Capítulo Único
Reflexões ~ Por Ronald Weasley - Copyright 2008 by Nat W. Todos os direitos reservados. Trama, personagens originais e enredo. Proibida reprodução através de quaisquer meios. Harry Potter é propriedade de J.K. Rowling, Warner, Bloomsbury, Scholastic e Rocco.
Reflexões - Por Ronald Weasley
Muito bem, eu sei. Eu sou um garoto, e garotos não fazem isso. Pelo menos no meu ponto de vista, é algo feminino demais, ou talvez nem tanto. Você já deve ter percebido o quanto eu sou confuso em relação aos meus pensamentos e ao que eu quero, pois é, mas também sou confuso em outras coisas. Na verdade tudo. Quando o assunto é amor então... tudo bem que essa é uma palavra meio desconhecida pra mim no momento. É difícil de explicar, entende? Dizer “Eu te amo” a alguém é complicado! Porque você tem que ter realmente certeza do que sente, e certeza no momento é o que eu realmente não tenho, como você já pode perceber.
Às vezes eu faço as coisas sem pensar, às vezes não, toda à hora. Ah, sim! E pra quem não sabe quem lhes redije, meu nome é Ronald Weasley. Ron para os mais íntimos, e “Legume insensível” e “Weasley pobretão”, para os que me odeiam. E também sou desorganizado, desengonçado, indisciplinado e odeio estudar.
Essas semanas agora, eu venho me questionando sobre algumas coisas em relação aos meus sentimentos, e não me chame de afeminado. Isso é normal, pelo menos é o que dizem quando os garotos finalmente amadurecem. Eu gosto de alguém, uma garota bem especial. Não é bem lá uma novidade que é a Hermione, correto? Eu sou apaixonado por ela.. caramba.
Desde sempre; desde que a vi pela primeira vez com aquele ar mandão, se achando a última cerveja amanteigada da Grã-Bretanha. Com uma admirável inteligência de por inveja a qualquer um. Naquela época eu ainda era muito criança, apenas um menino; não sabia ao menos o que significava gostar de alguém desse jeito diferente, com o qual eu lido agora. Quando nos encontramos pela primeira vez, eu deixei claro pra ela o meu desagrado em estar em sua companhia. Fora um começo de ano realmente lamentável pra quem procurava fazer amigos. Dávamos encontrões a toda a hora, até que pudemos finalmente nos acertar, digo, assinar um tratado de paz. Foi algo meio trágico, todavia produtivo, naquela noite em que o trasgo foi solto pelo Prof. Quirrel. Hermione havia passado a tarde toda chorando no banheiro feminino – óbvio que foi por minha causa, eu a chamei de pesadelo. Eu e Harry fomos correndo avisá-la só que quando chegamos lá era tarde demais, o trasgo acabava de entrar no banheiro.
No fim do dia, é claro que eu, o Rei da modéstia, consegui salvá-la com um feitiço de levitação perfeitamente conjurado – isso foi obra de Hermione, ela me corrigiu a aula toda aquela manhã, me irritei e por isso a chamei de pesadelo – que eu fiz a clava do trasgo subir e depois deixei cair em cima da cabeça do trasgo Montanhês. No final das contas, ela livrou a minha pele e a do Harry, dizendo à Prof. McGonagall que ela é quem havia soltado o trasgo. Ficamos realmente muito gratos por isso, e ver alguém como ela quebrando regras era coisa rara. Pois é, a partir daí era eu, Harry e Hermione, o trio. E pra mim bem lá no fundo, já era Ron e Hermione.
Até ai éramos verdadeiros amigos, apesar de que ainda brigávamos muito. Comecei a ter certeza do que sentia mesmo no terceiro ou quarto ano, em que nós três haviamos ficado mais unidos, devido aos tempos nada bons e dos acontecimentos de arrepiar os pelos da nuca. Com 14 anos, eu já me interessava mais no assunto: garotas.
