Capitulo XXVIIII
Quando Harry disparou, as bolas chocaram entre si. A que levava o número cinco caiu no buraco do canto esquerdo.
—Teve sorte. —murmurou Rony, pondo giz no seu taco.
—Vou acertar a nove com a seis para colocá-la na lateral. —disse Harry a modo de resposta, enquanto se posicionava.
—Nunca consegui vencer Harry no bilhar.
Mais interessado na ruiva que estava no bar que no jogo, Denis se apoiou na mesa. A mulher estava sozinha, e olhava-o com apreciação.
—Já tinha visto ela alguma vez por aqui? —perguntou a seu irmão Carlos.
Carlos levantou o olhar para olhá-la.
—É a sobrinha do Holloway, do Mountain View. Tem um noivo gigantesco que partiria você ao meio se aproximasse dela.
Era a provocação que Denis precisava. Aproximou-se, apoio o braço no balcão, e ativou todos seus encantos.
Carlos sorriu paciente. Se o noivo aparecesse, teria que utilizar seu distintivo. E aquilo arruinaria sua noite.
—Já terminei. —disse Harry, estendendo a mão para que Rony lhe entregasse os dez dólares que lhe devia— Agora vem você, Carlos.
—Preciso de uma cerveja.
— Rony vai comprar. — disse Harry, sorrindo para seu irmão maior — Não é?
—Já paguei a última rodada.
—E perdeu o último jogo.
—Pois seja um bom ganhador. — respondeu Rony, olhando para o garçom enquanto levantava três dedos.
—E eu não bebo? —perguntou Denis.
Rony olhou para Carlos. A ruiva começava a cair em suas redes.
—Você tem que dirigir.
—Não necessariamente.
—Cara ou coroa.
Rony tirou uma moeda do bolso.
—O que quer?
—Cara.
Lançou a moeda ao ar e a apanhou enquanto ainda caia.
—Coroa. — anunciou, mostrando-a — Você dirigi.
Denis encolheu os ombros, derrotado, e se voltou para a ruiva.
—Precisa correr atrás da primeira coisa de saias que aparece na sua frente? —murmurou Harry, enquanto Carlos jogava.
—Sim. Alguém tem que desempenhar seu papel, já que você não o faz. —Carlos se virou para trás, escolhendo um taco— Como agora está comprometido...
—Ninguém disse isso. Temos uma aventura, mas não é nada sério.
Para demonstrar, lançou um longo olhar à voluptuosa ruiva. Era atraente, mas não sentia o menor desejo de se aproximar dela. Pensou em Gina e seu coração se fez em pedacinhos.
—Já o conquistaram. —disse Rony, bebendo um gole de sua cerveja— Por mais que tente negar, não pode fazer nada.
Harry pensou que não estava disposto a morder a isca. Já era bastante ter o coração despedaçado, e não tinha graça que sua família ficasse observando enquanto tentava juntar os pedaços.
—Quer que eu o faça engolir o que falou? —perguntou, depois de uma tacada.
Sorriu ao ver que duas bolas caiam nos buracos.
—Ela entrou na casa hoje. —comentou Carlos — E tinha que ter visto Harry. Olhava como se ela fosse uma trufa e ele a mosca. Acho que até pude ver corações em seus olhos. — Carlos olhou fixamente para Harry — Sim, tenho certeza.
—Desse jeito, logo começará a barbear-se todos os dias e usar camisas engomadas. — disse Rony, sacudindo a cabeça — Então saberemos que o perdemos.
—A partir daí. — interveio Carlos — seu mundo consistirá em leilões de antiguidades, concertos de música clássica e recitais de poesia.
Quase tinham adivinhado. Assustado, Harry deu uma tacada ruim e não conseguiu acertar a bola. Não estava disposto a pensar nela.
—Continuem assim e encontrarão seus cadáveres por aí.
—Olhe como estou tremendo. — disse Carlos, apoiando-se na mesa para jogar — Ta usando perfume? Menino apaixonado.
De um golpe certeiro, introduziu uma bola.
