Epitáfios
Capítulo 8: Epitáfios (juro que não é uma songfic)
Harry não conseguiu dormir...Sabia que não seria fácil conversar com Malfoy, mas esperava respostas...Se alguém lhe perguntasse, saberia descrever o que curiosidade, e se assemelhava muito a angústia...Não era de sua natureza ser curioso, mas isso lhe dizia respeito. Se ele pudesse arrancar as respostas do cérebro daquela doninha quicante seria tão mais fácil (uma citação não faz mal a ninguém). Já estava amanhecendo, e não conseguira pregar os olhos, ia ser um longo dia...
Quando desceu pra tomar café, Harry encontrou Rony e Hermione o encarando no pé da escada...Achou a cena um pouco bizarra, já não sabia mais o que pensar desses dois. Disse um “bom dia” desconfiado pros dois e ficou a fitar o chão, esperando que alguém dissesse alguma coisa.
“Harry, você lembra...” começou Rony
“Do que?” Apressou-o Harry.
“Da discussão que o Sr e a Sra Weasley tiveram antes de vocês irem pra estação?” Disse Hermione rapidamente.
“O que tem...?” Harry tentava fazer com que o assunto andasse mais rápido.
“Meu pai te mandou uma carta ontem de noite, quando você saiu... Eu já tava dormindo quando você chegou, então... pega”.
Fez se silêncio, Harry pegou a carta.
“Na carta tinha um bilhete pra mim, dizendo que o assunto não era da minha conta então eu me segurei e não abri...” disse Rony parecendo saber no que Harry estava pensando.
Harry leu a carta com os olhos, a fechou e encarou os dois sério.
“Vocês fizeram as pazes?”.
Hermione abriu a boca e tornou a fechá-la, como se só reparasse na situação agora.
Rony olhou para a garota e disse
“Hermione, pelo outro dia, acho que eu...”.
Hermione levantou as sobrancelhas
“Eu estou te devendo desculpas”
Agora a garota adotou um “q” de “muito bem” que Harry costumava ver em Mcgonnagal.
“Harry, você vai nos contar o que ta escrito nessa carta?” Hermione encarou o garoto.
Harry suspirou e disse finalmente
“É... o túmulo dos meus pais. Querem me mostrar onde fica”.
“Harry... você ta bem?”.
“Claro, por que não estaria? É só um lugar”.
“Então é melhor irmos pra aula, certo?” Disse Rony suavemente.
“Eu esqueci meu livro de poções lá em cima, podem ir na frente que eu alcanço vocês...”
“A gente pode esperar...”.
“Não, vão... eu vou atrás” disse Harry parecendo irritado.
Os dois hesitaram um pouco, mais por que ficariam sozinhos do que por causa de Harry, “é um ato egoísta, mas totalmente perdoável” pensou Hermione.
Harry subiu novamente a escadaria do dormitório, abriu a porta, ainda havia gente dentro do dormitório, mas Harry ignorou, foi direto para o banheiro, trancou a porta...Encarou-se no espelho, sentiu uma raiva insana. Amassou agressivamente a carta e começou a rasgar o papel, ele próprio não entendia o porque de tanta raiva, mas não se auto-analisaria nesse momento.
A carta estava em pedaços espalhados, ele se sentou no chão e apoiou a cabeça na parede, respirou fundo e soltou um grito mudo*.
Harry foi para sala de aula, não, na verdade, apenas uma casca conhecida como “o garoto que sobreviveu” foi a aula naquele dia, o Harry mesmo ainda estava sentado no chão do banheiro olhando pro nada...Não conseguiu prestar atenção em literalmente nada do que foi lhe dito durante todo o dia. Hermione estava preocupada, mas Rony parecia cuidar muito bem da situação e lhe disse:
-È melhor agente dar um tempo pra ele ficar sozinho, você sabe que é o que ele quer, depois agente fala com ele.
