Capítulo O6



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Megan decidiu esperar no Hall de Entrada enquanto eu ia chamar Tom na sala comunal. Ele estava no meio de uma partida de Snap Explosivo com alguns garotos, o castelo de cartas já estava bem alto e podia cair a qualquer momento, por isso todos estavam concentrados e Tom nem me viu entrar na sala. Ao contrário de Cecily, que se levantou e veio na minha direção a passos firmes assim que eu passei pela porta.

Ela cruza os braços na frente do corpo e me encara emburrada. Confesso que fiquei confuso com tal atitude.

- Scorpius, se não fosse por Tom e por outros garotos, eu não saberia nada sobre o seu desempenho nas eliminatórias!

- Me desculpe, Cecily, mas eu não sabia que você estava curiosa sobre o meu desempenho! – eu sou sincero. Ela abre a boca, chocada.

- Como, “não sabia”? Scorpius, eu sou sua amiga! – ela fala com um tom de voz mais elevado.

- Eu já pedi desculpas, calma! – Merlin, como garotas dão medo quando estão com raiva, e eu nem fiz nada pra merecer isso! – Eu fui bem, Cecily, só não defendi um lançamento...

- Sim, eu ouvi - ela revira os olhos. Eu tinha esquecido que ela não gostava da Weasley. – É verdade que você salvou Alvo Potter?

- Aham. Você também achou isso estranho?

O que tinha acontecido no campo não era um segredo, mas a notícia se espalhou mais rápido do que eu imaginava. Ontem mesmo eu ouvi uma garota da Grifinória comentando com a amiga quando eu passei: “Esse é o Scorpius Malfoy. O Sonserino estranho que salvou o Alvo.”. Sonserino estranho. Soava como se um sonserino não fosse capaz de salvar alguém. Se isso foi tão relevante quanto fazem parecer, já deveria ter saído no Profeta Diário.

- Não, na verdade achei muito digno! – Ela sorri.

- Obrigado. – Eu correspondo o sorriso. O castelo que os meninos estavam montando finalmente desmorona, chamando minha atenção. Tom pula para trás de um sofá para fugir das explosões e eu lembro que Megan está nos esperando. – Oh, Cecily, depois nós conversamos, Megan está me esperando!

- Megan? – Ela me olha um tanto intrigada.

- Sim, sua amiga. Até depois!

- Até.

Cecily ainda me olhava intrigada quando eu caminhei até o grupo de Tom, não faço idéia do que ela estava pensando.

- Hey, Scorpius, vai jogar essa partida? – um dos garotos pergunta. Eu balanço a cabeça.

- Não cara, fica pra depois! Eu vim chamar o Tom, preciso da ajuda dele pra uma coisa.

- Minha ajuda? – Tom sai de trás do sofá com uma expressão confusa. Eu confirmo. – Pelas cuecas de Merlin! O loiro que eu sempre achei que tinha neurônios sobrando está precisando da minha ajuda?

Todos nós rimos.

- É, mas nesse caso, você tem mais neurônios que eu, não precisa invocar as roupas íntimas de Merlin por isso!

Ele dá de ombros, os outros garotos ainda rindo.
- Ok, o que é?


~


Depois de uma explicação rápida sobre o que aconteceu, Tom vai até o dormitório pegar sua Bíblia: Azarações de A à Z e nós vamos ao encontro de Megan. Nós três decidimos sentar num banco do corredor e parecermos menos suspeitos, caso o velho Filch passasse por ali.

- Deve ter umas mil azarações aí! – Megan arregala os olhos pra Tom.

- Não se preocupe, você não vai usar todas na sua irmã! – ele sorri e abre o livro. – Eu pensei em algumas... Essas do segundo capítulo estão quase todas proibidas, eu tinha pensado na que faz cair os cabelos, mas é proibido, acredita?!

Eu sabia que ele ia ficar empolgado com isso..

- Eu não consigo imaginar por que eles proibiram uma azaração dessas! – Megan ironiza, mas Tom não percebe.

- Eu também não! Quer dizer, cabelo cresce, né?!

Ele balança a cabeça, indignado. Megan olha espantada pra mim, pedindo ajuda com os olhos. Eu não pude deixar de rir.

- Tom, vamos ensinar as mais leves pra ela, ok? Que tal a Azaração das Pernas Bambas? – ele nem me escuta.

- Essa! Espinha de Elefante! É boa!

Ele aponta pra uma figura do livro em que um garoto sofria com uma espinha que ocupava toda a sua bochecha. Megan fica horrorizada ao imaginar a irmã no lugar do garoto e eu decido, pelo bem de Alexia, que Tom não ia escolher as azarações.

Nós passamos um bom tempo mostrando algumas azarações pra Megan que não fossem aleijar sua irmã, ela sempre optava pelas que não causavam muitos danos.

Eu não sei se ela está levando isso a sério ou é apenas uma forma de se distrair. Em todo caso, é bom vê-la sorrindo.

- Por que sua irmã implica tanto com você? – Tom pergunta enquanto Megan folheia o livro, rindo das ilustrações.

- Ah... – ela fecha o livro e olha pra parede à frente como se a resposta estivesse lá. – Minha irmã implica comigo porque eu não sou igual a ela, eu acho. Eu falei isso pro Scorpius já. – ela sorri para mim e depois encara Tom. – Ela faz de tudo pra crescer na vida, sabe? Só que eu sou feliz com o que tenho.

