Capítulo Único
“Sento-me no chão em frente da grande janela aberta do meu quarto. Tenho uma vista privilegiada dos vastos terrenos de Hogwarts, a minha nova casa. E enquanto contemplo o mundo lá fora, estou presa nas amarras do conto de fadas que criaste em torno de nós. Nós… Que coisa curiosa. Agora que penso, nunca houve um nós!
O sol, que pouco se manifestou durante o dia, vai-se escondendo atrás da linha do horizonte definida pela copa das grandes e inúmeras árvores da Floresta Proibida, e, com ele, esconde-se o brilho do meu sorriso. Chegando a noite, chega a escuridão, e tristeza invade o meu ser. A minha mente é assaltada por diversas perguntas, para as quais busco respostas, como se disso dependesse a minha vida. Respostas que possam devolver a liberdade que há tanto me foi roubada. Pergunto-me como é possível sentir, no meu corpo, o ardor da tua indiferença e o frio das tuas mentiras, ao mesmo tempo que me sinto cada vez mais dependente dos teus beijos, das tuas carícias, que são como um elixir da vida sem o qual não sei viver nem consigo sobreviver. Pergunto-me como é possível que me toques com tanto desejo e, ao mesmo tempo, eu me sinta suja e usada. Pergunto-me como é possível ter caído tão rapidamente na tua teia, no teu território, no teu ninho.
Olho o céu, de novo, que anuncia uma tempestade: as nuvens toldam o céu, rapidamente; o odor a humidade perfuma o meu quarto; e a chuva, acompanhada certamente de relâmpagos e trovões, é eminente. Fecho a janela. Deprimida e triste, revoltada e sem forças para mudar, encosto-me à cama, numa atitude derrotista. Exactamente. Quem diria que um elemento dos Gryffindor fosse capaz de virar costas a uma batalha… Quem diria que um elemento dos Gryffindor fosse capaz de cruzar os braços enquanto se afunda no seu próprio mar de solidão e desespero. Quem diria ainda que esse elemento dos Gryffindor fosse eu.
Choro, como nunca chorei antes, numa tentativa frustrada de lava a alma, alma que não mais me pertence. As lágrimas correm, agora, pela minha face com a mesma intensidade com que as grossas gotas de chuva batem e morrem na minha janela, como se a própria Mãe Natureza sofresse comigo toda esta angústia.
Em sonhos, sou assombrada pela tua visão. Agarras-me pela mão e embriagas-me, uma vez mais, com o teu mel. Eu acabo por ser a protagonista e a espectadora e do espectáculo que montas todas as noites. Tento tomar, em vão, uma posição defensiva, uma posição na qual eu consiga escapar aos teus encantos, às tuas mãos em minha cintura, á tua boca em meu pescoço, em meus seios, em minha boca.
Depressa deixo de ter controlo no meu corpo, que junto ao teu, deixa de ter limites, fronteiras. Não sei onde começa um e acaba o outro. As minhas mãos, que anteriormente pendiam juntam ao corpo, sobem pelas tuas costas e aninham-se na tua nuca, remexendo os teus cabelos platinados. A minha boca abre passagem à tua língua, iniciando-se, assim, uma batalha frenética, onde não há perdedores. As tuas mãos ávidas percorrem o meu corpo livrando-o da roupa.
Desenhas uma trilha de beijos por onde passam as tuas mãos, arrancando gemidos, suspiros e súplicas. É isso mesmo que queres. Ouvir-me suplicar. Pedir-te mais. Trabalhas nos meus seios, já sem soutien, que é apenas mais uma peça no chão, onde estão tantas outras. Beijos, gemidos, saliva, línguas, mordeduras… Vais marcando o meu corpo como se ele fosse tua propriedade.
“Draco…”, digo, em voz baixa, junto ao teu ouvido. Isso deixa-te mais excitado do que já estás ao mesmo tempo que alimenta a tua fúria.
Finalmente, já despido, despes-me a cuequinha com os dentes, que no momento era a única barreira que te separava dos teus objectivos. Penetras-me selvaticamente e sem piedade, primeiro com um dedo, depois com dois e por fim com o pénis. Solto um grito de dor e prazer que é música para os teus ouvidos. Fechas os olhos e chegas sem demora ao primeiro dos teus orgasmos. Mas ainda não estás satisfeito. Ainda não estás realizado.
Levantas-me e empurras-me na direcção do teu membro, já novamente pulsante. Sei o que queres, e faço-o como me ensinaste. Começo devagar. Percorro com a língua todo o seu comprimento, antes de o colocar na boca, sentindo, ainda, o meu próprio sabor. Depois de um vai-e-vem, ejaculas na minha boca sem aviso. Engulo tudo, sem falhar uma gota sequer. Sei que, se levantar os olhos, te vejo a olhar-me com uma expressão de plena satisfação, mas ainda não chega. Aproveitas o facto de estar de joelhos, para me baixares as costas. Introduzes um dedo, dois, na minha vagina, não para me satisfazeres, mas para os lubrificares rapidamente. Depois arrasta-los até ao ânus, onde colocas o pénis. Sem aviso. O vai-e-vem recomeça, recheado de dor. Chegas ao ápice, numa questão de segundos. O quarto cheira a desejo, sexo, luxúria… Olhas-me e ficas enfurecido. Querias-me por completo, mas os meus olhos não mentem. Desferes-me um estalo que me derruba. Acordo, na minha cama, cansada, ofegante, sentido cada gota de suor no corpo. Levanto-me e vou ao banheiro. Parece que sinto o teu cheiro e as tuas marcas (para além das que já tenho) na minha pele.
Abro a janela do quarto e deixo a chuva castigar o meu corpo, pois sofro, calada, as consequências do encantamento que me lançaste. Minto diariamente aos meus amigos. Minto diariamente para mim mesma. Nunca esta situação foi tão longe quanto está. Eu peço-te, imploro-te, suplico-te que me libertes, mas sei que nunca o farás. És demasiado orgulhoso, demasiado possessivo para abrires mão das tuas noites de prazer com a Hermione Sangue de Lama Granger. No fundo, sei que também não conseguiria viver sem ti. E isso alimenta-te, ainda mais, o ego. És como droga para mim e já não me restam muitas forças para lutar contra isso. Olho em meu redor e vejo uma tentadora solução ao meu lado num pequeno frasco. Numa réstia de raiva, atiro-o janela fora e ouço-o despedaçar-se no relvado do jardim.
Deito-me na cama e afundo a cabeça na minha almofada já húmida das minhas lágrimas. No fundo sei que esta situação só terminará com a morte de um de nós. E eu sinto-me tão cansada…”
A pena de repetição rápida que Hermione tinha enfeitiçado caiu de cansaço, assim que a morena fechou os olhos.
Uma rajada de vento embala os setenta centímetros de pergaminho que ela escreveu. A chuva deixa-lhe marcas semelhantes às que o loiro fazia em Hermione. Na manhã seguinte só se lê:
"...dependente... "
"...elixir da vida sem o qual não sei viver... "
"...embriagas-me, uma vez mais, com o teu mel…"
"...batalha frenética, onde não há perdedores. "
“Draco…”,
"...grito de dor e prazer... "
"...desejo, sexo, luxúria…"
"...noites de prazer com a Hermione... "
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