Capitulo 1



1890.

O vento cobria os jardins floridos daquela casa como um manto sedoso cobria um recém nascido. A luz que iluminava a primavera de Londres não ousara aparecer, parecia que ela tivera sido arrancada e morta em pequenos momentos para dar apenas menos esperanças as pessoas que moravam por lá.

Mione: Mas mamãe, por que o Harry não pode mais brincar comigo?

Como responder a pergunta daquele anjinho de olhos castanhos que com toda inocência de um anjo parecia não ter notado o clima trágico do momento?

Jane : Eu já disse que ele apenas não pode Hermione, não insista. – Ela virou-se de costas para a menina e lágrimas brotaram de seus olhos enquanto mais um feixe de esperança apagava em seu coração.

Mione: Mamãe, a senhora está chorando? – Ela pôs sua delicada mãozinha nos cabelos da mãe que se emocionou mais.

Jane: Oh minha bebê. – Abaixou e abraçou a menina com todo coração pondo a alma cheia de tristeza para fora em formas de lágrimas frias e pesadas.

Mione: Mamãe diga-me o que se passa e eu te ajudarei, eu não gosto de ver a senhora chorando nem ninguém chorando. Ultimamente o Harry não brinca mais comigo, faz 9 dias que não vejo minha irmã e todo mundo anda sempre em silêncio, eu e as fadas podemos ajudar.

Jane: Pare com essa bobeira de fadas Hermione, contos de fadas não existem, não acredite em nada disso, o mundo não é um sonho que quando as coisas se tornam ruins podemos acordar. – Disse segurando os ombros da garota e balançando o dedo indicador para ela.

Jane: Sim mamãe. – Abaixou a cabeça com o coração triste.

Jane: Agora chega de lágrimas – Limpou-as com o dorso da mão – Vá brincar com suas bonecas que eu vou preparar o almoço. – E saiu em direção a cozinha.
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Em um quarto sem vida, uma pequena criança estava deitada na cama com uma cara abatida e um olhar profundo e cheio de esperança.

Mione: Harry, perguntei a mamãe o porque de você não poder brincar comigo mas ela não respondeu, então vim aqui escondida dela para falar contigo e também te trazer isso – Entregou um livro nas mãos do menino e sentou em uma brecha ao lado dele.

Harry: Estava com saudades de você Mione – E os dois sorriram – Eu gostaria tanto de estar brincando com você lá fora, estou aqui e nem sei o motivo, mas se a titia não respondeu nem a você não irá responder a mim. – Olhou cabisbaixo para suas mãos.

Mione: Oh primo, não fique assim, não deve ser nada. Estou preocupada também com a mamãe e a minha irmã, a primeira não para de chorar e a segunda eu não vejo a 9 dias, estou com saudades dela...

Harry: Eu sei como é sentir saudades de alguém que você ama muito, eu estou com muitas saudades da minha mãe agora.

Mione: Pois não fique, ela está no céu olhando por ti, junto com meu pai.

Harry: Eu sei Mione, eu sei – Eles se olharam sorrindo – Mas parece que você está um pouco triste, diga-me o que se passa.

Mione: A minha mãe disse me para não acreditar em fadas, mas não há como eu cumprir isso se eu sei que elas existem, por outro lado devo obedecer minha mãe... – Ela pairou seu olhar sobre um canto do quarto, pensativa.

Harry: A titia não sabe quantos sonhos e esperanças destruiria se tu fosse burra de acreditar na ignorância dela... – Pegou a mão da garota e a fez olhar para ele - Quando minha mãe foi para o céu um anjo me disse que Deus estava recebendo-a e que nada aconteceria a mim, pois todos estavam zelando por mim na Terra e por todas as pessoas, principalmente as crianças. Se anjos existem, as fadas também, não acredite quando a titia disser isso para você.

Mione: Não sei o que seria de mim sem você Harry. – E passou a pequena mão no rosto do primo.

Harry: Você continuaria sendo a menina mais linda que eu já conheci em toda minha vida, já eu não seria nada sem a minha namorada. – Deu um sorriso maroto para ela. Mesmo doente aquele pequeno tinha mais força que muitos adultos.
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Mione: Não fale assim, sou sua prima e mamãe me disse uma vez que era uma falta de vergonha essa história de primos namorarem.

