Está (quase) tudo bem
Os dias passaram voando e já era início de abril. Desde a conversa com Hermione, Harry notou que Gina parecia mais calada e pensativa. Por vezes ele a encontrava distraída pelo castelo, e sempre se assustava quando a chamava. Essa era uma dessas vezes.
Assim que Harry entrou pelo buraco do retrato com Rony e Hermione, ele avistou Gina sentada em frente à lareira abraçada às próprias pernas, mais uma vez pensativa.
- Gina está estranha, não é? – perguntou ele para os amigos.
- Ela deve estar pensando. – disse Hermione enigmaticamente
- Pensando em quê? – perguntou ele lançando um olhar desconfiado a amiga.
- Em tudo. – disse Hermione sorrindo. – Eu vou subir, estou cansada. As aulas hoje foram bem pesadas.
- Concordo plenamente. – disse Rony.
Os dois subiram cada um pro seu dormitório. Por mais que as aulas tivessem sido cansativas, Harry não estava se sentindo tão cansado quanto os amigos diziam e ele sabia que Rony também não, já que tinha dormido durante as duas aulas de história da magia. Harry teve a idéia cômica de que talvez os amigos tivessem marcado de se encontrar mais tarde, mas não tinha como saber agora.
Voltou a olhar para Gina, que ainda fitava o fogo na lareira como se ali pudesse achar todas as respostas para os seus problemas. Se aproximou dela e sentou ao seu lado. Ela apenas o olhou com os olhos um pouco fora de foco, como se não o visse realmente.
- Gina? – chamou ele quando ela voltou a olhar pra lareira.
- Hum? – resmungou ela.
- Você está bem?
- Uhum.
- Tem certeza? – perguntou ele desconfiado. – Gina, você está estranha.
- Impressão sua. – disse ela com a voz estranhamente baixa.
- Gina, será que você pode olhar pra mim? – pediu ele.
Gina voltou a olhar pra ele e suspirou.
- Gina, o que você tem? – perguntou ele.
- Nada. – respondeu ele, mas vendo que não tinha convencido nem a si mesma completou. – Harry, está tudo bem. Eu só estou...
- Está... – insistiu ele.
- Olha, não precisa se preocupar, está bem? – disse ela levantando. – Eu estou ótima, só estou confusa.
- Você não disse que confiava em mim? Então porque não me conta o que você tem? – disse ele.
Gina deu um fraco sorriso.
- Esse é o problema, Harry. – disse ela balançando a cabeça como se quisesse encaixar os pensamentos. – Eu confio demais em você pra me atrever a abrir a boca. Boa noite, Harry.
Ela subiu as escadas para o dormitório feminino deixando um Harry mais que confuso lá em baixo. Quando ela desapareceu, ele continuou olhando para as escadas com a boca ligeiramente aberta tentando absorver aquelas palavras, mas parecia uma missão impossível. “Eu confio demais em você pra me atrever a abrir a boca.” Por mais que tentasse entender o que ela queria dizer com aquela frase, não conseguia.
Voltou o olhar para a lareira. Nunca iria entender as garotas. Achava que conseguia entender Gina perfeitamente, mas de repente essa certeza desaparecia com apenas uma frase sem sentido nenhum.
Lá fora, ele ouviu o ronco de um trovão e a chuva começar a cair. Desistindo de tentar entender a mente das garotas, ele subiu as escadas decidindo dormir.
***
Mas como Harry previra, não conseguiu dormir. Sabia que Gina estava com algum problema e estava mal, e isso o deixava mal também. Depois de quase três horas rolando na cama sem conseguir pregar o olho, ele abriu as cortinas e sentou na beirada da cama.
Ouviu os roncos de Rony na cama ao lado. Pelo visto não tinha nenhum encontro com Hermione, pensou Harry com um sorriso. Sem saber bem o motivo, ele abriu seu malão e viu o mapa do maroto logo em cima. Abriu o mapa e olhou.
