O plano que deu certo



Quando Harry acordou, todos do dormitório ainda dormiam. Harry olhou para o relógio em cima da mesa-de-cabeceira. 06:00. Imaginou que eles deviam ter ficado até o final do baile e deviam estar cansados, mas pelo menos era sábado e eles poderiam dormir até mais tarde. As cortinas da cama de Rony estavam fechadas e ele podia ouvir os roncos do amigo. Estava torcendo para que ele e Hermione tivessem se entendido. Desceu para a sala comunal, que também estava silenciosa. Sentou no sofá em frente à lareira e ficou encarando o teto pensativo. Parecia que todos no castelo ainda dormiam, ele concluiu por causa do silêncio. De repente escutou passos e automaticamente olhou para a escada. Gina descia as escadas pensativa, parecendo até mesmo um pouco pálida. - Bom dia, Gin. – disse ele. Gina levou um susto e levou as mãos ao peito que subia e descia descontroladamente. Harry estranhou. Gina nunca se assustava quando ele a pegava de surpresa, nem mesmo quando estava escondido pela capa da invisibilidade. - Harry! – disse ela recuperando o fôlego. – Você me assustou. Bom dia. - Aconteceu alguma coisa, Gina? – ele perguntou desconfiado. - O quê? Não! – ela disse parecendo um pouco nervosa. – Não aconteceu nada. Porque a pergunta? - Você está pálida. – disse ele a analisando. - Talvez tenha sido pelo susto que você acabou de me dar. – disse ela andando até o sofá e sentando ao seu lado. – Já está acordado? Eu pensei que fosse a única que tinha acordado de madrugada. - Não está tão cedo assim. – disse ele dando de ombros. – Acho que fomos os únicos que saímos do baile cedo ontem. - Você saiu cedo? – ela perguntou franzindo a testa. - Sim, um pouco depois de você. - Porque? - Acabei discutindo com a Cho. - Não foi por minha causa, foi? – ela perguntou em dúvida. - Mais ou menos. – disse ele. – Acho que eu tinha uma imagem completamente diferente da Cho, mas eu que criei essa imagem, eu nunca nem ao menos, a conheci de verdade. Ontem à noite acho que vi um pouco da verdadeira Cho. E você só me ajudou nisso. - Então você não gosta mais dela? - Eu não sei. – disse ele. – É esquisito. - E você gostava dela? - Eu também não sei. Também é esquisito. Gina bufou. - Acho que eu atraio confusão. – disse ela. - Porque diz isso? - Eu sou confusa, minha vida é confusa e meu melhor amigo é mais confuso ainda. – disse ela. Harry riu. - Eu não estou confuso em relação a Cho. – disse ele. – Eu disse que é esquisito. - Tá bom. – disse Gina como se dissesse que é a mesma coisa. – Então a confusão só é minha mesmo, em relação a mim. - Acho que sim. – disse Harry pensativo. Gina o encarou estranhamente. - Bom, se você não gosta mais dela, você nunca a amou. – disse ela. – Se você ama uma pessoa de verdade, nunca deixa de gostar dela, entende? - Acho que sim. – disse ele encarando o teto. - Você sabe alguma coisa sobre o Rony e a Mione? – Gina perguntou animada. - Eu sei tanto quanto você. – disse Harry desviando o olhar para ela. - Eles estavam tão bem dançando juntos ontem. – disse ela sorrindo. – Espero que tenham se entendido. - Eu também. – disse Harry. - Se eles não tiverem se entendido, eu vou ter que tomar medidas drásticas. – disse ela sorrindo maldosamente. - O que você vai fazer? – perguntou desconfiado. - Nada que vá matar alguém. – disse displicente. – Bom, talvez eles mesmos, de susto ou vergonha. – completou ela pensativa. - Gina... – começou Harry em tom de aviso. - Relaxa, Harry. – disse ela sorrindo. – Eu nunca faria nada de ruim, você sabe, não é? - É. – disse Harry sorrindo. – Acho que sei. - Vamos continuar com o velho truque do admirador secreto, ok? – disse ela. - Ok. – disse Harry lentamente. – Faz muito tempo que nós não escrevemos, não é? A Mione deve achar que o admirador dela