Harry: Terei que repetir de novo Mione? A titia é legal, mas depois que o titio morreu ela ficou meio doidinha da cabeça. Além do mais eu prometo ser o melhor namorado e marido do mundo! E tenho certeza que você vai ser uma ótima namorada e esposa.

Mione: Aí Harry, só você mesmo. – Ruborizou e deu uma pequena risada. Foi quando o menino começou a tossir, primeiro lentamente e logo após começando a ganhar força, Hermione havia se levantado e ficava olhando para o primo, paralisada.

Harry: Chame... – Tossiu forte mais uma vez. – A titia – Hermione estava saindo quando ele a chamou de novo – Mione!

Mione: Não temos tempo Harry, está com mais uma crise de tosse. – Apelou.

Harry: Antes... – Tossiu – Tenho que pergunta... – Tossiu de novo e sentiu que estava quente - ... stes uma coisa.

Mione : Diga rápido, está piorando.

Harry : Você – Tossiu e mostrou falta de ar - me ama?

Mione: Claro que sim seu bobinho, e quando você melhorar a gente vai brincar de tudo que você quiser e vamos até nos casar como você tanto quer.

Ela deu uma risada nervosa e saiu correndo chamando a mãe por socorro. Não, eles não voltaram a brincar e nem sequer se casaram. Hermione não soube dizer ao certo o porquê, só ouvira o médico falando algo com sua mãe do tipo “Que pena, mais um caso de tuberculose fatal.” E aí ouviu a mãe chorar, sentiu a mãe a abraçar como ela fez quando seu pai morreu... Entendeu então que Harry havia morrido, ido para junto de sua tia, a mãe dele, e de seu pai, e naquele momento não soube direito o que sentiu, não soube como mesmo pequenina aquele sentimento tão forte se apoderou do seu corpo. Por fim deu se por vencida e chorou junto com sua mãe.
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O clima da casa era de agonia, ninguém falava ninguém sorria. Hermione tinha descoberto ouvindo “acidentalmente” a mãe falando com uma vizinha que Jesse, sua irmã mais velha que ela não via há quase duas semanas estava com anorexia, não fez grande diferença já que a menina não sabia do que se tratava aquilo, mas já era um grande passo na sua investigação.

Jane: Rosa, por favor, dê uma olhada em Mione sim? Tenho que sair para... Fazer umas coisas. – Fora a última frase que ela ouvira naquela tarde que sua mãe falou enquanto mexia em uma mecha de cabelo nervosa e saia pela porta. Rosa além de fofoqueira era muito desatenta quando se tratava de favores, seria muito fácil dribla-la e visitar sua irmã.

Mione: Rosa – A menina abriu a porta da sala – Vou brincar no jardim com minhas bonecas e já volto.

Rosa: Oh sim menina, mas não se atrase, e continuou a sua costura na cadeira de balanço.

Mione fechou a porta com um ligeiro sorriso feliz e ansioso no rosto, o primeiro desde que Harry morrera, e foi rápido para a rua para conseguir seguir a mãe.

Havia um hospital onde a mãe costumava as levar por perto então conseguiu segui-la a pé mesmo. Quando avistaram o hospital, Mione mesmo longe pode perceber que a mãe deixou escapar uma lágrima e ficou cada vez mais ansiosa para descobrir o que a irmã tinha de tão grave...
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Mas a pequena loirinha não conseguiu alcançar o seu plano completo e ao esbarrar sem querer em alguém, Jane acabou percebendo que ela estava lá.

Jane: Hermione Jane Granger, o que faz aqui? Devias estar em casa com Rosa.

Mione: Eu menti para Rosa para poder segui-la e ver Jesse, estou com saudades dela, ainda mais depois que... – Deu um longo suspiro – Harry não está mais aqui para me fazer companhia.

Jane sabia que no fundo deveria brigar com Hermione por mentir para Rosa e se expor a perigos como andar sozinha, mas sabia que a garota só queria saber da sua irmã, por mais dolorosa que fosse a verdade.

Jane: Tudo bem então meu anjo, mas tem que me prometer uma coisa, aconteça o que acontecer você vai ser forte?

Mione: Vou mamãe, eu juro.

Jane: Antes venha aqui doçura. – E deu um abraço caloroso na filha, ao mesmo tempo tentando preparar a menina para ver o estado da irmã e tentando pegar a força extraordinária que ela possuía.
Chegando lá não pode deixar de se assustar, a irmã sempre tão formosa e com um aspecto belíssimo estava com uma aparência doentia e suas costelas já eram evidentes.

