O Povo da Floresta



- Gina! – gritou Harry tentando chamar a atenção da esposa.

Fazia uma semana que Gina não falava com ele, uma semana inteira com ele tentando de todas as formas se desculpar por algo que ele não tinha culpa, tudo bem que ele havia sido descuidado, mas também não era para tanto! Ele havia se distraído (não que algum dia ele vá confessar isso a alguém) com os pensamentos de Gina, ela estava tão preocupada com os que foram ajudar Bor e Bã que nem ao menos conseguia se controlar o suficiente para entrar na mente de algum deles, Harry estava tentando mostrar para ela que estava tudo sobre controle, mas o nervosismo dela o bloqueava, quando finalmente ele conseguiu entrar na mente dela, tudo que conseguiu mostrar-lhe foi ele se machucando, ele se considerava um jumento por causa disso e agora Gina o ignorava completamente, tentando com certeza fazer com que ele se sinta o pior homem do mundo, ele tinha que confessar que ela estava conseguindo.

- Desista Harry. – falou Lince aparecendo do nada ao lado dele, não era preciso dizer que ele se assustou com isso. – Você anda muito desconcentrado ultimamente, é por isso que Gina não está falando com você ainda, ela acha que você não aprendeu a lição.

- Quer dizer que ela está me evitando porque eu ando desatento? – perguntou Harry irritado, se perguntando onde ele estava com a cabeça para se apaixonar por uma Weasley? Ele sabia desde sempre que os Weasley são esquentados e malucos, mas ele tinha que se apaixonar por um deles, é ele definitivamente merecia o que estava passando, quem sabe numa próxima vida ele não se apaixona por alguém menos esquentado.

- Harry. – começou Lince complacente, ela parecia estar se divertindo com a situação do afilhado, Harry sorriu ironicamente para ela, pensando que ao menos alguém gostava do que estava acontecendo, ela revirou os olhos e prosseguiu. – Eu sei que está preocupado com a Gina e tudo mais, mas enquanto você não voltar ao seu estado “guerreiro”, Gina não vai voltar a falar com você, ela está sendo muito radical, mas é o único jeito que ela encontrou de fazer você perceber o quanto ela está preocupada por você não prestar atenção nas coisas que acontecem ao seu redor, se fosse alguns dias atrás você nunca seria pego de surpresa por mim, a menos que eu quisesse é claro.

Harry soltou um bufo, estava totalmente frustrado agora, ele sabia que Lince estava certa (como sempre), ele tentou ficar mais atento por todo aquele dia, e no final dele Gina veio falar com ele, Harry estava no quarto deles lendo alguns pergaminhos que ele tinha encontrado na biblioteca real, os pergaminhos eram incríveis, a maioria era sobre magia extremamente avançada e quase todos foram escritos por Merlin e um homem chamado Talyesin, Harry ficou muito surpreso ao descobrir que esse homem havia sido o mestre de Merlin e de todos que participaram da Armada de Merlin original, então dá para imaginar o que aqueles pergaminhos continham. Foi ai que Harry ouviu passos vindos em direção ao quarto, ele seria capaz de reconhecer aqueles passos mesmo sem a ajuda do perfume floral que invadiu o quarto antes mesmo da dona dele abrir a porta.

Quando Gina abriu a porta ele já tinha colocado os pergaminhos cuidadosamente dobrados em cima do criado mudo e sorria calorosamente para ela, Gina sorriu de volta sabendo que ele tinha pressentido sua aproximação, o que significava que Harry tinha retornado ao seu estado “guerreiro” como Lince dissera.

- Então finalmente você resolveu voltar ao normal? – perguntou Gina se aproximando e se sentando na beira da cama, encarando fixamente Harry.

- Sinto muito por ter ficado tão distraído, sei que na situação atual isso não é nada aconselhável, mas eu estava mais preocupado em fazer você me perdoar. – ele disse com cara de coitadinho, se fosse o Sirius ele estaria com cara de cachorro abandonado, mas como era ele e não Sirius sua cara era de coitadinho mesmo.

