Terceiro Capítulo.

~~> Terceiro Capítulo.
“Confissões e confusões”

- Bel... – Murmurou Liu abaixando a cabeça.
- Você...veneno...caixão...enterro...morta?! – Disse Bel sem saber nem o que estava falando.
- Ixi...droga... – Murmurou Douglas ao ver a cara de Liu.
Ambas ficaram sem saber exatamente o que dizer, porque não tinha o que se explicar...e se tivesse não seria possível elas se lembrarem naquela hora.
Num gesto simples de amizade, Bel correu até Liu e a abraçou, deixando que lágrimas escorressem de seus olhos. Liu correspondeu ao abraço, e não pôde evitar que lágrimas finas escorressem por usa face. Ela não esperava que Bel fosse tão...tão...compreensiva. Não esperava que após o que ela tinha feito Bel ainda a receberia de braços abertos, literalmente falando.
- Porque você fez isso Liu?! – Perguntou Bel em meio ao abraço. Sua voz quase não dava para ser ouvida devido ao fato dela estar chorando.
- Vingança Bel...por vingança... – Disse Liu quase se arrependendo de tudo.
- Você ficou zangada com a gente foi Liu?! – Perguntou Bel em meio a soluços.
- Não Bel! – Respondeu Liu separando – se do abraço e limpando as lágrimas da amiga. – Eu apenas não quero meter vocês numa fria... – Pontuou. – Eu não consigo agüentar mais nenhuma perda... – Completou olhando para o chão.
- Liu...nada foi sua culpa, entenda isso... – Pontuou Bel. – Você tem noção do mal que você fez se matando?! – Perguntou. – Quer dizer...fingindo né.... – Completou.
- Eu sei Bel... – Começou Liu. – Eu tive oportunidades de falar com vocês... – Pontuou sorrindo. – E quase acabei contando tudo para o Sirius... – Terminou.
- Porque não contou?! – Perguntou Bel confusa. – Se tem alguém que merece saber, esse alguém é o Si... – Pontuou. – Ele anda tão amuado coitado... – Completou com uma cara triste. – Mas é só falar de você que o brilho volta para os olhos dele... – Disse sorrindo.
- Bel...não se iluda, se ele soubesse que eu fingi tudo isso ele não ia nem mais querer olhar em meus olhos... – Pontuou Liu olhando para baixo.
- Você era a Lila, certo?! – Perguntou Bel acompanhando a lógica.
- Bom... – Começou Liu. – Sim...mas realmente existe uma Lila, que é a vizinha trouxa daqui... – Disse sorrindo.
- Você pretende fazer o quê sozinha?! – Perguntou Bel.
- Tudo bem que eu estou excluído da conversa... – Gritou Douglas da cozinha. – Mas eu vou ajudar a Liu...alias eu estou ajudando ela... – Disse enquanto tentava preparar um almoço.
- Claro... – Começou Bel. – Vocês dois são muito unidos... – Pontuou.
- Sinto uma pontinha de ciúmes?! – Perguntou Liu sorrindo marotamente.
- Desse loiro azedo aí?! – Brincou Bel. – Não mesmo... – Disse.
- Hey! – Exclamou Douglas. – Loiro azedo nada... – Murmurou.
- Oh só Bel, o Douglas já pode casar... – Pontuou Liu brincando em relação ao fato de Douglas saber cozinhar.
- HAusdhasudh! – Riu Bel. – Garoto prendado... – Brincou. Liu riu e Douglas fez cara de criança emburrada.
- Quando o Douglas casar eu vou ser madrinha! – Avisou Liu.
- Voltando ao assunto interessante... – Começou Bel. – Eu quero saber tin tin por tin tin de como você escapou do seu caixão... – Pontuou curiosa.
- Háááá!! – Exclamou Douglas. – Aí que eu tive o meu mais importante trabalho... – Brincou.
- Mas não cuidou para o Eduzinho ficar quieto... – Brincou Liu.
- Eu não tenho culpa se esse seu gato é insuportável... – Resmungou Douglas. Eduzinho olhou feio para Douglas e arrepiou seus pêlos das costas.
- Insuportável é você Douglas! – Revidou Liu.
- Sim...mas me expliquem tudo por favor... – Interrompeu Bel sorrindo.
- Bom, eu vou começar do início... – Pontuou Liu.
- Não...você vai começar do fim... – Interrompeu Douglas.
- Se eu quisesse, eu começava do fim... – Pontuou Liu com uma cara assim “¬¬”.
- Chega vocês dois... – Interrompeu Bel antes que Douglas falasse algo. – Agora comece Liu... – Pediu.
- Certo... – Disse Liu. – Tudo começou logo após a morte do Edu...aí continuou logo que saímos de Hogwarts... – Confessou.

[Flash Back On]

- Douglas... – Ecoou uma voz feminina em uma sala muito bonita.
- Que foi Liu?! – Perguntou o rapaz de cabelos loiros.
- Eu já sei exatamente como vou fazer o que quero... – Pontuou Liu com um livro em mãos.
- Como?! – Perguntou Douglas confuso.
- Vou fazer que nem a Julieta... – Respondeu Liu. – E você vai ser o padre que me ajuda... – Disse em meio a risadas.
- Eu não tenho cara de padre... – Murmurou Douglas.
- Você vai me ajudar a conseguir uma poção que me deixe “morta” por pelo menos vinte e quatro horas... – Começou Liu. – E depois, quando eu já estiver no caixão a sete palmos abaixo da terra, e todo mundo achar que eu morri, você vai me desenterrar e nós vamos começar a nos vingar daqueles dois... – Pontuou.
- Céus... – Murmurou Douglas. – O Edu me deixou uma garota problemática de herança... – Brincou sorrindo. – Eu farei o possível... – Adicionou com um olhar de vitória antecipada.

[Flash Back Off]

- Ai Merlim! – Exclamou Bel. – Porque você só contou para o Douglas?! – Perguntou repentinamente.
- Porque eu sou o irmão dela... – Pontuou Douglas.
- Não de verdade... – Disse Bel.
- Mas no momento foi a primeira pessoa em quem eu pensei para me ajudar... – Pontuou Liu.
- Deixa eu contar como foi que eu tirei a Liu do caixão... – Começou Douglas. – Lá estava eu me despedindo do Sirius o mais rápido que podia... – Disse começando a narrar os fatos.

[Narração do Douglas On]

- Até outro dia Sirius... – Eu disse com uma cara triste.
- Bom...até Douglas... – Sirius me respondeu cabisbaixo.
Eu andei até o local onde o caixão tinha acabado de ser enterrado, já estava de noitinha...quando eu me deparo com quem?!...Ninguém mais do que o carinha que tomava conta daquela parte do cemitério...
- Me dei mal... – Pensei tentando não parecer suspeito.
- O que você faz aqui meu jovem?! – Perguntou o carinha, ele era baixinho, tinha os cabelos grisalhos...era velho e usava uma boina.
- Eu queria ficar mais um pouco me despedindo da minha irmã... – Menti, acho que na minha cara estava escrito “Eu estou mentindo”, porque o cara me olhou estranho.
- Então quer dizer que a garota que foi enterrada aqui hoje mais cedo era sua irmã?! – Perguntou o velho, eu já estava ficando nervoso, e se a Liu acordasse ainda debaixo da terra?!
- De consideração... – Respondi fingindo estar muito triste, acho que nessa hora eu já estava suando frio.
- Vou deixar você conversar em paz com a lápide dela então... – Pontuou o velhinho.
- Ficarei muito agradecido... – Eu respondi sorrindo levemente. Mas o velhinho era insistente...
- Eu vou ficar ali vendo de longe... – Ele disse, nessa hora eu senti o meu coração parar.
- Está...bem...eu...acho... – Falei gaguejando aí eu acho que ele teve certeza de que eu ia aprontar algo.
- Meus pêsames meu jovem... – Ele disse indo até uma árvore que tinha lá perto. Eu entrei em pânico, não sabia o que fazer... foi quando me lembrei que tinha um pouco de poção do sono no bolso, e um doce...esqueci o nome do doce agora, é um doce trouxa...
- Senhor... – Eu comecei com uma cara de santo. – Você aceita um doce?! – Perguntei. Eu já tinha colocado um pouco de poção do sono no doce.
- Obrigado meu jovem... – Ele me disse pegando o doce da minha mão e começando a comer. Foi como se um peso imenso tivesse saído das minhas costas.
- Agora é só eu desenterrar a pequena... – Pensei indo até o local do caixão. Eu cavei muito com a pá até achar o caixão...mentira, eu usei magia...mas foi por uma boa causa, eu estava com pressa já...
Eu desenterrei a pequena, e para a minha sorte ela ainda estava “dormindo”. E foi assim que ela saiu do caixão...claro que depois a gente arrumou tudo de novo...

[Narração do Douglas Off]

- HAsudhaudhasu! – Riu Bel da encenação que Douglas fez de todo o processo. – Não foi fácil né Douglas?! – Disse sorrindo.
- Nem um pouco... – Respondeu Douglas sorrindo para Bel.
- Sim...e como a Liu sobreviveu dentro de um caixão...?! – Perguntou Bel. – Oxigênio acaba uma hora sabia?! – Pontuou.
- Tecnicamente eu estava morta... – Começou Liu. – Logo eu não precisava respirar... – Pontuou.
- Mas... – Interrompeu Douglas. – Como eu sou uma pessoa prevenida... – Pontuou. – Eu fiz um feitiço lá no caixão para se caso a Liu acordasse ela tivesse oxigênio suficiente por uma hora... – Disse sorrindo.
- Nossa... – Murmurou Bel. – Vocês dois são impossíveis... – Disse sorrindo. – Eu notei que quando a gente chegou na missa de sete dias vocês dois, você e a Lila no caso, saíram do lugar aonde o padre fica...ele sabe de tudo?! – Perguntou curiosa.
- Ele é um grande amigo meu... – Pontuou Douglas. – E sabe de tudo sim... – Respondeu.