—Nunca usei... —conteve a respiração—Só tem inveja porque passa todas as noites sozinho, em uma cama na delegacia de polícia.
Curtindo a conversa. Cada vez mais divertida, Rony introduziu umas moedas na máquina de música.
—A que horas tem que ir para casa, Harry? Não queremos que fique de castigo por não ter obedecido ao toque de recolher.
—Quanto tempo faz que é um canalha profissional? —perguntou Harry, satisfeito de ver que Duff os olhava com insegurança— Qual é a condenação por quebrar algumas cadeiras?
Nas veias do Carlos, a nostalgia se mesclava com a cerveja. Não tinha conta das brigas que tinha mantido com seus irmãos, e nenhuma delas era séria, não tinha tido uma briga decente em cinco anos.
—Não posso permitir que faça isso. —disse com certa tristeza—Estou com meu distintivo.
—Então guarde isso. —disse Harry sorridente— E vamos dar uma surra no Denis. Pelos velhos tempos.
Rony golpeava a mesa com os dedos, ao ritmo da música. Olhou para seu irmão pequeno, que sem dúvida progredia com a ruiva. Aquela era razão suficiente para lhe dar alguns murros.
—Tenho bastante para pagar a fiança. —comunicou— E ainda resta um pouco para subornar o xerife, se for necessário.
Carlos suspirou e se endireitou. Contemplou com carinho seu irmão Denis, que não suspeitava de nada.
—Que inferno, antes de acabar a noite estará metido em uma boa confusão, se continuar dando em cima daquela garota. Assim será melhor que nos adiantemos.
—Seremos mais humanos .—conveio Rony.
O dono do local viu que os três avançavam juntos, e reconheceu a expressão de seus olhos.
—Aqui não. Vamos, Carlos, você é a lei.
—Só cumpro com meu dever ...como irmão.
—O que pretendem?
Prevendo as complicações, Denis se separou do balcão. Olhou seus irmãos, que o rodeavam lentamente.
—Três contra um? —perguntou sorridente, enquanto os clientes se afastavam— Venham então.
De repente, ficou imóvel, olhando a porta que se abria. Ficou boquiaberto, esquecendo por completo seus irmãos.
—Não deixe as coisas tão fáceis. — protestou Harry — Não pode se defender um pouco?
A saia somente tampava o imprescindível. Não era justa; simplesmente, parecia uma segunda pele, como se não cobrisse seus quadris. Notou que era de um intenso tom de vermelho. As pernas pareciam intermináveis. Harry baixou o olhar por elas até chegar aos saltos muito altos da mesma cor.
Quando conseguiu levantar os olhos, viu que o Top era tão estreito e justo quanto a saia, moldando à perfeição seus firmes seios. Demorou ao menos dez segundos em chegar a olhar seu rosto.
Usava os lábios pintados de vermelho intenso, e sorria com ar desafiante. Ao seu lado, a pequena pinta era uma promessa de sexo. Tinha os cabelos rebeldes, e os olhos carregados de sombra escura. Parecia uma mulher que acabara de sair da cama e estivesse disposta a voltar para ela imediatamente.
—Que inferno! — exclamou Denis — Essa é a Gina? Ela está com calor!
Harry não sentiu forças para zangar-se com ele. Quando conseguiu ficar em pé e avançar para a porta se sentia enjoado, como se o tivesse levado um soco.
—O que esta fazendo?
Gina encolheu os ombros, com isso seu top subiu um pouco.
—Pensei que podia jogar uma partida de bilhar.
—Bilhar? —repetiu Harry com dificuldade, como se tivesse algo na garganta.
—Sim. —se aproximou do bar e apoiou um cotovelo— Vai me comprar uma cerveja, Potter?
Gina pensou que se Harry continuasse a olhando, acabaria perdendo a coragem. Já estava tão nervosa que custava manter-se de pé junto ao bar.
Como tinha decidido fazer uma entrada triunfal, deixou o casaco no carro. Só o calor provocado pela vergonha impedia que tremesse de frio.
Quanto a seus pés, estavam lhe matando.
