Capítulo Único
Título: Luz, paraíso e decodificação.
Autor: Stephanne Fernandes
Ship: Snape/Lily
Classificação: Livre
Gênero: Drama/Romance
Sugestão: Leia escutando Decode – Paramore
Dia frio, extremamente frio. A neve me trazia lembranças que eu tento esquecer há muito tempo. Tudo que eu podia sentir agora era o ódio me corroendo. Ela não tinha culpa de nada disso, o problema era comigo. A ira me dominava cada vez mais a cada segundo que se passava e eu não podia me controlar. Senti alguns flocos de neve caindo sobre mim, mas eu não liguei. Se essa porcaria já havia me feito mal, que deixe-a aí, não faria diferença para mim. Apertei um pouco mais meus braços ao redor de meu corpo para me proteger do frio e para impedir minhas mãos de fazer algo inusitado. Deixei meus pensamentos voarem, livres, para certos dias em meu passado que estavam gravados como tatuagem em minha alma. Senti minha visão embaçar e minha raiva só aumentou: eu não ia chorar. Eu não podia. Todo o esforço que ando fazendo para afastar Lily Evans – porque me recuso a chamá-la de... Lily Potter – de minha mente fora jogado fora por causa de um momento de fraqueza. Hoje, se ela estivesse viva, seria o dia de seu aniversário e eu não pude impedir que o seu rosto fosse a minha primeira visão do dia. Tudo bem, isso era rotina, isso sempre acontecia. Mas hoje eu senti que havia sido diferente. Afastei as lágrimas de cólera e deixei-me observar o horizonte, tentando me acalmar. Ela nunca entenderia a falta que me faz, muito menos o amor que sinto por ela, mesmo ela não vivendo mais conosco nesse mundo injusto. Cada batida do meu coração era particularmente dedicada a àquela ruiva e a mais ninguém. Isso deveria ter algum valor, não é? Mas o que me fazia se sentir tão furioso era o fato de eu não conseguir aprender, de não conseguir entender que ela nunca voltará. É impossível. E amá-la seria apenas um desperdício, já que esse amor nunca poderia se tornar real novamente. Sim, ele já havia sido real. Instantaneamente, uma forte imagem do passado preencheu minha mente.
FLASHBACK
Estiquei meu braço esquerdo timidamente e toquei sua mão. Estava quente e terna, isso me fez relaxar um pouco. Deixei meu lábios tocarem lentamente sua pele macia, em um respeitoso sinal, Lily sorriu para mim e eu fiquei tonto por um segundo. Sua beleza hoje estava além do possível e eu achava que isso não podia acontecer. Seus cabelos sedosos estavam presos em um coque na nuca, com alguns fios soltos, modelando seu rosto bonito. Seus olhos brilhavam feito esmeraldas na minha direção e um vestido longo e esplendoroso, de cetim envolvia seu corpo. Suas sandálias de salto faziam-na ficar próxima a minha altura e ela não precisava levantar tanto o rosto para me ver. Pude perceber que o sorriso nunca saia de seus lábios, portanto ela estava feliz. Isso foi o bastante para me fazer sair do transe e pensar em algumas palavras para dizer.
- Você está tão bonita, Lily. Linda! Fico feliz por você ter aceitado ir ao Baile de Inverno comigo. – eu disse, com a voz fraca.
- Obrigada, Sev. Você também está ótimo. Olhe só, está tão chique com essas vestes a rigor! – ela riu, enquanto tocava minha roupa. Eu corei. Em resposta, eu sorri. Delicadamente, uni nossas mãos e a apertei levemente. Caminhamos de mãos dadas até o Salão Principal e eu fingi não ligar para os olhares críticos que muitos nos lançavam. Afinal Lily Evans era perfeita demais para ser a acompanhante de Severus Snape, o estranho.
- O que foi, Sev? Você parece estar nervoso.