Mas também, todos os garotos estavam sendo incentivados em função do Baile de Inverno. Por Deus, esse baile foi um total desastre! Tenho certeza que renderá muitas historias frustrantes no futuro, em que os meus filhos e sobrinhos irão rir da minha cara e da cara do Harry. Na época, o Harry estava tentando se aproximar da Cho Chang e eu tive uma repentina paixão platônica pela veela Fleur Delacour - que logo mais se tornaria minha cunhada, imaginem! –, e também me preocupava com quem minha irmã mais nova andava saindo e para piorar, estava sofrendo com os meus ciúmes da Hermione com o meu ex-ídolo - que fique aqui registrado -, Viktor Krum, apanhador da Seleção Búlgara de Quadribol. Não era apenas ciúmes, de qualquer jeito. Como é que ela estava ficando com um narigudo daquele? Nem o nome dela ele pronunciava corretamente. "Her-mi-ô-nini". Tenha dó, eu deveria aguentar um cara desses azarando a menina que eu gosto? Também, sendo o tolo que eu era, pra só perceber que ela era uma garota depois de quatro anos de convivência.. Eu sou um verdadeiro idiota, admito.
Enfim, Harry não conseguiu ir com a Chang, e ficou se remoendo o baile todo olhando ela e o Cedric dançando apaixonados. Eu convidei minha futura cunhada aos berros, o que me rendeu uma enorme humilhação. Fiquei totalmente abalado, foi um verdadeiro choque emocional, e eu e o Harry acabamos indo com as gêmeas Patil. E se já não estava ruim, pirou mais ainda com a minha veste de gala. Cheia de babados, rosa e vinho, eu estava parecendo a minha tia-avó. Tentei pelo menos dar um jeito cortando os babados depois, mas é claro que não mudou muita coisa. Naquela noite, eu era que estava um pesadelo total. Ficamos eu e o Harry sentados, com as duas meninas ao lado, reclamando e dizendo que queriam dançar. “As Esquisitonas” estavam tocando aquela noite. O que eu não daria para puder dançar com Hermione ao som da banda que mais gostava. Era o que eu pensava, enquanto olhava todos se divertindo, e ela e o Krum dançando juntos na pista com alguns amigos dele de Durmstrang.
Eu já estava lívido de raiva daquele... nabo! Bruto, como de costume, não tive jeito de pedir pra Hermione vir comigo. Mas como ela era orgulhosa também! Não havia acreditado quando ela disse que já tinha um par.
O final do baile foi desastroso, às vezes, quando eu me lembro, me sinto mal pelo o quanto eu a fiz sofrer, e também me sinto mal pela minha própria burrice; ela tem razão quando me chama de “legume insensível” ou quando diz que eu tenho a “sensibilidade de uma colher de chá”. Nós brigamos feio naquela noite, porque eu achava que ela estava “confraternizando com o inimigo”, no caso o “Búlgaro Analfabeto”, e ela retrucou dizendo que o torneio era justamente para isso, integração entre alunos de diversas escolas de magia.
No final ela chorou, e jogou na minha cara tudo que eu “queria ouvir”:
Flashback, 1994 – Do ponto de vista de Harry Potter.
A mulher gorda e a sua amiga Vi estavam tirando um cochilo no quadro que cobria a entrada da casa. Harry teve que berrar ‘Luzes Encantadas’ para que elas acordassem, e ao fazer isso, as duas ficaram muitíssimo irritadas. Quando entrou na sala, encontrou Ron e Hermione tendo uma briga daquelas. Mantendo uma distância de três metros, os dois vociferavam um com o outro, as caras vermelhas como pimentões.
-Ora, se você não gosta, sabe qual é a solução, não sabe? –berrava Hermione; agora seus cabelos se soltavam do elegante coque, e seu rosto se contraia de raiva.
-Ah é? – berrou Ron em resposta – Qual é?
-Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso!
A boca de Ron ficou mexendo sem emitir som algum, como um peixe de aquário fora da água, enquanto Hermione virava as costas e subia batendo os pés a escada do dormitório das garotas para se deitar. Ron se virou para Harry.
-Bom – balbuciou, completamente abismado -, bom, isso só prova que ela não entendeu nada...
Harry não respondeu. Estava gostando demais de ter feito as pazes com o amigo para dizer o que estava pensando naquele momento – mas, em todo o caso, ele achava que Hermione entendera melhor do que Ron.
Fim do Flashback.
Será mesmo que ela achava tudo isso? Bom, garotas sempre são mais maduras do que nós garotos, pelo menos é o que sempre dizem. Mas aquela noite foi marcante pra mim, mesmo sendo uma desgraça total. E se tudo que eu passei já não tivesse sido horrível, pra piorar ainda mais, eu estou vivendo um verdadeiro dilema AGORA.
Eu nunca me imaginei numa situação dessas, Ronald Weasley, o sem-talento da família. Bem, há uma garota que esta afim de mim, o nome dela é Lilá Brown. Loira de olhos azuis, corpo bonito, mas não precisamos entrar nos detalhes.