- É eu sei. – Gina falou um pouco desconfortável, as bochechas dela ficaram levemente rosadas, ela estava tentando se desculpar, mas para alguém tão teimoso e cabeça dura se desculpar era um verdadeiro sacrifício, Harry já ia falar que não precisava das desculpas dela, mas ela foi mais rápida. – Eu falei com a Lince e ela me fez perceber que eu estava sendo criança, você não tem culpa de ter se machucado e eu devia ter apoiado você, te ajudado enquanto estava se recuperando do ferimento e não brigado e gritado quando você chegou, eu sinto muito por isso, mas eu tive tanto medo de te perder que…

Ela não conseguiu continuar, lágrimas tinham aparecido nos belos olhos castanhos dela quando esta começou a falar, e naquele momento suas lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto, Harry se aproximou dela e enxugou suas lágrimas uma a uma com as mãos, inclinou seu rosto e beijou-a com todo ardor que pôde colocar naquele beijo, estava morrendo de saudade dela, afinal fazia uma semana que ele não podia se perder no gosto dela, suas mãos traçaram um caminho conhecido até o zíper do vestido dela, abriu-o tirando o vestido dela sem desgrudar dos seus lábios, Harry ainda sentia a mesma coisa que sentiu no primeiro beijo deles, o monstro em seu peito rugia feliz, calafrios percorriam seu corpo, uma felicidade enorme o fazia temer explodir e ele perdeu completamente o sentido de tempo, não sabiam se tinham se passado segundos ou minutos enquanto se beijavam ardentemente, mas já não se importavam com isso, logo puderam sentir que estavam totalmente sem roupa, Gina era a mulher mais linda que existia no mundo, pelo menos para Harry, ele nunca se sentiu tão completo como quando estava com ela e tinha a impressão que jamais se sentiria.

Harry e Gina perderam completamente a hora, acabaram não jantando, quando olharam pela janela já era noite, no outro dia acordaram um nos braços do outro, o que foi o suficiente para ambos abrirem um sorriso de orelha a orelha, estavam com saudade de dormir abraçados, quando estavam brigados, Gina obrigou Harry a dormir no sofá que ele teve que conjurar na sala de reuniões, bom, pelo menos era assim que eles chamavam a sala que unia os quartos do membros do Sexteto da Morte.

Quando chegaram para o café da manhã Harry e Gina perceberam um clima tenso, Arthur parecia preocupado com alguma coisa, não puderam pensar em nada que pudesse preocupá-lo, sim, estavam em guerra, mas o exército dele estava quase completamente reunido, apenas alguns barões ainda não tinham se unido, mas já estavam a caminho e eram poucos, não ouve qualquer ataque de Malagaunt nas últimas semanas, mas isso não era tão bom assim, pelo menos quando era Voldemort que ficava silencioso por algum tempo era motivo de se esperar algum ataque horrível.

- Algum problema? – Harry perguntou assim que se aproximou da mesa, ele puxou uma cadeira para Gina se sentar e se sentou ao lado dela, Lince que estava do outro lado de Harry os olhou preocupada.

- Parece que Malagaunt foi ver Morgana pouco depois de nós termos estado lá, boatos dizem que ela se uniu a Malagaunt, mas ela está vindo para cá, o que nos deixa duas alternativas, os boatos são falsos ou ela é a mais nova espiã de Malagaunt. – explicou Lince. – E Arthur tentou entrar em contato com o povo da floresta, no entanto o mensageiro não chegou a dar o recado, foi morto assim que se aproximou, mas tudo indica que ele foi confundido com um homem de Malagaunt, no braço dele foram feitas algumas palavras, provavelmente usando uma faca, lá estava escrito que “É isso o que nós fazemos com bruxos das trevas”.

- Eles devem ter sido atacados por algum bruxo então, pois eles não têm nada contra bruxos, eu e Harry da primeira vez que estivemos aqui fomos os responsáveis por ensiná-los a tirar tudo que precisavam da floresta. – falou Gina nervosa, será que os antigos amigos estavam bem?