- Sinto – me excluída... – Brincou Bel. – Agora falando sério... – Recomeçou. – Liu, você tem que falar tudo para o Si...ele vai te receber de braços abertos, eu tenho certeza... – Disse sorrindo. – Ele até se apaixonou por você de novo...quer dizer, por você Lila... – Pontuou.
- Aceitam um chá?! – Perguntou o homem quase albino.
- Não, vai que você colocou veneno nesse chá... – Pontuou Nosferato.
- Meu Amor, não seja grosso com o Silas. Ele só está sendo educado... – Retrucou Marta.
- Eu não confio nele... – Avisou Nosferato. – Logo eu não vou aceitar esse “chá”... – Pontuou.
- Isso é falta de educação! – Retrucou Marta fuzilando Nosferato com o olhar.
- Deixa para lá Marta... – Murmurou Silas. – Eu não quero que vocês discutam por minha causa... – Mentiu olhando para Nosferato com um olhar cínico.
- “Cínico...” – Pensou Nosferato fechando a cara.
- Eu não entendo o seu mau humor, Nosferato... – Provocou Silas ao lado de Marta com a mão no ombro dela.
- Mau humor?! – Perguntou Nosferato num tom tranqüilo. – Eu de mau humor?! – Perguntou novamente. – Você ainda não me viu de mau humor... – Pontuou com um sorriso maléfico na face.
- Não viaja Bel... – Murmurou Liu enquanto alisava Eduzinho.
- E se eu contar para ele que você está viva?! – Perguntou Bel arqueando a sobrancelha direita.
- Você não vai contar para ninguém que eu estou viva, vai?! – Perguntou Liu preocupada.
- Se você me pedir segredo não... – Respondeu Bel.
- Então eu estou te pedindo segredo... – Começou Liu. – Isso é altamente confidencial...ninguém pode saber que eu estou viva, ninguém... – Pontuou.
- Ahhh... – Murmurou Bel. – Me deixa contar só para o Sirius vai... – Pediu com uma carinha fofa.
- Ninguém pode saber, principalmente o Si... – Pontuou Liu.
- Ah Liu...só o Si...vai...por favor... – Insistiu Bel.
- Não Bel! – Exclamou Liu.
- Vai ser difícil eu guardar isso tudo só para mim... – Pontuou Bel.
- Você vai conseguir... – Disse Liu sorrindo. – Com o tempo você se acostuma... – Pontuou.
- Eu vou acabar contando para o Sirius... – Murmurou Bel. – E aí você vai ficar retada comigo... – Completou.
- Eu confio em você... – Pontuou Liu sorrindo marotamente.
- Que cheiro de queimado é esse?! – Perguntou Bel de repente.
- Drogaaaa!! – Exclamou Douglas correndo até o fogão.
- Só porque eu disse que você já podia casar você queima a comida... – Murmurou Liu começando a rir.
- Foi sua culpa coisa pequena! – Exclamou Douglas da cozinha enquanto tirava a comida do forno.
- Minha culpa?! – Perguntou Liu. – Não era eu quem estava cozinhando... – Pontuou.
- Mas você me distraiu conversando... – Disse Douglas. Bel estava se acabando de rir.
- Douglas... – Começou Liu. – Onde você colocou o jornal?! – Perguntou curiosa.
- Em cima da estante, por quê?! – Respondeu Douglas.
- É que eu não fiz as palavras cruzadas dele... – Disse Liu sorrindo. – E como você vai refazer o almoço, eu acho que eu vou ter tempo de fazer agora, aproveito até para pedir ajuda para a Bel... – Pontuou pegando o jornal.
- Liga a TV Liu...é mais interessante... – Pontuou Bel sorrindo e olhando para o aparelho de TV.
- Está certo... – Pontuou Liu ligando a TV
- “Estamos aqui ao vivo da igreja Nossa Senhora de Aparecida onde uma grande tragédia foi descoberta essa manhã...” – Começou uma repórter que vestia um terninho preto.
- Liu!! – Exclamou Douglas da cozinha. – É a igreja do... – Começou.
- Onde foi a sua missa de sete dias... – Interrompeu Bel.
- Quietinhos os dois...alias os três... – Pontuou Liu aumentando o volume da TV enquanto olhava para Bel, que estava sentada no sofá, Eduzinho, que estava ao seu lado, e Douglas que estava na porta entre a cozinha e a sala.
- “Essa manhã, após várias queixas de que o padre havia sumido da igreja onde toda a manhã rezava a missa das dez, até o final da tarde, agentes policiais encontraram um corpo em baixo de uma mesa na sala aonde o padre se recolhia antes, e após as missas.” – Disse a mulher pausadamente enquanto passa a imagem de um corpo coberto por um lençol branco.
- Hey! – Exclamou Liu. – Custa dizer quem foi que morreu?! – Reclamou indignada com a TV.
- “O motivo da morte do padre ainda é desconhecido, mas suspeita – se de que tenha sido homicídio por veneno. O assassino em questão “cuspiu” no corpo do padre após o ter matado, nesse momento, legistas que trabalham para a polícia federal estão tentando descobrir a quem pertence o DNA em questão.” – Continuou a mulher. Liu, Douglas e Bel estavam olhando atentamente para a TV com uma cara de surpresa.
- Merlim... – Murmurou Liu olhando ainda mais atentamente para a TV.
- “A igreja será fechada por ordem policial, para que uma séria investigação seja iniciada.” – Pontuou a repórter.
- Fechada para todos, aberta para mim... – Murmurou Liu com uma cara séria.
- “O corpo do padre agora segue para ser analisado pelos médicos legistas da policia, não podendo assim ser enterrado tão cedo...” – Voltou a dizer a repórter.
- Eu aposto que aquelas duas pragas têm algo haver com isso... – Pontuou Liu. – Alias, tudo haver... – Completou.
- “Outros padres temem que sejam os próximos a serem mortos por esse assassino que se mostrou ser frio e calculista.” – Disse a repórter. – “Uma boa tarde para todos vocês...” – Finalizou. Liu automaticamente desligou a TV.
- No mínimo o Nosferato viu você falando com o padre e foi perguntar qual era o segredo entre vocês dois... – Pontuou Liu olhando para Douglas.
- E se ele ouviu a minha conversa com o padre?! – Perguntou Douglas com um olhar de preocupação.
- Se ele tivesse ouvido há essa hora eu já estaria sendo perseguida... – Pontuou Liu preocupada. – Ele morreu por minha culpa... - Murmurou cabisbaixa.
- Aff... – Começou Bel. – Que mania de se culpar por tudo Liu... – Pontuou. – Vai ver nem foi o Nosferato que matou ele... – Disse.
- Dãã, eu esbarrei com o Nosferato do lado de fora da igreja... – Pontuou Liu. – Sem dúvidas foi ele... - Pontuou. – Ou... – Começou.
- Ou?! – Perguntou Bel.
- O padre era um bruxo experiente... – Pontuou Liu. – O nosso “querido Nosnos” não teria capacidade de enfrentar ele sozinho... – Disse com um sorriso estranho. – Provavelmente ele deve ter apanhado feio para o padre, caso ele tenha tentado lutar contra ele... – Comentou. – Logo... – Continuou.
- Logo o quê?! – Perguntaram Bel e Douglas juntos.
- Logo a Marta devia estar por perto... – Respondeu Liu. – Os dois nunca se desgrudam... – Pontuou. – E ao ver o seu Amorzinho apanhando ela deve ter atacado o padre por trás... – Concluiu. – É a única explicação plausível que eu consigo pensar... – Completou.
- Silas... – Começou Marta. Estavam todos sentados na sala da casa de Silas.
- Pois não Marta... – Murmurou o quase albino num tom um tanto quanto galanteador, o que deixou Nosferato ainda mais enraivado.
- Gostaria de acompanhar a mim e ao Nosferato a uma ida ao cemitério hoje?! – Perguntou Marta sorrindo.
- Claro... – Respondeu Silas praticamente de imediato. – O que faremos lá?! – Perguntou curioso.
- Uma caça ao tesouro enterrado... – Respondeu Marta rindo.
- E qual o tesouro que nós vamos caçar?! – Perguntou Silas curioso.
- A corrente da sobrinha morta da Marta... – Respondeu Nosferato com certa frieza na voz. Como assim ela tinha convidado esse tal de Silas para o programa noturno deles dois?!
- Desenterrar um corpo?! – Perguntou Silas.
- Obviamente que sim né inteligência rara?! – Retrucou Nosferato impaciente. – Ou você acha que o corpo dela vai se auto desenterrar e nos entregar a corrente numa boa?! – Perguntou com a sobrancelha direita erguida. – Francamente, não se fazem mais vilões como antigamente... – Murmurou de cara fechada.
- Acho que tem alguém de TPM masculina... – Provocou Silas sorrindo para Marta.
- “Ele que continue me provocando para ver só...” – Pensou Nosferato extremamente irritado com a inconveniência de Silas.
- Si... – Murmurou Mary Kate enquanto ambos almoçavam na casa de Sirius.
- Diga Mary... – Murmurou Sirius de volta.
- Assim que a gente acabar de almoçar você vai ir falar com a Lila... – Disse Mary Kate com um sorriso estampado no rosto.
- Mary! – Exclamou Sirius. – Não mesmo, eu nem sei onde ela mora... – Completou no que mais pereceu um murmúrio.
- Deve ser vizinha do Douglas...ou morar perto dele... – Retrucou Mary Kate. – Depois do almoço você vai falar com ela sim, entendeu?! – Completou num tom autoritário.
- Não...ela deve estar fora de casa... – Respondeu Sirius tentando evitar um possível encontro com Lila.
- Está bem... – Começou Mary Kate. – De noite a gente vai lá então... – Finalizou sorrindo.
- Certo... – Concordou Sirius sem prestar atenção no que havia dito. – Digo...não! – Corrigiu – se rapidamente.
- Já disse que sim...já era... – Pontuou Mary Kate sorrindo marotamente.
- Está bem Mary... – Concordou Sirius. – De noite a gente vai descobrir onde mora a Lila... – Pontuou.
- Aí você fala com ela enquanto eu ando pela rua...ou visito o Douglas...- Disse Mary Kate sorrindo.
