As Descobertas
Capítulo 27 – As Descobertas
HARRY NÃO PODIA ACEREDITAR naquilo que havia visto. Foram tantas informações em tão pouco tempo que ele precisou de um pouco de ar antes de recomeçar a falar. Belatrix também ofegava em seu canto, mas parecia muito mais fraca, como se tivesse sofrido algum tipo de abuso.
Será que ela sabia que o filho que ela carregava era na verdade de Greyback? Harry apostava que não, senão ela não faria todo aquele alarde. Ainda assim, uma parte de Harry sentia pena dela, por ter sido usada de uma forma tão brutal. Daquele jeito, ela iria fazer o serviço sujo para Voldemort e ainda ser transformada numa pária.
Aquele era na verdade o plano de Voldemort, armado logo após ele perceber que a estratégia das Horcruxes estava ruindo. Ele incluía também uma generosa vingança de Belatrix, por tudo o que ela havia proporcionado ao seu mestre com as melhores intenções.
Harry não encontrava o que dizer, sentia que todos estavam esperando a sua palavra, no entanto não encontrava forças para falar. Ele poderia matá-la agora, mas seria justo matar uma pessoa tão sofrida apesar das atrocidades que ela cometera?
Não. Harry respondeu a si próprio. Ela fazia aquilo tudo cega por um amor impossível, cega por uma obsessão. Por isso ela era mais perigosa que mil Voldemort: ela, como Harry, tinha algo pelo qual valia a pena lutar, pelo menos era algo muito mais valioso do que o que Voldemort buscava. Ela buscava além da glória pessoal o amor de seu mestre. Claro que essa busca havia sido estimulada pela inveja da irmã e claro, Belatrix queria um marido que fosse muito mais poderoso que o de Narcisa, muito embora, teve que se contentar com Rodolfo.
Mas havia um lado em Harry, uma parte do seu coração que desejava muito a vingança, e naquele momento Harry procurava refreá-lo. Devia ganhar tempo, certamente algum membro do Ministério ou mesmo algum membro da Ordem o encontraria ali.
Tolice, a Ordem da Fênix não existia mais, e o Ministério estava ocupado organizando o caos lá fora. De fato, esperar só iria aumentar o sofrimento de todos. Poderia acabá-lo ali, estava tão fácil, tão perto...
Porém, toda vez que erguia a varinha para disparar o feitiço final, parecia que algo o segurava, dizendo:
- Espere meu filho, você não é um assassino. Ela é apenas uma mulher incompreendida, e você acabou de descobrir que ela irá morrer tão logo seu bebê nasça! Diga-me, o que você teria feito se estivesse no lugar dela?
- Filho, você não é um assassino! Eu e sua mãe não nos sacrificamos para que você fosse apodrecer em Azkaban! Agüente firme! Espere um pouco mais!
Foram as presenças de seus pais que o impediram de fazer qualquer besteira. Eles pareciam segurar o seu braço, e suas vozes o acalmavam. Harry não conseguia ver mais nada no corredor a não ser seus pais e Belatrix.
Que estava em qualquer outro lugar.
Menos na cela.
Quase que instantaneamente as imagens entraram em foco. Seus pais haviam sumido, e Belatrix estava ao seu lado. Algum guarda deve ter esquecido a porta da cela destrancada.
Harry se jogou no chão bem a tempo de desviar de um feitiço de Belatrix. Mais que depressa ele se levantou, ficando à frente dos amigos.
Eles disparavam feitiços em cima dela, mas ela conseguia desviar de todos, conforme ia se aproximando lentamente de Harry, empurrando o grupo para o fim do corredor.
Pelo menos ela está desarmada, pensou Harry, mas logo seus ele espocou no ar como uma bolha de sabão. Belatrix havia recuperado sua varinha de algum lugar dentro da capa de couro preta.
Ao ver o espanto de Harry, a bruxa zombou:
- Como se você nunca tivesse feito isso com a sua varinha – ela riu.
- VOCÊ VAI VER O QUE EU FAÇO COM A MINHA!! – berrou Gina, assumindo a frente e lançando um feitiço que passou raspando no ombro de Belatrix, fazendo um rasgo profundo na capa.
