As sombras do medo.
As sombras do medo.
Alvo Dumbledore estava cansado, ele se aproxima da enfermaria já sabendo o que acharia, deitado na cama estava um dos alunos que ele não se importava que todos diziam ser seu preferido, afinal Harry tinha passado por tantos problemas que o velho diretor ainda se perguntava como ele não tinha seguido o caminho que levou Tom Riddle para o que ele era hoje.
O pobre menino trilhava em seu sono, murmurando para que não fizesse isso, que ele os amava, ele implorava para que tudo parasse, que eles eram amigos dele, mas os pesadelos do garoto pareciam ainda mais terríveis, poucas pessoas notaram que enquanto Harry choramingava em seu sono, que uma magia translúcida se desprendia dele fazendo qualquer coisa que se aproximasse queimasse diante do poder dele, o diretor era o único capaz de se aproximar sem se machucar, ele toca na testa do menino que relaxa um pouco e volta a dormir, Dumbledore suspira e fala quietamente.
-Quanto mais ele vai poder suportar? –os comensais tinham tido sucesso quando atacaram Harry dessa vez, eles não tinham atacado ele, ou os amigos dele, eles fizeram pior, usaram os próprios amigos de Harry para destruir sua alma e agora o menino se sentia preso em seu medo, Alvo se senta em uma poltrona ali perto, mal ele tinha colocado o menino para adormecer e os pesadelos estavam voltando, pesadelos estes que ele temia, que quebrassem a alma do garoto.
No pesadelo, Harry se encontrava amarrado em uma das salas de aula, não conseguia ver direito pois o sangue que tinha caído em seus olhos deixou sua visão obscurecida, mas ele poderia ver formas ali ao lado, formas que ele reconhecia.
-Por que? –ele pergunta fracamente antes de sentir as costelas sendo quebradas novamente pelo chute de Hermione, esta se agacha e fala em um tom feral.
-Cale a boca Potter, você sabe a resposta, tudo que acontece de ruim em nossas vidas e culpa sua –ela esbofeteia o menino que cai novamente no chão, de repente outro chute vem de suas costas, este o faz gritar, Rony e Neville riam diante do choro do que foi um dia o amigo deles.
-Parece que o Potterzinho não gostou da nossa brincadeira –Rony fala maliciosamente ao que Neville o puxa pelo cabelo e fala.
-Não vai desejar a mamãe agora Potterzinho? Ou vai tentar ser o grande Grifinório de sempre e não vai chorar? –Outro chute no estomago o faz ofegar, mas ele não gritaria mais, os amigos dele estavam sendo controlados e ele os tiraria disso.
-Eu vou tirar vocês disso... Eu... Eu juro... –nisso ele sente uma faca cortar parte de seu braço, uma Luna com os olhos malignos o encara e fala.
-Você ainda acha que estamos sendo controlados Pottinho? Não mesmo –ela enfia a faca mais profundamente ao que Harry morde os lábios para não gritar, gotas de sangue começam a cair de sua boca, mas ele não deixaria o grito sair, foi então que ela entrou.
Caminhava de forma natural, a forma dominadora e confiante de sempre, ela se aproxima dele e aqueles olhos, antes demonstrando o mais puro amor, agora demonstrava o ódio que ele só via quando alguém falava sobre Tom Riddle, a Gina dele o segurou pelo pescoço, encarou aqueles olhos verdes, escondidos pelo sangue e fala em uma voz cruel.
-Ainda lutando Potter? Será que você não percebe todo o mau que causa as pessoas estando vivo? Você matou Cedrico ano passado com a sua nobreza... Hermione e Rony sofrem nas mãos de outros ouvindo que eles só são reconhecidos por serem seus amigos, Luna e Neville são palhas da sociedade, mas você ficou com pena deles e resolveu dar a eles um pouco da sua pena... Samantha teve que deixar tudo que amava na França por sua causa e não esquecemos o que eu tive que passar no meu primeiro ano por sua causa... –os olhos dela estavam tão frios que Harry não queria nada mais que evitar olhar para eles, mas ela o forçava e fala –Se você não estivesse em nossas vidas... Aquele maldito diário não estaria nas minhas coisas... Eu não seria possuída... E não teria que ter causado tanto sofrimento... Ter pesadelos daquele monstro me possuindo... Tudo isso por sua causa Potter –ela o joga no chão ao que ele começa a chorar, culpa começava a corroer a alma do menino,os olhos acusadores, as acusações, as dores, tudo parecia forçar Harry cada vez mais para a depressão, mas eles ainda não queriam o deixar ir, nem mesmo morrer eles deixariam ele morrer, queriam ver o menino sofrendo.
-Pare... Por favor... Pare... Eu prometo... Eu vou ser bom... Eu não sou um monstro... Pare, por favor... –Os chutes, os socos, facas ensangüentadas com seu sangue, as maldiçoes que percorriam seu corpo já dolorido, mas o que mais doía em Harry eram aqueles olhares e as palavras, logo ele caia em uma escuridão onde só existia medo e dor.