- E eu vou falar o quê?! – Perguntou Sirius.
- Algo do tipo “Oi Lila, eu te Amo muito e era isso que eu queria dizer”... – Brincou Mary Kate. – Aí em seguida você a beija... – Disse obviamente brincando.
- Até parece Mary... – Murmurou Sirius terminando de almoçar. – Eu vou subir para descansar... – Disse sorrindo. – Sinta – se a vontade... – Completou.
- Pode deixar... – Falou Mary Kate se dirigindo até a pia com o seu prato. – Eu arrumo tudo enquanto você descansa... – Disse sorrindo.
- Obrigado Mary... – Agradeceu Sirius indo descansar.
- Nós vamos para a igreja... – Começou Liu com uma cara um tanto quanto contente.
- Não me diga que você vai se confessar com o padre, que por sinal já morreu... – Disse Bel sorrindo.
- Nem... – Falou Liu sorrindo. – Eu vou é descobrir quem, ou o quê matou o padre... – Completou.
- Vai ser muito perigoso Liu... – Disse Douglas com um olhar de preocupação.
- Que nada... – Retrucou Liu. – E perigo é o meu sobrenome! – Adicionou.
- Pensei que “Weiss” fosse o seu sobrenome... – Brincou Bel em meio a risos.
- Vamos então, Elisa “Perigo”?! – Perguntou Douglas fazendo graça com a cara de Liu.
- Vamos sim... – Concordou Liu. – Deixa só eu pegar a minha capa preta... – Completou subindo as escadas, deixando Bel e Douglas sozinhos na cozinha.
- E o almoço?! – Perguntou Bel para Douglas.
- Boa pergunta, acho que isso não nos pertence mais... – Respondeu Douglas sorrindo belamente enquanto desistia de preparar o almoço.
- Uma pena... – Começou Bel. – Eu queria saber se você é tão bom cozinheiro quanto disse... – Confessou sorrindo de volta.
- Não vão faltar oportunidades... – Disse Douglas num tom sedutor.
- Cof cof... – Interrompeu Liu que já estava de capa preta.
- Merlim! – Exclamou Bel. – Quem é você e o que você fez com a Liu?! – Perguntou de brincadeira já que com a capa não dava para identificar que era Liu ali.
- Eu sou um E.T. e eu abduzi a sua amiga... – Respondeu Liu abaixando o capuz da capa por um tempinho. – Vamos?! – Perguntou em seguida.
- Vamos... – Respondeu Douglas ainda receoso. – Estão todas as duas com suas varinhas em um lugar fácil?! – Perguntou.
- Sempre pronta para atacar! – Exclamou Liu sorrindo e mostrando a varinha.
- Sempre pronta para defender! – Exclamou Bel tentando tirar a varinha do lugar onde estava. – Espera...problemas técnicos... – Disse ao notar que sua varinha havia caído no chão.
- Guarde - a em um local mais fácil... – Pediu Douglas pegando a varinha de Bel do chão e entregando para ela.
- Certo... – Concordou Bel guardando sua varinha num local onde a retirada seria mais fácil.
Após mais um pequeno tempo de discussão eles acabaram chegando à conclusão que seria melhor se partissem para a igreja mais tarde, assim a vigilância no local seria menor ou nula.
Eram quatro e meia da tarde, Sirius continuava dormindo em sua cama.
- Acorda Sirius... – Murmurava Mary Kate na cabeceira da cama de Sirius.
- Só mais cinco minutinhos Pontas... – Murmurou Sirius.
- Acorda logo dorminhoco! – Gritou Mary Kate.
- Mary! – Exclamou Sirius ao acordar assustado. – O que houve?! – Perguntou confuso.
- É hora de você acordar e ir se arrumar para ir falar com a Lila... – Respondeu Mary Kate com um sorriso brilhante.
- Ah não... – Murmurou Sirius fechando os olhos de novo.
- Ah simm... – Retrucou Mary puxando o braço de Sirius para que ele tivesse que se levantar.
- Mary! – Exclamou Sirius sentindo – se ser puxado. – Eu falo com ela amanhã, ou depois, ou depois... – Murmurou.
- Não! – Disse Mary Kate puxando Sirius com mais força. – Você vai falar com ela hoje, daqui a pouco! – Completou.
- Está bem Mary, eu me rendo! – Confessou Sirius se levantando. – Estou indo me arrumar para a gente ir para o lugar que eu nem ao menos sei onde é... – Murmurou indo para o banheiro.
- Ebaa!! – Gritou Mary Kate sorrindo. – Eu venci a teimosia ambulante chamada “Sirius Black”!! – Exclamou com uma cara engraçada que fez com que Sirius risse antes de entrar no banheiro.
- Vamos Douglas?! – Perguntou Liu impaciente.
- Vamos sua chata... – Respondeu Douglas dando língua para Liu.
- Hey! – Exclamou Bel. – Como é mesmo que a gente vai passar pelos policiais?! – Perguntou confusa.
- Primeiro... Nós vamos entrar por baixo, lá não tem policiais eu espero... – Começou Liu com um sorriso misterioso.
- Por baixo?! – Perguntou Bel confusa.
- O padre era uma pessoa um tanto quanto prevenida... – Começou Douglas. – Ele tinha passagens secretas para a igreja, assim se ele necessitasse sair escondido ele teria como sair... – Explicou. – Ou se alguém precisasse entrar sorrateiramente, entraria... – Acrescentou.
- Uia... – Murmurou Bel. – Esse velhinho era o cara... – Disse sorrindo.
- Facilitou o meu trabalho... – Murmurou Liu. – Se não eu ia ter que driblar os policiais... – Acrescentou.
- Vamos mesmo então?! – Perguntou Douglas confuso.
- Só se for agora! – Respondeu Liu botando o seu capuz e se preparando para sair.
- O Eduzinho também vai?! – Perguntou Bel ao ver o gatinho seguindo Liu.
- Claro! – Respondeu Liu imediatamente. – Ele faz parte da equipe... – Brincou enquanto saiam de lá.
- Anda logo Sirius Black! – Chamava Mary Kate enquanto batia na porta do banheiro.
- Pronto! – Disse Sirius saindo do banheiro já arrumado.
- Uia... – Murmurou Mary Kate. – Está tão cheiroso... – Pontuou ao sentir o cheiro do perfume do maroto se espalhar pelo local.
- Claro... – Murmurou Sirius. – Você disse que era para eu me arrumar... – Disse num tom engraçado ainda com o cabelo molhado. – Vamos?! – Perguntou por fim.
- Vamos! – Respondeu Mary Kate. Já eram cinco da tarde.
- Céus... Como eu vou saber onde diabos enterraram a minha sobrinha?! – Perguntou Marta que estava acompanhada de Silas e Nosferato no meio do cemitério.
- Pergunta para alguém... – Sugeriu Nosferato impaciente, afinal Silas estava ali e ele é quem estava carregando a pá e parecendo muito suspeito.
- Nossa gênio do crime... – Ironizou Silas. – Se fizermos isso você vai direto para a prisão por estar com uma cara suspeita e com uma pá no meio de um cemitério... – Disse com um sorriso sarcástico.
- Não se preocupe, se eu for para a prisão eu faço questão de te levar comigo... – Revidou Nosferato com um sorriso vitorioso.
- Algum de vocês dois quer me ajudar a procurar pelo nome da minha sobrinha?! – Perguntou Marta impaciente.
- Ele ajuda... – Respondeu Nosferato apontando para Silas. – Eu só sirvo para carregar a pá... – Completou dando bastante ênfase ao “só”.
- Pára de reclamar Nosferato! – Exclamou Marta irritada. – Você está me saindo um chato de galochas... – Acrescentou. Silas riu discretamente.
- Marta... – Começou Silas. Nosferato já havia fechado a cara. – Talvez fosse melhor a gente perguntar para alguém mesmo... – Concluiu olhando para um lugar que parecia ser uma central de informações.
- Eu concordo com você Silas... – Confessou Marta. – Nosferato querido, você fica aqui com a pá, e eu e o Silas vamos pedir informações... – Completou.
- “Nosferato você fica aí com a pá enquanto eu vou ali com o Silas...” – Imitou Nosferato quando Marta e Silas já estavam longe. – Porque eu com a pá?! – Perguntou - se.
Após mais ou menos quinze minutos Silas e Marta voltaram com sorrisos nos rostos.
- É para lá... – Disse Marta apontando para a esquerda.
- Legal... – Murmurou Nosferato desanimado.
- HAsudhau! – Riu Silas. Estavam os três lado a lado. Marta estava no meio. – A mulher achou que nós éramos marido e mulher... – Comentou de propósito só para ver Nosferato irritado.
- Deveriam ser mesmo...combinam um com o outro... – Reclamou Nosferato com uma cara de nojo.
- Aí meu Amor...larga de ciúmes...nem tem motivo para tanto ciúmes... – Disse Marta sorrindo.
- “Não?!” – Se perguntou Nosferato em meio aos seus pensamentos. – “Se ele triscar na minha Marta eu juro que eu o mato antes que ele possa dizer Quadribol...” – Concluiu em pensamentos enquanto iam à direção ao túmulo de Liu que era longe de onde eles estavam.
- Olha só quem está no jardim daquela casa Si... – Murmurou Mary Kate. Ambos estavam na frente da casa de Douglas.
- Mary eu não tenho coragem o suficiente para ir falar com ela... – Confessou Sirius de cabeça baixa. Onde estava o “cachorro” Sirius Black?!
- Me poupe Si... – Começou Mary Kate levantando o rosto de Sirius. – Você sempre foi um rapaz muito... hummm...“conquistador”... – Completou sorrindo.
- Isso era antes de eu realmente me apaixonar por alguém... – Disse Sirius com a voz falha.
- Hey... – Murmurou Mary Kate abraçando o amigo. – Você está apaixonado por ela, e sua chance é ir falar com ela agora... – Sussurrou no ouvido do maroto. – Solte o seu lado maroto que você tem teimado em esconder... – Finalizou separando – se dos braços dele e piscando o olho direito.