- Não, está tudo bem. Eu só... – não dava para dizer o que eu planejava para essa noite e muito menos dizer que isso estava me tirando o sono há meses – estava pensando...
- E eu posso saber em que? – ela disse sorrindo, ainda segurando minha mão enquanto adentrávamos o belo salão, decorado da melhor forma possível. Essa noite era perfeita e eu não podia deixar essa oportunidade escapar. Hoje era a noite ideal, como eu havia planejado, e com uma pitada de sorte tudo daria certo e o meu sofrimento acabaria. Para sempre, talvez.
- Mais tarde você vai saber, apenas confie em mim. – eu lhe respondi carinhosamente. Ela sorriu para mim em compreensão, como sempre fazia. Ela me entendia como ninguém, ela parecia ler minha mente como se soubesse legilimência desde que nasceu. Era incrível e assustador achar que ela sabia o que eu estava pensando a todo o momento, descobrindo meus segredos mais obscuros. Que eu pretendia revelar essa noite.
Caminhamos pelo vasto salão juntos, procurando por conhecidos e decidindo onde iríamos nos sentar. Ignorei meus colegas sonserinos que acenavam para mim, já que ela não gostava deles e eu pretendia respeitar todos os seus desejos hoje. Acho que eles já estavam acostumados com meu comportamento quando Lily estava presente. Assim, ela me indicou uma mesa onde duas amigas suas grifinórias estavam, ao lado de seus pares, acenando para a ruiva. Eu fingia gostar daquelas duas para agradá-la, mas a verdade é que eram duas metidas e chatas. Eu sabia que elas não admitiam a amizade tão forte que estava entre mim e Lily – no meu caso, era algo a mais – e diziam para ela parar de andar com alguém como eu, tão inútil, inseguro e alheio. Isso não me incomodava pois eu sabia que apenas algo muito ruim estremeceria esse nosso laço e eu faria de tudo para nada disso acontecer.
- Você se importa se nos sentarmos um pouco com elas? – perguntou a ruiva, fazendo eu acordar de meus devaneios.
- Não, sem problemas.- eu respondi, tentando parecer convincente, mas sem sucesso. – É sério, eu não ligo.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Ok, então.
Ela me arrastou até aquela maldita mesa e eu fingi estar à vontade. Até mesmo fui devidamente educado com todos eles, apesar de não acontecer o contrário. Eu já estava acostumado a ser mau tratado por grifinórios insignificantes mesmo. E eu sabia que um dia eu teria minha vingança contra todos eles, eu não tinha pressa quanto a isso.
Passamos boa parte da noite sentados com alguns amigos de Lily ou dançando músicas mais lentas – eu não era o que podemos chamar de bom dançarino e eu realmente odiava dançar, mas o que eu não fazia para agradá-la? Ela pareceu estar gostando, então, isso já bastava.
- Lily, podemos conversar? – eu perguntei, cautelosamente, depois de uma longa dança desajeitada, onde eu fui levado pela pista como um cachorrinho. Mas se fosse necessário, eu não ligava de ser o cachorrinho de Lily Evans. Que patético isso.
-Algum problema, Sev? – ela mostrava preocupação em sua voz. E se ela não quisesse nem mesmo a minha amizade após o que eu iria dizer? E se ela quisesse que eu sumisse de sua vida? O que eu faria? Não, ela não faria isso. Não combinava nada com ela, eu imaginava que não.
- Não, mas é que eu acho que deveria dizer uma coisa de uma vez por todas.
- Meu Merlin, você está me deixando preocupada! Fale logo, Severus!
- Não precisa se preocupar, é algo comigo...
Ela me encarava com os olhos cheios de tensão, de braços cruzado, no meio da pista de dança.
- Primeiro, acho que deveríamos sair daqui, Lily. Não seria agradável dizer o que quero no meio de uma pista de dança lotada.