- Eu e Gina iremos ao encontro deles. – decretou Harry, não ia deixar velhos amigos desamparados. – Eles podem ser bastante úteis também, eles conhecem a floresta ao redor desse castelo melhor do que qualquer ser destas terras. Malagaunt já demonstrou ser esperto, ele pode tentar algum ataque vindo da floresta, os vigias nunca conseguiriam avistar um ataque vindo de lá, não até que fosse tarde demais, o povo da floresta conseguiria rechaçar qualquer exército que tentasse entrar por lá, se eles quisessem é claro.

- O problema Harry, é que aquele povo nunca teve um bom relacionamento com esta corte, o antigo governante… – Arthur falou incomodado, só naquele momento que o Sexteto percebeu que eles só tinham escutado o nome de Vertigeiro ser pronunciado uma única vez, durante a conversa que tiveram com Arthur e Merlin no primeiro dia de sua estadia ali, aquilo era estranho, seria Vertigeiro um segundo Voldemort? – …perseguiu esse povo, alegando que eles eram mágicos, pois andavam sem fazer som, apareciam do nada e eram extremamente fortes…

- Eu sei disso. – interrompeu Harry, ele sabia que era quase uma heresia interromper o rei, mas a cada palavra de Arthur os membros da corte ficavam mais apreensivos, e Harry achava que os bruxos já eram hostilizados o suficiente, o Povo da Floresta não precisava desse tipo de tratamento. – Peço perdão por interrompê-lo majestade, mas é que eu conheço esse povo, eu os treinei e posso lhe garantir que não são bruxos, são apenas bons lutadores, eles não desaparecem do nada, eles apenas sabem onde se esconder, eles também não andam sem fazer som por causa de algum feitiço ou coisa do gênero, eles somente tomam cuidado onde pisam, e eu lhes ensinei a lutar usando a força e também o arco e flecha. Eu e Gina os ensinamos a usar a floresta e tudo que nela existe a seu favor.

O silencio foi bastante prolongado e Harry não gostou de ser o centro das atenções, os olhares dirigidos a ele e a Gina eram mais uma vez temerosos, pois todos sabiam que foram dois bruxos os responsáveis pelo treinamento do povo da floresta, e que antigamente esse povo não passava de meros saqueadores de estrada, que estes bruxos foram os responsáveis pela mudança deles, muitos já desconfiavam de Harry e Gina, as pessoas podiam não conhecer os dois bruxos que ajudaram os saqueadores, mas sabiam como eles eram e as descrições eram as de Harry e de Gina, e a afirmação de Harry era a confirmação das suspeitas de todos ali presentes.

- Acho que essa é a melhor escolha. – falou Arthur também meio tenso, mas tentando acabar com o clima pesado que se instalou no ambiente.

- Iremos hoje mesmo. – Gina comunicou, Harry concordou imediatamente.

Depois do café da manhã Harry e Gina se dirigiram aos estábulos, havia um cavalariço que tentava selar Fire, obviamente ele não estava tendo qualquer êxito, Fire corcoveava o corpo em direção ao cavalariço, que mais parecia um garoto, não devia ter mais do que dezesseis anos, e se aquilo continuasse o garoto seria pisoteado, Fire viu Harry e foi em sua direção deixando o cavalariço sentado no chão, Harry acariciou o pescoço dele e ele pareceu um pouco mais calmo, Gina assoviou e Estrela veio até ela, Harry desconfiava que Fire e Estrela tivessem alguma coisa, os dois não se afastavam com muita facilidade, ele sorriu com o pensamento, Gina também, quem sabe os cavalos não se espelhassem nos donos e ficavam juntos?

Quando estavam para partir Lince apareceu com Samantha do lado, Harry ainda não acreditava que Samantha não era filha dela, as duas eram muito parecidas, fisicamente claro, a menina era muito envergonhada, coisa que Harry tinha certeza que Lince nunca foi, ele achava que desde que nasceu ela tinha gênio forte, ficava imaginando se com os bruxos os enfermeiros também batem nas crianças para fazê-las chorar, se isso tivesse acontecido com Lince, Harry tinha certeza que ela somente tinha lançado um olhar assassino ao médico.

