CAPITULO UNICO !



Era uma noite fria, a névoa acinzentada cobria os campos da escola e o tempo indicava que logo a chuva viria ao encontro do frio. O castelo estava silencioso e nada vivo era visto nos corredores cercados de teias de aranhas a não ser os ratos que passavam discretos por ali. O salão comunal da grifinória imenso, e no momento silencioso, com suas habituais poltronas e sofás e crepitando na lareira se viam chamas vivamente rubras, a sala estaria vazia se não fosse por uma jovem de cabelos lanzudos e castanhos presos em uma trança com uma pena a mão e escondida pela pilha de livros que a cercava.
Foi quando a chuva começou trazendo grossos pingos que batiam na vidraça que Hermione desviou sua atenção do pergaminho. Caminhou em passos lentos até a janela, o barulho da água caindo pareceu ter lhe acordado dos pensamentos inertes sobre os deveres. E quando se deu conta estava com a mão pousada sobre a vidraça empoeirada, mais uma vez tomada pelo pensamento que lhe perturbara desde que tinha retornado à Hogwarts. Ele não estava mais ali e se fosse um ano antes ela trataria do assunto como algo banal, mas agora, ali sozinha, ela sentia mais frio do que realmente estava fazendo...
“ - Abra essa droga de porta! – Vociferou Hermione dando fortes batidas em uma porta que se lia em dourado ‘ Percy Ignatus Weasley. Não entre!’ – Eu quero esse livro de feitiços que te custas me emprestar?
- Dá um tempo Mione – O ar pomposo de Percy ecoou detrás da porta.
Durante as três ultimas semanas de férias Hermione tinha se juntado aos Weasley e com isso tinha se tornado bastante próxima de Percy que não retornaria a escola naquele ano, os dois descobriram que tinha muitas coisas em comum e algumas diferenças drásticas.
- Porque você tem que ser sempre tão ..
Ela não chegou a terminar a frase, a porta havia se aberto e parado a sua frente estava um menino alto e ruivo, com óculos de aros de tartaruga e um pose de importante. O garoto fez um gesto para que ela entrasse, nunca tinha estado no quarto de Percy antes e notou que ele era muito mais organizado do que o de Rony ou dos gêmeos. Era coberto por um papel de parede em um tom de marrom que ela desconhecia, a um canto se via uma estante coberta de livros impecavelmente organizados, o quarto era bonito na opinião de Hermione, mas o que dava esse toque era uma grande janela aberta por onde se viam montanhas. Hermione nem lembrava mais o porque estava ali, estava tão encantada com a paisagem que se agarrou no parapeito da janela e soltou um suspiro audível.
- Você ta bem? – Percy parara ao lado dela, mas, Hermione estava tão absorta que mal notou a presença do ruivo – Lindo não é? – Ele disse finalmente fazendo ela de repente lhe lançar um olhar significativo.
- Porque nunca divide isso com ninguém?
- Enr .. bom .. – a pergunta pareceu embaralhar a cabeça do garoto. Pela primeira vez desde que o conhecera, Hermione presenciou Percy em duvida sobre o que falar, o jeito confiante dele parecia ter de uma hora pra outra se esvaído do mesmo. - Nunca ninguém compartilha nada bonito comigo.A não ser a minha ex namorada, Penélope lembra? Mas a muito eu não me preocupo com ela, acho que nem gostava tanto dela assim.
Hermione pensou ter ouvido um suspiro de alivio na voz do menino e se surpreendeu ao ouvi-la novamente.
- Eu sei tanta coisa que eu poderia compartilhar com as pessoas – o tom de tristeza era inconfundível - tantos lugares que eu conheço que talvez ninguém veja do angulo que eu os vejo. Mais não, não tenho quem divida isso.
- Não é a questão de não ter ninguém – ao dizer isso ela se virou de costas para a janela, sem encarar Percy. - Você é um menino legal, apesar de ser um pouco autoritário e tudo mais, só é um bom garoto e muita gente realmente gosta de você. O mundo esta repleto de gente que valeria a pena confiar e compartilhar os momentos basta saber escolher. Tenho certeza que o angulo que tu enxergas isso é de muito bom gosto. – e dizendo isso mirou o menino com o canto do olho.
