Romênia



Capítulo 3 - Romênia


N
O DIA SEGUINTE eles começaram a pôr em prática a agenda criada por Hermione, após o devido aval da Sra. Wesley.


Rony e Harry iriam desgnomizar o jardim, que não era limpo desde o casamento de Gui e Fleur, Hermione e Gina cuidaria das ervas daninhas, e como todo o resto do pessoal estava trabalhando, sobrou apenas a Sra. Wesley para cuidar do galinheiro, assim que terminasse a cozinha.


Passada cerca de três horas, o sol, batia forte na nuca de Harry, ele nunca havia trabalhado tanto em sua vida e estava suando até os ossos, por mais que estivesse usando magia e que fosse acostumado com as tarefas que seus tios lhe davam durante sua infância, aquilo era demais. Pelo menos não estava pensando em Voldemort, mas esses pensamentos voltaram quando Rony o abordou com uma pergunta:


- Você não acha que pegou pesado demais com ela, Harry, com a Hermione?


Aquela pergunta atingiu Harry como um raio, não queria mais pensar naquilo, mas teve que responder:


- Acho que sim - respondeu Harry, sussurrando.


- Bom agora, pensando bem, eu acho uma boa idéia viajarmos por um tempo. – comentou Rony.


- O quê?- indagou Harry, pensando que o amigo havia perdido o pouco juízo que tinha. – Você sabe muito bem que não podemos sair do país até que seja seguro.


- Sei, mas eu não agüento mais essa monotonia. – Rony justificou.


- Que monotonia? Accio! - Harry descontou sua fúria em um gnomo sorridente ao lado do portão, que veio voando até sua mão- Mal se passou um mês.


- Eu sei, mas...


- Mas o quê? Não vai dizer que você queria publicar aquele manifesto idiota? – vociferou Harry- Se você quer mesmo saber se o Ministério está fazendo alguma coisa útil para o mundo,  e se o Profeta noticia o necessário, por que não pergunta ao seu pai? Afinal de contas, ele trabalha no Ministério.


- Ele disse que as diretrizes de segurança são secretas e restritas ao alto escalão ministerial. - Rony explicou.


- De qualquer forma, podemos ir falar com o Sr. Lovergood. – Harry lembrou-se do que havia dito à Hermione. Ele queria ter certeza de que aquele Manifesto era desnecessário. – Quero mesmo saber o que a imprensa está fazendo.


- Bem lembrado- disse Rony, consultando a cópia da agenda, que Hermione havia providenciado aos dois.


A discussão foi interrompida quando a Sra. Wesley os chamou para o almoço, que foi rapidamente consumido, digo, engolido por todos, pois havia muita pressa em iniciar as tarefas do interior da residência.


Ela precisava mesmo de um trato: os vidros estavam opacos, o assoalho de madeira estava todo riscado pela movimentação constante de pessoas sobre ele, as cortinas acumulavam uma grossa camada de pó, bem como a mobília e os estofados. O tapete em frente à lareira estava coberto por diversas semanas de cinzas e pó de Flu.


A Sra. Wesley surpreendeu a todos, quando, logo após o almoço, apareceu com uma imensa vitrola de aparência antiga, que Harry havia visto no ano retrasado, quando do Natal com os Wesleys:


- O que a senhora pretende fazer com isso, mamãe? – perguntou Rony, tentando enxergar sua mãe por entre a caixa e o megafone do rústico aparelho.


- Só animar um pouco as coisas – respondeu ofegante, depositando o objeto sobre a mesa, que levantou sua costumeira nuvem de pó.


- Por que a senhora não o trouxe com magia? – indagou Hermione, com a cabeça curvada na direção da Sra. Wesley, que agora estava agachada ao lado da estante, aparentemente procurando o vinil de “Um Caldeirão de Amor Bem Quente”. Quando finalmente o encontrou, ele estava debaixo de uma enorme pilha de discos de vinil, que também levantou sua nuvem de pó.


- Aff! Aff!- tossiu a mulher, enquanto instalava o disco na bandeja do aparelho – Vamos precisar das nossas varinhas para arrumar a casa!


Os quatro começaram a rir, enquanto o disco produzia seus chiados inicias e começava a tocar, após um aceno de varinha.


Foram cantando e dançando enquanto comandavam panos, vassouras, baldes e esfregões. Bichento corria alegre pela casa, tentando caçar as partículas de pó em flutuação. O vampiro batuqueiro do sótão também se fazia presente na festa, tentando batucar os canos no ritmo da música.


Harry nunca vira a Sra. Wesley tão feliz. Ela, que antes estava quieta e chorosa (por mais que não demonstrasse, todos sabiam), nem parecia aquela pessoa que agora dançava com um dos esfregões. Ao olhar para o lado, percebeu que Rony e Hermione também estavam dançando, e isso o deixou completamente constrangido de estar ali com Gina.


A faxina terminou quando trocaram a roupa de cama do último quarto, o de Harry e Rony, que pareceu aflito com a possibilidade delas vasculharem debaixo da sua cama, e Harry desconfiou que era ali que o amigo escondia seu exemplar de “12 Maneiras Infalíveis de se Encantar Bruxas”.


