mais os corpos.
- Ah, francamente, Ronald! ISSO! – disse a menina fazendo movimentos frenéticos apontando pra ela e pro garoto à sua frente.
- Sim, claro, você quer dizer nós dois! – disse ele olhando fixamente para os olhos amendoados da menina.
Hermione podia jurar que se Ron não estivesse segurando-a, ela provavelmente estaria no chão. Segurou mais firmemente nos ombros do garoto.
- Mas, Mi, não foi você mesma que disse para escondermos dele? – Ah, ela adorava quando ele a chamava de “Mi”.
- Sei disso Ron, e ainda acho que não devemos fazer demonstrações excessivas de carinho na frente dele! Ele ainda não sabe o que fazer a respeito da sua irmã! – disse Mione, mordendo o lábio inferior. Mal sabia ele que isso deixava Ron louco.
- Mi, eu espero o dia inteiro pelo momento de fazer demonstrações excessivas de carinho do você. – disse o garoto com um olhar safado. Hermione corou um pouco. – Ele deve estar achando que somos dois idiotas! Depois daquele beijo, que a senhora mesma me deu, no meio da batalha, não assumirmos nada?
- Mas, Ron...
- Nada de mas, Hermione! Você que começou, agora arque com as conseqüências! – disse ele com um olhar divertido.
- Conseqüências?
- É, como essa, por exemplo... – e sem esperar qualquer reação da menina, Ron a beijou.
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