- Eu estava pensando e acho que se vocês aparecerem lá do nada, vão acabar sendo atacados. – falou Lince calmamente, Samantha estava segurando firmemente a saia de Lince. – Ao que tudo indica, eles foram atacados por alguém que fingiu ser um mensageiro de Arthur, esse é o único motivo que eu posso pensar para o fato deles terem matado o mensageiro daqui.

- E o que você nos sugere? – perguntou Gina intrigada.

- Que Samantha vá com vocês. – Lince falou calmamente, mas tanto Harry como Gina e Samantha se sobressaltaram com a sugestão dela. – Eles não atacarão de imediato ninguém que estiver carregando uma criança, e uma vez que estiverem na aldeia deles, vocês serão reconhecidos.

Aquilo fazia sentido, mas Samantha parecia amedrontada com isso, ela mal conhecia Harry e Gina, tinha sido adotada por Lince apenas ontem e já tinha confiança total em Lince e isso se estendia a quem Lince confiava, mas ela estava com receio de viajar com dois completos estranhos, meio confuso, mas era como ela se sentia.

- Você poderia nos fazer esse favor Samantha? – perguntou Gina sorrindo calorosamente. – Seria de grande ajuda se você pudesse nos acompanhar.

Samantha parecia indecisa, ela queria ir, mas estava com medo, Lince se abaixou até ficar cara a cara com ela, Lince então começou a falar calmamente, tentando passar tranqüilidade para Samantha.

- Esses são Harry e Gina, eu já os apresentei lembra? – Samantha acenou que sim. – Harry não é só um conhecido, ele é meu afilhado, é como se fosse um filho para mim, exatamente como você é agora para mim. Ele vai cuidar de você, porque ele me ama e não deixaria que algo me fizesse sofrer, e se você não ficar bem eu vou sofrer, assim como vou ficar triste se o Harry ou a Gina se machucarem, nada vai acontecer a eles se você estiver ao lado deles, você poderia fazer isso por mim?

Samantha sorriu e abraçou Lince, tanto Harry como Gina ficaram comovidos com as palavras de Lince, Harry porque amava Lince como mãe e Gina porque sabia o quanto Harry sentia necessidade desse carinho materno que ele não teve por muito tempo, assim como carinho de pai, que Harry encontrou somente depois de conhecer Sirius, depois de se soltar do abraço Samantha foi até Harry e estendeu os braços para que ele a pegasse, ela ainda tinha um sorriso enorme no rosto, Harry a pegou e a colocou na sua frente, a abraçando com o braço esquerdo para mantê-la firme na garupa de Fire, montar em pêlo só tinha uma coisa desfavorável, era muito fácil de escorregar. Lince acenou para eles se despedindo, ela tinha o coração apertado, mal conhecera Samantha e já se afastava dela e o pior era que Samantha corria perigo, não muito, pois se corresse sério risco Lince jamais a mandaria com Harry e Gina, mas mesmo assim ela era mãe, e mães sempre se preocupam, ela nunca mais criticaria a Sra. Weasley por sua super-proteção.

Gina e Harry cavalgaram a manhã toda, teriam chegado antes, mas Samantha estava com eles, e eles não queriam cansá-la muito, o caminho para a aldeia do Povo da Floresta era por uma estrada muito estreita que cortava floresta adentro, no final dela havia apenas uma trilha mal feita que terminava na aldeia deles, os habitantes da aldeia dificilmente iam a corte, e quando iam eram vestidos de camponeses para não serem notados, Harry e Gina os conheciam bem, durante os cinco anos que ficaram treinando com Merlin, eles só tiveram contato com as Sacerdotisas Elementais, os Druidas e o Povo da Floresta, depois de três anos vivendo por lá muitos na corte já sabiam da existência deles, mas eles nunca foram vistos por lá. Por escolha de Merlin eles não se meteram na guerra contra os saxões, na época ainda era o pai de Arthur quem governava, Merlin lhes explicou que eles precisavam apenas treinar, não podiam se distrair com nada, pois no futuro tinham uma guerra muito mais difícil para enfrentarem, Voldemort e não os saxões era o alvo que eles deviam ter em mente sempre.