morreu. Gina riu. - Agora vamos mandar outra carta. – disse ela. - Mas eu não acho que isso vai ajudar muito. – disse Harry. – A última carta que mandamos não mudou muita coisa entre eles. Gina abriu um sorriso maroto. - Mas acontece... – começou ela fazendo uma carinha inocente. – Que essa carta vai ser um pouco diferente. - Diferente como? - Harry não soube porque, mas teve medo da resposta. - Ela vai ter remetente. – Gina disparou. Harry levou um tempo para absorver a informação. - Gina, se é um admirador secreto, ele tem que ser secreto. – disse ele como se ensinasse a uma criança quanto é dois mais dois. - Mas ele quer se revelar. – disse Gina sorrindo. Harry franziu a testa. - Gina, pensa comigo. – disse ele. Ela assentiu, mas sorria divertida, como se achasse aquilo muito engraçado. No entanto, Harry não conseguia achar a graça da situação. - A Mione pensa que ela tem um admirador secreto. – começou ele. – Não é? - É. – disse Gina. - Mas ela não tem, não é? - É. - Porque somos nós que estamos escrevendo pra ela. – disse Harry. – Não é? - Isso mesmo. – concordou Gina. - Então, se somos nós que estamos escrevendo pra ela e esse admirador secreto não existe... – disse Harry. – Como você quer que ele simplesmente se revele? Gina riu. - Harry, você não entendeu. – disse ela. – Mas pode deixar que eu te explico. Ela começou a explicar. Harry estava boquiaberto com a genialidade e ao mesmo tempo com a audácia da garota. Era um plano arriscado, mas ao mesmo tempo brilhante. Podia significar a vida, se desse certo, mas também podia significara a morte, se desse errado. Harry reconhecia que isso era ser muito dramático, mas foi justamente esse o argumento que ele usou para impedir que a garota realizasse aquele plano, mas parecia que nada a impediria. Ele ainda tinha alguma esperança se Rony e Hermione já tivessem se entendido, assim eles não precisariam colocar aquele plano em prática. Sabia que se os dois descobrissem, ele estaria morto. Quando estava na hora do café, os dois saíram em direção ao salão principal. Harry não sabia se ria ou chorava do plano dela. Seria engraçado ver a cara de espanto deles quando descobrissem a verdade, mas Harry tinha a estranha sensação de que seria a última coisa que ele veria na vida. Achando que o café já deveria estar servido, Harry puxou Gina pela mão em direção ao salão principal. O salão ainda estava bastante vazio, apenas alguns alunos com cara de sono, tomavam café. - Você está sendo muito dramático, Harry. – disse Gina enquanto adentravam o salão. - Eu posso estar sendo dramático, mas é justamente isso que vai acontecer. – retrucou ele. - Pare de ser pessimista. – disse ela sentando na mesa da Grifinória. - Que ótimo. – resmungou Harry enquanto sentava ao seu lado. – Além de ser dramático, eu agora sou pessimista. Gina sorriu e começou a se servir de torradas. - Pense que vai dar certo. – falou ela. - Ok, vai dar certo, vai dar certo, tem que dar certo, certo? – começou ele. – Quer dizer, se não der, eu vou ser um pobre garoto morto tão jovem, mas vai dar certo. Gina riu com a encenação dele. - Vai dar certo, vai dar certo, vai dar certo. – Achando que estava sendo muito otimista, completou. – Não vai dar certo, Gina. Gina riu mais. - Então pense que eles já se acertaram. – disse ela rindo. – Assim não precisaremos fazer nada disso. - Ok. – disse ele respirando fundo. – Eles já se acertaram, eles já se acertaram, eles já se acertaram com uma azaração ontem no meio de uma briga. - Harry! – disse Gina rindo. – Você não tem jeito, nunca vai mudar. - Ora, seja otimista. – disse com um sorriso irônico. – Pense assim: “ele vai mudar, ele vai mudar, ele vai mudar.” Quem sabe eu não mudo? Gina lhe deu um leve tapa no ombro o fazendo rir. - Olha lá. – disse Gina