Ela assentiu e nós saímos do grande salão abarrotado de alunos, direto para os jardins. Eu pude perceber que ela não conseguia conter a curiosidade: apertava as mãos freneticamente, andava mais rápido que o necessário e mantinha os músculos rígidos. Eu sorri levemente, como se eu não me lembrasse do que estava prestes a fazer. O que será que ela imaginava que era? Lily Evans era a pessoa mais curiosa que eu conhecia – e quando queria também era a mais teimosa e a emburrada mais linda do mundo – mas eu realmente não podia imaginar o porquê de tudo isso. Será que ela já sabia o que eu queria dizer e estava planejando como me renegar sem parecer to grossa? Acho que a idéia de desistir fazia meu estômago parar de se revirar.
-E então? Acho que estamos longe o bastante e totalmente a sós.
Eu suspirei e olhei ao meu redor. Ela tinha razão. Eu não tinha mais tempo para adiar e não havia como desistir, eu havia tomado essa decisão e eu contaria a ela todos os meus sentimentos agora, nesse exato instante.
- Lily, antes de mais nada, eu queria que você não ficasse brava comigo, eu precisava fazer isso antes de ficar completamente louco. Olha, eu não sou muito bom com palavras, você sabe disso. Sou péssimo para me expressar, acho que nunca troquei tantas palavras com alguém como com você. Nem mesmo com minha mãe. Você é extremamente especial.
- Eu... não estou entendo onde quer chegar, Sev.
- Acho que sabe sim, Lily. Anda gravado na minha testa, letra por letra, e não consigo mais esconder isso. Todo mundo já sabe, inclusive você. Por favor, eu só preciso que você aceite a realidade, você não precisa corresponder esse meu sentimento.
- Espere aí, você quer dizer que...
- Que estou completamente e irrevogavelmente apaixonado por você. Me desculpe.
Eu a encarei, meus olhos tímidos e receosos, esperando que ela começasse a me bater ou que ela começasse a gritar ou que ela simplesmente se levantasse e me deixasse lá, sozinho e com cara de idiota.
- Sev, eu não acredito nisso.
- Eu sei, eu sei. Eu não devia fazer isso! Mas eu já não posso mais controlar ou esconder o que eu sinto. Me desculpe. – eu me desculpei de novo.
- Pare de se desculpar, Sev! Você não fez nada de errado, você apenas... ama. E merecia estar na grifinória por ter tamanha coragem para amar, assumir e ainda arcar com as conseqüências, sejam elas boas ou ruins.
Eu fiz uma careta. Ser um grifinório? Nem pensar!
- Ninguém nunca disse coisas assim para mim, ninguém nunca pareceu se importar tanto comigo como você se importa. É como se você fosse meu porto seguro, como se você me protegesse de algum mal ainda desconhecido. Eu te agradeço para sempre por isso. – ela continuou.
- Eu entendo que você goste de mim também, apesar de ser de um jeito diferente. Apesar de não ser do jeito que eu gostaria. – eu abaixei a cabeça e encarei os meus pés.
- Sev, escute. Eu posso nunca ter pensado na importância crucial que você faz em minha vida, posso nunca ter percebido o quanto você é especial e o quanto eu sofreria se te perdesse de algum jeito. Eu assumo: eu nunca percebi o quanto eu te amo.
Ergui a cabeça rapidamente e percebi que lágrimas escorriam pelo seu pálido rosto.
- Não chore, doce Lily. Por favor, eu entendo perfeitamente que você prefere manter entre nós apenas a amizade. Isso não me faz mal, o que me feria era não te dizer como eu me sentia ao estar ao seu lado. – eu ruborizei ao dizer essas palavras. Eu nunca pensei que um dia diria coisas assim, fosse para quem fosse.
- Você não está entendendo, Sev. Eu não estou querendo dizer isso. Estou tentando te mostrar que você abriu meus olhos, iluminou meu caminho, a minha escuridão. Agora eu posso perceber o quanto gosto de você e o quanto você me faz bem. Por favor, fique ao meu lado agora. Preciso pensar e não tomar decisões precipitadas.