Sim, tudo começou de forma precipitada demais eu acho, mas estava num clima de festa e comemoração e eu acabei indo com muita sede ao pote. Não sei se fariam o mesmo no meu lugar, mas a verdade é que eu nunca fui apreciado desse jeito por uma garota, poderia ser a chance de provar a todos que eu também podia. Que isso sirva de indireta, ou melhor, uma direta para a Gina. Que depois do treino, saiu pra se agarrar atrás das tapeçarias com o Thomas. Dino Thomas! Meu colega de quarto. Ela disse que eu era o único que ainda não sabia o que era um beijo, veja ela, toda infantil, competindo com coisas desse tipo. Fala sério, a Gina ainda é muito criança a meu ver. E continuou, dizendo que o Harry já tinha dado uns amassos na Chang e a Hermione no Krum, e que eu era o único que ainda não sabia o que isso significava, é claro que no sentido do sentimento, e que eu ficava esperando feito um garotinho, um beijo da Fleur.
Mas a parte que mais me irritou, foi saber que a Hermione tinha se “esfregado” naquele búlgaro estúpido. Garanto que fiquei possesso, mas não sei se foi mais com Hermione, ou se mais com a Gina, que continuou a serie de insultos. O meu sentimento de irmão evaporou na hora, e se o Harry não tivesse me segurado eu a teria azarado, e ela iria parar na ala hospitalar menor do que um chinzácaro.
A partida daquela manhã fora Grifinoria e Sonserina. Lembro-me muito bem que descemos e tomamos café normalmente, quero dizer, nem tanto, pois Hermione parecia ter percebido alguma coisa que eu não havia percebido. Só fiquei sabendo o que ela percebeu depois. Ela tinha achado que o Harry havia colocado a Felix no meu suco, já prevendo o meu desastre no gol. Ficaram aos sussurros discutindo algo que eu não tive a menor curiosidade de descobrir.
Se eu soubesse o que tinha no frasquinho que o vi segurando, teria visto aquilo como um insulto. Eu sei que não sou um grande goleiro, mas um pouco de confiança não mata ninguém né, ainda mais do melhor amigo. No vestiário, as noticias de que o time da Sonserina ia mal chegaram voando, o dia estava ótimo pro jogo e todos nós estávamos confiantes. Pura conhecidencia. Até cheguei a indagar se ele tinha posto a poção no meu suco, mas ele mudou o rumo da conversa e disse que estávamos atrasados.
E nem preciso dizer que nós conseguimos ganhar e que eu fiz defesas espetaculares, que levaram a torcida vermelha e dourada à loucura. Porém, a “falsa sorte” não durou bastante, já que logo depois Hermione e eu brigávamos. Ela insistiu que Harry tinha posto a Felix no meu suco, e que por isso eu tinha feito defesas maravilhosas e o time da Sonserina não estava completo, mas ele desmentiu logo depois, mostrando o frasquinho intacto. Pois ai, que eu me enfureci de verdade! Eu não ligava mais para o que eu sentia por ela! Imagine que ela disse que eu era horrível no gol, não disse com essas palavras, mas quis dizer é claro. Sai enfurecido do vestiário logo após ela, que pelo que eu pude ver estava à beira das lagrimas.
Pois eu estava tão irritado, que sai abalado do vestiário direto pro Salão Comunal, onde estava tendo uma pequena comemoração em favor do time vencedor. Daí, não me agüentei, na primeira oportunidade que tive fui em cima da Brown e bem, como dizem os trouxas, o resto é história. Como eu disse no inicio, foi tudo mal pensado e precipitado, eu estava com a cabeça quente demais, o que não é novidade. Se Gina conseguisse me matar com os insultos, eu já estaria pó. Chegou até a dizer que eu estava engolindo a cabeça da Lilá, por pouco a garota não faria companhia ao meu café da manhã.
Foi difícil ficar com uma e ao mesmo tempo pensar em outra. Hermione não era outra, ela era e é a garota. Falar da Hermione é falar da minha adolescência, dos meus medos, dos meus acertos, do que eu quero pro resto da minha vida; de uma pessoa que eu amo de verdade. Eu a procurava com o olhar, mas o Salão Comunal estava tão cheio que até mesmo pra enxergar a juba de cabelos castanhos era difícil. Fui pego de surpresa por Lilá, que me puxava pra fora do Salão Comunal e corria comigo pelo corredor tentando encontrar uma sala vazia. Esbarrou em uma porta e entrou de supetão comigo ao lado, e não poderia ser pior o que eu tinha acabado de encontrar ali.