- Como assim? – eu pergunto. Essa parte da história eu não sabia. – Que eu saiba vocês já são bem ricas, ela ainda quer crescer mais na vida?

- Oh, não, Scorpius. – ela sorri. – Agora vocês vão entender: nossa família não é tão rica como a Alexia diz pra todo mundo. Nós somos normais, entende? Nada comparado à família de vocês ou a da Cecily, mas nós somos bem razoáveis.

- E por que ela diz isso? – Tom pergunta.

- Ela diz que não quer se sentir inferior a Cecily. – Megan revira os olhos. – Sabe, a Cecily liga muito pra isso, e Alexia não quer perder a amizade dela. Ela disse que nossa família é da França, mas nós fomos criadas aqui na Inglaterra, pode?! – ela cruza os braços na frente do corpo, indignada. – Mas eu não sou igual a Alexia, eu não vou fingir que sou outra pessoa.

- Por que sua irmã simplesmente não se casa com um cara rico? – digo, Megan ri.

- Seria da mesma forma então. Ela gosta do irmão da Cecily, mas todo mundo sabe que ele gosta da sua prima.

- Da Lisa? – eu e Tom falamos em uníssono. Mas, claro que ele falou “Elizabeth”.

Minha priminha? Nem pensar eu vou deixar um cara de quase 17 anos namorar com ela! Nem se ele tivesse a mesma idade!

E não, eu não sou nem um pouco ciumento.

- Não, a mais nova não! – Megan fala e eu sinto o alívio me invadir. – É da Brenda que ele gosta, mas ela não dá a mínima pra ele.

- Ah, sim. A Brenda pode, ela sabe se cuidar... – digo.

- A Elizabeth também sabe – Tom dá de ombros.

- Ela é mais nova!

- Credo, Scorpius, nunca pensei que você fosse super-protetor! – Megan ri. – Acho melhor nós irmos para o salão, já está quase na hora do almoço!


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Quinta-feira foi o dia escolhido para entregar o trabalho da Prof.ª Minerva. Assim que eu sento na mesa, Rose me lança um olhar significativo e eu tiro o pergaminho de dentro da mochila pra mostrar que não esqueci. Ela parece ficar aliviada, me dá um meio sorriso e volta a conversar com Lisa e Alvo.

- Bom dia. – Minerva diz com sua voz suave, mas autoritária. – Por favor, coloquem os trabalhos sobre a carteira, eu vou recolher.

Cecily lança um olhar para o meu pergaminho por cima do ombro de Tom e sorri.

- Como está amassado, Scorpius! – ela diz.

- Só nas beiradas – digo, rindo também.

Na verdade, eu nunca tirei o trabalho da mochila, estava lá desde que foi feito. Antes amassado do que correr o risco de perdê-lo e ter que falar pra Weasley que tínhamos que fazer tudo de novo. Provavelmente ela seguiria o conselho da minha amável prima e me jogaria do alto da torre de Astronomia.

- Por isso que eu deixei com Cecily, veja a perfeição do nosso trabalho. – Tom diz e ergue o pergaminho deles, que está intacto.

- O que vale é o que está dentro – eu dou de ombros.

Minerva passa pela frente da nossa mesa e pede o nosso trabalho. Eu o entrego e ela examina a mim e a Rose, na carteira ao lado, por algum tempo.

- Então Sr. Scorpius e Srta. Rose, aprenderam alguma coisa fazendo esse trabalho juntos? – ela pergunta.

Eu e Rose nos encaramos por alguns segundos.

”Sim, nunca mais deixar a Weasley copiar, ela demora demais e se aproveita pra colocar o nome antes do seu alegando ‘ordem alfabética’; se for possível tenha dois livros; e faça de tudo pra ela não gritar, você corre o risco de ficar surdo.”

Eu tive certeza, pela cara de Rose, que ela estava pensando quase a mesma coisa ao meu respeito. Então, ela finalmente fala:

- Sim, aprendemos. Acho que falo por nós dois quando digo que Transfiguração é uma matéria muito importante e difícil, por isso merece ter toda a nossa atenção.

- Concordo. – digo.

Melhor resposta que essa não existe. Minerva nos olha como se pela primeira vez na vida nós não demos a resposta que ela esperava, mas ela não insiste e volta a recolher os trabalhos.


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No sábado, aconteceram as eliminatórias de Apanhador e Batedores. Eu não fui assistir dessa vez, mas correu tudo bem, pelo que eu soube. Agora é só esperar o resultado, que deve sair essa semana.

Em função dessa espera horrenda, as horas quase não passam e eu estou mais ansioso do que o normal, mal consigo me concentrar nas aulas e fazer minhas atividades. Até na aula de poções - minha preferida - eu fico desanimado. Slughorn entra na sala, vestindo seu colete de couro que, eu tenho certeza, logo vai sair andando sozinho. Ele ocupa sua poltrona e começa a tirar alguns ingredientes da sua maleta.

Enquanto ele arruma a aula de hoje, todos os alunos conversam.

- Afasta pra eu sentar, Tom. – Cecily pede. Ela está segurando o caldeirão e dentro dele, os pergaminhos.

Nós ficamos intrigados. Cecily nunca sentou conosco na aula de Poções, já que essa aula é com os alunos da Corvinal, ela divide uma mesa com Alexia. Tom escorrega no banco, me obrigando a afastar um pouco também, pra ela sentar.

