O relógio errante



Era uma fria manhã de sexta-feira, enquanto todos pareciam dormir profundamente e apenas era possível ouvir o barulho da brisa matinal, em uma pequena casa do interior da Inglaterra uma menina arrumada para o colégio, com os cadarços dos sapatos já amarrados, enfileirava seus livros escolares próximos a uma bela estante de madeira, quando ouviu o ranger da porta de seu quarto.
- Filha, querida o que você está fazendo às 6 da manhã acordada?
- Bom dia mamãe, não pude evitar. Fiquei ansiosa para ler a apostila das aulas de segunda-feira. Definitivamente sexta-feira deveria ser um dia proibido.
- Mas por qual motivo, filha? - indagou a mãe.
- Deveria ser proibido porque significa que só terei aula novamente daqui a 3 dias, isso é um absurdo.
A mãe abriu um belo sorriso para a filha, segurou em sua mão e conduziu-a à porta.
- Querida, você ainda nem foi para a aula e já está pensando em segunda-feira? - questionou a mãe. Sente-se à mesa da sala que já preparo seu café da manhã!

A pequena menina de uniforme cinza caminhou pelo corredor da casa ainda gelada após uma fria noite, os tacos do piso rangiam levemente e a mesa da sala, encostada na parede, favorecia a visão de um antigo relógio de parede que marcava 6h05. A pequena menina sentou-se à mesa olhando pela janela e admirou a luz do sol entrar lentamente pela sala.
- Como será a visão da biblioteca a essa hora? - pensou a menina, que deu uma risada para si mesma como se conversasse com sua melhor amiga, que por sinal ela não tinha. Será que os livros faziam uma festa durante a noite sem que ninguém visse e depois retornavam às suas posições originais causando uma verdadeira confusão no ar?

Divagando em seus pensamentos, a menina já estava ansiosa para ir para a escola que começava a primeira aula às 7 horas. Do lado do quarto da garota, seu pai saiu vestido de branco enquanto arrumava a gola de sua camisa social e deu um beijo na cabeça da filha.
- Filha, hoje você volta com o ônibus escolar porque eu e sua mãe temos alguns pacientes com dores nos dentes agora de manhã com horário marcado, tudo bem?
- ok, mas porfavor vamos logo, quero passar na biblioteca antes da aula!
- Ainda são 6:10, filha! Irei colocar meus sapatos e tomaremos o café. - retrucou o pai já com a gola bem arrumada.

A menina caminhou até a geladeira, pegou a garrafa com água gelada e despejou em um copo amarelo. De olhos fechados, levou o copo até a boca e cada vez que virava o copo imaginava terem passado muitos minutos para que chegasse logo a hora de ir para o colégio. Ao abrir os olhos, a pequena garota encarou o relógio da parede e para sua surpresa eram 7 horas em ponto. A garota deu um grito e disparou para seu quarto para pegar sua mochila e seus livros enquanto falava em voz alta pelo corredor:

- Já são 7 horas, vamos logo! Vou chegar atrasada, não acredito numa coisa dessas.

Seus pais já arrumados olharam estranhamente um para o outro, e ao sairem do quarto e constatarem o fato impossível e visto que era verdade já que o relógio era muito alto para a menina ter alcançado, os 3 dispararam em direção à porta da casa, pegaram frutas para comer no carro durante o caminho e após alguns minutos deixaram a pequena menina de cabelo armado na porta do colégio.

-Não acredito que vou chegar atrasada pela primeira vez na vida, o que foi aquilo com o relógio, afinal? Será que estou ficando louca ou ele adiantou do nada? - pensou a menina, apesar de terem passado poucos minutos desde terem saido de casa e por sorte todos semáforos estarem verdes a cada vez que a garota olhava para eles.

Correndo pelo corredor do colégio com todos livros em seus braços e a mochila saltitando em suas costas a menina abriu a porta de sua sala de aula no exato momento que a professora chamava seu nome ao checar a presença de seus alunos em ordem alfabética:
-Hermione Granger?
-Presente! - respondeu a menina ofegante na porta enquanto se encaminhava para a primeira carteira da sala em frente a professora.

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