apontando para a porta do salão. Harry seguiu seu olhar e viu o garoto da Corvinal. O garoto andou até a mesa mancando e fazia algumas caretas, enquanto algumas pessoas cochichavam. Harry riu. - Legal. – disse ele voltando a olhar para Gina. - Ele não deve achar a mesma coisa. – disse Gina sorrindo. – Será que eu peguei muito pesado? - Não, de modo algum. – disse Harry balançando a cabeça. – Eu achei muito bem feito. Gina riu e Harry a acompanhou. - Bom dia. – disse Hermione sentando na frente deles. Estavam tão compenetrados na conversa que nem notaram a chegada da amiga. Harry e Gina trocaram olhares significativos, o que passou despercebido por Hermione. - Bom dia, Mione. – disse Gina. – E aí, tudo bem? - Claro. – disse ela sorridente. - Tem certeza de que não foi acertada por nenhuma azaração? – perguntou Harry levando uma cotovelada de Gina. – Ai, Gina. Doeu. – sussurrou ele. Hermione riu. - Tenho, Harry. – disse ela começando a comer. – Rony ainda não acordou? - Não. – respondeu Harry. – Devia estar muito cansado. - Parece que a noite dele ontem foi boa. – falou Gina com um tom de quem comenta o tempo. Hermione ficou imediatamente vermelha. - O quê? Porque diz isso, Gina? – perguntou visivelmente nervosa. - Não sei, foi só um palpite. – disse ela dando de ombros. - Ah! – disse ela voltando a sua cor normal. Em uma tentativa de mudar de assunto completou. – Gina, você sabe o que aconteceu com o Macfryn? Ele estava com você no baile, não foi? Eu o avistei quando estava vindo pra cá e ele estava mancando. Harry prendeu o riso. - Ele caiu. – disse ela simplesmente. Se Harry não soubesse que era mentira, ele tinha acreditado. Gina falava com uma naturalidade, que parecia que até ela mesma estava convencida daquilo. - Caiu? – perguntou Hermione franzindo a testa. – Caiu como? - Caindo, Mione. – disse Gina. – Sabe quando a pessoa está andando, às vezes fica perto demais de uma coisa que deveria ficar longe, se desconcentra ou é desconcentrado e simplesmente cai? - O quê? – perguntou Hermione sem entender, enquanto Harry ria descontroladamente. – Onde ele caiu? - No meu joelho. – Gina respondeu dando de ombros. Harry gargalhava enquanto Hermione parecia não entender nada. Aos poucos, sua expressão foi mudando de uma confusa para uma de entendimento e ela arregalou os olhos. - Gina! Você chutou ele? - gritou escandalizada levantando da mesa. - Grite um pouco mais alto, Mione. Eu acho que as pessoas que estão dormindo ainda não escutaram. – disse ela sarcasticamente. Hermione olhou ao redor e percebeu que todos a olhavam curiosos. Voltou a sentar e baixou a voz. - Você chutou o garoto? - Sim. – disse ela sorrindo. - Gina, isso foi golpe baixo. – disse ela com censura. - Claro que foi. – disse Gina. – Estava lá embaixo, eu só levantei o meu joelho e pronto. Foi mesmo em baixo. Harry riu mais. - Porque você fez isso, Gina? – ela perguntou. - Porque eu achei que ia ser divertido. – disse irônica. – Olha, Hermione. Nós estávamos lá na beira do lago e ele simplesmente quis me agarrar, eu não queria e só me defendi. - Mas você disse que não queria antes de agredir o garoto? – perguntou ela. - Disse, eu disse que queria ficar sozinha. – respondeu ela entediada. – Qual é, Hermione? O Harry e meus irmãos adoraram. - Claro que adoraram. – retrucou Hermione. – Porque não foi com eles. - E nem com você, Mione. – falou Gina. Hermione bufou. - E como você foi parar na beira do lago? