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A vida que nunca teremos


O garotinho de cabelos negros corria feliz pela casa. Brincava com sua vassoura e ria. Risada gostosa de criança. A castanha olhava para ele e sorria. Seu filho era mesmo a cara do pai. Enquanto observava o pequeno brincar, seu marido veio e abraçou pela cintura sentando-se ao seu lado no chão. Se encararam. Castanho no verde. Ele passava a mão pela barriga dela carinhosamente, como se pudesse acariciar a filha que estava por vir.

- Levi, não corra demais meu amor. Pode se machucar. – falou a castanha
- Eu num machuco mamãe...- disse o garotinho começando a correr de novo
- É mesmo seu filho, não larga essa vassoura.- disse encarando o marido

Ele sorriu e a beijou. Ah como ele amava aquela castanha que sempre esteve ao seu lado. Ela levantou-se avisando que o jantar, já no forno, logo estaria pronto. Chamou-os 10 minutos depois. Jantaram rindo e conversando. O retrato de uma perfeita família feliz.

Com os olhos desfocados, ela via o brilho daqueles olhos verdes sumir. Voltara a realidade. Com o corpo dele junto ao dela e a cabeça dele em seu colo ela gritou. O fez com todas forças que seus pulmões podiam. Seu corpo estava fraco devido aos ferimentos. Ao encarar aquele rosto ela sabia que aquelas esmeraldas nunca mais brilhariam. Nunca mais teria o sorriso dele para que ela pudesse sorrir também. Ele nunca mais a abraçaria...Nunca mais diria que iria ficar tudo bem. Ajoelhou-se e chorou. Agarrou o corpo da única pessoa que já havia amado de verdade. Lembrou-se do devaneio que há pouco teve. Colocou a mão sobre o ventre onde, em segredo, já gerava seu filho. Dela e dele.

- A vida que nunca teremos. Eu te amo Harry....

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