Capítulo 1
CAPITULO I
Olhando para o céu, Gina pensou que aquele era o tipo de dia que fazia despertar o que podia haver de melhor na alma de uma pessoa. Até o canto dos pássaros era mais intenso, como se quisessem celebrar a perfeição do clima, antes de tudo voltasse aos tons cinzentos típicos da Inglaterra.
O azul do céu sem nuvens era puro Mediterrâneo, mas a paisagem era inglesa até o âmago. Campos verdes, muretas de pedras, bangalôs floridos com telhados vermelhos, as colinas... Gina pensou que, se um dia tivesse que se afastar de tanta tranqüilidade ia sentir-se só meio viva.
Apertou o braço com mais força, ajeitando o caderno contra o peito. Era jornalista, uma jovem e esforçada repórter da equipe do jornal da região, e estava a caminho de uma entrevista com uma velha senhora.
Na primeira vez que entrou em contato com ela, umas duas semanas antes, a velhinha não se sentia bem para recebê-la. Estava acamada, com uma gripe forte, mas insistiu em que a procurasse mais tarde.
Gina tocou a campainha. Houve um longo silêncio, o que a deixou um tanto preocupado. Teria acontecido alguma coisa? Ia tocar de novo, quando a porta se abriu.
— Entre, entre, querida — convidou-a uma voz suave.
Gina seguiu a figurinha frágil, tomando a direção da sala de visitas, imaginando como uma mulher tão velha podia ter tanta agilidade. A batida firme da bengala no assoalho acompanhava os passos rápidos e decididos, como se fosse a ordem de um sargento obrigando seus homens a manterem o ritmo.
A anfitriã sentou-se numa poltrona de espaldar alto e Gina notou um grampo escapando dos cabelos brancos bem penteados.
— Com licença — disse, e, sem dar explicações, colocou o grampo de volta no lugar, com um gesto delicado.
— Era um grampo? — perguntou a velhinha, com uma risada. —-Eles são a praga da minha vida! Algumas vezes, chego a pensar que têm vontade própria e se recusam a obedecer a meus velhos dedos.
Gina sabia que aqueles "velhos dedos" ainda eram capazes de executar obras de arte, e era esse o motivo de sua visita. A mulher era conhecida como "a rendeira", apesar de ninguém saber para quem fazia seus trabalhos.
Sentou-se num banco em frente à velhinha.
— Meu nome é Sra. Potter, Sra. Sara Potter — disse a mulher, e esperou que Gina anotasse. Depois colocou em suas mãos uma amostra de renda que fez a moça arregalar os olhos. Nunca vira algo tão fino e delicado. — Esta é feita com agulha de crochê muito fina e com o trabalho preso entre um garfo de duas pontas. E esta — tirou um outro entremeio de uma cesta — é feita em tricô, com uma agulha mais comprida do que a comum, para que fique com uma largura maior, como se fosse um tecido. — A sra Potter riu baixinho. — Quando escrever seu artigo, diga que pertenço a um mundo que está em extinção... Um mundo que amava coisas bonitas e delicadas, feitas por mãos habilidosas, e não por máquinas.
— E para quem a senhora faz essas rendas tão bonitas? Ninguém parece saber. Para suas netas, por acaso?
O rosto da velhinha ficou tristonho.
— Ah, querida, tenho quase oitenta anos. Meu único neto já é adulto.
— Sorriu. — Mas um dia, espero, ele me dará uma bisneta.
— É casado, então?
— Não. — Deu uma risadinha. — Mas não perco as esperanças. Ele já está com trinta anos e sempre encontra tempo para passar alguns dias comigo. Toda vez que o vejo, pergunto: se não acha que está na hora de encontrar uma namorada? E ele me responde que já tem meia dúzia. É um malandrão! Chegou a dizer que estaria disposto a casar com as seis, só para me ver feliz. E você, meu bem? — A Sra. Potter enxugou os olhos, úmidos de tanto rir. — Tem namorado?
