Parar o Tempo
Parar o Tempo
Nunca tiveram aquele sonho de poder parar o tempo durante um tempo indeterminado? Ou de parar tudo o que tivesse vida própria menos vocês? Eu já. E normalmente queria que isso acontecesse para – estúpida – estudar. Eu, que estudo quase 5 horas por dia, queria parar o tempo para estudar mais. Enfim. Quem também queria parar o tempo era o Harry. Mas claro, por razões muito diferentes: enquanto eu estudaria, ele “viveria” sem preocupações nem Voldermort’s para o matarem. Isto confessou-me ele um dia à noite. Que queria parar o tempo para poder viver, nem que fosse apenas uma hora. Só para aproveitar a vida que não pode ter, por ser o Harry Potter.
Debulhei-me em lágrimas. O coitado do Harry ficou todo embaraçado, pois não estava nos seus planos a sua melhor amiga começar a chorar aos prantos: abraçou-me e disse-me naquele jeitinho que ele tem desengonçado para consolar as pessoas que não era preciso chorar; era impossível parar o tempo. Escusado será dizer que isso não me acalmou e só me fez chorar mais.
Desde aquele dia, esforcei-me ao máximo para arranjar uma maneira de parar o tempo: li e reli os livros da Biblioteca, até mesmo o da Secção Restrita. Perguntei a todos os professores e alunos. Mas todos olhavam para mim como se eu fosse parva e respondiam a mesma coisa: “É impossível parar o tempo.”
Devo dizer que fiquei, pela primeira vez, um pouco desapontada com a magia. Se havia um vira-tempo, porque não havia uma maneira de parar o tempo?
Foram muitas as noites mal dormidas por causa disto. O que dantes era uma curiosidade tornou-se um dever: tinha de parar o tempo, custasse o que custasse.
Até que chegou o dia em que o tempo devia de ser parado: o Harry ia finalmente lutar contra o Voldemort. E o esperto só nos avisou – a mim e ao Ron – um dia antes de partir para a Ordem. Ele não queria que nós fossemos com ele.
Obviamente que fomos. Um pouco à pressa, nada preparados, mas estávamos prontos para enfrentar-mos com o nosso melhor amigo o detestável, horrível, horrendo, horripilante (…) Voldemort.
Antes de sairmos da Ordem, o Ron foi despedir-se da sua família, deixando-me a mim e ao Harry sozinhos no hall. Ele olhou para mim, com aqueles olhos tão verdes como esmeraldas, e eu consegui, como sempre, decifrar-lhe o olhar: uma mistura de medo, vingança, nervosismo, pessimismo e preocupação tomavam conta dele. As lágrimas vieram-me aos olhos: era provável que um de nós morresse naquela batalha. Era possível eu nunca mais ver o Harry. Parecendo perceber o que eu estava a pensar, ele abraçou-me. E ficamos assim, durante minutos, abraçados e sem falarmos. O Harry afastou-se um pouco de mim para me limpar as lágrimas que entretanto tinham escapado dos meus olhos. Só por sentir a sua mão a roçar na minha cara para a limpar, queria chorar mais. E mais, e mais, e mais, e assim ele nunca tiraria dali a mão e ficaríamos assim para sempre.
- Prometes que voltas? – perguntei eu, insegura, quando ele parou de me limpar as lágrimas.
- Sabes perfeitamente que não te posso prometer isso, Hermione. – o Harry respondeu-me com a voz rouca. – Provavelmente não o cumprirei.
- Mas… Por favor, Harry… Prometes? Por mim? – estava a começar a entrar em pânico. Ele ainda nem tinha começado a lutar e já estava a dizer que ia morrer? – Por nós? Por o que tu mais gostas no mundo?
- Eu vou tentar. – respondeu-me, agora com um sorriso no rosto, que me fez corar.
Lentamente, fomo-nos aproximando. E, mais lentamente ainda, os nossos lábios foram-se tocando, até se fundirem num beijo apaixonado e carinhoso. Não sei por quanto tempo ficamos assim, se foi muito ou pouco. O tempo finalmente tinha parado.
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Hermione acordou no dormitório feminino. Tinha tido novamente aquele estúpido sonho de parar o tempo. Aquilo tinha começado há uma semana, e sempre com o Harry envolvido. Olhou para o relógio pousado em cima da sua mesa: 3h25. Virou-se para o lado e tentou adormecer. Depois de quinze minutos a olhar para o tecto escuro do seu dormitório, levantou-se silenciosamente, vestiu o roupão cor-de-rosa que tinha deixado sobre a sua cama na noite anterior e desceu para o Salão dos Gryffindor.
Quando se sentou no confortável sofá com um livro de Aritmância nas mãos, começou a ouvir passos vindos do dormitório masculino. Quem seria o rapaz que a vinha incomodar tão tarde?