- E você?! – Começou Sirius. – O que você vai ficar fazendo?! – Perguntou confuso.
- Vou ver se tem alguém aqui na casa do Douglas, e, se não tiver, eu dou umas voltas por aí... – Respondeu Mary Kate com uma cara que exalava paz.
- Está certo... – Concordou Sirius. – Deseje – me sorte... – Falou por fim deixando – se sorrir marotamente.
- Boa sorte Si! – Exclamou Mary Kate sorrindo de volta para Sirius. Ela ficou ali na soleira da porta de Douglas vendo Sirius se distanciar até chegar perto de Lila. – Agora é só bater na porta... – Murmurou indo para perto da porta.
A garota de cabelos curtos e negros bateu três vezes na porta de madeira escura. Ficou um pouco de tempo esperando por um simples grito do estilo “Já vai!!”, mas não ouviu nada.
- Oxi...será que o Douglas e a Bel ainda não voltaram do almoço?! – Murmurou Mary Kate enquanto ria um pouco. – “Vou tentar de novo...” – Pensou voltando a bater na porta.
Após três tentativas de chamar alguém naquela casa, Mary Kate resolveu sentar – se em um banquinho branco de madeira que tinha ali perto, assim poderia assistir de longe a conversa entre Lila e Sirius, sem dúvidas veria um beijo sair daquele casal.
- Lila?! – Sirius chamou num tom galanteador de voz a garota de longos cabelos negros que estava em sua frente no jardim de uma casa.
- Pois não?! – Respondeu a garota ainda de costas para Sirius. Engraçado como dessa vez Sirius não sentiu o seu coração disparar com uma simples palavra proferida pela garota.
- Posso falar com você durante um tempinho?! – Perguntou Sirius confuso. Será que ela realmente estava evitando ele?! Porque ela não virava de frente?!
- E você é?! – Perguntou Lila ao se virar e encarar Sirius. – “Um gato isso sim...” – Pensou ao contemplar a beleza do maroto.
- Sirius?! – Respondeu o maroto confuso. Como em tão pouco tempo ela já havia se esquecido dele?!
- Ah sim...Sirius! – Disfarçou Lila tão confusa quanto Sirius. – “Uau...como eu não me lembro de um gato desse porte?!” – Pensou quase babando por Sirius. – “Devo ter bebido demais na festa de ontem...” – Concluiu em pensamentos.
- Se lembrou de mim então?! – Perguntou Sirius para ter certeza de que a garota não estava de brincadeira para cima dele.
- Claro né... – Respondeu Lila com uma cara meio óbvia. – É que depois do almoço eu tive uma pequena briga com o meu pai e aí eu acabei ficando confusa... – Mentiu só para Sirius não se afastar dela.
- Espero que você e o seu pai façam as pazes... – Confessou Sirius sorrindo marotamente para a garota.
- “Meu Deus! Você caprichou em cada detalhe quando criou esse aí hein?!” – Pensou Lila ao se derreter pelo sorriso de Sirius. – “Obrigada pelo presente de Natal adiantado Papai Noel...” – Pensou sorrindo de volta para Sirius.
- “Ela não parece ser a mesma com quem eu conversei hoje...” – Pensou Sirius ainda sorrindo para disfarçar sua decepção interior. – “Besteira Sirius Black, você que está vendo defeito onde não tem...” – Pontuou mentalmente.
- A gente vai fazer as pazes...é sempre assim... – Pontuou Lila sorrindo.
- E o Douglas, onde ele está?! – Perguntou Sirius em uma tentativa inútil de começar uma conversa simples.
- O Douglas?! – Perguntou Lila mais para si própria. – “Douglas....errr...acho que esse é o nome de meu vizinho...” – Concluiu em pensamentos. – Eu acho que o Douglas está na casa dele... – Respondeu com um sorriso amarelo.
- Ah...claro... – Murmurou Sirius passando a olhar para os próprios sapatos.
- Vem cá... – Começou Lila tentando descobrir de onde ela “conhecia” Sirius. – De onde eu te conheço mesmo?! – Perguntou confusa.
- Você não se lembra né Lila?! – Perguntou Sirius com uma cara de decepção.
- Sinceramente?! – Começou Lila. Sirius fez que sim com a cabeça. – Eu não faço a mínima idéia de como eu lhe conheço, só sei que eu vou parar de beber nas festas...assim, quando eu arranjar um gato do seu porte eu não vou esquecer no dia seguinte... – Disse analisando o corpo de Sirius centímetro por centímetro. Definitivamente aquela não era a mesma Lila.
- Não lembra da missa?! – Perguntou Sirius. – Ou da nossa conversa na minha casa?! – Perguntou novamente.
- Eu fui para a sua casa?! – Perguntou Lila assustada. – Deus do céu... Que maldade apagar a minha memória desse jeito... – Reclamou indignada.
- Deixa para lá... – Murmurou Sirius desapontado. Então ela realmente não se lembrava de toda aquela conversa que eles tiveram...
- Mas agora eu fiquei curiosa... – Reclamou Lila confusa. – Como você me conhece se eu não lembro de você?! – Perguntou com uma cara de ponto de interrogação. – Como você conhece o meu vizinho Douglas?! – Questionou.
- O Douglas é um grande amigo meu... – Respondeu Sirius. – E foi ele que me apresentou a você na missa de sete dias da minha falecida namorada... – Completou. – E eu vim aqui só para dizer que achava que estava apaixonado por você por causa das coisas que conversamos hoje... – Disse com os olhos marejados. – Mas eu acho que eu errei de pessoa, como eu posso estar apaixonado por alguém que nem me conhece?! – Perguntou mais para si mesmo.
- Não se preocupe... Sirius... – Começou Lila olhando nos olhos encantadores do maroto. – Acho que a gente pode resolver isso com uma simples apresentação... – Disse sorrindo para ele.
- Acho que não vai dar... – Murmurou Sirius. – Você não é exatamente o que eu pensei que você fosse... – Confessou. – “E pensar que eu cheguei a pensar que eu estava sentindo por ela a mesma coisa que eu sentia pela Liu...” – Pensou em sua confusão mental.
- Talvez se você tentasse me conhecer direito você descobrisse que eu posso ser muito melhor do que o que você acha... – Falou Lila disposta a ter aquele lindo garoto ao seu lado.
- Talvez... – Murmurou Sirius. – Mas eu não quero correr o risco de tentar te conhecer direito, sendo que você nem lembra de mim mesmo depois de nossas conversas... – Confessou num tom um tanto quanto frio.
- Bom...agora eu sem dúvidas não irei mais te esquecer... – Pontuou Lila com um sorriso misterioso. – Uma pena que você não queira deixar eu te mostrar o quão melhor do que a sua falecidinha namorada eu posso ser... – Murmurou.
- Ninguém nunca vai ser melhor do que ela... – Pontuou Sirius. – Nunca... – Murmurou começando a se deixar levar por memórias de seus dias felizes ao lado de Liu.
- É né... – Murmurou Lila. – Quem sou eu para discutir com uma pessoa que é apaixonada por uma defunta... – Completou dando os ombros.
- Você realmente deveria parar de beber em festas... – Falou Sirius repentinamente olhando nos olhos da garota. – Assim quem sabe você não volta a ser a pessoa meiga que eu conheci... – Adicionou.
- Dããã! – Exclamou Lila. – Analise bem essa frase... Eu não te conheci em missa nenhuma... Eu nem à igreja vou... – Disse pausadamente para que Sirius pudesse “entender”.
- Pare de beber... – Aconselhou Sirius antes de virar de costas para Lila e seguir caminhando sem destino. – “Se ela diz tanto que não me conhece, como eu a conheço?!” – Se perguntou. Aquilo havia o deixado com uma pulga atrás da orelha.
- Sim... – Começou Bel com uma cara confusa. – Nos demos mal... Tem policial por tudo quanto é canto... – Disse ao olhar a frente da igreja, por de trás de um local com muitas árvores, e constar que havia muitos policiais pela área.
- Eu já disse que a gente vai por trás Bel... – Lembrou Liu sorrindo para a amiga.
- Por baixo melhor dizendo... – Corrigiu Douglas com um sorriso maroto.
- Ah é... Esqueci desse pequeno detalhe... – Confessou Bel. – É um túnel?! – Perguntou confusa.
- É sim... – Respondeu Douglas.
- Douglas! – Exclamou Liu. – Esqueceu que eu não gosto de lugares pequenos e fechados?! – Lembrou com uma cara de pânico.
- Eu acho que eu esqueci de te dizer que era um túnel velho e abandonado então... – Murmurou Douglas que tinha deixado para dizer isso em cima da hora de propósito.
- Eu acho que você fez de propósito... Eu não quero mais entrar... – Disse Liu em pânico.
- Ah Liu... – Começou Bel. – Vai desistir assim tão fácil de descobrir quem matou o padre?! – Perguntou num tom de provocação.
- Não... – Respondeu Liu num murmúrio fitando os seus próprios pés.
- Então você vai entrar sem fazer nenhum escândalo, certo?! – Perguntou Douglas procurando pelo olhar de Liu.
- Certo... – Respondeu Liu levantando a cabeça que estava coberta pelo capuz de sua capa preta.
- Então me sigam... – Disse Douglas com um sorriso estilo “Eu tenho 32 dentes”.
- “Não posso desistir do meu objetivo...” – Pensou Liu enquanto seguia Douglas para um lugar com mais árvores.
- É aqui... – Murmurou Douglas enquanto apontava para uma pequena casa de barro, que mais parecia um banheiro de tão pequena que era.
- Isso parece com aqueles banheiros antigos de fazenda... – Pontuou Bel em meio a risos.
- Vamos, entrem... – Pediu Douglas enquanto abria a porta.
- Aqui é apertado, escuro... – Começou Liu olhando para as quatro paredes do cubículo enquanto Douglas fechava a porta.
- E você vai ficar sem reclamar e sem dar ataques de pânico... – Completou Douglas abrindo um alçapão que tinha no chão do cubículo.
- Pensa no Si amiga... – Aconselhou Bel. – Pensa que ele está indo com você te protegendo... – Murmurou. Liu sorriu discretamente.