__ Sim. Dino. Ele trabalha num banco.
__E vai casar com ele?
— É o que espero. Estamos economizando para comprar uma casinha ou um apartamento.
— Muito sensato.
Tomaram uma xícara de chá e continuaram a conversar. Quando se despediu, Gina lembrou a Sra. Potter de manter sua promessa de fazer uma renda bem bonita para enfeitar um vestido.
Podia ter tomado o ônibus, mas, como o dia continuava claro e agradável, resolveu ir a pé, pela trilha entre os campos. Tirou as sandálias e deliciou-se com a sensação da grama. Ao entrar no bosque, sentou-se num tronco caído e calçou novamente as sandálias. Ali o terreno era mais áspero, coberto de ramos e gravetos. Olhou para as folhas da árvore antiga, que projetava uma sombra acolhedora, e não resistiu a seu convite. Deitou-se, aproveitando a quietude só perturbada pelo zumbido dos insetos, o canto dos pássaros e o murmúrio suave da brisa fresca. Tirou da bolsa a amostra de renda que ia servir para ilustrar a reportagem. Admirou os intricados desenhos e, lembrando-se do luxo que cercava a velhinha, dos tapetes espessos e da mobília pesada, de alta qualidade, imaginou de onde viria o dinheiro para mantê-la com tanto conforto.
Uma abelha passou zumbindo por ela e despertou seu sentido do dever. Precisava voltar ao trabalho. Libertando-se do torpor, continuou seu caminho, apressado.
Entrou correndo, em direção à sala de reportagem, esperando que ninguém tivesse notado seu atraso. Estava a ponto de entrar sem ser vista, quando sentiu alguma coisa espetando a sola de seu pé. A dor foi tão forte que não conseguiu dar mais um passo. Apoiou-se na parede, tirou a sandália e extraiu a farpa, resmungando;
— Droga! Parecia um galho de árvore e é só um pedacinho de casca.
— E conseguiu fazer o furacão parar?
— Ora, Colin! — disse Gina, olhando para o rapazinho com desdém. — Pare com essas piadas bobas e vá cuidar de sua vida.
Uma porta se abriu no corredor, mas eles a ignoraram.
—- Por falar nisso, o que esteve fazendo hoje? — perguntou o Office boy. — Só um desastre nacional a faz ficar sem sua xícara de chá. O que aconteceu?
— Tomei chá com uma senhora. E devo dizer que foi muito mais gostoso do que o que você costuma nos servir.
— Obrigado pelo elogio, Gina, que rima com Katrina. — Estranhando a falta da reação violenta que sempre seguia sua provocação, o rapaz continuou, enquanto ela esfregava a sola do pé: — Esteve andando descalça outra vez? Que coisa feia! Não deixe Dino saber disso. Ele pode não querer casar com uma moça tão sem modos!
Dessa vez, Colin conseguiu a reação que queria. Agachou-se rapidamente para fugir da sandália atirada com fúria. Ela passou por cima dele e foi apanhada com destreza por um homem que estava parado na porta da sala do editor-chefe.
— Agora você conseguiu — murmurou Colin. — Aquele ali é um sujeito importante que estava conversando com o Sr. Slughorn. Quero ver como vai se livrar dessa! — Desejando boa sorte a Gina, afastou-se quase correndo.
Os olhos que a encaravam, a uns três metros de distância, eram estupidamente verdes, inquiridores e zombeteiros, e a examinaram dos pés à cabeça: os cabelos ruivos ondulados despenteados pelo vento, os olhos francos e amendoados, a covinha obstinada no queixo. Passaram pela blusa com decote em "V", a calça justa, e pararam por longo momen¬to observando primeiro seu pé calçado e depois o outro, sem a sandália.
Tudo isso levou apenas alguns segundos, mas, para Gina, pareceram horas.