Como Lince havia dito o Povo da Floresta não os atacou imediatamente, Harry e Gina podiam vê-los os observando enquanto cavalgavam pela estrada, Harry entrou na mente de alguns deles e descobriu que não sabiam o que fazer, eles não podiam machucar uma criança, mas também não podiam deixá-los chegarem até a aldeia, quando eles chegaram ao final da estrada, onde tinham que desmontar e continuar a pé os homens que os observavam resolveram agir, mas não foi necessário, Harry e Gina assim que desmontaram tiraram as espadas que estavam e suas cinturas e as colocaram no chão, se afastando imediatamente, colocando Samantha entre eles, para o caso de qualquer eventualidade ela estar protegida, Fire e Estrela saíram a pleno galope como lhes foram ordenado.

Harry, Gina e Samantha permaneceram em pé esperando que os homens confusos os escoltassem até a aldeia, Samantha os olhava impressionada, eles vestiam roupas largas e leves, tinham folhas pintadas na roupa de diferentes tons de verde, mesmo próximos deles era difícil os separar da floresta, eles cobriam as cabeças com os capuzes das vestimentas, Harry e Gina apenas os olharam apreensivos, nenhum deles era conhecido, só rezavam para que os amigos de tempos atrás ainda estivessem vivos, pois já se tinha passado vinte anos desde a ultima vez que estiveram ali (para Harry e Gina não tinha se passado nem dois anos, mas para aquele povo muito tempo havia se passado).

- O que querem aqui? – perguntou um homem em latim arcaico.

- Viemos ver o líder de vocês. – respondeu Gina no mesmo dialeto, para surpresa dos homens, a maioria do povo falava inglês e os poucos que falavam latim, era uma versão mais nova e mais fácil de ser pronunciada, muitas palavras mudam com o tempo e eles fizeram questão de não mudá-las, pois não queriam se socializar, preferiam viver em paz, pois desde que começaram a tirar tudo que precisavam da floresta começaram a não querer contato com o mundo exterior, que era como eles chamavam o mundo fora da floresta. – Lion ainda é o líder?

Os homens pareceram pesarosos pela pergunta de Gina, e ela e Harry trocaram um olhar sombrio, aquilo só podia significar uma coisa: Lion estava morto.

- Ele está doente, o bruxo das trevas enviado por Malagaunt o amaldiçoou. – respondeu o homem os olhando desconfiados, afinal a maioria das pessoas não faziam idéia do nome do líder deles.

- Então Jhoan é a líder agora? – perguntou Harry especulando, Jhoan era a filha de Lion, ela era apenas uma criança quando eles a conheceram, mas agora devia ter por volta dos vinte e sete anos.

- Não. – respondeu o homem mais desconfiado ainda. – Eu sou o líder enquanto Lion não se recupera.

O homem falou a ultima parte como se fosse um desafio, como se estivesse desafiando Harry e Gina a lhe dizerem que Lion não se recuperaria, mas tudo que os dois queriam agora era saber qual a maldição que usaram contra ele e se pudessem curar Lion, mas eles não entendiam como o homem a sua frente podia ser o líder, uma das coisas que eles mais fizeram questão de ensinar a esse povo foi a não subestimar as mulheres, sendo assim Jhoan teria que ser a nova líder e não aquele homem.

- O que ouve com Jhoan? – perguntou Harry mostrando certo desespero, quando eles conheceram Jhoan, a menina tinha sete anos e ela tinha se afeiçoado muito aos dois, mas principalmente a Harry, ela o chamava de protetor, pois protegia seu povo e a ela.

- Ela está bem. – respondeu o homem de repente feroz, olhando para Harry agora com olhos especulativos e furiosos.

Harry já sem paciência entrou na mente do homem e descobriu porque ele parecia tão raivoso, ele era o marido de Jhoan, seu nome era Marcus, ele não pertencia à tribo quando ela foi formada, ele foi encontrado vagando extremamente ferido quando tinha dezessete anos, ele era um nobre, mas assim que colocou os olhos em Jhoan ele se apaixonou e deixou de ser o nobre cavaleiro andante para se tornar o marido da filha do líder, mas Jhoan não parava de chorar a semanas por causa do pai e Marcus se viu obrigado a tomar o lugar dela como líder provisório do povo, e o motivo para ele estar com tanta raiva de Harry é bem simples, ele estava com ciúmes do modo preocupado de Harry se dirigir a sua esposa. Harry passou tudo isso mentalmente para Gina que conseguiu conter o riso a muito custo, Jhoan era afilhada deles, praticamente uma filha, e o marido dela estava com ciúmes de Harry!

