Drabble - Reminiscência







Drabble - Reminiscência





Já era Natal, e toda a Ordem da Fênix se reunia para deixar o ambiente da antiga Casa dos Black um pouco mais caloroso. Molly teve a idéia de enfeitar a casa por dentro, com várias figuras natalinas, assim, mesmo com a preocupação que todos tinham em relação à luta contra Voldemort, eles não se esqueceriam de que ainda se pode encontrar a alegria em meio de tanta tristeza.

Como Hogwarts ainda estava tendo aulas, e seria assim por mais três dias, a família Weasley decidiu começar a enfeitar a casa aos poucos, para que todos eles pudessem participar da comemoração de Natal.

-Sirius, -chamou Molly. –Sirius, por favor, teria como você verificar se a sua família tinha algum tipo de enfeite de Natal?

-Minha família? –ele soltou uma gargalhada. –Essa é boa Molly.

-Sirius é serio. –ela o repreendeu. –Precisamos de todos os enfeites possíveis para deixar esta casa mais... alegre...

-Eu sei, eu sei... mas os enfeites de Natal que a minha mãe tinha ajudaria a deixar a casa num clima bem de Halloween.

Molly apenas entortou a boca para o comentário de Sirius.

-Mas... posso verificar nas minhas coisas. Depois que sai daqui comecei a passar o Natal com Tiago e Lílian, e lá sim tinham belo enfeites. Vou dar uma olhada.

-Ah, faça isso, Sirius, por favor. –e ela se retira carregando caixas com pisca-piscas de Natal.

Sirius sobe as escadas num passo rápido, chegando logo ao corredor de seu quarto. Saindo de um aposento, estava Remo Lupin, já vestido com uma capa longa.

-Aonde vai? –pergunta Sirius.

-Pro Ministério, tenho que resolver aqueles assuntos da Ordem. E o Shacklebolt pediu-me para ir até lá hoje a tarde. Não sei bem o que ele quer, mas é bem confidencial.

-Ah, sei... –Sirius faz uma breve pausa. –Quer me ajudar com os enfeites de Natal?

-Quê? –indaga Remo surpreso. –Acabei de dizer para você que tenho de ir ao Ministério e... desde quando você gosta de decorar a casa para o Natal?

-Bom, a Molly não para de me perturbar com isso, e cá entre nós, ela tem razão, essa casa parece um mausoléu, e como eu sou o único que não pode sair daqui, eu não vou agüentar passar o Natal olhando para aquelas cabeças de elfos penduradas na parede. –falou Sirius, enquanto Remo abafava uma risada.

-Tá certo, Sirius. –ele falou dando um tapinha nas costas do amigo. -Te ajudo a levar os enfeites lá para baixo, mas só vou poder decorar alguma coisa bem a noite, assim que eu voltar.

-Tá bom, tudo bem, Remo. –e os dois se dirigem para o quarto de Sirius.

O próprio Sirius sentiu-se abalado por entrar em seu próprio quarto. Fazia meses que ele havia voltado a dormir nele, mas somente neste dia ele pode perceber o quanto seu quarto parecia triste; talvez fosse porque o clima de Natal havia aquecido o seu coração novamente, ou talvez fosse pelo simples fato de ele ter se dado conta de que havia uma grande quantidade de coisas espalhadas pelo chão e pelas paredes, como pôsteres surrados que mal dava para ver a imagem deles.

-Nossa. –disse Lupin seguido por um assovio. –Eu me lembro deste quarto... quando ele se parecia com um quarto.

-Ei. –Sirius deu um soquinho no ombro do amigo.

-Brincadeira, Sirius. –ele riu de volta. –É, vamos demorar para achar alguma coisa aqui.

-Do que você esta falando? Pelo menos nas luas cheias eu não destruo o meu quarto. –Sirius fala rindo, enquanto Remo revira os olhos. –Nossa, Remo, olha só para isso, meu jogo de xadrez bruxo. –ele mostra o jogo para Remo com os olhos brilhando.