Aqueles olhos calculistas a despiram de toda a dignidade, e, enquanto se dirigia ao homem, mancando, estendeu a mão num gesto de súplica. Esperava que ele lhe entregasse a sandália, e foi com desapontamento que o viu escondê-la atrás das costas. Não havia outro jeito: teria que pedir desculpas.
Murmurou algumas palavras formais, mas o homem continuou parado como uma estátua. No entanto, seus olhos denunciavam que estava se divertindo com sua aparência desajeitada.
— Antes de devolver a sandália... Se eu resolver devolvê-la... Gostaria de saber seu nome.
Gina lançou um olhar assustado para a sala do diretor. Estava vazia.
— Ele não está aqui — disse seu torturador. — Foi atender a um chamado.
Gina repetiu sua súplica sem dizer o nome. Estava ficando nervosa. Não que tivesse medo do Sr. Slughorn. Normalmente, seu chefe agia com compreensão e tolerância, mas talvez se esquecesse do bom humor, se descobrisse que um de seus repórteres havia atirado um sapato numa visita importante.
— Seu nome? — insistiu o homem, num tom exageradamente educado.
— Gina Weasley — disse ela, afinal, lutando contra a irritação. Estendeu a mão para receber sua propriedade.
— Foi o que imaginei. — Um leve sorriso surgiu nos lábios dele e, por um momento, pareceu um gato esperando por uma presa.
A sandália foi entregue a dedos que já estavam ficando rígidos de raiva. Depois de devolvê-la, o homem voltou a assumir sua postura de visita importante. Gina notou suas feições regulares, sua altura, o terno caro e o ar de suprema autoconfiança e autocontrole. Só podia ser muito rico, pensou, recuando como se estivesse com medo de alguma contaminação. Apesar da sua beleza máscula, dos olhos verdes e da boca bem-feita, agora sorridente, Gina não gostou dele. Não pelo homem em si, claro, mas por causa de seu ar aristocrático e de sua atitude, a de quem sempre consegue o que quer.
Agradeceu, calçou a sandália e entrou na sala da reportagem para escrever a matéria com a rendeira. Sentiu-se bem ao se ver sozinha.
Depois daquele encontro, precisava de algum tempo para recobrar seu equilíbrio, apesar de não entender bem por quê. Consultou suas anotações feitas durante a entrevista.
— Meu filho fabrica roupas — dissera a velhinha.
— Que tipo de roupas?
— Oh, coisas de mulheres, sabe? Vestidos bonitos.
Gina não insistiu no assunto. Afinal, estava lá para entrevistar a rendeira, não para saber de seu filho.
— Srta. Weasley. — O editor abriu a porta. — Estive a sua procura. Tenho uma visita que espero que conheça.
Surpresa, ela ficou olhando para o chefe com um ar perplexo. Sua vontade foi dizer: não quero conhecer seu visitante. Mas era melhor ficar calada. Como poderia explicar sua relutância?
— Tem um minuto para se arrumar e ir a meu escritório.
A insinuação ficou bem clara. Olhando-se no espelho, Gina teve que concordar com o chefe. Tirou algumas folhinhas secas dos cabelos, escovou-os até ficarem novamente brilhantes, aplicou uma leve camada de pó e um pouco de batom. Então, parou. Por que estava se importando com o tal visitante do Sr. Slughorn? E, afinal, por que ele queria apresentá-lo?Sentia-se como um cãozinho arrumado para uma exposição, quando entrou na sala do editor.
Ele falava com o homem num tom persuasivo, como se quisesse lhe vender alguma coisa. Ao vê-la, começou uma ladainha de elogios que a fez sentir-se um produto de má qualidade que o chefe pretendia 'empurrar" para um comprador não muito entusiasmado.
— Ora, Srta. Weasley acho que me deixei levar pelo entusiasmo, ao expor suas qualidades. Esqueci de apresentá-la. Este é o Sr. Potter, Sr. Harry Potter. A Srta. Weasley é uma das jóias de minha equipe de reportagem.