Logo após fazerem um lanche, e da Sra. Wesley pôr de volta no lugar a vitrola, tomaram banho e se dirigiram à casa circular de Xenófilo Lovergood.


O sol se punha no horizonte, lembrando a Harry a última vez que estivera ali. A torre clara refletia o céu alaranjado, e o jardim estava ferido pelo forte verão. A casa estava reformada e parecia nova, mas o caminho de saibro ainda carregava grandes cicatrizes da explosão do chifre erumpente e do ataque dos Comensais da Morte.


Rony apertou a campainha que havia sido instalada desde então.


Alguns minutos depois, o vulto balofo de Xeno apareceu na porta da frente, e Harry imediatamente relacionou-o à forma circular da casa.


- Oh! O que traz o ilustre Harry Potter ao portão da minha humilde residência? – exclamou o Sr. Lovergood, surpreso, e Harry temeu por aquele excesso de floreios estar ligado à um futuro interrogatório.


Os três ficaram parados, agarrados ao portão, exibindo “ilustres” sorrisos amarelos, implorando para que alguém falasse. A figura de Xenófilo, que se aproximava cada vez mais, parecia representar uma enorme ameaça. Finalmente, surgiu um ruído produzido pelo interior da casa:


- Quem está aí, papai? – perguntou Luna Lovergood


Harry reconheceu a voz da amiga, e sentiu-se feliz por sua conversa com Xeno ter sido adiada.


- Luna – chamou-a o pai- venha aqui, o nosso amigo Harry veio nos visitar.


- Harry Potter? – a  menina de esvoaçantes cabelos platinados surgiu por detrás do enorme corpo de seu pai. Seu rosto conservava um pouco da magreza adquirida no porão dos Malfoy, mas ainda assim estava feliz


- Oi Luna – Harry cumprimentou, os outros dois o olharam intrigados, como se fosse um insulto Harry, e não eles tomarem a palavra - tudo bem?


- Tudo sim – respondeu ela, ainda mais radiante – vamos, entrem.


Eles abriram o portão e passaram direto por Xeno, que pareceu extremamente constrangido por ser deixado no vácuo. Harry percebeu isso, mas mesmo assim seguiu Luna até o seu quarto: queria atrasar ao máximo a conversa com o Sr. Lovergood, pois não queria perder o seu tempo com interrogatórios. Já fora um milagre ele deixá-lo em paz durante aquele jantar.


Eles subiram a escada em espiral até o quarto de Luna, as pinturas no teto ainda estavam lá, mas o quarto, assim como a Toca, também havia sido limpo.


- Sentem- Luna indicou a cama e o pufe ao lado da escrivaninha. Harry sentou na cama, e pôde sentir os ásperos bordados da colcha de retalhos esfolando as suas nádegas, mesmo com a calça jeans – o que os traz aqui?- perguntou num eco do que seu pai havia dito no jardim.


- Queremos saber se a imprensa está a par dos reais acontecimentos- respondeu Harry- porque ao que parece, ela só noticia o desnecessário.


- Como assim?- Luna franziu o cenho.


- Ele só fala que está tudo bem, e que Harry ganhou a Ordem de Merlin. – explicou Rony


- Hum- Luna fixou os olhos no teto, sua mão no queixo indicava que estava raciocinando a respeito, ou que estava querendo lembrar-se de algo. No caso, era a segunda opção – Espere um pouco – ela desceu apressada a escada de ferro, e voltou com um exemplar do Profeta daquele mesmo dia.


Ela entregou o jornal à Harry que, com um sorriso que beirava malícia, atirou para Hermione. Ela e Rony, que dividiam o pufe, olharam para Harry, pasmos, enquanto ele se acabava de rir triunfante. A manchete principal dizia:


 


MINISTÉRIO ASSEGURA QUE ESTÁ TOMANDO MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA OS PARTIDÁRIOS DE LORD VOLDEMORT


 


O Ministro concedeu ontem, uma entrevista coletiva sobre as medidas de segurança a serem tomadas no pós-guerra. “Não devemos pensar que tudo está bem porque não está! O risco ainda é grande, e devemos tomar cuidado.” Assegurou McMaville.


 


Hermione permaneceu pasma, aquele parágrafo era um eco do seu Manifesto. Tudo o que pôde fazer foi se juntar a Harry na sua gargalhada, sob o olhar de uma Luna confusa:


- O que houve? – perguntou ela a Rony.


- A história é muito comprida – respondeu ele, já começando a rir


- Qual é a graça?- a cabeça de Xenófilo surgiu na escada, mas não obteve resposta


- Já estamos de saída – disse Harry – nós  pensamos que demoraria mais, mas nos enganamos, desculpe o incômodo.


- Porque não ficam para o jantar? – perguntou  Luna, desanimada – Hoje  nós teremos sopa de dílex de água doce.


- Não, obrigado- disse Hermione, querendo não parecer mal-educada.


- Nós viremos amanhã- garantiu Harry- não se preocupe – e com um sorriso, os três desaparataram diante de dois bruxos incrédulos.


Quando voltaram a Toca, Arthur Wesley estava frenético arrumando as malas, finalmente teriam com o que distrair as suas mentes: iriam para a Romênia.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.