Hermione encarou Rony, ele tinha razão, sabia que Harry queria ficar sozinho, mas parecia sentir que isso não era o melhor a ser feito...Mas acabou cedendo.
Harry não estava conseguindo raciocinar, os pensamentos se perdiam antes que fossem, de fato, pensamentos. Ele releu a carta e viu a data marcada, daqui dois dias iria até seus pais, ou o que sobrara deles.
Harry se enterrou em seu quarto após as aulas, tinha pelo menos uma tonelada de dever de casa pra ser feito, mas resolveu ignorá-los...
Ele próprio não entendia como logo que abriu a carta não tinha sentido o impacto das palavras que lia, mas só depois de ficar sozinho ele realmente sentiu que a informação não era algum tipo de piada de mal gosto...Aliás, parecia sim uma piada de mal gosto, mas não é assim que sua vida sempre era? Ele não precisava ver aquilo, eram apenas restos mortais que provavelmente rondavam dentro do estômago dos vermes, não era?
Lidar com a morte estava começando virar uma constante em sua vida.
Harry passou os próximos dois dias em tormento, sua cabeça longe, e perdendo pequenos ponto lá e cá pra Grifinória.
Harry não havia pregado os olhos naquela noite, e assim que o relógio sinalizou que o café já estava servido ele desceu rumou para o salão, não esperando ver ninguém além de Macgonnagal que o levaria até o cemitério, mas antes mesmo de sair do salão comunal viu Hermione, em pé, com um copo de papel preparado pra viagem na mão, apoiada na parede com uma expressão de dúvida no rosto...Devia estar fazendo um tremendo frio lá fora, pois Hermione usava um sobretudo bege, luvas e cachecol...Nenhuma dessas peças pareciam leve. Harry aproximou-se da garota e disse num tom cançado:
-Hermione? Você vai a algum lugar?
-Harry...Eu vou com você. – disse Hermione agora com medo na voz, como se esperasse que Harry começasse a gritar a qualquer segundo – A professora Macgonnagal disse que seria bom que você não fosse sozinho...
-Rony também vai?
-Hum, não, ela disse que eu saberia lidar com isso melhor, mas pra falar a verdade, acho que ninguém sabe lidar com coisas desse tipo.
-Coisas como a morte?
-Como ver que alguém que você realmente gosta sofrendo e não saber o que fazer ou dizer...Esse tipo de coisa- Hermione agora parecia meio desconcertada agora.
Harry sorriu pra ela e encerrou o assunto com um:
-Então, vamos?
Hermione deu o copo pra Harry e disse:
-É café, Macgonnagal disse que íamos antes dos outros decerem...
Eles encontraram Macgonnagal e partiram, parecia aos olhos de Harry que Macgonnagal estava tão nervosa quanto ele prórpio...
Todo o caminho de trem foi silencioso, a não ser por vezes quando Mione ou Macgonnagal diziam alguma coisa tentando acabar com silêncio sem sucesso.
Assim que chegaram á estação King Cross e atravessaram a barreira Harry notou algo estranho:
-Eles foram enterrados num cemitério trouxa?
-Harry, os cemitérios são uma das poucas coisas que ainda dividimos com os trouxas...
-Certo.
Uns dez minutos de caminhada seguiram até que avistaram um grande portão de ferro aberto, entraram por ele e viram uma vastidão de túmulos, rodaram por eles durante um tempo, até que Macgonnagal apontou dois que estavam justos e disse:
-Aqueles são seus pais, Harry.
Hermione estava meio indecisa entre seguir o garoto ou deixá-lo sozinho, estava quase ficando pra trás junto com a professora quando Harry segurou sua mão e disse baixinho:
-Mione, se importaria em...Humft, ir comigo?
Hermione seguiu o garoto e se ajoelhou ao seu lado encarando as duas grandes pedras onde se liam em cada um “Lílian Evans Potter” e “James Potter”. Harry encostou a mão na pedra.