- As damas vão primeiro... – Disse Douglas apontando para o alçapão. – E por motivos óbvios a Bel vai ir à frente... – Completou sorrindo.
- Quais os motivos óbvios?! – Perguntou Liu confusa.
- Bom... Você é o motivo, se você for no meio você não vai puder fugir nem vai entrar em pânico... – Respondeu Douglas. Bel já havia entrado no túnel.
- Vem logo Liu... Nem é tão assustador assim... – Chamou Bel. O túnel tinha as paredes de barro, não era iluminado, tinha várias teias de aranhas... Enfim, não era exatamente um lugar agradável, nem de longe.
- Não... – Murmurou Liu desanimada entrando no túnel.
- Não se preocupe Liu, eu estou logo atrás de você... – Confortou Douglas que tinha medo de Liu entrar em crise ali debaixo.
- É muito longe?! – Perguntou Liu respirando fundo para esconder o medo.
- Um pouco... – Respondeu Douglas com um sorriso amarelo.
- “Eu não gosto desse lugar...” – Repetia Liu mentalmente enquanto os três seguiam em frente.
- Douglas!! – Gritou Bel que estava na frente.
- O que houve Bel?! – Perguntou Douglas preocupado.
- Agora eu faço o quê?! – Perguntou enquanto olhava para uma bifurcação que havia em sua frente. – Direita ou esquerda?! – Adicionou à pergunta.
- Direita... – Respondeu Douglas certo do que estava dizendo.
- Aiaiaiaii... – Resmungou Liu achando que eles iriam se perder.
- Espero que você saiba o que está fazendo... – Murmurou Bel alto o suficiente para Douglas ouvir, enquanto virava à direita na bifurcação.
- Eu sei o que estou fazendo Bel... – Respondeu Douglas sorrindo.
- Eu não sei o que eu estou fazendo aqui nesse túnel velho, abandonado e cheio de aranhas... – Murmurou Liu arqueando a sobrancelha direita.
- Relaxa Liu... – Começou Bel. – Pense positivo, poderia ser um túnel velho, abandonado, cheio de aranhas e ratos! – Disse sorrindo. – Ahhh!! Um rato! – Gritou parando de seguir em frente.
- Agora continue a frase, o que de pior poderia nos acontecer?! – Perguntou Liu desviando do rato que estava passando por perto de sua perna no momento.
- Não pergunta que atrai coisa ruim... – Alertou Douglas fazendo sinal para Bel seguir em frente.
- Eu acho que eu estou vendo uma luz no final do túnel! – Exclamou Bel feliz olhando para frente.
- Cuidado para não ser o trem... – Disse Liu mal humorada.
- Douglas... – Começou Bel. – Era para eu estar vendo uma luz mesmo, ou a gente errou o caminho?! – Perguntou desconfiada.
- Definitivamente a gente errou o caminho... Era para virar à esquerda... – Respondeu Douglas sorrindo um sorriso amarelo.
- Você como guia de túneis escuros e cheios de bichos é um ótimo professor de DCAT! – Brincou Bel. Liu já estava com uma cara de desespero. Afinal, eles haviam se perdido num túnel nada agradável.
- “Pensa no Si e no Edu...” – Se auto - ajudava Liu, fechando os olhos para não entrar em mais desespero.
- Vamos Liu... – Chamou Douglas preocupado com o fato de ela ter entrado em silêncio repentinamente.
- Vamos... – Concordou Liu. Os três seguiram agora pelo caminho certo.
- Aleluia... – Disse Bel ao acharem um alçapão sobre a cabeça deles.
- Licença... – Murmurou Douglas indo abrir o alçapão.
- Toda... – Murmurou Bel de volta sorrindo. Douglas já havia aberto o alçapão.
- “Ainda bem que chegamos... mais cinco minutos dentro desse túnel e eu ia morrer...” – Pensou Liu enquanto os três saiam de lá.
- Chegamos! – Brincou Douglas quando os três já haviam saído de dentro do túnel que dava diretamente para a sala particular do padre, ou seja, a cena do crime.
- Eu digo logo por antecipação que teve uma luta aqui... – Murmurou Liu fazendo uma cara de detetive.
- Você diz isso por causa do fato de estar tudo bagunçado, ou porque no jornal disse que foi assassinato?! – Provocou Douglas sorrindo.
- Porque está tudo bagunçado... – Respondeu Liu fechando a cara. – Mas a questão é... Onde estava o assassino, que o padre nem percebeu?! – Adicionou olhando para todos os cantos da sala.
- Provavelmente escondido... – Respondeu Bel que estava olhando tudo também.
- Não... – Começou Liu. – Escondido estava seja lá com quem ele lutou... – Disse analisando os fatos de sua teoria. – O assassino, ou como eu acho, “a” assassina, pegou ele desprevenido... Provavelmente de costas... – Completou olhando para a porta dos fundos.
- Então como você acha que tudo aconteceu, Sherlock Holmes?! – Perguntou Douglas em certo tom de brincadeira.
- O padre estava chegando de lá da igreja após a missa... – Começou Liu, imagens vinham em sua cabeça como se fosse real. – Ele, como sempre, veio até aqui, pegou sua bíblia e começou a ler ela... – Completou.
- Se foi isso a bíblia estava em cima da mesa, eu me lembro... – Adicionou Douglas apontando para a mesa.
- Então ele veio até a mesa para pegar sua bíblia... – Continuou Liu indo até a mesa e se abaixando. – O que ele não sabia é que alguém esperava por ele... – Disse ao ver algo no chão, debaixo da mesa onde o corpo do padre havia sido encontrado. – Nosferato... – Murmurou ao reconhecer o pequeno broche de ouro que havia encontrado de baixo da mesa como sendo do terrível homem de olhos azuis. Liu se levantou e voltou a “ser” o padre.
- A julgar pela bagunça que tem ali... – Começou Douglas também entrando no jogo que Liu estava fazendo e se abaixando debaixo da mesa. – Ele se levantou de debaixo da mesa e empurrou o padre que estava em pé perto da mesa... – Disse levantando – se e empurrando Liu de levinho.
- Nosferato estava com sua varinha apontada para o padre... – Recomeçou Liu. – Só que ele não sabia que o padre era bruxo... – Completou fingindo que tirava algo do bolso. – Na hora em que Nosferato foi atacar o padre, ele se defendeu com sua varinha que estava escondida em suas vestes... – Adicionou.
- Provavelmente Nosferato caiu no chão agonizando de dor... – Continuou Douglas imaginando a cena. – E o padre continuava superior a ele... – Disse sorrindo. – Julgando pelo temperamento do meu amigo, ele não tinha intenções de matar o Nosferato, apenas ensinar uma lição para ele... – Completou.
- Logo, ele tirou o efeito do feitiço... – Pontuou Liu como se estivesse vendo a cena. – Mas o Nosferato não gosta de ser provocado, provavelmente ele tentou outro feitiço... – Adicionou olhando para a sala do lugar onde provavelmente o padre havia estado durante aquela luta.
- Mas o padre era muito competente como bruxo... – Começou Douglas. – E provavelmente levou vantagem durante o breve duelo que teve com o Nosferato... – Adicionou. – Mas acabou ficando de costas para a porta... – Disse ao ver à posição que Liu se encontrava em relação à porta.
- Desse modo ficou fácil para uma terceira pessoa matar o padre... – Disse Bel se pondo no lugar da terceira pessoa e apontando para Liu que estava de costas para ela como se fosse soltar um feitiço.
- Essa terceira pessoa provavelmente foi a Marta... – Supôs Liu. – Que ao ver seu querido namoradinho ameaçado no chão resolveu acabar com a brincadeira... – Adicionou. – Ao se levantar revoltado, Nosferato cuspiu no corpo do padre... – Completou sorrindo. – Tudo encaixa perfeitamente... – Disse satisfeita.
- Só nos falta puder provar que foi a Marta... – Pontuou Bel sorrindo.
- Isso eu não tenho dúvidas... – Confessou Liu com um sorriso enigmático. – Foi a Marta... – Completou. – Agora é mais um motivo para eu achar aqueles dois... – Disse ainda sorrindo.
- É assim que se fala... – Começou Douglas. – Aqueles dois não perdem por esperar... – Murmurou com um ar de vingança no timbre de voz.
- “Porque você tinha que fazer aquilo comigo Liu?!” – Se perguntava Sirius enquanto andava pelas ruas em direção a um banquinho branco de madeira.
Depois de andar durante alguns metros, Sirius se sentou ao lado de Mary Kate, no banquinho branco de madeira, e repousou a cabeça nas mãos deixando – a abaixada em sinal de decepção.
- Decepcionado?! – Perguntou Mary Kate em um murmúrio enquanto olhava para o céu.
- Você não imagina o quanto... – Confessou Sirius. – Ela não era nada do que eu pensei... – Murmurou levantando a cabeça e passando a encarar o céu também.
- Metida?! – Perguntou Mary Kate passando a olhar para Sirius.
- Estranha... – Respondeu Sirius olhando para a garota de curtos cabelos negros. – Ela nem se lembrava de mim, você acredita?! – Completou deixando Mary boquiaberta.
- Como assim?! – Perguntou Mary Kate confusa. Como uma pessoa poderia esquecer uma outra, assim tão rápido?!
- Não sei... – Respondeu Sirius. – E ainda tem mais, ela me disse que não foi à missa nenhuma... – Completou em um tom de voz falha.
- Bom... – Começou Mary Kate se levantando do banco. – Eu acho isso muito estranho... – Confessou tentando sorrir para animar Sirius. – Mas, acho que talvez tenha sido melhor assim... – Finalizou olhando profundamente nos olhos do maroto.
- É... Talvez tenha sido melhor assim... – Concordou Sirius também se levantando e passando a mão pelo lugar da corrente. – O que me diz de voltarmos para casa?! – Propôs deixando – se sorrir.
- Por mim está mais do que certo! – Respondeu Mary Kate. – Quer dizer... – Parou para pensar. – Eu posso dormir em sua casa hoje, certo?! – Perguntou por fim com uma cara de dúvida.