Ela percebe a nossa curiosidade:
- Lexy não veio hoje. – ela diz enquanto arruma o caldeirão sobre a mesa. – Victoria me disse que ela foi pra Ala Hospitalar.

- O que aconteceu com ela? – eu pergunto.

- Eu não sei. Vic me contou que depois de tomar café ela saiu correndo com as mãos na boca e não deu satisfação de onde ia. Megan que avisou que ela iria se atrasar ou perder as primeiras aulas, e segundo a Vic, Megan estava estranha, mas ela não disse como. Alexia deve ter comido algo que a fez se sentir mal... – ela inclina a cabeça sobre o ombro, como se estivesse achando essa justificativa boa - Espero que ela esteja bem agora.

- Madame Pomfrey vai saber o que fazer. – Tom fala e eu concordo.

- O que vocês tanto conversam, hein? – Slughorn fala pra turma, e apesar da cara de mau que ele faz, nós sabemos que ele não vai brigar, já que a aula ainda não tinha começado.

- A sala toda está curiosa pra saber aonde você comprou esse colete, professor. Nós estamos tentando decidir se é couro de crocodilo ou de dragão desde o ano passado! – Tom fala com rapidez.

- Mas está na cara que é couro de Briba! Ganhei do Ministro! – ele sorri, presunçoso. – Mas chega de conversa. Vamos começar logo a aula, essa poção que vou ensinar provavelmente cairá no N.O.M’s de vocês!

Ele disse a palavra certa, todos param de conversar e Slughorn finalmente começa a dar aula. Nós temos que fazer uma Poção da Paz, que embora tenha poucos ingredientes, é preciso ter muita cautela com a quantidade.

- Cuidado ao colocar as gotas de xarope de Heléboro! Essa poção é simples, mas pode ser muito perigosa. Se vocês exagerarem, em vez de causar traquilidade, essa poção irá causar sono intenso que, por vezes, é irreversível.

Slughorn caminha pelos corredores entre as mesas pra ver se estamos fazendo certo. A minha poção finalmente atinge o tom branco e eu a julgo como finalizada. Tom já está acabando a dele, mas Cecily ainda está moendo a Pedra da Lua. Slughorn pára na frente da nossa mesa e examina a minha poção.

- Muito bom, Sr. Malfoy! Foi o primeiro a acabar, Sonserina ganhará cinco pontos por isso! – ele sorri. - Sabem, vou recomeçar o meu Clube logo. – ele olha diretamente pra Tom e eu ao falar isso, mas Tom se curva sobre o caldeirão como se fosse uma coisa muito importante, apenas pra fugir do assunto.

Merlin, isso de novo não. Eu realmente gosto de Slughorn, mas esse Clube não anima ninguém. Ano passado ele insistiu que Tom e eu participássemos, e nós aceitamos por educação, já que ele gosta tanto de nós - ou parece gostar, eu ainda acho que é puro interesse. Só participam do Clube os alunos notáveis, seja porque são inteligentes ou porque têm pais famosos. Rose Weasley e Alvo Potter estão no Clube desde o 1° ano.

- Que bom... – eu murmuro, sem ter outra coisa pra falar.

- Esse ano, os alunos que entrarem no Time de Hogwarts poderão participar do Clube, e eu já estou pensando em um artigo para o Profeta Diário falando nisso.

- Com certeza o seu Clube vai ficar ainda mais interessante. – digo.

- Sim, e espero que o Sr. dê uma entrevista comentando o quanto o meu Clube é adorável! – Slughorn sorri outra vez, fazendo seus bigodes de foca ficarem estranhamente largos. Eu vejo pelo canto do olho os ombros de Tom se sacudindo, com certeza prendendo o riso.

Grande amigo eu tenho! Ele vai ver só...

- Claro, aposto que meu amigo Tom também ficaria orgulhoso em dar uma entrevista ao Profeta. – digo e vejo que Tom pára de rir instantaneamente. Slughorn bate palmas de um jeito estranho, levando em consideração que é enorme de gordo.

- Perfeito! – ele sorri e caminha outra vez, vendo as poções dos outros alunos.

- Eu te mato, Scorpius! – Tom fala entre dentes.

- Eu não queria que você ficasse de fora dessa diversão toda, cara! – digo e nós dois rimos.


~


A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas não trouxe novidades. Prof. Teddy continuou a fazer a revisão para os N.O.M.’s, e pelo jeito irritante que a Weasley batucava na mesa eu pude julgar que ela também estava ansiosa pelo resultado das eliminatórias.

Após a aula, eu e Tom seguimos para o Salão Principal enquanto Cecily ia visitar Alexia na Ala Hospitalar - ela não tinha aparecido para as aulas, o que deixou Cecily muito preocupada.

Antes mesmo de nós colocarmos os pés no Salão, Megan aparece não sei de onde e nos abraça ao mesmo tempo.

- Adivinhem! – ela diz quando se afasta.

- Não faço idéia – digo.

- Eu recebi uma detenção!

Os olhos dela brilham ao dizer isso, mas não por tristeza, Megan está sorrindo. Sorrindo por receber uma detenção. Eu franzo a testa pra ela.

- Detenção de verdade? – eu sei que é uma pergunta idiota, mas eu não consigo entender por que ela está feliz por isso quando todos os alunos normais odeiam receber detenções.