Ao ver que Harry não respondia, olhou a seu redor e tentou não se afetar com os olhares. Fez um esforço e sorriu para o dono do bar. Nem sequer Duff saía de seu assombro.
—Tomarei o mesmo que ele.
Quando lhe deu a cerveja, ela virou-se. Ninguém moveu um só músculo. Não podia fazer nada exceto seguir com o jogo ou sair correndo, de modo que tomou um pouco de sua bebida, embora odiasse cerveja.
—Bom, Potter, vai começar a jogar ou eu terei que começar?
—Eu começo. —disse Rony apressadamente.
Suas mãos ainda tremiam um pouco, mas já começava a se recuperar do choque. A expressão de Harry quase merecia tanta atenção quanto a voluptuosa figura de Gina.
Quando ouviu o som das bolas do bilhar, Harry voltou a si.
—Não tinha falado que queria se deitar logo?
—Mudei de idéia. De repente, me senti muito disposta .—disse, caminhando para a mesa de bilhar— Quem quer jogar, então?
Caminhou lentamente, se esforçando para que a saia não subisse mais ainda. Sua voz soava mais baixa que o normal, mas não pelo nervosismo, mas sim pela roupa apertada.
Meia dúzia de homens se aproximaram. Mas Harry soltou um som parecido com um grunhido para defender o que era dele, e todos os homens se retiraram de repente, decidindo que talvez não queriam tanto assim jogar.
—Isto é uma piada, não é?
Gina aceitou o taco que Carlos oferecia e sorriu. Alguém gemeu.
—Não. Só queria um pouco de ação. Isso é tudo.
Passou sua garrafa de cerveja para Rony. Ao menos, sabia como jogar bilhar. Inclinou-se ligeiramente sobre a mesa com a intenção de golpear a bola. Ao fazer isso, a saia de couro subiu alguns milímetros e rangeu perigosamente.
Harry deu uma cotovelada em Denis.
—Pare de olhar o que está olhando ou o deixarei cego durante uma semana.
—Calma, Harry. — disse, metendo as mãos nos bolsos — Qualquer um olharia.
Gina abriu a partida muito bem, e inclusive conseguiu colocar uma bola em um buraco. Recordou as normas que Ed tinha ensinado e rodeou a mesa com a intenção de decidir qual devia golpear. Mas teve que parar, porque Carlos se encontrava em seu caminho.
—Xerife, esta no meu caminho.
—OH, sim, claro, sinto muito.
Carlos se afastou e seu olhar cruzou com o de Rony. Os dois sorriram como dois adolescentes com uma nova motocicleta.
Mais uma vez, inclinou-se sobre a mesa e conseguiu colocar outra bola. A posição que tinha era tão comprometedora que a visão da região traseira de seus quadris era mais que perfeita. A suas costas, Rony levou a mão ao coração, com humor, como se fosse sofrer um enfarte.
—Volte a pensar no que estava pensando e quebrarei suas costelas. —protestou Harry em um murmúrio.
Desta vez, Gina errou e passou a língua pelos lábios, pintados de vermelho.
—Que pena.—disse, dirigindo-se ao Harry — Sua vez. Quer que ponha um pouco de giz no taco?
O bar explodiu em assobios e comentários de aprovação. Inclusive um se atreveu a fazer uma sugestão , que ganhou outra ameaça por parte de Harry.
—Já basta.
Pegou o taco, o deu a Carlos, agarrou Gina pela mão e a levou para a porta.
—Mas ainda não terminamos a partida. —protestou ela.
Harry agarrou sua jaqueta e a pôs por cima dos ombros de Gina.
—Ponha isto antes que eu seja obrigado a matar alguém .—ordenou.
Carlos deixou escapulir um suspiro longo e apreciativo.
—É um homem morto.
—Sim. —disse Denis, passando uma mão pelo estômago— Olhou para o seu...?
Rony conseguiu faze-lo calar acertando-o com o taco em um certeiro golpe.
N/A: Me desculpem mas não deu pra mim postar sabado passado :S e esse não vai ser o ultimo capitulo, vai ser o penultimo ! ;**
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