Fora impressão ou o seu coração tinha dado um salto? Nunca sentira aquilo antes, nem mesmo com Penélope, mas havia algum tempo que as palavras de Mione o perfuravam.
-É , de repente seja isso . Eu não sei escolher o certo e o errado, mesmo querendo fazer o impossível e demonstrar que posso ser melhor do que muitos, mais ao contrario, eu posso ser melhor em poções, adivinhação ou transfiguração ou etc. Mais o melhor eu não sei, eu não sei escolher, nem amar. – o que estava dizendo? Tinha enlouquecido? Falar tanto assim a Hermione que era melhor amiga de seu irmão mais novo e nem medir o que isso lhe causaria? As palavras estavam fugindo da sua boca sem ele poder controlá-las.
Um silêncio incômodo tomou conta do quarto, por um momento os dois estavam fixados em seus próprios pensamentos que por sua vez não eram muito diferentes.
-Não Percy , você nunca amou. –Concluiu ela depois de algum tempo e por mais que tentasse são conseguia conter um pequeno sorriso de sincera piedade em seus lábios - e sei que as suas escolhas vão tender pra um bom lado. Realmente às vezes você tenta ser melhor, mas faz parte da sua personalidade, e não tem nada de mal em querer saber um pouco mais.
Ela o olhou e ele estava lá, atônito como se tivesse sido atingido ou enxergado um fantasma, sua respiração era lenta e suave e ele a fitava como se ela fosse a mais bela das paisagens que ele já havia visto. Agora ele tinha entendido. Hermione, ela que vinha tirando seu sono, ela que atrapalhara sua concentração nas vagas horas de leitura. A castanha que estava parada a sua frente bem ao alcance das suas mãos era a garota culpada pelos seus suspiros e borboletas no estomago. Tudo aconteceu muito rápido, ele sem pensar, sem pestanejar, aproximou-se dela envolvendo-a nos braços num gesto de proteção, ele a beijou. Beijou e fez tudo a sua volta desaparecer, sentiu-se como se só existissem ele e ela respondendo todas as perguntas não feitas, todas as palavras não ditas expressadas em um gesto de paixão. Quando se separaram, ele lhe lançou um sorriso torto, o sorriso torto que ela mais gostava. O sorriso dele era a luz da aura dela mesmo sem que ela soubesse, ele se implantará na memória e ali ficara esperando cada momento certo para aparecer, para iluminar suas tardes. Ela atirou os braços em seu pescoço e lhe beijou novamente e ali eles ficaram, rindo e revelando seus sentimentos... “
A janela estava embaçada, mas logo ela percebeu que era culpa de seus olhos, seus olhos marejados por conta de um devaneio tantas vezes vindo à tona. Ali, sentindo-se solitária e abandonada, ela não tinha mais o sorriso torto que lhe cobria de segurança. Ali o seu ruivo de sonhos, seu ruivo real não estava perto, estava tão longe. A menina virou-se para mirar a mesa que continha seus deveres e livros espalhados, mas notou que uma peça ali não fazia parte do cenário minutos atrás, era uma carta e escrita na caligrafia que tanto ansiava se lia Hermione Granger. Ela abriu o grande envelope com as mãos tremulas, esperando que não fosse nada que a deixasse em choque, ficou aliviada ao saber que nela continham noticias, novidades e muitas palavras que ela queria ouvir. Apesar de tudo que havia lido o que mais prendeu sua atenção foi o final. Um lindo e magnífico final, que fez o coração de Hermione se acordar de um salto, no final do pergaminho amarelado, ao canto esquerdo estava escrito claramente: Eu te amo. Percy Weasley.
Ela afundou o papel ao peito soltando um suspiro de satisfação. Ali estava pelo que ela tanto esperou, a noticia de seu amado, ali, junto a ela estava a razão de continuar sonhando, a razão de continuar a sorrir como boba por todos os cantos do magnífico castelo, a razão pelo qual seu coração batia. E a jura de que ele estaria esperando por ela, na saída da estação para mais um vez mostrar a ela todo o amor que durante 4 anos seu coração guardara.

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