- Deixe - me pensar... – Brincou Sirius sorrindo marotamente. – É claro que você pode dormir lá em casa hoje... – Disse, e ambos começaram a andar.
- Agora eu só tenho que descobrir onde diabos aqueles dois se meteram... – Murmurou Liu mais para si mesma quando ela, Bel e Douglas já estavam do lado de fora da igreja novamente.
- Isso não vai ser difícil... Eles não podem se esconder para sempre... – Pontuou Bel com um sorriso de satisfação.
- Não mesmo... – Concordou Douglas em um murmúrio seguido de um sorriso. Ambos seguiam mata adentro para voltar para casa.
- Vamos cortar caminho pelas árvores Si?! – Propôs Mary Kate sorrindo.
- Vai ser interessante... – Começou Sirius. – Um passeio noturno pelas árvores de Londres... – Disse sorrindo enquanto fingia a voz. – Fiz parecer assombroso?! – Perguntou com a sobrancelha esquerda erguida.
- Nem um pouco... – Respondeu Mary Kate logo depois começando a rir da cara de Sirius. Ambos seguiam pelo caminho das árvores. Era um lugar escuro, e devido ao horário estava ainda mais escuro.
As árvores faziam barulhos esquisitos, talvez fossem apenas... Esquilos, ou corujas.
- Está bem... Agora eu estou começando a ficar com medo... – Confessou Mary Kate ao ouvir o barulho do vento tocando as folhas e assoviando para as árvores.
- AHsudhausd! – Riu Sirius. – Larga de ser boba Mary...é só o vento... – Tranqüilizou Sirius com um sorriso no rosto. Mas logo em seguida houveram três barulhos esquisitos vindo da frente deles.
- Não creio que isso tenha sido o vento também... – Murmurou Mary Kate com a voz trêmula assim como seus braços e pernas. Sirius apenas entrou em sua frente.
- Quem são vocês?! – Perguntou num tom corajoso ao ver três silhuetas de pessoas em sua frente.
- Nós somos os seus piores pesadelos, criança... – Disse uma voz rouca masculina vinda de uma das três sombras de pessoa.
- Si... Eu quero ir para casa... – Murmurou Mary Kate em pânico.
- Em nome de nosso mestre nós iremos acabar com vocês dois... – Praticamente gritou uma voz aguda e feminina vinda das sombras.
- Comensais... – Murmurou Sirius mais para si próprio, porém Mary ouviu.
- Comensais?! – Exclamou Mary Kate bem alto, seu tom de voz expressava todo o medo que estava sentindo naquele momento, acabando por denunciar que ela e Sirius sabiam da existência dos bruxos, e que provavelmente também eram bruxos.
- Preparados para uma luta justa?! – Perguntou a única sombra que ainda não tinha falado nada, pela voz era um outro homem.
- Covardes, se escondem nas sombras para que não possamos ver a identidade de vocês... – Provocou Sirius querendo ver os seus “inimigos”.
- Justa?! – Perguntou Mary Kate. – Três contra dois é justo desde quando?! – Adicionou com a sobrancelha esquerda arqueada em sinal de desconfiança.
- Realmente... – Concordou a voz feminina. – Acho que vocês estão na desvantagem... – Confessou. – Mas eu não me importo com isso... O resultado vai ser o mesmo de qualquer forma... – Completou.
- Ao menos saiam da sombra... – Pediu Sirius que estava curioso para ver quem seriam as três sombras.
- Garoto irritante... – Murmurou a voz rouca masculina de uma das sombras. – Vou satisfazer o seu desejo... – Disse dando alguns passos para frente. – Mas só porque você vai morrer daqui a pouco... – Completou.
- Merlim... – Começou Sirius ao ver a figura de um homem baixo e troncudo que usava uma capa preta. Dava de leve para ver o rosto do homem, seu nariz parecia ter uma bolinha na ponta, era praticamente careca, tendo poucos cabelos apenas nas laterais da cabeça que era redonda, seus olhos pareciam ser pretos. – Eu acho que eu estou vendo um anão vestido para ir para um baile... – Provocou com seu celebre sorriso maroto nos lábios.
- Moleque atrevido! – Exclamou o outro homem indo para o lado de seu “colega de trabalho”.
- AHsudhaushd! – Riu Sirius ao ver a figura de um cara alto mais meio gordinho, com uma barba grande negra, olhos de cor clara, cabelos castanhos ondulados até a altura do queixo que praticamente se juntavam com a barba no final, expressão de mau humor aparente, sobrancelhas unidas no meio, que também trajava a típica roupa preta. – Claro que o anão tinha que estar acompanhado de um Papai Noel falsificado... – Disse com um sorriso de superioridade.
- Ninguém ofende o meu marido assim! – Exclamou a mulher indo para o lado do “Papai Noel falsificado”.
- O que temos aqui?! – Começou Sirius ao ver a mulher que era alta, esbelta, feições finas, cabelos loiros platinados, olhos azuis bem claros, nariz arrebitado, que trajava um vestido preto que marcava a sua bela cintura. – É a Mamãe Noel! – Exclamou por fim. – Que casal estranho... – Murmurou ao olhar para o casal como um todo.
- Eu digo para nós acabarmos com os dois logo... – Apressou – se a mulher impaciente.
- Eu digo que estou interessado em matar aquela garota... – Pontuou o homem de barba.
- Certo... – Concordou o outro homem. – Eu e a sua magnífica esposa cuidamos do garoto insolente então... – Finalizou lançando um olhar de fúria para Sirius que murmurava algo como “Corra Mary... corra...”, sendo respondido pelo simples ato da garota ir para o seu lado como quem decide lutar.
- Vá embora Mary... – Murmurou Sirius ao ver a garota ao seu lado.
- E deixar você sozinho contra três?! – Perguntou Mary Kate. – Nunca... – Se auto - respondeu.
- Não quero ver ninguém com pena desses dois... – Avisou o homem praticamente careca, o casal apenas concordou com a cabeça, e o homem de barba partiu para cima de Mary Kate, que, assim como Sirius e todos os demais, já se encontrava com a sua varinha em mãos pronta para se defender ou até atacar.
- EVERTE STATUM! – Gritou Sirius apontando para a mulher loira que foi jogada longe enquanto dava piruetas no ar. Ele havia feito isso para não ter que enfrentar dois comensais ao mesmo tempo.
- ALARTE ASCENDERAE! – Disse violentamente o comensal quase careca fazendo com que Sirius fosse lançado para o alto e depois para o chão, batendo violentamente nele.
Sirius, porém não ficou muito tempo no chão se recuperando de dores, não havia tempo para isso, com uma força interior inexplicável ele se levantou quase que imediatamente, deixando o comensal boquiaberto.
- Langlock! – Falou Mary Kate não com muita intensidade. O feitiço foi facilmente rebatido pelo comensal.
- É assim que se fala sua pirralha... – Começou o barbudo. – LANGLOCK! – Gritou. Mary Kate sentiu sua traquéia travar, o que a deixou extremamente agoniada.
- ANAPNEO! – Gritou Sirius de longe, se esquecendo um pouco de sua luta para ajudar Mary Kate. Na mesma hora a garota de cabelos curtos e negros sentiu a sua traquéia sendo desbloqueada. Sirius era um excelente bruxo, mesmo que tivesse saído recentemente de Hogwarts.
- AVA... – Começou a loira apontando para Sirius, que ao notar o que ela ia pronunciar reagiu.
- EXPELLIARMUS! – Exclamou Sirius fazendo com que a varinha da mulher de cabelos platinados voasse longe, algo bastante útil para ele, assim a mulher teria que perder tempo indo atrás de sua varinha.
- O garotinho sabe lutar... – Provocou o comensal baixinho numa tentativa de ganhar tempo enquanto a loira procurava sua varinha.
- Vejo que o anão vestido para um baile está fora de forma... Já até cansou! – Brincou Sirius com um sorriso maroto estampado em seus lábios.
- Ora, ora... – Começou o quase careca em um tom de voz de deboche. – O garotinho realmente pensa que pode contra a minha pessoa?! – Perguntou totalmente debochando de Sirius.
- Eu não penso... – Respondeu Sirius. – Eu tenho certeza. – Completou com um sorriso de satisfação nos lábios marotos.
- Egocêntrico... – Murmurou o comensal com um olhar de raiva. A loira ainda procurava por sua varinha.
- CRUCIUS! – Exclamou o homem barbado fazendo com que Mary Kate desabasse no chão agonizando de dor.
- Mary! – Gritou Sirius em desespero quando viu Mary Kate no chão se contorcendo.
- Ouço gritos... – Pontuou Liu no meio do caminho que ela, Bel e Douglas estavam traçando pelas árvores. Talvez tivesse sido sua imaginação, mas ela havia ouvido a voz de Sirius chamando por Mary, e alguns gritos de dor ou agonia... “Rezava” para que houvesse sido apenas sua mente tentando pregar pegadinhas nela.
- Eu também ouvi gritos... – Disse Bel com um olhar de preocupação.
- Calma... – Começou Douglas. Liu já dava alguns passos para trás. – Devem ser crianças trouxas brincando de Pega – Pega... – Murmurou incerto, tudo para não ver nem Liu nem Bel em pânico.
- Eu estou com medo Douglas... – Falou Bel enquanto ia abraçar o loiro. – Eu não estou gostando nadinha de toda essa situação... – Confessou em meio a um abraço aconchegante com Douglas.
- Relaxa Belzinha... – Murmurou Douglas no ouvido de Bel enquanto alisava seus cabelos. – Tudo vai ficar bem e na mais perfeita paz... – Disse com um belo sorriso no rosto. Liu e Eduzinho já haviam desaparecido de lá sem chamar atenção de nem um dos dois.
- É legal ser torturada, garotinha?! – Provocou o comensal barbudo após ter retirado a maldição que havia lançado em Mary Kate. Na mente da garota um único pensamento martelava, antes tivesse sido sua mãe a aparecer em sua frente.
- Você não imagina o quanto... – Respondeu Mary Kate tomando coragem e se levantando. Sirius estabelecia um duelo difícil com o quase careca, e a loira já havia sumido de lá de perto.