— Nós já nos vimos antes, não é? — Gina teve vontade de dar-lhe uma bofetada para apagar aquele sorriso. — Tenho a impressão de que seu rosto não me é estranho.
Não entendendo, o editor falou, quebrando o silêncio tenso:
— Acho que não, Sr. Potter. Uma moça bonita como a Srta. Weasley não passaria despercebida a qualquer homem!
— Tem razão — disse Potter, sentando-se novamente. — Devo ter confundido com outra pessoa.
— Mas tenho certeza de que a Srta. Weasley já ouviu falar do senhor...
— Editora Potter? — interrompeu Gina, surpresa. — É claro! Publicam... —E desfiou uma lista de nomes de revistas.
— Estou orgulhoso, Srta. Weasley — disse o Sr. Slughorn. — Vejo que está bem atualizada com o mundo editorial. Isso deve impressionar ainda mais nosso visitante, não é? — acrescentou, com um sorriso brincalhão.
— Sem dúvida.
Gina ficou olhando de um para o outro, perplexa. Afinal, o que estava acontecendo?
— O Sr. Potter tem uma proposta a fazer. Um cargo numa de suas revistas. Mas, por favor, fale o senhor mesmo.
Harry Potter abandonou seu ar ligeiramente tolerante e provocador e tornou-se o homem de negócios. Em palavras claras e concisas, explicou que tinha vindo fazer uma breve visita ao Sr. Slughorn, a quem havia sido apresentado durante um jantar em Londres, e terminara por mencionar que procurava uma jornalista com uma mente alerta e um enfoque mais moderno de seu trabalho para preencher um cargo editorial numa de suas revistas.
— Que tipo de cargo editorial? — perguntou Gina, cautelosa e um pouco desconfiada.
— Editora de moda.
— Moda? Lamento está fora de minha linha. O chefe não conseguiu conter a surpresa.
— Mas, minha querida, uma oportunidade dessas...
Harry Potter estava francamente ofendido. Cruzou as pernas com um gesto altivo e começou, num tom ríspido:
— Ouvi falar tantas maravilhas de sua esperteza e inteligência, que achei que não haveria nada fora de seu alcance. Vamos deixar isto claro: estou lhe oferecendo o cargo de editora-chefe...
— O quê? Mais impossível ainda. Completamente fora de questão.
— Estou lhe oferecendo o cargo de editora-chefe — ele continuou, como se ela não tivesse falado — de uma revista, Salon. Imagino que deva conhecê-la. Trata exclusivamente da moda em nível de alta costura. O salário é muito bom. — Mencionou uma soma que a fez ficar boquiaberta. — As perspectivas também. O que estou querendo dizer é que temos muitas outras publicações, algumas de fama internacional, e que, se fizer um bom trabalho, não haverá barreiras para seu progresso dentro da empresa.
"Ele está mostrando uma isca grande e suculenta", pensou Gina. — Não vim fazer propaganda do cargo — continuou Harry Potter.
— Ele fala por si. Se a senhorita acha que não tem a necessária capacidade, inteligência ou jeito para esse tipo de jornalismo, então...— Encolheu os ombros, parecendo a ponto de se despedir. — Estou perdendo meu tempo.
Ela fez um gesto com a mão.
— Um instante...
Mas ele se levantou. E Gina também.
— Sentem-se, por favor — suplicou o Sr. Slughorn, sentindo que a situação estava fugindo de seu controle. Ambos obedeceram, e ele sorriu para seu visitante. — Talvez a Srta. Weasley esteja só impressionada com as mudanças que um cargo desses acarretaria na vida dela. O senhor deve entender, é uma mocinha do interior. Não é verdade, meu bem?
— A senhorita nasceu aqui? — havia dúvida na voz de Harry Potter.
— Sim, e nunca morei em outro lugar.