- Sim! Eu azarei a Alexia!

- Você azarou sua irmã? – eu pergunto, chocado. Megan confirma, ainda sorrindo.

Merlin, eu levei a garota pro mau caminho!

- UAU! Qual você usou? – Tom pergunta. Ele está adorando ouvir isso.

- Tom, ela recebeu uma detenção por nossa causa! – eu exclamo.

Megan dá de ombros:
- Hey, não foi por causa de vocês! Pelo menos agora minha irmã sabe que eu não vou ser mais aquela garota boba que a obedecia sempre. Vocês me ajudaram!

- O que você vai ter que fazer? – Tom finge que está preocupado.

- Ajudar Madame Pince na biblioteca. Eu e mais dois garotos que estava brigando hoje cedo. – ela sorri, mas percebe que eu ainda não estou satisfeito. – Scorpius, eu estou feliz! – ela diz, calmamente - Não se preocupe com isso, é só uma detenção! E Alexia vai ficar bem.

- Certo... – eu digo em meio a um suspiro.

- Então - Tom volta a falar, revirando os olhos pra mim. – qual foi a azaração que você usou nela?

- Língua de Sapo – Megan fala entre risos.

- AH, eu queria ter visto isso! Ainda não usei essa em ninguém. Porque você não me chamou?!

- Vocês estavam tomando café ainda! E além do mais, Alexia tampou a boca com as mãos e saiu correndo, só eu que vi o efeito! Foi horrível, a língua dela estava verde e não parava de crescer! Vocês foram ótimos professores! – Alexia bate palmas e passa um dos braços pelo meu e o outro pelo braço de Tom, nos levando para o Salão. – Aliás, até novas amigas eu fiz por causa de vocês! – ela sorri.

- Por nossa causa? – eu pergunto.

- Sim! Depois que algumas garotas souberam que vocês são meus amigos, correram pra falar comigo! Eu acho que vocês devem ser algum tipo de ‘ídolos’ para elas!

- Isso é comigo! – Tom ergue as sobrancelhas, presunçoso. – Sou o genro que toda mãe pediu à Merlin, Dumbledore, e todos os outros!

- Desculpe te desapontar cara, mas você não é loiro e nem se chama Scorpius Malfoy!


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A semana toda pareceu uma tortura, nada de Olívio aparecer ou Minerva dar algum aviso relacionado às eliminatórias. Eu achava que os professores iriam respeitar nossa ansiedade e passar poucas atividades e trabalhos, mas claro que eu estava completamente enganado!

Nós já tínhamos um trabalho pendente de Adivinhação - graças a um aluno da Lufa-Lufa, que fez uma piada que Sibila não achou a mínima graça; mais um trabalho de Transfiguração - dessa vez individual; e um monte de atividades extras que, segundo os professores, eram para nos prepararmos para os N.O.M.’s.

Depois do jantar, Cecily, Tom e eu, íamos para a biblioteca fazer os trabalhos e atividades que foram passados e acabávamos nos distraindo. Pelo menos com tanta atividade, eu comecei a pensar em alguma coisa que não fossem as eliminatórias.

E finalmente, o Dia das Bruxas chegou.

Todos nós ficamos conversando na Sala Comunal, esperando que os monitores nos chamem para a tão aguardada festa do Dia das Bruxas. Tom e eu sentamos num sofá próximo a lareira, esperando também Cecily, que ainda está se arrumando no dormitório das meninas.

- Por que garotas demoram tanto? – ele pergunta, impaciente.

- Talvez a gente que se arrume rápido demais... – digo e olho o relógio, mas ao ver a hora mudo de idéia – Não, elas demoram mesmo, já faz trinta minutos!

- Até a Brenda já apareceu! – Tom indica o outro lado da sala com a cabeça. Minha prima acaba de passar pela porta do dormitório das meninas e caminha até uma mesa onde já estão seus amigos.

- Olha, o espertinho já foi sentar perto dela. – digo, estreitando os olhos na direção de Edward.

- Verdade, tinha esquecido que ele gosta dela! – Tom ri. – Olha a cara da Brenda...

Minha prima estava ignorando Edward completamente. Ele tenta chamar a atenção dela participando da conversa, mas como não consegue, tenta se aproximar ainda mais, colocando uma das mãos sobre a dela. Ela age instantaneamente, dando um tapa no braço dele com a outra mão e levanta para sentar em outro lugar. Ele fica com cara de bobo olhando pra ela.

- Tá vendo como ela sabe se cuidar? – digo, rindo também.

- Ela não tava namorando? – Tom pergunta, ainda rindo da cena que nós vimos.

- Deve ter acabado – eu dou de ombros.

- Ou estava só deixando Edward com ciúmes...?

- Pode ser, não tinha pensando nessa possibilidade

- Que possibilidade? – Cecily finalmente aparece.

Ela está usando um vestido azul com um casaco preto por cima, botas e está com o cabelo preso num rabo de cavalo. Olhando assim eu não entendo o porquê de tanta demora, mas ela está linda, então eu não posso reclamar. Tom parece pensar a mesma coisa, porque também não comenta nada.

Por pouco eu não esqueço que Edward é irmão de Cecily e respondo que nós estávamos falando dele. Cecily lança um olhar interrogativo pra mim e eu procuro algo pra dizer.

- Eu não tinha pensado na possibilidade de... da Irlanda enfrentar a Rússia na final da Copa. – digo. A copa nem tinha começado ainda, mas foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.