- Por favor, nos leve até ela. – pediu Harry, Jhoan era a única que podia dizer quem eles eram e assim eles podiam ajudar Lion.

- Não! – exclamou o homem com raiva, ele parecia extremamente feroz, tinha cabelos ruivos e cacheados, olhos negros e penetrantes, não usava barba, pois seus cabelos já eram difíceis de esconder, era musculoso o bastante para fazer Harry parecer um garoto magro, Harry não chegava a ser muito musculoso, mas desenvolvera sua musculatura pelos treinos pesados a que se submetera.

- Jhoan e Lion são nossos amigos! – explodiu Gina, ela estava muito nervosa, queria ajudar os amigos e a diversão momentânea tinha sido totalmente esquecida. – Não vamos deixar que nos impeça de ajudá-los.

- E o que pretende fazer? – desafiou Lion.

Aquilo foi o estopim para Gina se enfurecer, imediatamente a terra começou a tremer e a leve brisa se transformou e um vento muito forte, se tivesse água por perto, provavelmente estaria flutuando por aí.

- Gina! – exclamou Harry segurando o braço dela, Gina se acalmou imediatamente e o olhou como se pedisse desculpas. – Olha. Nós somos da Armada de Merlin, meu nome é Harry e esta é minha esposa Gina, Lion e sua filha são velhos conhecidos nossos, nós somos bruxos e podemos ajudar Lion, por favor, nos deixe ir até ele.

Talvez por Harry ter estado olhando nos olhos de Marcus por todo o tempo ou talvez ter apresentado Gina como sua esposa, ou ainda por terem dito que eram da Armada de Merlin, coisa que os homens de Malagaunt não tinham coragem de dizer, Marcus concordou com seu apelo e pegando as espadas de Harry e Gina, as mantendo longe de seus donos, fez sinal para que os três entrassem na trilha. Vendo que Samantha estava com medo Harry segurou sua mão e Gina segurou a outra, ambos sorriam confiantes para a menina e assim os três entraram mata adentro, os homens que presenciaram o momento carinhoso entre os três se entreolharam um pouco menos temerosos, os homens de Malagaunt eram incapazes de sentir alguma coisa por alguém que não fossem eles mesmos, principalmente os bruxos que o seguiam.

Quando chegaram à aldeia, mesmo Harry e Gina não puderam esconder seu espanto, a aldeia estava muito maior do que eles se lembravam, nas centenárias e enormes árvores que ficavam no centro da floresta casas foram construídas e entre elas pontes de madeira e corda eram responsáveis pela movimentação das pessoas entre as casas sem precisarem descer e subir para visitar uns aos outros, quando Harry e Gina estavam entre eles, os ensinando como viver sem precisar roubar, existiam apenas dez casas, agora haviam no mínimo trinta.

Samantha olhava tudo de olhos arregalados, ela até esqueceu sua timidez e se soltou de Harry e Gina indo para perto de algumas crianças que brincavam em um riacho que passava bem no meio da aldeia, aquele riacho tinha sido um dos principais motivos de Gina e Harry escolherem aquele lugar para construir a aldeia, assim não precisariam ficar andando pela floresta em busca de água, Samantha entrou na água e as crianças que estavam ali nem prestaram atenção ao fato dela ser desconhecida a aceitaram imediatamente, Harry e Gina sorriram com isso, foi aí que ouviram um grito aterrorizante, alguém estava sentindo muita dor, Harry e Gina olharam para a casa de onde tinha vindo o grito e reconheceram a primeira casa que ajudaram a construir, era a casa de Lion.