Parecia tudo normal, ninguém fora da cama. Harry já estava quase guardando o mapa, quando viu uma coisa que chamou sua atenção. O ponto que indicava “Ginevra Weasley” não estava no dormitório feminino, mas sim no terreno de Hogwarts, perto do lago.
Levantou da cama em um pulo e foi até a janela. Tentou ver alguma coisa lá fora, mas estava muito escuro e a água da chuva só piorava a visão. Voltou o a olhar para o mapa. O que diabos Gina estava fazendo lá fora nessa tempestade?
Jogou o mapa em cima da cama e saiu do dormitório o mais silencioso que pôde para não acordar os outros. Saiu pelo buraco do retrato sem dar atenção a mulher gorda que falou alguma coisa, mas ele não escutou.
Continuou a correr em direção ao saguão e saiu pelas portas. Assim que saiu, sentiu a água bater contra o seu rosto e teve a impressão de que até seus ossos estavam molhados.
Não conseguia enxergar nada direito, acendeu a varinha e continuou a andar em direção ao lago.
- Gina! – gritou ele.
A água batia em seus óculos e piorava mais ainda a situação. Se pelo menos lembrasse o feitiço que Hermione fez em seus óculos no seu terceiro ano, mas estava muito desesperado pra para pra tentar lembrar o feitiço.
- Gina!
Continuou correndo. Nem queria mais saber o que Gina estava fazendo ali naquela tempestade sozinha, só queria encontrá-la e tirá-la dali.
Avistou a árvore que ficava a beira do lago. Se aproximou mais um pouco e viu Gina sentada lá embaixo. Ela estava toda encolhida e cobria o rosto com as mãos.
Harry correu até ela e se ajoelhou ao seu lado deixando a varinha de lado.
- Gina... – chamou ele.
Mas ela pareceu que não tinha escutado já que o barulho da chuva era mais forte. Ele pegou em suas mãos e percebeu que Gina tremia incontrolavelmente. Tirou as mãos dela lentamente de seu rosto. Gina ergueu a cabeça e olhou em seus olhos. Mesmo com a água da chuva molhando seu rosto, ele podia ver as lágrimas que caiam dos seus olhos sem que ela tivesse controle.
Sem que Harry esperasse, ela o abraçou. Era um abraço forte, como se não acreditasse que ele estava mesmo ali, como se tivesse medo de que ele desaparecesse a qualquer instante. Era um abraço angustiado.
Harry também a abraçou forte. Queria acabar com o medo dela, seja lá qual fosse ele. Ela tremia, mas por mais que tremesse e estivesse com frio, ela estava quente. Harry a afastou e colocou a mão em seu rosto. Estava com febre e Harry não se surpreendia. Não sabia há quanto tempo ela estava naquela chuva.
- Vamos sair daqui! – falou ele gritando, por causa do barulho da chuva.
Ela levantou meio cambaleante. Harry passou seu braço por seus ombros e a guiou para dentro do castelo.
Entraram no castelo e Harry fechou a grande porta atrás de si. Voltou a olhar para Gina.
Ela se encostou na parede e escorregou lentamente até o chão. Harry se ajoelhou a sua frente e tocou seu rosto. Gina colocou a mão por cima da dele e fechou os olhos, mais lágrimas escorrendo por seu rosto.
- Gina... – sussurrou ele.
- Você não estava lá, Harry. – disse ela com a voz embargada.
- O quê? – perguntou sem entender.
- Eu vi. – disse ela balançando a cabeça como se quisesse espantar uma imagem da sua mente. – Eu vi, não estava, não...
- Gina, fica calma. – pediu ele. – Vem comigo.
Ele a ajudou a se levantar. Tudo que Gina falava eram palavras desconexas, sem sentido. Imaginou que talvez ela estivesse delirando por causa da febre. Parecia desesperada.
Ela não perguntou para onde estavam indo, apenas continuava falando palavras sem sentido. Assim que chegaram a Ala hospitalar, Harry bateu na porta.
Ouviu passos e em poucos minutos, Madame Pomfrey apareceu vestindo um robe por cima de uma longa camisola.