— Eu a vi crescer — continuou o chefe, com indulgência. — Temos registrado em nossos arquivos todos os seus sucessos na escola, e não perdi tempo em convidá-la para estagiar aqui. Sempre achei que tinha um talento especial para o jornalismo e não me arrependo...
As dúvidas do Sr. Potter pareciam estar se multiplicando.
— Quer dizer que nunca tentou um outro tipo de jornalismo?
— Não — respondeu ela, intrigada com aquela aparente mudança de atitude. — Mas estou certa de que...
Ele balançou a cabeça. O Sr. Slughorn apressou-se a intervir:
— A Srta. Weasley é muito caseira, mas...
Gina fez uma careta e Harry Potter sorriu. Ela sentiu o cargo escorregando por entre os dedos. Quando estava à sua disposição, fora a primeira a recusar, mas agora, vendo a isca ser retirada, teve vontade de agarrá-la com unhas e dentes, antes que fugisse.
O Sr. Potter deu uma olhada para o relógio e levantou-se. Olhou atentamente para Gina.
— De qualquer modo, a pessoa indicada para esse cargo em particular precisaria ter muito mais atributos do que a Srta. Weasley parece possuir. — Olhou-a de alto a baixo, examinando sua aparência casual, quase desleixada. — Um sentido para as roupas, o gosto pela moda, uma certa dose de sofisticação e, acima de tudo, uma agressividade quase felina para ser usada na competição com as editoras das outras revistas. — Fez uma pausa. — Eu poderia colaborar, é claro, mas acho que nem vale a pena...
— Mas, Sr. Potter...
Ele devia ter notado o desapontamento em seu olhar, porque perguntou, com uma leve impaciência:
— Sim?
— O senhor mudou de idéia completamente? Retirou sua oferta?
Apanhado de surpresa pela atitude franca de Gina, ele pareceu hesitar. O Sr. Slughorn tentou agir como mediador.
— Não seria melhor os dois irem a algum lugar para conversar com mais calma? — Sorriu para o outro. — Tenho muito pouco mais a acrescentar a meus elogios quanto ao caráter e à capacidade da Srta. Weasley. E posso lhe garantir, com absoluta certeza, de que ela está à altura do cargo.
Harry Potter ficou pensativo por alguns instantes. Depois se virou para Gina, com um ar decidido.
— Srta. Weasley, esta noite vou jantar no hotel. Se quiser me acompanhar...
Gina sabia que agora não podia hesitar. De repente, sentia uma enorme necessidade de ficar com aquele emprego. Mostraria ao arrogante editor do que era capaz.
— Ficarei encantada em jantar com o senhor — disse, com um sorriso que mostrava uma confiança que só ela sabia que era inteiramente falsa.
Gina estava penteando os cabelos no toalete, quando ouviu o barulho da moto de Dino, que chegava para levá-la para casa. Pegou seu capacete, que guardava no armário do vestiário, e saiu correndo para frente do prédio.
Dino esperava pacientemente, como sempre, e eles trocaram sorrisos. O barulho da moto tornava qualquer conversa impossível. Gina sentou-se na garupa e passou os braços pela cintura do namorado. Os dois olharam para trás para ver se a rua estava livre e Gina viu um luxuoso carro vermelho acelerar para ultrapassá-los. O homem ao volante sorriu e acenou de um jeito que ela achou um pouco debochado.
Gina sentiu o sangue ferver. Começou a censurar-se por ter aceitado seu convite. Ele que ficasse com seu rico emprego! Em duas horas, teria o prazer de dizer-lhe isso bem na cara!
Se conseguisse se comunicar com Dino por sobre o barulho da moto, lhe contaria sobre o jantar com aquele pedante. Mas, de qualquer modo, ia recusar o emprego. Não podia trabalhar para alguém como ele.
Dino deixou-a na porta de casa, dizendo que estava com pressa porque ia fazer algumas horas extras no banco, naquela noite. — Posso vir amanhã? Você não vai ter que cobrir nenhum jantar ou reunião?