-É, me lembro muito bem de quando você o comprou. Ganhei de todos vocês cinco vezes consecutivas.

-A primeira vez não estava valendo, eu não sabia jogar. –fala fechando a cara. –E nem a quinta, porque eu estava fazendo graça para o Rabicho e para o Tiago.

-Sei... –e Remo sorri enquanto vasculha um armário de Sirius a fim de encontrar os enfeites. –O que é essa caixa, Sirius? –Sirius se vira para olhar.

-Ah, deve ser minha coleção de cartas mágicas, ou sei lá... não, acho que não é isso não, deve ser outra coisa. Deixe-me ver. –ele caminha até Remo, pega a caixa das mãos dele e senta no chão, seguido por Remo, para poder ver melhor o que havia nela.

Quando Sirius retira a tampa da caixa e deixa exposto apenas um pano vermelho com detalhes em amarelo cobrindo o conteúdo da caixa, exala um cheiro de perfume de adolescente, muito familiar para os dois amigos.

-Nossa... –diz Remo inspirando o cheiro. –isso é... isso é o seu perfume, da época de Hogwarts. Eu conheço muito bem.

-Ah, é verdade! –Sirius até fecha os olhos pare se recordar melhor daquela época. –Isso é ótimo. Eu adorava esse perfume, me lembra dos dias em que tínhamos alguma festa ou íamos sair com alguma garota, e eu sempre passava ele e fazia o maior sucesso! Lembra, Remo?

-É... eu lembro mais é que depois o nosso quarto ficava impossível de entrar porque você tomava banho do perfume.

-Isso também. –Sirius sorri. –Mas por que essa caixa esta cheirando esse perfume? –ele retira o pano vermelho.

-Ah, é por isso ai. –Remo pega o pano e cheira. –É o seu cachecol.

Sirius pega da mão de Remo e também cheira.

-É verdade! –sorri. –Meu antigo amigo cachecol. Quando estava no inverno eu passava o perfume nele, porque nenhuma garota conseguiria sentir o perfume vindo do meu pescoço com um cachecol grande desse.

-Olha, há mais coisas aqui no fundo da caixa. –diz Remo enfiando a mão no fundo para recolher o que havia lá. –Olha só essas coisas! –ele retira uma presilha brilhante de borboleta. –Eita, Sirius, eu não conhecia esse seu lado não.

-Aah. –resmunga Sirius. –Era da Lene. –e toma da mão de Remo. –Nossa, olha aqui, os nossos desenhos. –e ele retira um monte de papel velho, amarelado e gasto nas pontas, cheio de figuras rabiscadas à tinta. –Olha pro Ranhoso aqui nesse, ficou a cara dele. –Sirius mostra para Remo um desenho de um garoto bastante feio se afogando numa poça de óleo. Remo por sua vez dispara a rir.

-Vejamos o que mais tem aqui. –disse Remo recuperando o fôlego. –Ele pega um pote quadrado de lata e retira a tampa. –Ah, Merlin...

-O que foi? –Sirius indaga curioso.

-São as nossas fotos... –ele mostra um bloco de folhas velhas, e Sirius fica mais perto de Remo para observá-las. –Olha só você, todo galã nessa daqui...



-Uau. Era por isso que as garotas faziam fila pra me ver. –diz Sirius rindo.

-Olha essa outra, na aula da McGonagall. –Remo pega uma foto e entrega para Sirius. –Eu lembro que o Tiago tinha acabado de ganhar a câmera e ele a levava para tudo quanto era lugar.



-É... eu lembro. –ele guarda a foto e vasculha mais outras. -Ah! Que isso! –Sirius dá uma gargalhada! –Olha pra você nessa foto!



-Aff, Sirius. –Remo joga a foto em Sirius, tentando não rir.

-Foi no teatro da Dorcas e você ia ser o lobo mal! –e ele dá uma gargalhada maior ainda. –Remo, como você era emburrado, cara!

-Tá, bom, chega. Guarda essa foto. –ele já não conseguia ficar sem rir.-Ninguém merece...