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas. – Ele não pode ter te arrastado até lá. - Não, eu fui sozinha. – disse ela. – Na verdade, fui eu que o chamei, mas eu só queria tomar um ar, não estava me sentindo bem. Se ele pensou o contrário, isso é problema dele. - Gina, você... - Bom dia. Rony chegou animadamente e sentou ao lado de Hermione. Ela parou de falar imediatamente e continuou a comer em silêncio. Gina olhou para Harry e sorriu. - Olha só, descobri uma coisa em que Rony é útil. Fazer a Mione se calar. - disse ela a Harry, que riu. - Algum problema, Harry? – perguntou Rony, mas não parecia estar interessado no amigo. - Não, nada. – disse Harry. – E aí, Rony? Como foi a noite? - Ótima. – disse ele dando um olhar de esguelha a Hermione. - Pelo menos alguém gostou, não é? – disse Gina. – Eu sai bem cedo da festa. - Saiu? – perguntaram Rony e Hermione juntos e depois coraram. Gina deu um sorriso malicioso. - Hum... nossa. – disse ela. – Parece que a noite de vocês foi mesmo muito boa. Nem repararam quando eu e o Harry saímos da festa. - Cala a boca, Gina. – disse Rony a fuzilando com os olhos. Gina sorriu e continuou comendo. - Você acha que eles estão bem? - ela perguntou para Harry. - Bom, não estão brigando. - disse Harry. - Isso é um bom sinal, não? - Talvez. - disse ela. - Mas também não estão trocando uma palavra. Porque? - Vergonha. - sugeriu Harry. - Vergonha porque? - Não sei, talvez tenha acontecido alguma coisa entre eles. - Então vamos esperar. - disse Gina. - Se percebermos que eles não estão bem, vamos colocar o plano em prática. Harry assentiu. Eles repararam que Rony e Hermione às vezes trocavam alguns sorrisinhos tímidos, alguns olhares e todas as vezes coravam. Gina olhou confusa para Harry. Nesse momento, o correio chegou. Uma coruja veio até onde eles estavam e deixou cair uma carta no colo de Hermione. Parecendo um pouco receosa, ela pegou a carta, abriu e leu. - De quem é? – perguntou Rony desconfiado. - Do Vítor. – disse ela em voz baixa. O efeito foi instantâneo. Rony ficou imediatamente vermelho de raiva e encarava a carta como se assim pudesse queimar vivo Vítor Krum. - Ah, é do Vitinho? – perguntou irônico. – Porque diabos você ainda está se correspondendo com esse cara? - Ele é meu amigo, Rony. – disse ela também ficando vermelha. - Sei, eu sei muito bem o amigo que ele é. – disse ele. - Pára com isso, Rony. - Esse cara não se enxerga, não é? Porque ele não abre os olhos? - Do que está falando, Rony? – perguntou Hermione. – Você é que não enxerga as coisas. - Eu? Ele que... - Você é um idiota, Ronald. – disse ela. – Idiota! - Metida! - Estúpido! Ela levantou da mesa furiosa e saiu quase correndo do salão. Rony também saiu tomando a direção contrária. Harry e Gina trocaram olhares chocados. Gina suspirou. - Eu odeio Vítor Krum. – disse ela. – Porque ele tinha que mandar uma carta pra Mione logo agora que eles estavam se entendendo tão bem? - Não tinha como ele saber, certo? – falou Harry. - Que pena, Harry. – disse ela cinicamente, mas sorria. – Vamos ter que ir para o plano B. - E você nem queria isso, não é? – perguntou ele sorrindo. – Você está louca pra fazer isso que eu sei. Gina riu. - Vamos ter que colocar o plano em ação. Nada pode dar errado. – disse ela. – Escreva a carta, mas lembre do que eu te expliquei. Não é você que vai estar escrevendo. Pense em alguém, pense na Cho, na Mione, na professora McGonnagall, em qualquer pessoa. Você escreve pra Mione e eu vou escrever para o Rony. Depois a gente envia as cartas e esperamos o efeito de tudo. - E se não der certo? – ele perguntou distraidamente. - Tem que dar certo, Harry. – disse Gina com os olhos brilhando em expectativa. - Tudo bem. – disse ela encarando a garota um pouco assustado com tanta animação. – Você está ficando paranóica com isso, Gina. - Eu? – ela perguntou indignada. – Eu só quero vê-los juntos. Ninguém nunca conseguiu juntá-los e eu vou conseguir. Vamos fazer isso hoje. - Tudo bem. – disse Harry dando-se por vencido. – Eu estou cheio de deveres pra fazer, então quando eu terminar eu tento escrever a