- E eu pensei que você não gostasse de brincar com varinhas – Belatrix continuou no mesmo tom, ignorando o dano em sua capa com se fosse apenas uma mancha minúscula.
Então Gina repetiu diversas vezes o mesmo movimento, deixando a capa e boa parte do cabelo de Belatrix reduzidos à fiapos lançados no ar, até que atingiu propositalmente a face da inimiga, produzindo um corte semelhante ao inicial só que desta vez logo abaixo do olho direito.
- É, chega de brincar – provocou Gina, mas Belatrix permaneceu silenciosa. Limpou o sangue da face com o indicador, que depois levou à boca.
- É bom? – perguntou Hermione.
- É muito melhor que o seu, quer provar? – Belatrix ofereceu o dedo para Hermione.
- Eu não costumo comer lixo. Reducto! – mas Belatrix desviou displicentemente do feitiço, que amassou a porta de aço no fim do corredor, produzindo um forte som.
- Cadê o Potter? Quero brincar com o Potter! – ela girava a varinha e olhava por cima do grupo impaciente.
- Estou aqui – ele surgiu detrás dos amigos, recomposto – quer jogar?
- Quero te matar!
- Veremos – Harry riu, se entreolhando com os amigos atrás de si – Expeliarmus!
Sete feitiços acertaram Belatrix no ombro, que recuou cinco passos para trás, tendo que se recostar na parede por alguns instantes antes de revidar.
Ela seguiu vagarosamente e silenciosa, empurrando o grupo através do corredor. Ela começou a contar os passos, fazendo a mira em Harry.
- Cinco, quatro, três, dois, UM! – com um aceno de varinha, eles foram empurrados para dentro das celas, que se trancaram automaticamente. Agora eram só Belatrix. E Harry – Não há nada que você possa fazer – disse Belatrix, olhando para Harry deitado à força no chão pelo seu feitiço – eu vou matar você e seus amigos vão assistir! Eu serei a sucessora de Lord Voldemort, e junto com meu filho irei dar continuidade ao seu trabalho. Mas, para isso, preciso primeiro dar cabo de você, para que o filho de Voldemort possa viver em paz!
Desta vez Harry desatou a rir.
- Bela, Bela – ele ria descontroladamente – você realmente tem a audácia, a ousadia de pensar, que esse filho que você espera é de Voldemort?
- O que? – ela perguntou, confusa.
- Parece que eu sei de mais coisas do que você pensa.
- Você está blefando! Está ganhando tempo!
- Tempo pra quê? – Harry lembrou – não há ninguém que possa vir me salvar!
- É claro – ela zombou – mas então, sobre o que você pode saber mais do que eu? – ela estava interessada.
- Digamos que você é...uma pária! – Harry falava como se estivesse anunciando o resultado de uma promoção – Isso mesmo! Esse filho não é de Voldemort! É de Greyback! Parabéns!
Belatrix Leastrenge o teria estuporado, se sua varinha não tivesse caído no chão com o choque.
- O que? – ela perguntou, indignada, conforme as lembranças iam se reorganizando em sua cabeça, e pior, fazendo sentido – Isso não pode ser verdade!
- É claro que é! – disse Hermione de dentro de uma das celas, no que todos inclusive Belatrix se voltaram para ela, pedindo esclarecimentos.
Harry aproveitou o momento para capturar a varinha de Belatrix, que havia caído bem perto da sua mão, perto da carteira dada pelo Sr. Weasley de aniversário, junto com moedas e outros pertences que haviam caído da sua mochila com o arremesso do feitiço. Moedas, Harry pensou, Galeões. Isso lhe deu uma idéia.
- Como disse? – perguntou Belatrix, intrigada, e Hermione se aproximou da grade.
- Se fosse uma gestação humana, sua barriga estaria bem maior. Isso porque a gestação de uma pária dura muito mais tempo, e o feto se desenvolve de um modo muito mais lento – explicou ela, e Belatrix começou a examinar a própria barriga, indignada por estar tão pequena – Além disso – Hermione continuou – isso explica o fato de você não ter sofrido um aborto espontâneo apesar de todas as suas atividades nos últimos meses – Belatrix arregalou os olhos, chocada.