Dumbledore nota quando o corpo do menino estava quase se perdendo nas sombras do medo, ele poderia ver Gina debaixo da capa de Harry chorando ao ver o estado do menino que ela amava, Harry tinha feito o que ele prometeu, eles o salvou das garras de Tom mais uma vez, mas não sem um preço alto, o menino voltava a trilhar em seu sono implorando para que tudo acabasse, que ele seria um bom menino e que não seria mais um monstro, ele dizia que amava os amigos e pedia perdão pelo que fez, embora o único pecado que ele tivesse feito foi amar eles demais.
Então ele acorda, o grito antes sufocado em seu sono, estremece a enfermaria, a onda de poder e quase palpável, mas isso não evitou que várias vidraças estilhassem diante do impacto, o velho diretor ergue uma mão o que Gina tenta se aproximar, ela deixa mais lágrimas cair ao ver o amor de sua vida se enrolar em uma bola de chorar fortemente, o diretor coloca uma mão sobre o ombro do menino que assim que vê quem era, se abraça ao velho diretor e chora.
-Foi apenas um pesadelo, meu menino –Harry não fala nada, apenas soluça com as imagens daqueles olhos em sua mente.
Dias se passaram e o estado de Harry ainda era lastimável, todas as vezes que os amigos tentavam o visitar, ele daria uma desculpa e eles não poderiam entrar, Gina, muitas vezes adormeceu sentada na porta da enfermaria esperando ver o namorado, madame Pomfrey teria pena dela e a colocaria em uma poltrona perto da cama do namorado, apenas para no dia seguinte ela acordar com o choro dele e se afastasse dela quando percebia quem era.
-Eu não sei mais o que fazer –Gina estava abraçada ao irmão e chorava, Harry sempre tinha sido forte, mas vendo o olhar de puro medo dele, ela não sabia como ajudá-lo.
-Talvez devêssemos fazer o que o diretor nos recomendou... Esperar ele vir até a gente... –Rony fala triste, sentia falta do amigo e não queria abandoná-lo nessa hora, mas ele também sabia que parte da culpa pelo estado do amigo eram deles mesmos.
Harry tinha voltado a freqüentar as aulas, mas ele não era mais confiante como os outros, ele se sentava afastado dos amigos e olhava nervosamente para todos os lados, como se esperando ser atacado em breve, Hermione sentia o coração quebrar diante do olhar do amigo e muitas vezes chorou até dormir nos braços de Rony ao pensar no que fez com o amigo.
Quando eles saiam da aula de transfiguração foi que tudo mudou, Harry tinha um olhar de puro horror, ódio, ira, raiva, tantos sentimentos que os amigos não conheciam, mas assim que ele se virou para os amigos, estes sentiam o frio passar pela espinhas deles e ouviram Harry falar friamente.
-Achem o professor Dumbledore... Aconteceu algo com a Gina –e com um flash de luz ele tinha sumido, ele poderia ter ficado terrificado com o que os amigos fizeram a ele, mas ninguém machucaria eles, ninguém.
Os amigos de Harry corriam ate o salão principal e falaram ao diretor, mas antes que eles pudessem sair do salão, eles sentem um tremor, como se Hogwarts estivessem sofrendo um terremoto e então um grito de dor de congelar a alma percorre toda a escola e eles voltam a correr, quando chegam onde vinha os gritos, eles encontram Avery, completamente deformado, Gina com a roupa um pouco rasgada encarando o nada e onde deveria estar Harry, um chão carbonizado.
-Temos que achar o Harry... Eu temia que isso acontecia –O diretor olha para Avery com desprezo, não precisava usar Legimência para saber o que o garoto tinha feito e como Harry estaria agora.
De repente todos se assustam ao que Gina sai correndo, eles começam a seguir ela sem falar nada, o diretor estava para ir atrás dos alunos, quando pára, aquilo deveria ser resolvida com eles, ele suplica uma maca para Avery e o leva para a enfermaria, e não nota que a maca ficava batendo no chão ou nas paredes.
Duas horas mais tarde, um Harry completamente esgotado, mas com um sorriso amoroso para Gina, era carregado por Neville, Draco e Rony, as meninas vinham atrás falando com ele, mas ele não deixava seus olhos vaguearem da ruiva.
Madame Pomfrey começa a tratar o esgotamento mágico do menino e eles ficam sabendo que ela tinha se recusado a atender Avery, depois de descobrir o que ele estava para fazer e ele foi mandado para St Mungus, quando ela espantou todos, Harry segura a mão de Gina e manda um olhar para Madame Pomfrey, no começo ela iria recusar, mas vendo a perda naqueles olhos verdes, ela apenas se vira e tranca a enfermaria, Harry faz Gina se deitar ao lado dele na cama e a abraça, os dois não falavam nada, apenas ficaram ali, minutos, horas, eles não sabiam, só sabiam que ele precisava daquele conforto, daquele refugio das sombras do medo e Gina não o deixaria, nunca mais.
O medo de perder os amigos nunca mais alcançou Harry depois daquela noite, depois daquela noite ele voltaria a ser o Harry de sempre, mas melhor, pois ele enfrentaria tudo a sua frente e traria aqueles que ele ama de volta, não importa o que custasse.
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