-Ah, olha essa! –e Sirius volta a rir. –Foi no ano dos N.O.M.s e você estava ajudando a gente a estudar... ou pelo menos tentando.



-Ah, é mesmo... esse dia vocês me estressaram bastante. –Remo riu. –No outro dia tínhamos de entregar umas mil tarefas. E... Quem bateu essa foto?

-O Frank, lembra? E foi sem querer. Porque ele tava fuçando na câmera do Tiago.

-Ah, eu lembro. –e Remo dá uma risada. –Ah, a foto clássica! Os verdadeiros Marotos.



-Ah, não acredito! Eu achei que minha mãe tivesse jogado essa foto no lixo! –surpreso. –Nem acredito que a encontramos aqui. Eu adoro essa foto! –ele a dobra e coloca no bolso da camisa.

-Olha... do Natal... no quarto ano.



-Vixe, Remo, que cara de criança. –começa a rir.

-Eu não sou o único tá? –toma a foto de Sirius. -Olha essa foto nossa.



-Coitado do Remo, tinha acabado de ser lua cheia. -Sirius fala tentando parecer um bom rapaz.

-É, tá, não repara nessa foto. -ele toma a foto de Sirius.

-Nossa... –Sirius olha para uma foto com os olhos brilhando -...a Lily... olha só que linda...



-Essa foto era do Tiago. Ele andava com ela no bolso o dia inteiro. –diz Remo sorrindo, com a voz embargada, e os olhos vermelhos. Sirius também não estava conseguindo segurar as lágrimas. –E a Lily ficou tão sem graça quando descobriu. –ele já falava com uma voz de choro.

Sirius ao ouvir o tom da voz do amigo, deixou uma pequena lágrima escorrer por seu rosto.

-Olha essa outra. –Sirius entrega uma foto. –Foi no primeiro Natal deles como casal. Era muito recente, e o Tiago evitava fazer muita graça na frente da Lily. –ele ri secando uma lágrima maior. Remo, ao ver a foto, começou a chorar na frente de Sirius. Uma mistura de vergonha e fragilidade sem passou por ele, e ele tentou esconder do amigo as suas lágrimas.



-Remo... –Sirius chamou-o de forma solidária. Ele sabia o que o amigo sentia, e passou um braço por volta do ombro dele, abraçando-o. Remo sempre foi o mais sensível do grupo, mas diante de situações como esta, Sirius também se tornava sensível.

-Eu estou bem. –ele conseguiu conter um pouco o choro e secando o rosto com as mãos.

-É melhor pararmos. –Sirius juntou as fotos e fez menção de guardá-las, mas na pressa de tirá-las da frente de Remo o fez derrubar mais fotos no chão, e uma em particular, chamou sua atenção no meio de todas.



Ele pegou a foto em suas mãos. Nisso, aquela forte sensação nostálgica avançou tão rápido para seu coração, que ele não foi capaz de conte-la. O olhar de Tiago na foto parecia-lhe tão vivo, que Sirius chegou a se sentir intimidado.

Seus olhos arderam em chamas, e, apenas por não querer ver Remo sofrer mais, ele não chorou. Ao invés disso, ele segurou a foto nas mãos com muita força, amassando-a, e descarregando toda a sua tristeza para as extremidades de seus dedos.

-Sirius... –Remo chamou-o, colocando sua mão por cima da que Sirius segurava a foto, fazendo o amigo aliviar um pouco os dedos.

-Ah, Remo... –ele limpou os olhos. –Depois de tantos anos, ainda não consigo me conformar com a morte dos dois. Sabe... com a minha bela estadia em Azkaban, eu consegui suportar a raiva, mas em relação à morte dos dois, não dá... eu não consigo...

-É impossível aceitar, Sirius. –Remo abraçou o amigo com força, sem conter as lagrimas dessa vez, deixando-as escorrer por seu rosto, e sumindo nos cabelos escuros de Sirius. –É impossível dizer que é verdade, que aconteceu... ainda consigo vê-los aqui conosco, como na época da escola. –e ele pegou uma outra foto que estava jogada no chão.