- Não pode ser! – ela examinava o próprio corpo, procurando por algo desconhecido.
- Parece que Voldemort fez um ótimo plano – disse Rony.
- Quieto! – bradou Leastrenge, prestes a estuporá-lo, mas não encontrou sua varinha – Minha varinha! Cadê a minha varinha?!
- Está comigo – respondeu Harry, como se fosse a mais óbvia das coisas.
- Ora seu... – ela partiu pra cima de Harry, mas foi impedida por um feitiço de Gina.
Só então ela se deu conta. Belatrix estava cercada por sete bruxos que apontavam suas varinhas para ela. E ela estava desarmada e não tinha como fugir dali.
Por um segundo, Harry viu-se vitorioso.
Por um segundo.
Com um movimento hábil, Leastrenge prendeu Luna de costas para as barras da grade apertando sua garganta.
- Me dê sua varinha!
- Nunca – Luna respondeu, arroxeando.
- Me dê sua varinha! – a bruxa repetiu, apertando mais forte e desta vez Luna soltou a varinha no chão por acidente. Antes que pudesse recuperá-la, Belatrix a apanhou.
- Por que adiar mais não é Harry? – ela desafiava.
- É.
- Vamos acabar com isso agora – ela ergueu a varinha e ao mesmo tempo Harry comprimiu o Galeão falso que havia caído de sua carteira. Antes que ela murmurasse qualquer encantamento, os estampidos de desaparatação já podiam ser ouvidos. Aquele galeão era o que costumava ser usado para convocar reuniões da AD, e pelo visto ainda funcionava.
- Ei! – gritou uma voz muito familiar a Harry – Aqui! – Belatrix se virou e foi alvejada nos olhos por um líquido espesso e verde que saiu da varinha do rapaz. Harry aproveitou para tomar pela segunda vez a varinha das mãos de Belatrix.
- Como nos encontraram? – perguntou Rony ao rapaz que havia conjurado o feitiço: Lino Jordan.
- Muito bem, Harry convocou uma reunião da AD então, nós viemos!
- AD? – Hermione estava confusa – Como?
Então Harry, que já estava de pé, ergueu orgulhoso o galeão falso.
- A idéia foi sua, afinal – ele sorriu.
- Na verdade nós estávamos aguardando a convocação desde que soubemos que Harry havia sido seqüestrado – explicou Cátia Bell. Era impressionante como chegavam mais pessoas a cada instante.
Dino, Simas, Lilá, Parvati e Padma Patil, Alícia Spinnet e Angelina Johnson, Ernesto Macmillan, Justino Flinch-Fletchley, Anna Abbott e muitos outros que Harry não reconheceu ou ainda não havia visto.
- Vamos, saiam daí! – Cho Chang ajudava Gina e os outros a sair da cela. Aparentemente já havia superado o fato de não ser mais a namorada de Harry.
- Isso é algum tipo de reuniãozinha íntima? – Belatrix se levantou, limpando o rosto.
- CALA A BOCA! – vinte feitiços a atingiram em vários pontos e ela desmaiou, exausta, sendo amarrada logo em seguida.
BOOM! A porta de aço havia sido arrancada por um feitiço. Por um segundo, vinte e cinco pares de olhos assustados esperavam o que quer que fosse sair da nuvem de pó esbranquiçado.
- Mas o que é isso que está acontecendo aqui? – a voz do Sr. Weasley surgiu da nuvem seguida pelo próprio Sr. Weasley. Ele era seguido por Gui, Carlinhos e Jorge – Como? – ele estudou o enorme grupo, como se perguntando como todos haviam chegado ali sem serem vistos pela imprensa lá fora.
- Onde está mamãe? – Rony emergiu do grupo, esfregando o nariz por causa do pó que invadia o espaço fechado.
- Está lá fora com Vera – respondeu Jorge.
- Mas antes de irmos é preciso que você nos preste alguns esclarecimentos – lembrou o Sr. Weasley.
- Claro – disse Harry – mas é bom arranjarem um local para sentar
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!