- Potter? O que aconteceu? – perguntou ela dando passagem para eles entrarem.
Ela apontou para uma das camas e Gina deitou nela, mas parecia não saber realmente onde estava ou o que estava acontecendo.
- Ela estava lá fora. – disse Harry para a enfermeira.
- Nessa chuva? – perguntou espantada colocando a mão na testa dela. – Está com febre. O que essa menina tem na cabeça pra sair em uma tempestade como essa? O que aconteceu? Porque ela estava lá fora?
- Eu não sei. – disse Harry olhando para Gina, que agora estava deitada na cama fechando os olhos com força.
- Ela vai ter que passar a noite aqui, Potter. – disse Madame Pomfrey. – Ela vai ficar bem, você já pode ir.
- Não! – gritou Gina sentando na cama rapidamente e os assustando.
- Srta. Weasley! – repreendeu Madame Pomfrey. – Eu já disse que não pode gritar aqui, muito menos a noite.
- Eu não quero ficar sozinha. – disse ela ignorando o que a mulher disse. – Deixa o Harry ficar, por favor.
- Ele está ótimo, Srta. Weasley. – disse Madame Pomfrey. – Não precisa ficar aqui.
- Mas eu quero que ele fique. – disse ela balançando a cabeça insistentemente. – Ele tem que ficar, eu preciso que ele fique.
- Tudo bem, Srta. Weasley. – disse ela assustada com o comportamento da garota. – Ele vai ficar. Você pode ficar, Potter? – perguntou se dirigindo a ele.
- Claro. – disse Harry.
- Pronto, Srta. Weasley, ele vai ficar. – disse ela tentando tranqüilizá-la.
Gina voltou a deitar na cama lentamente.
- Beba essa poção, Srta. Weasley. – disse ela lhe entregando um vidrinho que continha uma poção azul.
Ela bebeu toda a porção sem reclamar, o que para Harry, mostrou que a ruiva realmente não estava em seu estado normal. Ele sabia que se estivesse ela teria reclamado e feito mil e uma caretas.
Madame Pomfrey pegou sua varinha e com um aceno secou os dois.
- Pode ficar nessa outra cama, Potter. – disse ela apontando a cama ao lado da de Gina. – Amanhã ela vai estar melhor, vai se lembrar do gosto dessa poção e ainda reclamar porque está na enfermaria de novo.
Harry deu um pequeno sorriso e ocupou a outra cama. Madame Pomfrey sumiu pela porta nos fundos e ele voltou seu olhar para Gina. Ela o encarava com uma feição.
- Desculpa. – disse ela apenas movendo os lábios.
Harry sorriu e segurou sua mão.
- Não faça mais isso. – pediu ele. – Me deixou desesperado... de novo.
Gina deu um fraco sorriso e manteve o olhar fixo em suas mãos entrelaçadas.
- Eu estou aqui com você... – disse ele.
“Por quanto tempo?”, pensou ela.
***
Harry abriu os olhos lentamente e viu que não estava no seu dormitório. Lentamente lembrou de tudo que aconteceu na noite anterior. Olhou para o lado e viu que Gina ainda dormia.
Ficou surpreso ao perceber que suas mãos ainda estavam entrelaçadas. Levantou lentamente e soltou a mão da ruiva delicadamente para não acordá-la. Foi até a janela e olhou para o céu.
O sol brilhava forte lá fora, parecia que toda aquela tempestade não tinha passado de um sonho. Ouviu uma exclamação sonolenta e olhou para trás.
Gina abriu os olhos e sentou na cama lentamente como se estivesse lembrado de como foi parar ali e porque. Ela olhou ao redor do quarto inteiro e seu olhar parou em Harry, que sorriu e andou até ela.
- Bom dia. – disse ele.
- Bom dia, Harry. – disse ela parecendo muito confusa.
- Como se sente?
- Quebrada. – disse fazendo uma careta. - O que aconteceu? Porque eu estou aqui... de novo?
- Não lembra o que aconteceu?