Com alívio verificou que era apenas Harry. Fingiu não ter ouvido nada e concentrou-se na leitura das fórmulas esquisitas.
- Ainda a ler? – Harry perguntou, surpreso por encontrar Hermione aquela hora no salão.
- Acordei e não consegui dormir mais. E tu?
- Tive mais um pesadelo com o Sirius. – respondeu o rapaz, com os olhos fechados de cansaço. – Já tenho até medo de dormir.
- Tens praticado Oclumancia, não tens? – Hermione inquiriu, duvidosa.
- Claro que sim! Antes de me deitar, todas as noites. – uma breve pausa se fez passar, antes de Harry interromper o silêncio – Que sonho é que tiveste?
Hermione sentiu-se um pouco envergonhada:
- Juras que não te vais rir? – perguntou.
- Juro.
- Hum… Eu sonhei que conseguia parar o tempo. – declarou Hermione muito depressa.
- A sério? Como é que o fizeste? – perguntou Harry, estranhamente interessado. – Com um Vira-Tempo?
- Harry, os Vira-Tempo são para voltar atrás no tempo. É diferente. – Hermione explicou, assumindo uma postura superior, que não resultou muito bem pois eram 4 da manhã. Ninguém consegue fazer uma postura superior às 4 da manhã. Nem mesmo ela. – Eu sonhei que tinha parado o tempo com… com um beijo.
- Um beijo? Como assim um beijo? – perguntou Harry, fazendo Hermione corar.
- Eu tinha beijado um rapaz e o tempo tinha parado. Eu sei, muito estúpido. – agora Hermione estava mesmo vermelha.
- Que rapaz? – Harry ignorou o último comentário da amiga e agora tinha-se aproximado dela, muito discretamente.
- Não interessa. – disse Hermione energética, ao fechar com força o livro que tinha nas suas mãos.
- O Ron? – perguntou Harry, aproximando-se mais.
- Não.
- O Viktor?
- Não.
- O Neville?
- Não. – Hermione estava a começar a ficar exasperada.
- O Malfoy? – A cada nome dito, Harry ia-se aproximando mais da amiga.
- Blegh! Achas que sim? – A esta altura Hermione começou a duvidar do estado de saúde do seu amigo. O Malfoy? BEIJAR o Malfoy? – Não adianta: nunca vais saber quem é.
- Pelo menos podes dizer-me se o conheço? – perguntou Harry esperançado.
- Pode se dizer que sim. Sim, acho que o conheces. – Como Harry podia ser tão… tão… tão Harry?
Durante mais vinte minutos Harry arriscou todos os nomes de rapazes que lhe vieram à cabeça que Hermione e ele conhecessem. Mas nenhum era aquele que tinha beijado a amiga.
- Desisto. Já não quero saber. – anunciou Harry, ao Hermione negar que não tinha sido Crabbe quem a beijara (ainda bem!).
Hermione deu um dos seus sorrisos vitoriosos. Por muito que tentasse, Harry nunca iria descobrir que fora ele quem a tinha beijado.
- Bem, acho que nunca vou saber não é? – perguntou o rapaz, agora sentindo uma sensação de derrota.
- Só se usares a poção da Verdade em mim, e mesmo assim não sei se te contava. – respondeu Hermione.
Silêncio. Harry e Hermione agora olhavam para os olhos de cada um, sem falarem. Foi nesse olhar que Harry descobriu fora ele quem beijara Hermione. E foi nesse olhar que Hermione descobriu que Harry sabia que tinha sido ele quem a tinha beijado. Sem pensar duas vezes, Harry chegou-se um pouco para a frente e sussurrou ao ouvido da amiga:
- Já sei quem foi. E não preciso a poção da Verdade para saber.
- A… A sério? – gaguejou Hermione, tentando ganhar tempo.
Harry não lhe respondeu. Uniu os seus lábios aos dela, dando-lhe um beijo idêntico ao que Hermione tinha sonhado. E foi esse beijo, dado às 4 da manhã no salão dos Gryffindor, que marcou o início do namoro de dois melhores amigos.
E foi assim que o tempo parou para Harry Potter poder viver.
N/A: Tipo, ficou mesmo short… Mas a ideia era mesmo essa: não ficar muito grande, para não ser cansativa. De qualquer maneira… Nunca vos deu aquela vontade de parar o tempo? A mim sim, e todos os dias da minha vida lamento não haver magia. Bom… Comentem!!!
_*~*_!Rit@_Potter!_*~*_
Comentários (1)
Oooh... Que cute! Amei! E eu amo Harry/Hermione, adorei. Um short bem lindo, com um final melhor ainda! Parabéns!
2011-06-14