Flashback, 1996 – Do ponto de vista de Harry Potter.
A porta às costas dos dois se escancarou. Para horror de Harry, Rony entrou, rindo e puxando Lilá pela mão.
-Ah – exclamou ele, parando imediatamente ao ver Harry e Hermione.
-Opa! – disse Lilá, recuando com um acesso de risinhos. A porta tornou a se fechar.
Houve um silencio horrível, que se avolumou como um vagalhão. Hermione encarou Rony, que se recusou a retribuir o olhar, mas disse com uma estranha mistura de bravata e constrangimento:
-Oi Harry! Estava me perguntando aonde você teria ido!
Hermione desceu da escrivaninha. O bando de passarinhos dourados continuou a pipilar rodeando a sua cabeça, fazendo-a parecer uma maquete do sistema solar com penas.
-Você não devia deixar a Lilá esperando lá fora – disse baixinho. – Ela vai se perguntar aonde você terá ido.
Ela foi andando devagar e ereta em direção a porta. Harry olhou para Rony, que parecia aliviado por não ter acontecido nada pior.
-Oppugno! – veio um grito da porta.
Harry se virou e viu Hermione apontando a varinha para Rony, uma expressão alucinada no rosto: o pequeno bando de passarinhos voou como uma saraivada de grossas balas douradas contra Rony, que ganiu e cobriu o rosto com as mãos, mas os pássaros atacaram, bicando e arranhando cada pedaço do corpo dele que puderam alcançar.
-Melivradisso! – berrou ele, mas, com um ultimo olhar de fúria, Hermione escancarou a porta e desapareceu. Harry pensou ter ouvido um soluço antes de a porta bater.
Fim do Flashback.
Legume com a sensibilidade de uma colher de chá. Legume, legume, legume! Ah, que idiota eu sou! Como eu pude fazer isso com a Hermione... É fato que eu gosto dela, mas eu não fazia idéia de que ela também retribuísse. Bem, ela poderia ter demonstrado isso de outra forma do que me atacando, mas ainda valeu. Se bem que até hoje eu tenho as cicatrizes.
Reunir todas essas lembranças, memórias que nem sempre são as melhores, me faz refletir de um modo que nunca refleti. É difícil e ao mesmo tempo maravilhoso pensar nisso tudo. Acho que nunca vou conseguir dizer tudo o que eu sinto pra ela. Antes, eu pensava, “Do que adianta falar tudo o que eu sinto? Do que adianta tentar, se ela nem mesmo vai aceitar tudo isso... nós somos amigos, apenas amigos. E de qualquer jeito, porque ela ficaria com um cara como eu? Lerdo, que tira notas ruins...”.
Bem, isso era antes, e já é passado agora. Hoje, eu tenho certeza que sou o cara certo pra ela, e ela é a garota com que eu vou passar o resto da minha vida. Talvez eu esteja-me superestimando, mas continuar pensando no pior é fazer o pior acontecer. Então, porque não pensar positivo? Não é altruísmo da minha parte, é apenas um novo-eu, um eu amadurecido. Não adianta não sorrir.
Talvez possa ser fácil, ou mais difícil do que eu pensava. Eu vou ficar com vergonha, minha timidez vai fazer o papel dela, minhas orelhas vão ficar vermelhas que nem estão agora nesse mesmo momento e tudo ao meu redor, ao nosso redor, vai se tornar obsoleto em relação à grandeza do que eu estarei prestes a revelar. Eu vou passar a minha mão pela pele macia e branca do seu rosto e tudo o que eu sinto, tudo que já aconteceu há muito tempo, todas essas reflexões que eu compartilhei aqui, vão se resumir em apenas um beijo.
N/A: Iai, gostaram? Nem sei se tem alguém lendo isso aqui, but... Essa fic estava arquivada aqui no meu computador faz um tempinho, e eu esquecia toda hora de postá-la, mas hoje eu postei. Ta ai. Bem, o Ron é a minha segunda personagem favorita - primeiro vem a Hermione :) - e eu quis motrar pra vocês - pelo menos, através do meu ponto de vista - como ele ficou, depois que se tocou que a recíproca era verdadeira em relação à Hermione. Comentem, critiquem, elogiem, recomendem.
Nat W
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