Puxa, eu não imaginava que ela agiria de um jeito tão complexo. Isso me deixou atordoado. Ela encostou a cabeça em meu ombro e eu passei meu braço ao redor de sua cintura e assim ficamos por um tempo. Lily precisava pensar e ela teria todo o tempo necessário para isso. Para quem esperou tanto, alguns minutos não faziam diferença. Ainda mais para um coração que antes imaginava não ter chance nenhuma e agora pôde receber um pouco de esperança. Era como uma luz no fim do túnel.
FIM DO FLASHBACK
As lembranças do dia em que me declarei me emocionaram mais ainda, era como se eu até mesmo conseguisse sentir sua presença ao meu lado. Isso era confortante, pelo incrível que pareça. Fechei os olhos e deixe-me envolver por aquele momento. Era tão difícil amar alguém inatingível, impossível de se ter. Como ela pôde fazer isso? Ela me jurou amor eterno, mas o nosso “Felizes para Sempre” não chegou a nos encontrar. Por que ela? Por quê? Poderia ser qualquer inútil pessoa, mas teria de ser logo quem eu amava, quem eu daria a vida para salvá-la. Sim, ela morreu. Eu não posso fazer nada. Além do mais, se ela ainda vivesse, eu não seria o dono de seu coração. Potter, maldito Potter. Em uma época, eu nem ao menos precisava me preocupar com ele. Eu era o especial, eu era quem ela amava. Até a bifurcação aparecer e ela escolher o caminho errado.
FLASHBACK
-Sev, querido, você está atrasado. – ela disse, mas com um sorriso. Ela não ligava para o meu atraso, já que essa fora a primeira vez que eu o fiz. Sorri também, e encostei meus lábios nos dela, suavemente, como um cumprimento.
- Me desculpe, linda Lily, eu estava na aula de poções.
- Sinceramente, Sev, acho que você gosta mais daquelas suas poções do que de mim!
Eu ri daquele absurdo. Nada pode ser melhor do que ela, nem mesmo minhas amadas poções.
- Claro que não, Lily! Largue de ser exagerada, você sabe que nada no mundo pode me fazer tão feliz, além de você. – eu a envolvi em um abraço forte e beijei-lhe o topo da cabeça. Era tão inacreditável pensar nela como alguém que agora não era apenas minha amiga, mas sim minha namorada. Ela sorriu ao meu abraço e descansou sua cabeça em meu peito.
- Sev, eu te amo.
- Não tanto o quanto eu amo você.
E aqueles lábios vermelhos, lábios tão bonitos que eu não posso esquecer, me atraíram como um imã. Aproximando-se devagar, nos encontramos em um beijo. Calmo e delicado. Transbordando amor e sentimento, onde a dança das nossas línguas formavam um verdadeiro espetáculo. E assim, eu me encontrava no paraíso.
FIM DO FLASHBACK
Eu encontrei a luz, eu encontrei o paraíso, mas agora não me resta mais nada. Eu te perdi para os céus, eu te perdi para outro homem. Você não estava destinada a mim, creio. Se estivesse, teria dado certo. O problema é que ninguém nunca criou um antídoto para o amor e quem seria eu para fazê-lo? Eu estava condenado sofrer por ela para todo o sempre e eu não podia fazer nada para mudar essa condição. E que tipo de homem eu sou? Se eu for mesmo um homem. Eu precisava enfrentar, superar isso. Do que adianta eu sofrer, sem nem ao menos tentar me recuperar? Eu estou aqui, mas você não está e nunca mais estará. Eu estou gritando eu te amo, mas meus pensamentos você não pode decodificar.
N/A: Então, Isa, espero que tenha gostado ! Fiz com muito carinho, tentando coloca rum pouco de algumas cosias que você gosta! Espero que tenha conseguido ;P beijos!
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