Ela pareceu pensar durante alguns minutos.
- Eu estava dormindo... – disse ela lentamente. – E... eu tive um pesadelo.
- Que pesadelo? – perguntou ele sentando na beirada da cama.
Os olhos de Gina de repente ficaram mais escuros. Ela olhou fixamente para o chão como se estivesse vendo alguma coisa ali.
- Foi com Voldemort? – perguntou ele.
- Foi. – sussurrou ela. – E você...
- Eu?
- Estava lá... – disse ela balançando a cabeça.
- Eu estava lá? – perguntou sem entender.
Gina fixou os olhos nele.
-... morto. – completou ela. – Foi horrível, Harry. Você estava lá na minha frente, morto, e eu não podia fazer nada, e ele ficava rindo, eu não sabia o que fazer. Eu não sabia o que fazer.
- Gina... – chamou tentando acalmá-la.
- Ele matou você na minha frente, eu não pude fazer nada, estava amarrada e ele fez questão de jogar isso na minha cara. – continuou ela sem lhe dar atenção. – Eu acordei desesperada, não sabia mais o que era sonho ou realidade, eu não sabia o que fazer, não queria acordar as outras garotas do dormitório ou teria que explicar pra elas o que aconteceu.
- Gina...
- Eu sai do dormitório, não estava vendo realmente pra onde estava indo, quando eu dei por mim eu já estava lá fora. Eu precisava ver você, sabia que aquilo não podia ser real, mas você não sabe o quanto foi horrível te ver lá... daquele jeito... sem poder fazer nada... sem poder te ajudar.
Ela falava tudo muito rápido, mas Harry conseguiu entender tudo. Sem pensar e ao mesmo tempo sem saber o que fazer, ele a abraçou.
- Eu estou aqui, Gina. – disse ele. – Eu sempre vou estar aqui com você.
- Promete?
- Eu prometo. – disse ele. – Eu nunca vou te deixar sozinha.
Gina sorriu parecendo aliviada.
- Eu preciso de água. – disse ela fazendo uma careta. – Minha boca está com um gosto amargo.
- Foi a poção de ontem, Srta. Weasley. – disse Madame Pomfrey aparecendo com um copo de água na mão e entregando a ela.
- Então essa poção era muito amarga. – disse ela tomando a água. – Eu tomei ontem e ainda está esse gosto horrível na boca.
Madame Pomfrey lançou a Harry um olhar risonho que ele entendeu como um “Eu não disse?”
- E como eu vim parar aqui? – perguntou ela curiosa.
- O Sr. Potter a trouxe ontem durante a madrugada. – disse ela despreocupada, mas mudou a expressão para uma curiosa também. – E como foi que o senhor sabia que ela estava lá fora, Sr. Potter?
- Eu... eu vi pela janela. – disse ele torcendo para que ela acreditasse.
- Sei. – disse parecendo desconfiada. – E como está se sentindo, Srta. Weasley?
- Ótima. – disse ela. – Posso ir embora?
- Pode, mas lembre-se de não sair em uma tempestade como aquela, está bem?
- Tá bom. – disse ela puxando Harry pela mão. – Tchau, Madame Pomfrey. Eu amo a senhora, mas vou ficar alguns tempos longe daqui.
Os dois saíram rindo da Ala hospitalar e foram direto para a torre da Grifinória. O castelo estava em silêncio, parecia ser bem cedo. Passaram pelo retrato da mulher gorda e subiram cada um para o seu dormitório. Os dois sabiam que as pessoas iriam querer saber o que eles faziam ali tão cedo e os dois estavam decididos a não contar para ninguém o que tinha acontecido durante a madrugada.
***
Harry estava sentado na sala comunal junto com Rony e Hermione esperando Gina descer para tomarem café e depois irem para as aulas. Não tinha conseguido dormir depois de ter voltado para o dormitório e duvidava que Gina também tivesse
- Bom dia, gente. – disse Gina animada.
- Bom dia, Gina. – disseram os três.
- O que aconteceu, Gina? – perguntou Hermione franzindo a testa.
