O Fim



Mais tarde no que Morgan acreditava ser o fim do terceiro mês na caverna, Severo apareceu na caverna para certificar-se de que a mulher estava bem. Contou-lhe que Tom, quando descobriu sua falta, irritara-se o suficiente para explodir uma avenida inteira. Disse-lhe também que seus familiares estavam a salvo, no castelo de seu irmão. Enquanto conversava com ele, Morgan sentiu-se extremamente estúpida por ter engravidado de Tom, se casado com Tom, ido morar com Tom, beijado Tom…


Porém notou que Severo também não parecia extremamente feliz. Perguntou-lhe o que acontecera.


-Não foi nada, Morgan. Estou apenas preocupado com uma amiga que também corre risco de vida.


-Uma amiga? Por que ela corre risco de vida?


Severo fez uma careta e disse-lhe que esquecesse aquilo, que não era nada. Porém, como Morgan insistisse em saber o que acontecera, ele explicou-lhe.


-Existem essas profecias… E uma delas diz algo sobre o Lorde… De qualquer forma, a profecia põe a vida dessa minha amiga em perigo e estou preocupado com ela.


Morgan analizou-o por alguns segundos, e então concluiu que ele mentira.


-Ela não é uma amiga, não é Severo? Você ama essa mulher! Por isso está preocupado com ela.


-Eu não…


-Não adianta negar, eu vi em sua mente.- Morgan descontrolava-se.- Ora, creio que ela deve ser alguém incrível para conseguir seu carinho, não? Mas de que me importa, eu não sou ninguém de qualquer forma….


-O que você está querendo dizer com isso Morgan? Você está com ciúmes? Porque existe uma mulher que eu amo? E o que você queria de mim? Queria que eu ficasse com você, mesmo você me dispensando de novo e de novo e de novo…


-NÃO, Severo, eu não quero que você fique comigo. Especialmente agora. De fato, vejo que não ter ficado com você foi uma das decisões mais sábias que eu tomei nos últimos anos da minha VIDA.


Severo reprovou-a com um olhar. -Então creio que chegamos a um acordo. Você não me verá mais, Morgan. Não até chegado o momento do cumprimento de minha promessa, pois eu irei cumprí-la. Adeus.


Ele desaparatou, deixando Morgan sozinha no escuro frio da caverna. Sentindo as lágrimas brotando em seus olhos, deitou-se em sua cama improvisada, decidida a não levantar mais dali.


 


Outros quatro meses passaram sem que Morgan tivesse tido notícias do mundo exterrno. Sua barriga atingira proporções gigantescas e ela podia sentir que a hora do parto aproximava-se.


Até que, em uma noite extremamente escura, ela sentiu que o momento chegara. Direcionou todo seu pensamento para Severo enquanto tentava não sucumbir à dor que acompanhava cada contração. O homem chegou na hora exata em que Morgan começava a perder os sentidos.


 


Morgan não acompanhou o parto, uma vez que se dividia entre desmaiar e parir. Porém, acordou pouco tempo após o fim dele, com Severo ao seu lado, extremamente sério, segurando um bebê.


-É uma menina.- Disse ele, sem emoção, entregando-lhe a bebê.


Morgan admirou por um curto instante a pele branca, os olhos claros e o cabelo escasso do pequeno ser em seus braços, e então devolveu-a aos braços de Severo, enxugando uma lágrima.


-Ela vai se chamar Elizabeth.- Porém, subitamente teve uma visão.- Leve-a, rápido. Ele está vindo.


-O que vai acontecer então?


-Não importa. Vá!- Severo saiu rapidamente, aparatando no caminho.


Morgan perdeu os sentidos mais uma vez.


 


-Acorde Morgan.- Uma voz fria sussurrava em seu ouvido. Aquela voz dava-lhe um misto de arrepio e conforto. Era a voz de sua casa.- Acorde, você não pode morrer ainda.


Morgan abriu os olhos e deparou-se com Tom segurando-lhe perto de si. Ela olhou rapidamente ao redor e notou que estavam em uma caverna.


-O que aconteceu?- Perguntou, sentindo-se tonta.- Tom, onde estamos? Isso é… sangue?


Morgan admirava sua mão e sua roupa, ensanguentadas.


-Entendo… Apagaram sua memória. Qual é a última coisa de que se lembra?


-Eu estava na casa da praia com você e… íamos fazer um piquenique…- Morgan sentiu uma dor intensa atravessar seu corpo, não conseguindo conter um grito. Tom segurou-a mais forte.- Tom, o que está acontecendo?


-Você está morrendo, Morgan. Você acaba de ter nosso filho, porém está morrendo.


-Nosso… filho? Nós tivemos um filho? Onde… onde ele está?


-Alguém levou-o para longe.


-Não pode ser…. Por que fariam isso?- A dor tornou-se mais intensa.- Tom, você precisa me ajudar… Eu preciso ir para um hospital, ou algo do gênero ou… Ah!


-E por que eu o faria? Você me traiu, Morgan. E a morte é o que os traidores merecem.


-Como… Não é possível, eu nunca te trairia. Eu te amo!


Morgan notou Tom lendo sua mente mais uma vez, e não bloqueou-o. Deixou que ele visse tudo, soubesse de tudo… Desde o dia em que conhecera-o, passando pelos episódios em Paris, Alemanha, até sua mais recente memória: A gloriosa segunda semana na casa da praia. Não durou mais do que meio minuto, porém fora tempo o suficiente para Morgan sentir os últimos fiapos de sua vida esvairem-se de seu corpo. Viu nos olhos vermelhos de Tom que ela se tornara extremamente pálida com a perda de sangue.


-Não há muito que os médicos possam fazer por você agora. Porém, existe um meio de você não morrer Morgan.


-E poderemos permanecer juntos?


-Sim, poderemos.


-E o que tenho que fazer?


-Você tem que fazer uma horcrux Morg. Apenas assim poderá enganar a morte.


Morgan boquiabriu-se. Sabia o que era uma Horcrux, porém não sabia como fazer uma. Mesmo assim, Tom segurou-a firme e aparatou para o que parecia a Morgan um castelo. Viam-se parados na frente de um berço, onde uma pequena menina de pouco menos de um ano dormia. Proxima a ela, Morgan viu uma mulher de cerca de 60 anos balançando-se em uma cadeira.


-Tom, estou com medo.


-Fique calma, Morg. Tudo vai dar certo; eu estou aqui. Agora, o que você deve fazer é o seguinte.- Tom explicou-lhe o procedimento para a confecção da Horcrux.


-Eu… devo matá-la?- Tom confirmou silenciosamente.- Mas Tom, eu não sou uma assassina, eu não posso…


 Ele acariciou-lhe os cabelos negros e sussurou-lhe docemente: -Se você não o fizer, Morgan, não poderemos ficar juntos para sempre.


Morgan engoliu em seco. Olhou para a varinha que Tom colocara em sua mão e olhou para a senhora sentada na cadeira. “Bem”, pensou ela, “ela vai morrer em breve de qualquer forma.” Ela seguiu os passos que Tom ensinara-lhe, não deixando de sentir-se extremamente mal por isso.


-Tom, me beije.- Eles haviam aparatado para a caverna novamente. Tom não estava mais tão sério e frio como no princípio e atendeu o pedido da outra.- Creio que o verei mais tarde então.


-Sim. -Então é até logo. Morgan sentiu seus olhos fecharem para nunca mais abrirem e então não houve mais nada para ela.


 


E esse foi o fim da vida de Morgan como ela conhecia.

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