CAPITULO 7 - UM NOME PODEROSO



CAPITULO 7 - UM NOME PODEROSO

No caminho para casa, Rony disse:
- Havia um estranho de Therinsford lá na ferraria do Horst hoje.
- Qual era o nome dele? - perguntou Harry. Ele evitou um pedaço de gelo que estava no caminho e continuou a andar com um passo apressado. Suas bochechas e os olhos queimavam por causa do frio.
- Dempton. Ele veio até aqui para Horst forjar algumas bases metálicas. - disse Rony. Suas pernas fortes abriam caminho na neve, abrindo passagem para Harry.
- Mas Therinsford não tem o seu próprio ferreiro?
- Tem. - respondeu Rony. - Mas ele não é hábil o bastante. – Rony olhou para Harry. Dando de ombros, ele acrescentou: - Dempton precisa das bases metálicas para o moinho dele. Ele está expandindo e me ofereceu um emprego. Se eu aceitar, terei de partir com ele quando for pegar as peças prontas.
Os moleiros trabalhavam o ano todo. Durante o inverno, moíam qualquer coisa que as pessoas levassem, mas na temporada da colheita, compravam grãos e vendiam como farinha. Era um trabalho duro e perigoso. Os operários freqüentemente perdiam dedos, ou mãos, nas mós gigantes.
- Você vai contar isso a Garrow? - perguntou Harry.
- Vou. - Um sorriso preocupante surgiu no rosto de Rony.
- Por quê? Você sabe a opinião dele sobre nós irmos embora. Se você disser algo, só vai nos arranjar encrenca. Esqueça isso para podermos jantar hoje em paz.
- Não posso. Vou aceitar o emprego.
Harry parou de andar.
- Por quê?
Eles ficaram um de frente para o outro, a respiração deles era visível no ar.
- Sei que não é fácil ganhar dinheiro, mas sempre conseguimos dar um jeito para sobreviver. Você não precisa ir embora.
- Não preciso. Mas o dinheiro será para mim. - Rony tentou recomeçar a caminhada, mas Harry se recusou a sair do lugar.
- Para que você precisa de dinheiro? - perguntou.
Os ombros de Rony se aprumaram levemente.
- Eu quero casar.
Perplexidade e surpresa tomaram conta de Harry. Ele lembrou ter visto Hermione e Rony se beijando durante a visita dos mercadores, mas casamento?
- Mione? - perguntou baixinho, só para confirmar. Rony concordou com a cabeça. - Você já pediu a mão dela?
- Ainda não, mas na primavera, quando eu puder construir uma casa, pedirei.
- Há trabalho demais na fazenda para você partir agora. – protestou Harry. - Espere até estarmos preparados para o plantio.
- Não. - respondeu Rony, rindo levemente. - Vocês precisarão mais de mim na primavera. O solo terá de ser lavrado e semeado. Teremos de tirar as ervas daninhas das plantações e sem falar em todas as outras tarefas. Não, esta é a melhor época para eu sair, pois o que fazemos na realidade é ficar esperando pela mudança da estação. Você e Garrow podem se virar sem mim. Se tudo der certo, logo estarei trabalhando na fazenda com uma esposa.
Relutante, Harry reconheceu que o que Rony falou fazia sentido.
Ele balançou a cabeça, mas não sabia se foi por surpresa ou raiva.
- Eu só posso lhe desejar toda a sorte do mundo. Mas Garrow pode não aceitar muito bem essa história.
- É o que veremos.
Recomeçaram a caminhada; havia uma barreira de silêncio entre os dois. O coração de Harry estava perturbado. Ainda levaria algum tempo para que ele se conformasse de modo favorável com essa história. Quando chegaram em casa, Rony não contou seus planos a Garrow, mas Harry tinha certeza de que ele logo contaria.
Harry foi ver o dragão pela primeira vez desde que o animal havia falado com ele. Harry aproximou-se apreensivo, agora estando consciente de que eles eram iguais.
Eragon.
- Você só sabe falar isso? - perguntou Harry depressa.
Só.
Ele arregalou os olhos por causa da resposta inesperada e sentou-se de qualquer maneira. Agora, ele até tem senso de humor. O que ainda está por vir? Impulsivamente, quebrou um galho morto com o pé. O comunicado de Rony deixou-o de mau humor. Um pensamento questionador veio do dragão, e Harry contou o que havia acontecido. Conforme falava, o tom da voz dele ia aumentando até que ele começou a gritar sem motivo para o alto. Ele reclamou até extravasar as suas emoções, depois, socou o chão em vão.
- Eu não quero que ele vá, é só isso. - disse triste. O dragão olhava tudo de modo impassível, ouvindo e aprendendo. Harry resmungou, xingando baixinho, e esfregou os olhos. Ele olhou para o dragão pensativo. - Você precisa de um nome. Ouvi alguns nomes interessantes hoje. Talvez, você goste de algum deles. - Mentalmente, ele repassou a lista de nomes que James havia dito até achar dois que pareciam ser heróicos, nobres e que agradavam aos ouvidos. - O que você acha de Vanilor? Ou do sucessor dele, Eridor? Os dois foram grandes dragões.
- Não. - disse o dragão. O animal parecia estar encantado com os esforços do rapaz. - Eragon.
- Esse é o meu nome, você não pode se chamar assim. - disse, coçando o queixo. - Bem, se você não gostou desses, há outros.
Ele continuou a repassar a lista, mas o dragão recusava todos os nomes que ele sugeria. O dragão parecia rir de algo que Eragon não entendia, mas o rapaz ignorou e continuou a sugerir nomes.
- Havia Ingothold, que matou a... - Uma revelação fez que ele parasse. - Já sei qual é o problema! Eu só falei nomes masculinos e você é um dragão fêmea!
- Isso. - O dragão dobrou as asas, satisfeito.
Agora que sabia o que procurar, Harry pensou em mais uma meia dúzia de nomes. Ele pensou em Miremel, mas não ficou bom, pois, afinal, esse era o nome de um dragão marrom. Otelia e Lenora também foram descartados. Ele já estava prestes a desistir quando se lembrou do último nome que James havia sussurrado. Harry gostou, mas será que o dragão gostaria?
Ele perguntou:
- Você é Saphira? - Ela olhou para ele com olhos inteligentes. No fundo da mente, sentiu a satisfação dela.
- Sou. - Algo disparou em sua mente, e a voz dela ecoou, como se viesse de uma grande distância. Ele deu um sorriso largo como resposta.
Saphira começou a zumbir.



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