- Oh, nem eu pensaria nessa – Cecily dá de ombros e senta ao meu lado. – Então, nós ainda não podemos ir para o Salão?

- Ainda não...


Depois de alguns minutos, nós finalmente somos liberados para a festa. O salão está todo decorado com abóboras gigantes e morcegos vivos voam livremente pelos corredores. Rapidamente, ele fica cheio.

– Meninos, eu vou procurar Alexia, ok? – Cecily diz quando nós sentamos na mesa. Ela se afasta na direção da mesa da Corvinal.

– Eu estou morrendo de fome. – Tom murmura.

- Conte uma novidade! – digo e ele dá um tapa na minha nuca, eu revido dando um tapa na cabeça dele também.

Brenda chega pra falar conosco justamente nessa hora.

- Hey, não bata no meu loirinho, Tom! – ela diz, com as mãos na cintura.

- Ele revidou! – Tom argumenta.

- Mas eu vi que você bateu primeiro!

Tom cruza os braços na frente do corpo e olha indignado para Brenda. Ela senta no espaço entre nós.

- Hoje vocês dois vão ficar comigo, ok?

- Por quê? – Tom pergunta.

- Porque eu estou com saudades!

- Que mentira! – eu exclamo.

- Claro que não! – ela finge que está magoada e depois ri. – Ora, o que custa?

- Você só nos procura quando está fugindo de alguém. – digo e Tom tosse de modo que o som parece muito com Edward.

Brenda fica boquiaberta.
- Como vocês sabem? – ela sussurra.

- Temos informantes – Tom sorri.

- Mas como...? – ela começa a perguntar outra vez, mas Minerva chama a atenção de todos.

- Boa noite! – ela diz. – Hoje é um dia muito especial para todos nós, sem dúvida, mas creio que nossa comemoração pode esperar um pouco mais, já que eu tenho avisos muito bons para vocês. Primeiro, eu gostaria de informar que o nosso primeiro passeio à Hogsmeade está agendado para o próximo sábado, e como sempre, os alunos do primeiro e segundo ano não poderão ir, como também, aqueles que não têm autorização dos pais. E segundo... Bem, eu creio que o segundo aviso pode ser dado pela pessoa mais aconselhável. – ela olha para a mesa de professores. – Por favor, Sr. Olívio Wood.

Olívio levanta da mesa de professores com um sorriso no rosto e meu estômago revira. Brenda troca olhares chocados comigo e com Tom e segura nossas mãos por cima da mesa.

- Boa noite! – Olívio fala enquanto McGonagall volta para a mesa dos professores. – Primeiramente, quero agradecer a nossa querida diretora por ter me dado essa honra! – ele diz, voltando-se para Minerva, e ela dá algo parecido com um sorriso para ele. – Hum... achei uma ótima idéia usar essa festa para comemorar duas coisas importantes, então, sem mais delongas, vocês provavelmente já sabem o que eu tenho pra dizer... Eu tenho o prazer de lhes apresentar o Time de Hogwarts!

Todos os alunos tiveram reações diferentes ao ouvir isso. Alguns ficaram boquiabertos, outros começaram a rir nervosamente, mas eu, sinceramente, fiquei no grupo dos petrificados. Meu cérebro simplesmente congelou, eu só ouvia Olívio e nada mais.

Ele desdobra o pergaminho que estava segurando e torna a falar:

– Eu quero que vocês saibam que foi muito difícil escolher quem iria participar do torneio, todos os jogadores são muito bons. Mas, para montar um time perfeito, eu precisei notar o dom de cada jogador até achar aquele que o time precisa. Vamos lá. Começarei com os Batedores. – ele pigarreia e começa a ler o pergaminho.

“Por sua força e rapidez, eu escolho Robert Austen da Corvinal para batedor!”

A mesa da Corvinal explode em palmas e gritos. Eu olho para a mesa e percebo um nó de pessoas no centro dela, com certeza abraçando o batedor. Olívio pigarreia mais uma vez e eu volto meu olhar para ele.

- Parabéns, Robert! – ele diz e os alunos da Corvinal vão se calando aos poucos.

- Scorpius, Tom! - Cecily aparece e senta ao meu lado, ela aperta a minha mão livre com força.

Olívio volta a falar:
“Não adianta nada ter apenas força. E é por isso que eu escolho para batedor essa pessoa que me impressionou com sua mira perfeita e equilíbrio. Jack Hart da Lufa-Lufa!”

Foi a vez da mesa da Lufa-Lufa gritar de alegria. Hart também foi engolido por abraços e do mesmo modo que antes, Olívio pigarreia, fazendo os alunos silenciarem outra vez.

- Parabéns, Jack! – ele diz. – Agora, vamos ao Apanhador.

“Talento é algo que nos é herdado. Esse apanhador sabe bem disso. Ele é filho de um dos maiores apanhadores que Hogwarts já viu e que eu tive a honra de jogar, para a minha sorte, no mesmo time. Por seu visível talento, eu escolho para apanhador, Alvo Potter da Grifinória!”

Claro que antes mesmo de acabar o discurso, a mesa da Grifinória já estava quase explodindo, e ao ouvir o nome do Potter eles finalmente exprimiram toda a felicidade. Eu tentei achar Lisa na mesa, mas foi impossível, estava uma bagunça.

