Um natal branco
Autor: Carla Ligia
Estremeceu ante o frio no exato momento em que se revirou na cama. Era uma madrugada gelada, como todas as boas madrugadas de Natal devem ser.
E era também particularmente estranho estar sozinha na cama. Pelo menos nos últimos anos, as madrugadas de inverno eram sempre aquecidas com abraços e carinhos.
Ela esticou o braço e passou a mão pelos lençóis um tanto mornos levando em consideração o frio que fazia.
Estava vazio.
Todo o seu lado direito, onde normalmente um corpo masculino e quente se estendia, estava vazio.
Onde estaria seu marido?
Ela afastou suas cobertas e procurou o interruptor do abajur. Teve que piscar algumas vezes seus olhos castanhos antes de acostumar-se com a claridade e depois de colocar as pantufas fofinhas que ganhara da filha, ela saiu do quarto tateando pelo corredor.
Ao passar pelo quarto de hóspedes, subitamente os olhos castanhos se iluminaram e um sorriso doce surgiu em seus lábios.
Sabia onde seu marido estava.
Era o mesmo lugar onde tinha estado em muitas vésperas de Natal, e a primeira delas ocorrera vinte e um anos antes.
No Natal de 1979, faziam três meses que eles eram pais, e ela estava exausta demais para pensar em qualquer coisa naquela noite. Haviam estado com seus pais, e o ano novo seria celebrado com os sogros. Ela ainda resistia em carregar a pequena bebê de lá para cá no frio intenso do interior de Cambridgeshire, mas os avós prestimosos disputavam as festas de final de ano como se fosse o campeonato Europeu de tênis.
Naquela noite, ela também acordara assustada no meio da madrugada, com frio e perguntando-se onde estava o marido. Ao procurá-lo, o encontrara ninando a filha junto á árvore de Natal, ao som de I’m dreaming of a White Christmas, cantado por Bin Crosby, enquanto a neve caia lentamente lá fora.
Ao longo do tempo, Jane viu seu marido dançando com a filha nas gélidas madrugadas natalinas, Natal após Natal.
Nos primeiros anos, a pequena ficava no colo masculino, completamente adormecida, usando seus pijamas de flanela com motivos natalinos.
Depois, aos cinco, com ela sobre seus pés, e fazendo-a rir de deleite.
Eles repetiram o ritual até que ela entrou para a Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts, o que sem dúvida fora uma grande surpresa para o casal de dentistas.
Porém, ao crescer, a jovem menina começou a querer ficar no Castelo de Hogwarts com os novos amigos, ou simplesmente junto com eles, e Jane viu seu marido sentado longas horas junto à árvore ouvindo a mesma música natalina com um semblante resignado.
Quando ela chegou junto à porta da sala, encostou-se junto ao umbral e sentiu seu coração expandindo-se.
John e Hermione dançavam abraçados, ao som da velha música, que não mais tocava numa vitrola elétrica e sim ressoava pela sala com a magia da filha.
Eles moviam-se lentamente de olhos fechados e sorrisos satisfeitos, e Jane sentiu uma pequena lágrima escorrer por sua bochecha.
A mulher assustou-se ao sentir uma carícia tímida secando a lágrima e voltou-se sobressaltada para enxergar o genro, com os cabelos despenteados e as bochechas rubras. Ele também estava de pijamas e apreciava o quadro.
— Desculpe-me pelo susto, Sra. Granger.
— Não foi nada, querido — ela respondeu voltando a encarar pai e filha que se mantinham num universo a parte.
— Eles se amam muito — sussurrou Harry com um sorriso.
— Sim. Sempre dançaram nas madrugadas de Natal, é quase como ver uma tradição — Jane comentou baixinho.
— A Hermione me disse. Ela sempre sentia falta disso quando passava o Natal longe dos senhores. Por isso decidi que jamais a afastaria do pai nessa data.
Jane voltou a olhar o rapaz de olhos sérios, mas gentis, o qual ela sabia ter passado por longas provações e por muito sofrimento. Ele sempre lhe parecera sensível aos sentimentos dos outros, principalmente aos de Hermione.
Harry podia ter crescido sem seus pais e sofrendo misérias, entretanto, ele compartilhava um amor sem limites com a vida.
— Você, meu rapaz, é um homem maravilhoso. Hermione teve sorte em casar-se com você.
Ele sorriu tímido e retrucou:
— Não, Sra. Granger, fui eu quem teve sorte em encontrá-la, e que vocês me aceitassem em sua família.
Jane sorriu. Eram ambos afortunados.
A Janela de vidro da sala mostrava os flocos de neve acumulando-se sobre a terra, e a música continuava tocando e tocando...
Harry olhou mais uma vez para a esposa, então se voltou para sua agradável sogra, que lhe demonstrava nas linhas envelhecidas do rosto bondoso, como Hermione ficaria com o passar dos anos. E tomou uma decisão.