Sem se importarem se seriam ou não atacados, Harry e Gina correram para lá, Marcus os acompanhou, mais preocupado em ver o que acontecia com Lion do que qualquer outra coisa, ao chegarem à casa Harry e Gina mal reconheceram o amigo, ele sempre fora um brutamontes, alto, moreno, de cabelos crespos e negros, ele sempre fora meio selvagem, exatamente como Marcus, mas agora ele estava magro, seus músculos sempre tão pronunciados agora mal se destacavam dos ossos, sua palidez o fazia quase branco, sentada ao lado dele lhe segurando firmemente a mão estava uma jovem que Harry e Gina deduziram ser Jhoan, ela tinha cabelos longos e negros, presos em um firme rabo de cavalo, sua pele antes morena agora era quase tão pálida quanto a do pai e ela também estava muito magra.

Jhoan ouviu passos e se virou pensando que veria Marcus e alguns dos homens da aldeia, mas ao se virar e ver as duas pessoas ali paradas, seus olhos brilharam de esperança pela primeira vez desde que seu pai fora amaldiçoado, ela correu para os braços de Harry, ela soluçava desconsolada, seu rosto enterrado no peito dele, Harry retribuiu o abraço passando a mão nos cabelos dela, eles ficaram um bom tempo assim, até que Jhoan se acalmou e se voltou para Gina que olhava emocionada a cena, ela sabia muito bem que o carinho que ambos tinham um pelo outro não tinha nada de romântico, Jhoan abraçou Gina ainda com os olhos brilhando pelas lágrimas e pela esperança que nasceu dentro dela assim que viu os dois bruxos.

- Minhas preces foram atendidas. Vocês vieram. – falou Jhoan emocionada, um fraco sorriso apareceu em seus lábios, Marcus olhava tudo consternado, ele não entendia nada, não sabia se devia sentir ciúme ou não, afinal a mulher ruiva que era esposa do homem que tinha abraçado Jhoan não parecia nem um pouco enciumada. – Por favor, eu imploro ajudem meu pai.

Harry e Gina sorriram e acenaram que sim, se aproximaram de Lion e Gina fez vários testes tentando descobrir que tipo de maldição tinha sido utilizada, por sorte não precisavam usar varinhas entre aquele povo, aqueles que se lembravam deles, sabiam que eles não as usavam, e mesmo que as usassem Marcus tinha se esquecido de tirá-las, a sorte estava em que os poderes druidas eram meio complicados de se usar com varinha e algo dizia a Gina que a maldição que matava Lion aos poucos era druida, e ela tinha razão, em pouco tempo ela descobriu qual era e olhou amedrontada para Harry, aquela era uma das piores maldições que os druidas tinham, Mentis Mortalis era uma maldição mental, que matava a pessoa a fazendo se lembrar de tudo que mais temia e também fazia com que novos horrores fossem formados na mente daquele que foi amaldiçoado, o bruxo que fez essa maldição podia estar longe, mas ele era capaz de controlar a mente de Lion e torturá-lo lá.

- O que foi Gina? – perguntou Jhoan assustada, assim que viu as expressões de Harry e Gina.



Gian: um dos principais motivos de eu não ter gostado daquele capítulo, é que eu não coloquei como a Gina reagiu ao fato do Harry ter sido tão descuidado, mesmo que ele estivesse preocupado com ela, ele devia ter prestado atenção, afinal ele estava no meio de uma batalha, por isso ele merecia uma verdadeira bronca, mas agora isso já foi remediado com esse capítulo e eu passei a gostar do "Samantha" também.

Mat: quando tem muitos capítulos de ação ou que seja somente um capítulo muito sombrio, eu tento equilibrar as coisas, colocando coisas mais amenas no próximo, e a Samantha veio como uma forma de demonstrar um lado mais amável da Lince, eu a faço forte e durona demais, as vezes ela não parece humana, então acho que esse lado maternal dela a fez uma pouco mais humana.

Laurenita: sim, eu estava bolando uma fic, para mostrar como foi a viagem deles ao passado, mas esta acabou virando realidade primeiro, talvez eu a faça, mas não acho que vai sair tão cedo, provavelmente eu só vou escrevê-la, quando terminar essa daqui.

Beijo a todos.

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