- Parabéns, Alvo! – Olívio diz. – Agora, vamos ao Goleiro.

Meu estômago revira violentamente ao ouvir Olívio. Eu sinto todos os olhares em mim e decido fechar os olhos. Brenda, Cecily e Tom apertam minhas mãos com tanta força que eu acho que vão arrancá-las. Olívio pigarreia mais uma vez e um frio percorre todo o meu corpo enquanto ele fala.

“Eu não poderia dizer que essa pessoa herdou o talento que tem, porque o pai dele não era goleiro, mas, com absoluta certeza, ele tem muito talento. Como goleiro, eu posso dizer que ele sabe o que faz. É por isso que escolho Scorpius Malfoy da Sonserina!”

Merlin, eu nunca senti algo parecido! Meu coração batia tão forte que eu não me surpreenderia se ele saísse por minha boca. Brenda é a primeira que me abraça e só o seu abraço de urso já quebra meus ossos, mas eu sinto que várias pessoas me abraçam ao mesmo tempo enquanto gritam várias coisas.

- É MEU MELHOR AMIGO! – Eu reconheço a voz de Tom no meio das outras.

Olívio pigarreia outra vez e as pessoas se afastam e param de gritar. Eu olho pra Tom e vejo que ele ficou pálido rapidamente.

- Parabéns, Scorpius! – Olívio diz e Brenda torna a apertar minha mão, dessa vez sorrindo. – Agora, os Artilheiros...

Cecily continua apertando a minha mão, já que está longe de Tom. Eu vejo a pele dele assumir um leve esverdeado enquanto Olívio fala.

”Para ser artilheiro é preciso saber a hora certa de tentar marcar um gol. Por sua habilidade quanto a isso, eu escolho Tom Hutcherson da Sonserina!”

- SOU EU!

Tom grita tão alto que até mesmo os professores riem. Ele levanta, mas logo tem que sentar, já que todos o abraçam também. É a maior comemoração até agora, já que foram dois alunos da Sonserina seguidos.

- Conseguimos! – eu grito pra Tom, tentando sobrepor minha voz aos demais.

- Parabéns, Tom! – Olívio torna a falar e nós nos controlamos outra vez.

“Um artilheiro também precisa fazer de tudo para marcar um gol, e força ajuda muito nessas horas. É por isso que eu escolho Dan Lewis da Corvinal!”

Os alunos da Corvinal explodiram outra vez e o novo artilheiro desapareceu no meio das pessoas. Agora só faltava um artilheiro. Impulsivamente eu olho para a mesa da Grifinória procurando Rose. Ela está lá abraçada com Lisa, as duas torcendo silenciosamente.

- Parabéns, Dan! – Olívio diz. – Agora, o último artilheiro.

Eu continuo olhando para a mesa da Grifinória enquanto Olívio fala.

“Fazer o que gosta, sem ligar se é uma competição é a principal marca dessa pessoa. Mesmo sem intenção, os lançamentos dela são perfeitos e deixam qualquer goleiro sem saber pra onde ir. É por isso que eu escolho, nossa única garota, Rose Weasley da Grifinória!”

Rose abaixa a cabeça no ombro de Lisa e eu tenho a forte impressão que ela caiu no choro. Deixar a última celebração para a Grifinória deve ter sido intenção de Olívio, agora os gritos são de ensurdecer qualquer cidadão.

- Parabéns, Rose! – ele diz sobrepondo a voz aos gritos. A Grifinória se acalma aos poucos. – Vocês receberão o horário de treinos pelo monitor de sua respectiva casa e logo receberão também o informativo para encomendar o uniforme, que, será feito aqui mesmo em Hogwarts. Por enquanto, fiquem à vontade para comemorar!

- Parabéns, meninos! – Brenda e Cecily falam ao mesmo tempo, e nos abraçam. Elas só começam a corrente de pessoas que vêm falar conosco durante a festa.

Lisa, Alvo e Rose também aparecem.

- Primo! – Lisa grita e joga os braços atrás da minha nuca, me abraçando. – Parabéns, parabéns, parabéns!!

Ela está quicando no mesmo lugar e eu tenho que segurá-la pelos ombros pra ela ficar quieta.

- Obrigado, prima! – digo e ela me abraça mais forte.

- Que orgulho, que orgulho!

- Logo passa, Malfoy, só falta o beijo na bochecha... – Alvo diz e é exatamente o que acontece. Lisa dá um beijo na minha bochecha e se afasta pra seguir o mesmo ritual com Tom.

- Ela ficou fora do normal. – digo, observando Tom tentando fazer Lisa parar de pular.

- Bem, são quatro pra ela comemorar, né – Rose sorri e depois me encara. – Parabéns, Malfoy!

- Parabéns, cara! – Alvo diz.

- Obrigado! Parabéns a vocês também!

- Obrigado! – eles agradecem ao mesmo tempo.

Lisa volta, carregando Tom com ela, o olhar dele é o famoso ‘sua prima é louca’.
- Agora vocês serão todos amigos! – ela diz, e tenta abraçar todos nós ao mesmo tempo, mas ninguém sai do lugar.

- Baixinha, você tá viajando outra vez. – Alvo diz, mas Lisa não reclama, ela sabe que está sendo adiantada.

Ela sorri e diz, mantendo o sorriso no rosto:
- Eu posso estar viajando agora, mas eu sinto que o que eu quero vai acontecer logo, logo!