-A nossa graduação. –Sirius riu. –Nesse dia eu e você jogamos o Tiago no lago depois dessa foto. –ele completou deixando uma lágrima cair nos braços de Remo, que também riu ao lembrar.

-É, foi. Ele queria estar bonito para a Lily, e nós dois não agüentávamos mais aquela frescura dele, e você deu a idéia de tacar ele no lago. –os dois sorriram.

-Nossa, ele ficou muito bravo. Saiu xingando nós dois. Depois o resto do dia ele ficou de cara fechada pra gente.

Remo encostou o rosto no cabelos e Sirius, que fechou os olhos, e abafou um riso ao lembrar daquele dia. Olhando mais ao seu redor, ele viu outra foto que, se era possível, o deixou com mais lágrimas nos olhos.

 Queem + Paul Rodgers - Say It's Not True




-O casamento... –Remo sussurrou, fazendo Sirius abrir os olhos. Este, por sua vez, mirou a foto com muita ternura, ao ver a si mesmo, Remo, Lily e Tiago sorrindo contentes na foto. Aquele dia era impossível de se esquecer.

Sirius abriu a boca para dizer algo, mas o que ele tinha a dizer foi silenciado por três lágrimas que escorreram rapidamente pelo seu rosto, caindo sobre o braço de Remo.

Remo não precisou ouvir o que Sirius tinha a dizer. Ele já sabia, sempre soube, desde o dia em que havia recebido a noticia da morte de Tiago e Lílian. Era impossível mesmo dizer que foi verdade o que havia acontecido.

Não Lílian...

Não Tiago...

Sirius soluçou em meio ao choro, puxando a capa de Remo para esconder o próprio rosto úmido.

-O pior... –ele soluçou outra vez. –O pior não é o fato de eles terem morrido. –ele fez uma breve pausa. –O pior... foi que só sobrou nós dois. –aquela frase de Sirius fez o coração de Remo se sentir asfixiado e nauseante. –A Lene... a Dorcas... o Frank e a Alice... todos... todos se foram. –ele abafa o choro na capa de Remo. –Acho que se não fosse por você, e pelo Harry, eu não agüentaria viver neste mundo. Vocês dois são as únicas coisas que me dão forças para continuar. Nem o fato de provar a minha inocência me estimula tanto a ficar vivo como o fato de ter vocês dois perto de mim. Se eu perdesse um de vocês, eu acho que...

-Sirius... você não vai perder mais ninguém. –Remo falou com a voz segura. –E você tambem não perdeu ninguém. Todos eles sempre estiveram conosco. Eu sei que sim, porque às vezes sinto a presença deles, e sei que você também sente. Eles continuam aqui, ao nosso redor, onde houver um fio da lembrança deles, pode ter certeza de que Tiago, Lílian, e todos aqueles que foram mortos, estarão aqui, isso sim é o que deve nos motivar a continuar lutando. –ele completou, com as lágrimas que escorriam de seus olhos e sumirem em seu sorriso.

Sirius não pode deixar de sorri, e olhando para Remo ele pode sentir o que o amigo quis dizer, pois Remo, assim como ele mesmo, Sirius Black, eram as lembranças materializadas daqueles que um dia permaneceram ao seu lado.








[N/A]

Ok, ok... espero que tenham gostado... eu particularmente achei bem triste. =/
Mas, enfim... desculpem a enrolação aqui... era para a fic seguir tipo um cronograma... um no dia 23, outro no dia 24 e outro no dia 25.
Mas o meu pai fez o favor de sumir com o pc(?) e dai agora vou postar meio 'atrasado'.
Bom, como não vai dar pra eu ficar divulgando a fic, peço à quem ler para que comentem. Só isso, ok? x]
Bom, então como hoje já é dia 25...
FELIZ NATAL LEITORES!!! =D
Tudo de bom pra vcs! /o/o/o/
Beeijinhos e mtas felicidades!
;***


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