— Não. Terei a noite livre. Beijaram-se rapidamente e Dino partiu. Gina encontrou a mãe na cozinha.
— Não faça nada de especial para mim, mamãe. Vou jantar fora.
— Com Dino? — A mãe pareceu surpresa.
— Não. — Gina deu uma risada. —- Você sabe muito bem que ele se recusa a "desperdiçar" dinheiro, como costuma dizer, comendo fora. Prefere comida caseira!
— Ele não vai se queixar, quando casar com você.
— Se casar — disse a moça, e ficou um pouco surpresa consigo mesma.
— Se? — A Sra. Weasley virou-se para ela. — Está com dúvidas?
Fez que não e mudou rapidamente de assunto:
— Você nem vai acreditar, quando eu lhe disse com quem vou jantar hoje.
— Vamos, querida, não me deixe em suspense.
— Com um homem chamado Potter, Harry Potter. O dono daquela editora que publica um monte de revistas.
A mãe não poderia arregalar mais os olhos, mesmo que quisesse.
— Não diga.
Gina fez uma pausa e olhou para ela, um pouco incerta. Como iria receber a notícia?
— Ele me ofereceu um emprego: editora numa revista. — Ao dizer as palavras, achou que aquilo parecia um sonho impossível. A boca da
Sra. Weasley ficou tão aberta quanto seus olhos, e Gina continuou: — Mas vou recusar. Eu teria que ir trabalhar em Londres, ficar longe de casa...
— Mas é uma oportunidade maravilhosa, querida! Não pode desperdiçá-la! Pense melhor no assunto!
— Papai não vai gostar. Você sabe como ele sempre foi contra eu ser jornalista. Vive dizendo que não é um trabalho seguro nem adequado para uma moça.
— Ora, querida, nem mesmo ele vai querer que você perca um emprego tão importante como esse. Estou certa de que vai acabar concordando.
Mas o pai não concordou.
— Não quero minha filha participando de um mundo de inveja e competições. Sei que já é adulta, mas também é jovem demais para enfrentar os tipos que vai encontrar. Ela fez bem em recusar a oferta — disse, virando-se para a mulher. — Gina tem mais juízo do que eu pensava, apesar de ter feito uma bobagem ao entrar para o jornalismo. — Dirigiu-se á filha. — O que tem a fazer é arrumar um emprego num escritório, onde poderá continuar trabalhando depois de casar.
Gina tomava uma xícara de chá enquanto os pais jantavam. Estremeceu, ao ouvir aquelas palavras. Emprego num escritório? Sentiu-se sufocada só ao pensar em ficar fechada numa sala o dia inteiro.
Enquanto olhava para as roupas penduradas no armário, na maioria feitas por ela mesma, lembrou-se do olhar de desdém de Harry Potter ao enumerar as qualidades necessárias para o emprego que estava oferecendo. Mostraria a ele.
Escolheu uma blusa branca que levara semanas fazendo. Era toda de renda e preguinhas, o que lhe dava um ar ao mesmo tempo romântico e juvenil. Usada com calça preta de seda pesada e um cinto largo formava um conjunto dramático e moderno. Penteou os cabelos, desejando não ter aqueles cachos que teimavam em lhe cair na testa. Como alguém poderia parecer sofisticada com cabelos assim?
Finalmente, terminou de se arrumar e olhou-se no espelho com um ar crítico.
- Se o Sr. Potter não gostar de minha aparência — resmungou — que vá para o inferno!
-------------------------------------------------------------
N/A: Por favor, perdoem possíveis erros... mas é que , mesmo estando um pouco atolada, queria postar logo! De qualquer forma, tenho uma prova importante domingo e meus nervos não vão muito bem rsrsrs, talvez eu tenha esquecido de adaptar algo... avisem-me ok?
E eu não pretendo atrasar muito atualizações... provavelmente deva postar a cada final de semana ou até menos...
Me digam se gostaram! Bjosss!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!