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Da noite pro dia eu virei umas das pessoas mais cumprimentadas em Hogwarts e até mesmo o time da Sonserina esqueceu que estava chateado comigo! Eu aproveitei o final de semana para enviar uma carta à meus pais contando as novidades e fui respondido imediatamente, mamãe mandou mais doces do que o normal e papai me prometeu os melhores presentes do mundo nesse Natal. Contanto que não seja mais um Cavalo Alado eu fico feliz.

Enganou-se quem achou que ao entrar para o Time de Hogwarts teria uma vida de rei. Olívio acabou assumindo sua forma mais carrasca durante os treinos, que ocupavam três dias da semana, em que eu não tive tempo para mais nada, só dormir.

Pelo fato de ser goleiro também, eu acabei virando o jogador que Olívio mais dava ordens.

Pra piorar, prof. Neville decidiu passar um trabalho de Herbologia para ser entregue sexta, ou melhor, amanhã, e eu ainda não fiz. Eu pensei em usar o jantar para fazer o trabalho, mas quando nós estávamos indo para a aula de Runas, tivemos a notícia – pelos alunos da Grifinória - que a professora não poderia dar aula, graças aos vermes que Hagrid estava criando.

- Que incompetência, ser queimada por um verme! – Tom exclama quando nós estamos voltando para o castelo. – Scorpius, calma, pra quê tanta pressa?

- Vou aproveitar o horário vago pra fazer o trabalho de Herbologia. – digo, enquanto ele e Cecily correm pra me acompanhar.

- Você ainda não fez? – ela pergunta.

- Não, ontem teve treino, hoje também tem e não dá pra fazer o trabalho amanhã antes da aula! – eu respondo como se fosse óbvio. É o stress... - Vejo vocês no jantar! – digo e vou correndo o resto do caminho.

Eu subo todas as escadas até a biblioteca, deixo meus pergaminhos em cima de uma mesa e vou direto pra sessão de Herbologia. Não demoro muito pra encontrar o livro que eu queria, já tinha visto ele mil vezes na biblioteca. Ele estava numa prateleira alta e era intitulado ‘Tudo sobre Carnívoras’. Eu pego o livro e estava virando para voltar pra mesa, quando...

- Malfoy!

Rose Weasley tinha as mãos na cintura e parecia furiosa. Eu não tinha percebido que ela estava ao meu lado.

- O quê? – eu pergunto, sem saber o motivo de tanta raiva.

- Eu ia pegar esse livro, por que você acha que eu estou carregando isso?

Com um aceno da varinha ela traz o banquinho que estava fazendo flutuar até ficar entre nós dois.

- Eu não tinha visto seu banquinho, e mesmo assim não ia adivinhar que você queria justamente esse livro. – ela coloca o banco no chão com outro aceno da varinha e estreita os olhos pra mim. – Olha, eu preciso desse livro, tenho um trabalho de Herbologia pra fazer. E nem diga ‘Deveria ter feito antes’ pois você percebeu que eu vivo naqueles treinos esses dias.

- Pois é, eu percebi. Mas o fato é que eu também não fiz o trabalho pelo mesmo motivo e preciso do livro. E eu o teria pego antes de você, se não fosse preciso subir no banquinho.

- Eu não tenho culpa se você é baixa, Weasley. – eu não ia perder essa chance, a expressão que ela fez foi hilária. – Pegue outro livro, esse é meu.

- ESSE É ULTIMO! – ela pisa forte no chão, pronto, agora só faltava fazer birra por causa de um livro. – Você não percebeu que todos os quintanistas da Grifinória e Sonserina têm que fazer o mesmo trabalho? Esse foi o único livro que restou!

- O que está acontecendo? – Madame Pince aparece no final do corredor como um fantasma. Parece que ela tem radar pra confusões.

- Quer saber? – digo e Rose volta a olhar para mim – Fique com a droga do livro, eu pego outro. – eu praticamente jogo o livro nos braços dela, pego outro qualquer na estante e vou para minha mesa. Madame Pince parece ficar satisfeita e volta pra sua mesa também.

Ótimo, tudo o que eu tinha que fazer era escrever 40cm sobre plantas carnívoras sem nem mesmo ter o livro certo. Eu sento e folheio enfurecidamente o livro que tinha pego. Ele tinha que ter alguma coisa, e eu não demoraria para achar, mas por enquanto só apareciam Mandrágoras em todas as folhas.

- Malfoy...

Eu levanto a cabeça, Rose Weasley estava na frente da minha mesa. Eu não consegui ler sua expressão, parecia que estava lutando pra fazer algo que não queria.

- O quê? Não consegue encontrar a página?

- Olha – ela respira fundo. – nós podemos usar o livro ao mesmo tempo.

Ela fala tão rápido que eu quase não entendo.

- Eu tenho meu livro, obrigado. – meu orgulho não me deixou aceitar a proposta.

- Esse livro é só sobre Mandrágoras. – ela diz. Eu olho a capa do livro que folheava, ‘Mandrágoras: Do nascimento à morte’. Fecho o livro com raiva e o empurro para um canto. – Não seja orgulhoso, Malfoy, também foi difícil para mim vir até aqui.

Eu penso um pouco. Pouparia muito o meu tempo se eu fizesse logo o trabalho com ela, afinal, se eu rejeitasse, teria que esperar ela acabar de fazer o trabalho - e eu sei muito bem o quanto ela demora - pra começar a fazer o meu.