- Criança atrevida... – Murmurou o homem. – Devias aprender a ficar calada... – Aconselhou num tom um pouco provocativo.
- Não posso me calar diante das atrocidades que existem nesse mundo... – Murmurou Mary Kate com um olhar de fúria.
- Esses seus olhos... – Começou o barbudo. – Eles me lembram alguém... – Disse com um olhar confuso.
- Provavelmente o seu pior pesadelo... – Provocou Mary Kate com um sorriso misterioso brincando nos seus lábios.
- Dando uma de corajosa agora garotinha?! – Perguntou o comensal em tom de total provocação.
- “Onde está você Si?!” – Se perguntava Liu enquanto corria sem rumo pelos vários caminhos daquela nem tão pequena mata, seguida por seu lindo gato branco.
- Você não perde por esperar Papai Noel falsificado! – Exclamou Mary Kate sentindo o ódio correr em suas veias.
- Sua... – Antes de completar a frase o homem já estava no chão se contorcendo de dor.
- Agora me diga você... – Começou Mary Kate enquanto o homem estava no chão ainda. – É bom ser torturado?! – Perguntou num tom de clara provocação.
- Cuidado Mary Kate! – Gritou Sirius depois de lançar um feitiço que deixou o careca distraído e ao ver a mulher loira com a varinha apontada para Mary Kate.
Mary Kate olhou para trás e viu estar sobre ameaça.
- AVADA KEDAVRA! – Um grito, um flash de luz verde, um corpo ao chão.
Qual a diferença de um segundo para o outro?! O suficiente para acabar com uma vida, ou não. Afinal, pode um segundo acabar com a utopia de uma vida inteira?!
Lá estava uma figura misteriosa, uma outra capa preta, era tudo que dava para ver. A julgar pela voz do grito era uma garota. Garota essa que havia acabado de salvar Mary Kate, que olhava para ela com total admiração, como se devesse sua vida a ela, o que não passava da mais pura verdade. Aquilo tudo mais parecia uma cena congelada, como se tudo tivesse parado por um instante para assistir a morte da comensal loira e a heroína que havia salvado Mary Kate.
- Obrigada... – Murmurou Mary Kate mesmo sabendo que não seria ouvida. O comensal barbudo estava ajoelhado ao lado do corpo da esposa.
- Vocês vão pagar caro! – Exclamou o comensal praticamente careca, o que chamou a atenção de Sirius, que com dificuldade desviou o olhar da garota misteriosa para o comensal.
- Ninguém pagará caro enquanto eu estiver vivo... – Disse Sirius recomeçando sua batalha contra o comensal. Mary Kate estava em um estado de choque. O comensal barbudo se levantou e seguiu em direção à garota misteriosa.
- AVA... – Começou o comensal barbudo apontando sua varinha de madeira escura para a figura de capa preta que estava alguns metros dele.
- MIMBLE WIMBLE! – Exclamou a garota de capa preta.
- Avvvaa... Daadada... Kekekeke... – Gaguejava o comensal inutilmente. A garota sorria de satisfação.
- “Ninguém mexe com a minha prima e fica por cima...” – Pensou a garota ainda encarando o comensal com uma cara de provocação. – Tente me matar agora...comensalzinho de merda... – Provocou Liu fingindo a voz para não ser reconhecida. Sirius sentia como se a sua corrente estivesse queimando sua pele.
- Su...su...sua...pi...pi..pirra...pirralha! – Gaguejou o comensal.
- Se...se...seu...i...i...idiota.... – Provocou Liu. Mary Kate riu do fato de alguém estar tirando onda com a cara de um comensal.
- OBSCURO! – Gritou o comensal quase careca acertando Sirius em cheio, deixando – o como se tivesse uma venda nos olhos.
- “Merda...” – Pensou Sirius, mas logo foi interrompido por uma voz doce.
- FINITE INCANTATEM! – Disse Liu apontando sua varinha para Sirius. – ALARTE ASCENDERAE! – Exclamou apontando sua varinha agora para o comensal que viajou bem alto e tombou no chão. Os olhos de Liu exalavam todo o seu desejo se vingar de sua tia... Mesmo sabendo que sua Tia não estava ali.
- “Ai minhas costas...” – Pensou o comensal praticamente careca pouco antes de se levantar. Sirius agora via tudo, porém não ousava se meter na briga dos dois, sua corrente parecia querer lhe falar algo, infelizmente ele não falava a língua das correntes.
- INCARCEROUS! – Gritou Liu fazendo com que cordas fossem lançadas no recém levantado comensal. – Algum último desejo?! – Perguntou de maneira provocadora mesmo com a distância. O outro comensal estava pasmado com as habilidades daquela garota misteriosa.
- Que você morra! – Respondeu o comensal que tinha pouco cabelo.
- “Já morri...” – Pontuou Liu mentalmente sorrindo marotamente. – Vou pensar no seu caso... AVADA KEDAVRA! – Disse por fim. Mais um flash de luz, mais um corpo no chão.
- Vo...vo...cês...v...vã...vão....sen...sentir...a ira...do...Lorrr...Lorrdd... – Começou o único comensal que havia restado gaguejando fortemente.
- Voldemort?! – Perguntou Liu num tom diferente de voz, a provocação era eminente. – Aproveite e mande um recadinho para ele, pode dizer que eu matei dois comensais dele, e pretendo matar outros... – Avisou com uma cara séria que não podia ser vista por causa do capuz. Sirius sorria marotamente e encarava a figura desconhecida.
- To...to...to...toli...li...li...tolinha! – Disse o comensal com uma cara de reprovação.
- Pelo menos eu não falo “ass..sssimm”! – Provocou Liu.
- Eu...vol...vol...voltarei...pa...pa...para te mat...matar...um...dia... – Gaguejou o homem pouco antes de aparatar deixando o corpo da mulher abandonado.
- Isso é que eu chamo de Amor... – Murmurou Liu olhando um pouco para trás onde estava Eduzinho. – Vocês estão bem?! – Perguntou olhando para Sirius e Mary Kate de longe.
- Obrigada por ter me salvo... – Agradeceu Mary Kate. – Qual o seu nome?! – Perguntou curiosa. Sirius tentava achar o rosto da “garota” misteriosa dentro do capuz preto.
- Não tenho um nome fixo, várias identidades... – Mentiu Liu se controlando para não tirar o capuz e ir falar com Sirius.
- Obrigado então garota misteriosa... – Murmurou Sirius sorrindo marotamente.
- Disponham... – Disse Liu. – Adeus... – Finalizou, mas antes de se virar de costas o olhar dela acabou encontrando com o de Sirius, que sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo. – “Droga...” – Pensou Liu virando – se de costas o mais rápido possível e saindo de lá.
- Vamos Mary... – Chamou Sirius carinhosamente. – Ainda falta algum tempo para chegarmos à minha casa... – Disse por fim.
- Vamos... – Concordou Mary Kate seguindo com Sirius para a casa dele.
- Droga... Mil vezes droga... – Murmurava Liu no seu caminho até onde Douglas e Bel estavam antes. – Agora ele vai saber que fui eu, e que eu estou viva e enganando ele... – Murmurou irritada consigo mesma de cabeça baixa. – Eu mereço... – Completou passando a olhar para frente. – OMM! – Exclamou dando um passo para trás.
A cena era muito romântica, o casal parecia tão apaixonado que nem foram capazes de notar a presença de uma garota e um gato no local. Beijavam-se como se ambos dependessem daquilo para sobreviver.
- Acho que ganhei uma cunhada Eduzinho... – Murmurou Liu pegando seu gatinho no colo e acariciando – o.
O casal pareceu ter ouvido a voz dela e rapidamente se separaram do beijo.
- Oh não... – Murmurou Liu. – Eu não queria interromper o momento em que o meu querido irmão, o Douglas, desencalhou... – Disse num tom de brincadeira com um sorriso maroto nos lábios enquanto deixava o gatinho voltar para o chão novamente.
- Sem graça da sua parte deixar o Doug sem graça Liu... – Falou Bel num tom divertido. Ela e Douglas agora estavam abraçadinhos.
- “Doug”?! – Perguntou Liu. – Hasudhausdhau! – Riu. – “Doug”, eu me tornei uma assassina... – Confessou, agora em seu rosto era possível ver traços de tristeza ou decepção com ela mesma.
- Como assim?! – Perguntou Douglas surpreso.
- Dois comensais... – Murmurou Liu. – Eles estavam atacando o Si e a Mary... Eu não me controlei... Eu matei Douglas... Eu virei uma assassina que nem a minha tia Marta... – Disse com a voz falha como se quisesse chorar. – E o pior é que eu gostei do que eu fiz na hora... – Confessou com muita dificuldade.
- Liu, você não é igual a sua tia... – Murmurou Bel com o olhar triste ao ver a tristeza da amiga.
- Você vai superar esse sentimento Liu... – Consolou Douglas. – É normal se sentir assim depois de ter matado pela primeira vez... – Murmurou.
- Eu não deveria ter feito isso... – Disse Liu por entre os dentes, se esforçando para não chorar de raiva de si própria. – Eu poderia ter imobilizado eles apenas... – Completou levando as mãos à cabeça.
- Foi um ato impensado Liu... – Falou Bel tentando fazer Liu se sentir melhor.
- Eu vou procurar uma igreja... – Confessou Liu.
- Desde quando você segue algum tipo de religião?! – Perguntou Douglas. – Ainda mais uma religião trouxa... – Adicionou.
- Desde agora... – Respondeu Liu. – Eu encontro com vocês mais tarde... – Murmurou. – Vamos Eduzinho... – Chamou enquanto respirava fundo.
- Bom... Tome cuidado... – Aconselhou Douglas, ele sabia que dizer que ela não iria para lugar nenhum seria inútil.
- Tomarei... – Falou Liu tentando sorrir para Douglas. – Até mais ver, casalzinho... – Despediu – se partindo em busca de uma igreja.
- Até mais ver... – Murmurou Bel antes de Liu ter saído.