- Nada. Porque a pergunta?
- Bom, nesses últimos dias você estava bem esquisita. Agora você está toda animada. – explicou ela.
- Não é nada de mais, Mione. – disse ela sorrindo. – A questão é que agora eu entendo algumas coisas que antes eu não entendia. Agora eu entendo tudo.
- Sério? – perguntou Hermione animada.
Gina riu.
- Sério, Mione.
- Do que vocês duas estão falando? – perguntou Rony sem entender. – O que você entende, Gina?
- Nada, maninho. – respondeu ela. – Vamos tomar café logo ou vamos nos atrasar para as aulas.
- Vocês, garotas, não são normais. – disse Rony balançando a cabeça.
Harry concordou.
- Vamos logo. – disse Gina.
Os quatro tomaram café animadamente. Os três repararam que Gina parecia ter voltado ao normal. Não estava mais pensativa e calada, estava alegre e animada. Harry se surpreendeu com a mudança de comportamento da garota.
- Eu não sei o que eu faria sem uma amiga como você... – disse ele, depois que todos se acabaram de rir com a piada que a ruiva havia feito sobre Snape.
- Você estaria entediado, querido. – respondeu risonha.
Parecia até duas pessoas completamente diferentes, mas de qualquer forma ele já sabia que preferia essa Gina. A Gina segura de si mesma, que ria e fazia os outros rirem.
Depois foram direto para as aulas. Os três foram para aula de Trato das criaturas mágicas, enquanto Gina saiu com alguns colegas do quarto ano da Grifinória.
Chegaram à sala de Adivinhação, onde sentaram nos pufes e a professora começou a aula.
- Bom dia, alunos. – disse ela com o seu tom de voz. – Bom, eu quero que vocês formem duplas, vamos lá, rápido.
Gina não gostava de adivinhação, ou talvez não gostasse da professora, ela não saberia dizer. Por mais que tivesse medo do desconhecido, como tinha dito a Harry, não sabia se era bom saber o que aconteceria no futuro, mesmo sabendo que essa professora era uma charlatã e não adivinhava nem as horas.
Enquanto todos os alunos formavam suas duplas, ela olhou ao redor e fixou os olhos em uma bola de cristal que tinha em cima da mesa da professora.
Por um instante teve a impressão de ter visto alguma coisa se mexendo lá, mas no segundo seguinte, tudo que podia ver era a bola imóvel novamente. Desviando o olhar da bola, seu olhar recaiu sobre a professora, que a observava e viu que ela estava olhando para a bola de cristal.
A professora sorriu e Gina engoliu em seco. Não gostava nem um pouco de quando um professor chamava a atenção de toda a turma pra ela, mas sabia que era justamente isso que iria acontecer.
A professora andou até ela e parou em frente a sua mesa, que estava dividindo com Colin Creveey.
- Bom, hoje nós vamos estudar a quiromancia, que é a arte de ler as mãos. – informou ela. – Eu vou fazer uma demonstração para todos vocês verem, depois abram os livros na página 245 e vejam como fazer, está bem? Eu vi que a Srta. Weasley está muito interessada em saber o futuro, então começarei por ela. – a professora se virou para ela sorrindo. – Me dê a sua mão, Srta. Weasley.
Receosa, Gina estendeu a mão e a professora começou a olhá-la como se realmente estivesse vendo milhões de palavras ali. Gina olhou para a frente e viu Colin a olhando com uma cara que demonstrava riso e pena.
- Oh! – disse a professora dramaticamente alisando sua mão. Colin deu um ronco de riso e quando Gina o fuzilou com os olhos, ele tratou logo de ficar sério. – Oh, minha querida.
Todos prestavam atenção, a professora só repetia aquilo e Gina sabia que ela queria que ela perguntasse alguma coisa, então:
- O que foi, professora? – perguntou fingindo interesse.
A professora sorriu em aprovação.
- Minha querida, eu estou vendo. – disse ela. – Seu futuro não é fácil.
- Porque?