- Então? – Eu percebi que ela estava tentada a voltar pra mesa e fazer o trabalho sozinha.

- Nossa experiência como dupla não é muito boa...

- Eu estou disposta a ser mais flexível.

- Tudo bem, se você me aguentar, eu te aguento.

Eu uso exatamente a frase que ela me disse no nosso primeiro trabalho. Isso faz a pele dela assumir um tom rosado. Ela puxa uma cadeira para sentar ao meu lado.

- Eu vou fazer o possível.

~

- Me desculpe.

Eu digo quando nós acabamos de fazer os trabalhos. Dessa vez Rose e eu nos comportamos muito bem, não houve briga, gritos, ou disputas pelo livro.

- Pelo que? – ela franze a testa pra mim.

- Agora pouco eu fui...hum...grosso com você. Eu creio que estou estressado por causa dos treinos.

- Oh, tudo bem, eu entendo, também estou assim! Ainda não me acostumei com os horários... – ela encolhe os ombros – Me desculpe por ter gritado.

- Tudo bem, depois do nosso trabalho em dupla isso não me assusta mais!

Ela sorri e depois encara o livro, pensativa.

- Sabe... – ela diz, sem me encarar - Nós estamos no mesmo time agora e... Eu estive pensando no que Lisa falou, nós devíamos ‘deixar nossos egos de lado’, pelo menos por um tempo...

- Você quebraria as regras, então?

- Um Weasley nunca respeitou as regras – ela me olha e sorri. – Eu acho que nós devíamos tentar ser amigos...não? – ela faz cara de dúvida e como eu demoro pra responder, torna a falar: - Ou, nós poderíamos esquecer essa idéia e continuar como estamos, Weasley e Malfoy.

- Nós poderíamos tentar. Mas você terá que me chamar de Scorpius.

Eu sorrio e ela balança a cabeça, concordando.

- Você terá que me chamar de Rose então, Scorpius.

Ouvir meu nome saindo da boca dela foi no mínimo estranho, mas nem um pouco ruim. Era como se uma dose de adrenalina tivesse sido lançada no meu corpo. Quebrar as regras seria excitante, e mais ainda, seria manter isso em segredo.

- Estamos de acordo então, Rose. – digo e ela sorri. Por algum motivo, eu não achei tão estranho falar o seu nome. Eu estico minha mão na direção dela. – Amigos?

- Amigos! – ela aperta minha mão e é como se outra dose de adrenalina percorresse meu corpo. Nesse momento o sino indicando o jantar toca e nós nos afastamos como se tivéssemos tomado um choque.

- Ah, Scorpius... O que acha de jantar na mesa da Grifinória, hoje? Você pode chamar seu amigo, tenho certeza de que Lisa ficará bem feliz!

A idéia de jantar rodeado por leões me pareceu assustadora, mas eu aceitei a proposta, pensando na minha prima, e nós dois seguimos para o Salão Principal. Por sorte, Tom estava entrando no Salão quando nós chegamos e não foi nem um pouco difícil convencê-lo de jantar com os grifinórios, já que ele estava morrendo de curiosidade.

- O que é isso? – ele sussurra enquanto nós atravessamos o salão, a mesa da Grifinória é a última.

- Mudanças – respondo e dou de ombros. Isso só o deixa mais curioso. – Depois eu te explico.

- Certo...

- Gente, eu os convidei para jantar conosco. – Rose diz para sua família e Lisa. O queixo da minha prima cai ao nos ver.

- Scorpius, Tom! – ela se levanta e nos abraça ao mesmo tempo. – Oh, eu nem acredito!

- Nem eu – Tom diz.

Lisa se afasta e nos puxa pra mesa. Estranhamente, nós somos bem recebidos por todos. Os leões devem ter tomado uma poção calmante hoje, eles não costumam ser tão amigáveis assim...

No começo eu estranho estar ali, mas aos poucos vou me acostumando, graças à presença de Lisa. Ela não larga o meu braço e o de Tom durante quase todo o jantar, só para comer, mas logo depois volta a nos segurar, talvez com medo que nós decidamos ir embora. Eu nunca vi Lisa tão feliz.

- Então, nós finalmente vamos formar um grupo só? – Alvo pergunta.

- Tomara! – Lisa que responde – Vamos todos juntos para Hogsmeade, ok? Temos que comemorar isso com cerveja amanteigada!

- Se eu ainda tiver braços até sábado, posso pensar em beber algo! – Tom resmunga, Lisa está apertando o braço dele com força, ela deve achar que ele é o mais inclinado a fugir para a mesa da Sonserina.

- Se eu soltar, você foge? – ela ergue uma sobrancelha para ele.

- Eu não sou um cachorro, Elizabeth.

Todos nós rimos. Lisa solta o braço dele sem contestar.

Eu descubro que jantar com os Weasley e Potter é muito divertido, principalmente se o assunto é o tal do tio Jorge. Ele é dono da loja que todos já ouviram falar, a Gemialidades Weasley, é a loja mais movimentada por jovens do Beco Diagonal. Alvo prometeu nos mostrar algumas invenções do tio e Tom adorou a idéia.

A conversa estava tão boa que nós ficamos no Salão Principal até depois que acabamos de jantar. Se tudo corresse bem, como Lisa tanto queria, uma grande amizade acabava de nascer.



xxx



N/A no bônus *-*

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