carta. - Eu também. A gente se encontra depois no corujal para enviar as cartas, está bem? – disse ela. – E à noite eu ainda tenho a detenção com o Snape, é às sete e meia. - Tá bom. – disse Harry. - Eu vou indo. Gina levantou da mesa, deu um rápido beijo em sua bochecha e saiu do salão. *** Harry esperou ansioso. O corujal estava vazio, exceto pelas corujas. Já tinha terminado todos os seus deveres e escrito a carta, só estava esperando Gina para poder enviá-las. Ele ouviu a porta abrir e olhou. Mas não era Gina. - Oi, Harry. – disse Cho sorrindo, como se tudo que tivesse acontecido na noite anterior não passasse de um sonho. - Ahn... oi. – disse ele um pouco desconfiado. Ela estava com uma carta nas mãos. Andou até uma das corujas da escola e amarrou a carta na pata dela. A coruja saiu voando e desapareceu pela janela. Ela voltou seu olhar para Harry. - Harry... – começou ela. – Eu queria te pedir desculpas... por ontem. Harry estava surpreso. Não esperava que Cho pedisse desculpas depois dele ter dito aquilo a ela. - Ah, não precisa. – disse ele. - Claro que precisa. – insistiu ela. – Eu fui uma idiota por ter discutido com você só por causa da Weasley. - Como assim “só por causa da Weasley”? – perguntou Harry erguendo as sobrancelhas. - Eu só quero pedir desculpas. – disse ela depressa. - Tudo bem. Cho sorriu. - E o que você está fazendo aqui? – perguntou mudando de assunto. - Eu preciso enviar uma carta. – disse ele mostrando a carta a ela. - E porque não envia? - Estou esperando uma pessoa. – disse ele. - É? Quem? – ela perguntou, mas já parecia saber a resposta. - A Gina. - E há quanto tempo está aqui? - Mais ou menos meia hora. – disse ele. – Porque? - Quando eu estava vindo pra cá, eu a vi. – disse ela. Harry não falou nada. - Estava com o Macfryn. – continuou ela. - Estava, é? – ele perguntou sentindo um certo incômodo. - Sim, ela... A porta se abriu mais uma vez e Gina entrou correndo. Ela parou ofegante ao ver os dois e ergueu as sobrancelhas. Também estava com uma carta na mão. - Ah... oi. – disse tentando recuperar o fôlego. - Eu já vou, Harry. – disse Cho. Deu um beijo na bochecha dele e saiu rebolando. Quando a porta se fechou, Gina voltou seu olhar para Harry e fez uma careta. - Essa garota... me surpreende. – disse indo até ele. – O que ela queria? - Pedir desculpas por ontem. – disse Harry um pouco ríspido. – Porque demorou tanto? - Desculpe, eu estava terminando a carta. – disse ela estranhando seu tom. – O que aconteceu? - Cho disse que você estava com o Macfryn. – respondeu ele. Gina deu uma risada sem humor. - Tinha que ser a Chang. – resmungou ela. – Sim, eu estava com ele, mas... - Então foi por isso que demorou? – interrompeu ele. Gina sentiu o sangue ferver. - Harry, pára, por favor. Não começa. – pediu ela. – Aquele idiota me parou no meio do caminho quando eu estava vindo pra cá. Queria explicações por causa do que eu fiz ontem. Falou um monte de besteiras, me deixou irritada, então eu não estou boa. Eu nunca mais quero ver aquele garoto na minha frente. A Chang também. Eu quero que os dois se explodam e levem o Snape junto. Eu ainda tenho aquela porcaria de detenção com ele. Por favor, não comece com seus ataques de irmão mais velho, porque você não é meu irmão. Eu já tenho seis que fazem esse trabalho perfeitamente. Não preciso que faça isso e nem quero. Ela suspirou. - Você não é meu irmão, Harry. – continuou ela. – Eu sempre quis que você entendesse isso. Você é meu amigo, meu melhor amigo. E eu gosto muito de você. Quanto ao Macfryn, eu quero que ele exploda. Harry sorriu e a abraçou. Gina retribuiu o abraço. - E então? E a carta? – perguntou ela se afastando. - Aqui. – disse Harry a entregando a carta. – Leia e veja se está boa. - Leia a minha. – disse Gina. Os dois