- Ele é sombrio. – disse ela teatralmente. – Eu estou vendo, você vai sofrer muito na sua vida.
- Continue, professora. – pediu irritada com tudo aquilo.
- Aqui é a linha do amor. – disse ela. – E ela é tão pura.
- O que quer dizer? – perguntou Gina, pela primeira vez interessada.
- Que é amor verdadeiro.
Gina sorriu, mas se lembrou do que Hermione falou. Já que todos pensavam que ela e Harry tinham realmente alguma coisa, provavelmente a professora também pensava e estava dizendo aquilo apenas por saber disso.
- Mas é curta. – disse ele com um tom de voz triste.
O sorriso de Gina sumiu.
- O que quer dizer? – perguntou receosa.
- Oh minha querida... – disse dramaticamente.
Gina sabia que a professora adorava prever mortes, já estava se preparando pra ouvir isso, mas ela não terminou de falar. Pareceu ficar em um estado de transe, parada, apenas segurando a mão de Gina e olhando fixamente para a sua mão.
- Professora? – chamou ela, mas ela não respondeu.
Gina olhou ao redor e viu que todos as observavam em silêncio.
- Professora! – chamou novamente.
Sentiu a mulher apertar seu pulso com força e soltou um gemido de dor. Olhou do pulso vermelho por causa da força com que era apertado, para o rosto da mulher, que permanecia duro.
- Professora... – murmurou com a voz trêmula. – Professora, a senhora está...
- É curta! É muito curta! – disse ela com a voz fria assustando a todos. – Um dos dois nunca vai voltar! Você vai sofrer muito! E ele não vai estar lá! Você vai ficar sozinha!
Gina puxou a mão assustada e andou para longe da professora. Parecendo sair de um transe, a professora balançou a cabeça e olhou para todos e depois para Gina que se mantinha afastada horrorizada.
- O que está fazendo, Srta. Weasley? – perguntou ela a repreendendo.
Sem pensar em mais nada, Gina pegou seu material e saiu correndo da sala, ouvindo ao longe os gritos da professora a chamando.
Foi em direção a torre da Grifinória, passou correndo pelo buraco do retrato, subiu as escadas do dormitório feminino e se jogou na cama se cobrindo com o cobertor.
Não entendia nada que tinha acontecido e tinha a estranha sensação de que não queria entender, mas tinha que entender.
Ficou deitada ali, tentando absorver as palavras da professora. Passados muitos minutos ou horas, ela não tinha a mínima idéia de quanto tempo tinha ficado ali, olhou para o relógio e viu que já era hora do almoço.
Foi até o banheiro, lavou o rosto tentando melhorar a cara, que ela sabia que não estava nada boa e saiu em direção ao salão principal.
Quando entrou no salão, ela avistou Colin falando com Harry, Rony e Hermione. Assim que a viram, Colin se afastou e os três continuaram a olhando. Rony e Hermione pareciam ansiosos, mas Harry parecia preocupado.
- Oi. – disse sentando ao lado dele. – O que o Colin estava fazendo aqui?
- Ele estava perguntando onde você estava. – disse Harry. – Ele disse que você não assistiu as aulas.
- Ele disse porque? – ela perguntou um pouco assustada. Não sabia se iria ou não contar aquilo.
- Não, só disse que você saiu na aula de adivinhação. – disse Hermione. – O que aconteceu, Gina?
- Nada, Mione. – disse desanimada. – Eu só não estava me sentindo bem.
- Não? – perguntou Harry imediatamente.
- Mas eu já estou ótima. – se apressou em dizer. – Está tudo bem.
“Está tudo ótimo.”, pensou amarga.
Continua...
N/A: Gente, desculpem a demora, mil perdões. Eu prometo que não vou demorar tanto pra postar os outros.
Espero que gostem desse capítulo, ok? Eu sei que estou enrolando muito a história, que a cada capítulo parece que as coisas complicam, mas não se preocupem, no final eu desenrolo. Eu agradeço todos os comentários e continuem comentando.
Mil beijos no coração!
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