— Sabe, Sra. Granger, é hora de novas tradições.
Ela o encarou com uma expressão confusa.
Ele deu seu sorriso mais maroto, digno de um herdeiro de James Potter, e tomou a sogra pela cintura enquanto a embalava na mesma melodia que movia pai e filha.
— Harry! — Jane exclamou.
Ele lhe deu mais um sorriso e a abraçou.
— Novas tradições. A primeira é a de fazer da senhora uma dançarina e não uma espectadora.
Jane sorriu deliciada e indagou:
— E a segunda?
— Continuar estas duas tradições com os filhos que sua filha me dará. Acho que no próximo Natal deveríamos inaugurar esta outra tradição.
Jane sentiu a garganta apertar de emoção ao pensar em netos correndo por sua casa, mas certo pânico ao imaginá-los flutuando os móveis da cozinha.
Ela afastou o rosto do ombro forte do genro e lhe sorriu.
— Acho que são ótimas tradições, Harry, poderíamos começar mais uma.
Ele a encarou ansioso.
— Qual?
Jane sorriu mais uma vez e voltou a encostar o rosto contra ele.
— Poderias me chamar de mãe.
A mulher sentiu o rapaz enrijecer-se em seus braços e apertá-la um pouco até que ele falou:
— Seria uma honra.
Jane suspirou e olhou pela janela entendendo a alma da música pela primeira vez.
Realmente o branco da neve tornava tudo melhor. Refletia as cores das casas, e talvez, só talvez, refletisse a própria felicidade das famílias.
Ela entendia mais que nunca o fascínio de seu marido e de sua filha em dançar ao som da música e no embalo dos flocos de neve que caíam suavemente.
Era Natal. Era um Natal branco como os que eles costumavam conhecer. E eles eram absurdamente felizes.
Hermione abriu os olhos e viu sua mãe aconchegada a Harry. Com um sorriso travesso voltou a fechar os olhos.
Na manhã seguinte ela daria a notícia de que, no próximo Natal branco, seria Harry quem embalaria seu filho nos braços.
Por hoje, seria ela e seu pai, e o Natal.
N/A: E então amores, eu sei ser melosa, não é??? Hihihihihi. Gente eu desejo a todos um Natal repleto de alegria. Porque a idéia é a reunião da família. Eu vou estar com a minha, e desejo que estejam cercados daqueles que amam. Este ano foi um ano complicado para muitos, para mim foi de realização, afinal eu escrevi toda uma fic, =D... E de loucuras também com a falta de tempo, kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Amadas do projeto H’s, beijos e abraços não são suficientes, vocês estão para sempre em meu coração e em minhas orações. Bem é isso. Ver-nos-emos pela Floreios... Em comentários ou em fics. Beijocas estreladas para quem for maravilhoso e comentar qualquer uma das fics deste feriado. Beijinhos para os mudinhos que nos acompanham. E até mais meus anjos.
PS: Aqui vai a letra da música que é um dos clássicos natalinos. Eu sei que ela é proveniente dos USA, mas acho-a perfeita para um natal cheio de neve...
I'm dreaming of a white Christmas
Estou sonhando com um Natal branco
Just like the ones I used to know
Assim como os que eu costumava conhecer
Where the tree tops glisten
Quando os topos das árvores reluziam
And children listen
E crianças prestem atenção
To hear sleigh bells in the snow
Para ouvir sinos do trenó na neve
I'm dreaming of a white Christmas
Estou sonhando com um Natal branco
With every Christmas card I write
Com cada cartão de Natal eu escrevo
May your days be merry and bright
Seus dias poderiam ser alegres e brilhantes
And may all
E poderia todo
Your Christmases be white
Seu Natal ser branco
I'm dreaming of a white Christmas
Estou sonhando com um Natal branco
Just like the ones I used to know
Assim como os que eu costumava conhecer
Where the tree tops glisten
Quando os topos das árvores reluziam
And children listen
E crianças prestem atenção
To hear sleigh bells in the snow
Para ouvir sinos do trenó na neve
I'm dreaming of a white Christmas
Estou sonhando com um Natal branco
With every Christmas card I write
Com cada cartão de Natal eu escrevo
May your days be merry and bright
Seus dias poderiam ser alegres e brilhantes
And may all your Christmases
E todos os seus Natais poderiam
May all your Christmases
Todos seus Natais poderiam
May all your Christmases
Todos os seus Natais poderiam
May all your Christmas be white
Todos os seus Natais poderiam ser brancos
I'm dreaming of a white
Estou sonhando com um branco
Christmas with you
Natal com você
Jingle Bells
Batem os sinos
All the way, all the way
Todo o caminho, todo o caminho
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