leram as cartas rapidamente. - Está ótima. – disseram juntos. - Então, agora é só mudar a letra. – disse Gina. – Colocamos a carta do Rony com a letra da Mione e a da Mione com a letra do Rony, certo? - Certo. – disse Harry. Gina fez um rápido feitiço que modificou as letras. - Vamos mandar por duas corujas da escola. – disse Harry. Ele colocou a carta em uma das corujas, enquanto Gina fazia o mesmo. Levaram as corujas até a janela e elas saíram voando. - Onde estão Rony e Hermione? – perguntou Gina. - Rony estava na sala comunal jogando xadrez com Dino e Simas. – respondeu Harry. – Hermione estava na biblioteca na última vez que a vi. - Que ótimo. – disse Gina sorrindo. – Pelo menos eles não vão ver quando as cartas um do outro chegarem. - Não vai dar problema entrar uma coruja na biblioteca? – perguntou Harry. Gina pensou. - Talvez, mas é o único jeito. – disse dando de ombros. – E nós temos que desaparecer. - Temos? - Claro que sim. – disse ela. – É melhor nós não estarmos por perto quando eles descobrirem a verdade. Eu não quero morrer com apenas 14 anos, sabe? - Mas você disse que isso não iria acontecer. – acusou Harry. Gina sorriu. - Se depender de mim, não vai acontecer. – disse ela. – Mas se depender deles... aí eu já não sei. Harry riu. - Vamos desaparecer. – disse ela. – Eu só vou voltar a chegar perto deles depois da minha detenção com o Snape, daqui pra lá eles já devem ter se acertado. - Eu também. – disse Harry com um suspiro. - Seja o que Merlin quiser. – disse Gina. *** Harry tinha fugido dos amigos o resto do dia, mas não precisou se esforçar muito. Os dois tinham desaparecido e ninguém sabia onde estavam. Já eram dez horas da noite. Harry estava sentado sozinho na sala comunal. Achando que Gina devia estar demorando muito, resolveu procurá-la. Não estava nem pensando em procurar Rony e Hermione, não iria dar uma chance tão fácil para ser morto pelos amigos. Olhou no mapa e viu Gina saindo das masmorras. Pegou a capa da invisibilidade e saiu ao seu encontro. - Oi. – disse Harry ao avistá-la tirando a capa. - Oi, Harry. – disse ela sorrindo. – E as lesmas? - Estão desaparecidos o dia inteiro. - Espero que estejam se entendendo. – disse ela. – Eu estou gastando muito tempo da minha vida maravilhosa para ajudar os dois a ficarem juntos, então tem que valer a pena. - Vamos. – disse Harry rindo e a puxando pela mão. Os dois andaram rindo durante todo o caminho. Estavam tão distraídos que nem sequer lembraram de colocar a capa. - Olá. – disse uma voz atrás deles. Os dois se viraram depressa e coraram. Sentiram o rosto esquentar e rapidamente soltaram as mãos. - Ah, oi, professor. – disse Harry sem jeito. - Olá, Harry. – disse Dumbledore sorrindo pra eles. – Olá, Srta. Weasley. - Oi, professor. – disse ela sem encará-lo. - O que fazem por aqui? – perguntou ele olhando ao redor como se esperasse ver alguma coisa interessante. - Er... nós estávamos... er... estamos... – começou Harry gaguejando. - Harry veio me procurar. – interrompeu Gina vendo que Harry não conseguiria dizer uma palavra que fizesse sentido. – Eu estava em uma detenção com o Snape e... - Professor Snape, Srta. Weasley. – interrompeu Dumbledore. - Isso! Eu estava em uma detenção com ele e Harry veio me procurar. – disse ela. - Então é melhor voltarem logo para a torre da Grifinória. – disse ele. – Não é seguro andar pelo castelo à noite. Principalmente para vocês dois. - Tudo bem. – disse Harry. – Tchau, professor. Ele pegou Gina pela mão e saiu dali o mais rápido que pôde. Quando estavam suficientemente longe, pararam e começaram a rir descontroladamente, sem saber exatamente o porque. - É melhor colocar a capa, certo? – disse Harry. - Certo. – disse Gina rindo. Harry jogou a capa sobre os dois e eles continuaram a