Mione: Jesse o que aconteceu com você? – Ela pôs as mãos na boca e seus olhos se encheram de lágrimas.

Jesse: Mamãe como Mione veio aqui? Você a deixou vir?

Jane: Isso não importa, o importante é que ela veio te ver. Olhe Hermione, o que o excesso de vaidade pode causar em uma pessoa.

Jesse: Não é excesso de vaidade! Estou magra, apenas isso, por coincidência peguei alguma doença que me deixou fraca, nada mais.

Mione: Jesse...

Jesse: Mas você já vem logo me dizer que irei morrer, só porque o papai e a titia morreram naquele acidente

Mione: Jesse...

Jesse: Mas a família Granger é forte mãe e essa coisa de gente morrer toda hora dimi...

Annie: JESSE

Jesse: O QUE É MIONE?

Mione: O Harry morreu há 4 dias por causa de uma doença, não quero que você morra também. – Quando Hermione acabou de falar aquilo e começou a chorar foi como finalmente um choque de realidade tivesse atingido Jesse e deixado-a perceber a burrice que fez, que estava doente sim e que de tão longe que foi aquilo tudo as chances de morrer eram grandes.

E foi aquilo que aconteceu, três dias depois, mesmo após muita luta de Jesse para viver ela veio a falecer de tão magra e fraca que estava. E foi quando o mundo desabou para Jane, só tinha restado a pequena Hermione, sua princesinha, mas sentia que não tinha mais forças nem para transmitir segurança a ela, nem forças nem dinheiro, e o desespero, traiçoeiro e doentio, apareceu naquela hora para a atormentar e pôr os pensamentos mais terríveis na cabeça daquela pobre mulher, que já começava a endoidar e tomar talvez, a pior decisão da sua vida.

Mione: Mamãe? – Ela abriu um pequeno espaço na porta do quarto e a mãe deu autorização para ela entrar – Posso te perguntar algo?

Jane: Pode querida, deite-se comigo aqui na cama. – E a menina obedeceu.

Mione: Mamãe... Você também vai me deixar?

Jane: Que pergunta é essa agora Hermione!?

Mione: É porque todos que eu gostava me deixaram para ficar com papai do céu lá em cima e eu vi que a senhora estava falando para a vizinha o preço da casa, queria saber se também vai me deixar. – Após aquilo Jane ficou branca, em choque e sem palavras.
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Jane: Bem... Mione... – Estava pensando em algo para dizer a menina – Por que achas que Deus levou todos que você gosta para junto dele? Não tem raivas dele não é? Porque se tiver ficara de castigo.

Mione: Não mamãe. Sinceramente não tenho raiva dele, só gostaria de saber o motivo dele para não gostar de mim, porque eu gosto muito dele.

Jane: Oh minha querida, é lógico que ele gosta de você, ele te ama. Só que Deus às vezes nos reserva caminhos difíceis na vida para crescermos como pessoas.

Mione: Então diga a ele que não quero mais crescer, que se for para te perder já estou muito grande.

Jane: Mione quero que me prometas uma coisa sim? – Disse meio apreensiva.

Mione: Pode dizer.

Jane: Aconteça o que acontecer será forte e não sentira raiva nem de mim nem de Deus, me promete?

Mione: Mas mamãe por que...

Jane: Sim ou não?

Mione: Prometo mãe, prometo.
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Jane: Deite mais próxima de mim. – E a menina como sempre obedeceu de novo, e tomou uma bela surpresa quando ouviu sua mãe voltar a cantar para ela, coisa que a mesma não fazia há cinco anos. –

“Sabe que as crianças, são anjos sem as asas, que o céu nos manda para iluminar a vida. Anjos que nos mostram, onde está o caminho, da felicidade do nosso destino...”

E foi ao som dessa canção que Hermione dormiu nos braços da mãe. Jane levantou-se, foi até a cozinha, mas antes voltou a sala e escreveu dois bilhetes, em um estava escrito algo sobre um casal muito rico e jovem que morava em Paris e o outro era para Hermione que estava escrito apenas um sincero “Me perdoe pelo que vou fazer e jamais esqueça que eu te amo. Ass.: Sua mãe”. Após aquilo, tomada pela loucura e desespero, pegou uma faca e retirou a própria vida.


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