Muitas coisas aconteceram em seguida> Uma forte luz roxa saiu de ambos os túmulos e evolveu os dois. Hermione e Harry gritaram, a luz se transformou em neblina, e de repente tudo estava coberto por ela.
Hermione levantou e olhou em volta, viu Macgonnagal parada olhando para os dois e correu em sua direção:
-Professora, o que aconteceu?
Mas a professora continuou a olhar para o ponto onde ela estivera...Hermione ainda repetiu o que dissera mais uma vez antes de se tocar o que tinha acabado de acontecer...Eles estava em outro mundo.
-Mione! – Harry disse alto – Você precisa ver isso
Hermione voltou e se ajoelhou novamente.
-Harry? Acho que acabamos de entrar no mundo dos mortos...
-O que? Não...Leia isso – ele apontou para a pedra onde se lia:
“Nós estamos com você e com mais ninguém
Dentro, em volta, sempre.
Nós estamos com você
Use o que deixamos em você
Para tudo, para o bem.
Estamos em você, te amamos.
Salve o que não deixamos morrer
Estamos com você.”
Hermione acabou de ler em voz alta e Harry se virou dizendo:
-Não estava aí antes...
-Não estamos mais no mesmo lugar...
-Provavelmente não – Harry disse isso numa voz de choque
Hermione se virou a tempo de ver Sirius parada encarando os dois...
E então a neblina aumentou ao ponto de não poderem se enxergarem e então tudo voltou ao seu foco.
Harry estava deitado na ala hospitalar de Hogwarts com Hermione desacordada na cama ao lado. Levantou-se e sentiu uma dor aguda em sua cabeça que o fez se encostar desastrosamente na borda da cama. Olhou para o lado e viu alguns arranhões em seu braço, olhou para Hermione e viu que havia os mesmos arranhões.
Ele tocou um deles e se arrependeu, pois ardia muito, Hermione estava acordando, e aparentemente tinha tido a mesma dor em sua cabeça, a garota o encarou e disse:
-Você ta bem?
-Estou, e você?
-Acho que está tudo aqui...Harry! – Disse Hermione com os olhos arregalados apontando para o outro lado da sala – É o...
-Malfoy, tem os mesmos arranhões que nós, será que ele estava...Não.
-Não, como poderia, Macgonnagal estava junto e não foi para ...você sabe, como ele poderia...
-Eu tenho que te contar uma coisa...
Ele contou a ela sobre o sonho que ele e Malfoy tinham “compartilhado” , Hermione começou a abrir a boca, mas fechava de novo a cada momento. Assim que Harry terminou ela se levantou e disse:
-Eu sei o que é isso, eu só preciso pegar um livro pra confirmar, mas...Talvez eu devesse esperar a tontura passar – disse a garota deitando de novo
-É, provavelmente – riu Harry.
-Harry...Aquela epitáfio que apareceu na pedra...Eu acho que era uma mensagem pra você. Quero dizer, acho que era especialmente pra você, por isso não pode ser vista nesse plano. Sabe, eu li sobre mensagens uma vez, e pode ser que seus próprios pais a colocaram lá...
-Eu sei...Também li esse livro, era pra aula de história da magia.
-Erh, é verdade.
Seguiu se um silêncio e então Harry disparou
-Hermione...Eu vi o Sirius.
-Eu também.
-O que ele estava fazendo num cemitério, quero dizer, o corpo dele não está no ministério? Porque se não está eu presumo que deveriam me contar...
-Harry...O corpo dele está no ministério, ninguém pode entrar atrás daquele véu...
-Mas então...?
-Só o corpo dele está no ministério...A alma dele não, e como ele não virou um fantasma, ele não é visível para nós, mas a alma dele está...hum, te seguindo...Nas palavras de seus pais, está com você.
Harry levantou a cabeça assustado...
-Isso quer dizer que...Que meus pais...Meus pais também estão...
-Eu acho que sim.
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