andar em direção a torre da Grifinória. De repente, quebrando o silêncio dos corredores, eles ouviram risos. Os dois estacaram. Gina olhou para Harry com a sobrancelha erguida. - Quem é? – perguntou ela para ele em um sussurro. - Vamos ver. – sussurrou Harry de volta. Os dois andaram mais um pouco em total silêncio. Viraram e corredor e deixaram o queixo cair em espanto. - Ah, meu Merlin! – sussurrou Gina lentamente. Rony e Hermione estavam parados um pouco mais adiante e riam de alguma coisa. Os dois às vezes riam e às vezes trocavam alguns beijos. Harry olhou chocado para Gina. Ela retribuiu seu olhar e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. Não querendo atrapalhar a privacidade do casal, ele tornou a pegar na mão dela e a guiá-la para longe dali. Os dois passaram por Rony e Hermione rapidamente sem olhar para trás e continuaram seu caminho para a torre da Grifinória. Ao passarem pelo buraco do retrato, Harry viu que a sala comunal estava vazia e retirou a capa de cima dos dois. - Eu não acredito. – disse ela sorrindo. - Só você? - Nós conseguimos. – falou ela o abraçando. – Nós conseguimos. - Será que eles já sabem que fomos nós? – perguntou Harry a afastando um pouco, mas sem desfazer o abraço. - Bom, a julgar pela maneira de que eles riam, acho que sim. – disse ela. – Mas isso não importa, nós conseguimos. Ela o abraçou novamente e Harry riu. - E se o Dumbledore pegar eles? – perguntou ela se afastando novamente preocupada. - Bom, isso seria realmente engraçado de se ver, sabe? – disse Harry. Gina riu. - Mas não acho que Dumbledore vá ligar muito pra eles, não é? – disse ela. – Eu tenho a impressão de que ele estava apenas nos vigiando. - Porque será que eu tenho a mesma impressão? – perguntou Harry sorrindo. - Talvez porque seja verdade. – sugeriu ela. – Mas porquê? - Talvez porque nós somos as únicas pessoas nesse castelo que estamos sendo caçadas por Voldemort. – respondeu Harry. - É. – disse Gina pensativa. – Isso é estranho, sabe? - O quê? - Essa coisa de Voldemort estar atrás de mim. – disse ela. – Eu não acredito que eu tenha tantos poderes, muito menos pra derrotar ele. - Eu também não acredito que eu possa fazer isso. – disse Harry. Gina olhou para ele e sorriu. - Eu só quero que você saiba que eu vou sempre estar com você, está bem? – disse ela. – Eu nunca vou te deixar sozinho, muito menos com Voldemort. - Enfrentar Voldemort é o meu destino. – disse Harry sério. - E eu não me importo de te ajudar. – disse ela no mesmo tom. - Pelo que Dumbledore disse, enfrentá-lo é tão meu destino quanto seu. - Eu queria que você ficasse longe disso. Não quero que você se machuque tentando me ajudar. - Então não pense que é tentando te ajudar. – retrucou ela. – Pense que é tentando me defender. Voldemort quer a mim tanto quanto quer a você, Harry. Nada vai mudar isso. Você acha que eu quero que você se machuque? Eu não quero isso. - Eu sei que não. – disse ele. - Eu confio em você. – disse ela. – Você sabe disso. - Sei. Gina sorriu e o abraçou. - Eu também vou estar sempre aqui, Gin. – disse ele. – Eu nunca vou te deixar sozinha. Gina assentiu e o encarou nos olhos. - Eu sei. – disse ela. – Eu vou dormir. Boa noite, Harry. - Boa noite, Gin. – disse ele sorrindo. Ela deu um beijo em sua bochecha e subiu as escadas, mas antes de entrar no quarto, sorriu para Harry. Quando a garota desapareceu, ele suspirou e olhou ao redor. Não era uma boa idéia ficar por ali. Se Rony e Hermione chegassem naquele momento, com certeza iriam colocá-lo contra a parede e isso era o que ele menos queria. Continua... N/A: Mais um capítulo postado. Espero que gostem. Agradeço todos os comentários. CONTINUEM COMENTANDO.... VOTEM... BEIJOS!!!!!!!!!!!!!

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