- Quer que eu te deixe em casa, Meu Amor?! – Perguntou Douglas sorridente.
- Que tal você me fazer um jantar na sua casa antes?! – Propôs Bel sorrindo marotamente.
- Proposta aceita! – Respondeu Douglas. Ambos seguiram de mãos dadas para a casa de Douglas.
- Eduzinho... – Murmurou Liu andando pelas ruas de Londres em busca de uma igreja. – Será que tem alguma outra igreja por aqui por perto?! – Perguntou ao seu gato.
- Remy... – Começou Lele. Ambos estavam sentados no sofá da casa dela assistindo um filme.
- Diga minha noiva... – Respondeu Remus saboreando cada palavra e sorrindo marotamente.
- Qual é mesmo o nome desse filme?! – Perguntou Lele confusa enquanto olhava para TV para ver o filme.
- Grease... – Respondeu Remus. – Está gostando do filme?! – Perguntou. Suas mãos acariciavam os cabelos de sua noiva.
- Estou sim meu Amor... – Respondeu Lele sorrindo. Depois de mais ou menos um minuto a campainha tocou.
- Está esperando alguém Lele?! – Perguntou Remus ao ouvir a campainha. – Já vai... – Gritou para quem quer que fosse enquanto se levantava para abrir a porta.
- Não... – Respondeu Lele.
- Alguma idéia de quem seja?! – Perguntou Remus antes de abrir a porta.
- Nenhuma... – Respondeu Lele confusa. Remus apenas abriu a porta.
- Boa Noite... – Saudou o velho de vestes longas e verdes que estava do lado de fora. Ele tinha uma barba branca bem grande e óculos de meia – lua, seu rosto exalava paz.
- Professor Dumbledore! – Exclamou Remus confuso. O que seu ex – diretor fazia lá de noite?! – Ao que devemos à honra de sua presença?! – Perguntou deixando o professor entrar.
- Boa Noite Professor... – Saudou Lele sorridente.
- Vim aqui para fazer um pedido a vocês dois... – Respondeu Dumbledore enquanto se sentava em uma poltrona vermelha.
- Acho que isso deve ser uma igreja... – Murmurou Liu em frente a uma igreja. – Tomara que não tenha ninguém conhecido aqui... – Disse abaixando o capuz de sua capa e entrando na igreja.
A igreja não era muito grande, mas havia várias pessoas dentro dela rezando. O chão era de madeira, e tinha um tapete vermelho com detalhes dourados bem no meio, levando quem entrasse em direção ao altar. As paredes eram brancas com alguns anjos desenhados e outros esculpidos nas pilastras. No teto havia uma bela figura pintada, era como se fosse o céu, com vários anjos voando. Os bancos eram de madeira escura, e na frente de todos eles havia um lugar para se ajoelhar que era acolchoado com um tecido vermelho.
O altar da igreja era de mármore claro, e em cima dele havia uma espécie de mesa também de mármore com uma bíblia, duas velas seguradas por castiçais de prata, e uma espécie de pote de prata em cima.
O que mais chamou à atenção de Liu foi à figura de um homem preso a uma cruz com uma coroa de espinhos em sua cabeça. Como não estudava muito sobre religiões trouxas, e raramente ia à igreja... E quando ia não prestava atenção em muita coisa, ela não sabia que aquele homem era Jesus, o filho de Deus, que para alguns trouxas era como Merlim.
- “Porque ele está preso em uma cruz?!” – Se auto – perguntou Liu parando em frente à figura de Jesus, que ficava na frente da igreja mais para o lado, e olhando meticulosamente para cada por menor daquela figura esculpida em tamanho quase real. – Ele deve ter sido alguém importante... – Murmurou bem baixinho, mas uma senhora que estava sentada no banco pouco atrás dela ouviu, levantou – se e pôs – se a ficar ao lado de Liu.
- Esse é Jesus, minha filha... – Disse a senhora que devia ter seus cinqüenta anos, seus cabelos já estavam se tornando grisalhos, seus olhos eram pretos, e ela se vestia com simplicidade, porém com toda elegância.
- Jesus?! – Perguntou Liu confusa.
- Filho de Deus?! – Respondeu a senhora assustada com a pergunta da garota.
- Ahhh sim... – Murmurou Liu fingindo saber quem era. – Esse Jesus... – Disse sorrindo um sorriso amarelo.
- O que você veio fazer aqui criança?! – Perguntou a senhora curiosa.
- O mesmo que todos... – Começou Liu. – Pedir pelo perdão de alguém superior que perdoa todo mundo que está realmente querendo ser perdoado... – Disse olhando para os seus próprios pés.
- O que fizestes de tão grave, criança?! – A senhora perguntou com a intenção de ajudar Liu.
- Várias coisas ruins... – Respondeu Liu tentando dar uma resposta ampla.
- Tipo mentir para sua mãe?! – A senhora perguntou citando um exemplo.
- Minha mãe já faleceu... – Respondeu Liu friamente. – Ela, meu pai, meu único irmão, meu amigo, minha amiga, minha não amiga mais conhecida e a família dela, meu tio, duas pessoas que conheci hoje, o namorado da minha prima, um amigo do amigo do meu irmão, e o meu eu interior... – Adicionou com tristeza nos olhos.
- Nossa minha filha... – A senhora murmurou com pena. – Você tem algo haver com tudo isso?! – Perguntou desconfiada por causa da cara que Liu havia feito enquanto citava as pessoas.
- Em parte... – Respondeu Liu. – Algumas dessas pessoas morreram para me salvar... – Disse se segurando para não chorar. – “Outras eu matei...” – Adicionou em pensamento.
- Você deveria agradecer a Deus por estar viva então... – A senhora aconselhou com um sorriso leve.
- Agradecer? – Perguntou Liu confusa. – Vou aproveitar e agradecer por ele ter deixado a minha família toda morrer também... – Disse num tom irônico. – E por ele deixar que eu seja ameaçada de morte e torturada fisicamente e psicologicamente por alguém que por ser da família, teoricamente, deveria me proteger... – Murmurou com raiva e vontade de vingança novamente correndo em suas veias.
- Tudo acontece por um motivo... – A senhora começou num tom calmo. – Deus escreve certo por linhas tortas... – Pontuou. – Estava em seu destino acontecer tudo isso... – Completou.
- “Deus escreve certo por linhas tortas...” – Repetiu Liu mais calma. – No meu papiro não deve ter nem linhas para ele tentar escrever certo... – Murmurou inconformada.
- Tenha fé... –A senhora murmurou sorrindo para Liu. – Deus sabe o que faz... – Disse numa tentativa de animar Liu. – Eu acho que você deveria ficar para a missa que começa daqui a pouco... – Completou.
- Oh... – Murmurou Liu desanimada. – Não vejo nada demais em assistir uma “missa”... – Disse numa tentativa de ficar mais um pouco naquele lugar que de certa forma trazia certa paz para ela.
- Deus está em toda a parte ao mesmo tempo, em redor de você, dentro de você! – Começou o padre. Ele era de meia idade, seus cabelos eram grisalhos, seus olhos verdes, era baixo, tinha um timbre de voz suave que passava tranqüilidade, e usava óculos de formato redondo.
- “Até parece...” – Pensou Liu rindo discretamente. Eduzinho a esperava do lado de fora da igreja.
- Jamais você está desamparado... – Continuou o padre. – Nunca está só... – Disse sorrindo.
- “Blábláblá...e eu acredito nisso tudo...” – Pontuou Liu mentalmente.
- Nunca permita que a mágoa o perturbe: procure manter – se calmo, para ouvir a voz silenciosa de Deus dentro de você... – Falou o padre, todos o olhavam atentamente.
- “Se isso é o começo da missa, imagina o meio...” – Pensou Liu preocupada com o tempo que “perderia” naquele lugar.
- Assim, poderá superar todas as dificuldades que aparecerem em seu caminho, e há de descobrir a Verdade que existe em todas as coisas e pessoas... – Terminou o padre, quer dizer, disse o padre terminando aquela fala.
- “Legal, e se eu não quiser descobrir essa tal da Verdade?!” – Se perguntou Liu com uma cara de tédio.
- Boa noite... – Murmurou o padre.
- Boa noite! – Responderam todos em coral. Quer dizer, todos menos Liu que estava brincando com o folheto da missa.
- Estamos aqui hoje reunidos em nome do Senhor para agradecer por tudo que ele têm feito por nós... – Ecoou a voz suave do padre.
- “Senhor, obrigada por quase matar a minha prima e o meu ex - namorado...” – Começou Liu mentalmente. – “Ahh...obrigada também por eu ter me tornado uma assassina hoje, isso é tão legal...” – Ironizou em pensamentos. – “Sem esquecer todo o resto que eu estou cansada de repetir, e se o Senhor está em tudo, o Senhor já deve saber de tudo o que eu penso...” – Concluiu em pensamentos.
- O homem é o que pensa... – Recomeçou o padre. – Se você insistir em pesar no mal, na dor, na doença, você os atrairá para si... – Disse.
- “Ótimo, só me falta ficar doente...” – Pensou Liu extremamente desanimada.
- Pense na saúde, na alegria, na prosperidade, e a sua vida tomará novo rumo... – O padre falou olhando para todos que estavam ali com o mesmo propósito, escutar palavras de Amor.
- “Como eu posso pensar na alegria se a minha vida é um poço de tristezas?!” – Se auto – perguntou Liu.
- Afirme sempre que é feliz, que as dores passam, que a saúde se consolida cada vê mais, e a felicidade baterá à sua porta... – Afirmou o padre. Todos pareciam estar se deliciando com as palavras dele.
- “Hahahaha, e eu sou um unicórnio cor de rosa...” – Brincou Liu em sua própria mente.
- Seja otimista e permaneça o mais possível ligado ao Pai Celestial... – Finalizou o padre a outra parte de seu sermão.
- “Já acabou?!” – Pensou Liu.
- Meus queridos irmãos e irmãs... – Recomeçou o padre.
- “Err...não...” – Respondeu Liu mentalmente.
- Hoje nós falaremos sobre o Amor... – Avisou o padre sorrindo.
- “Ah... o Amor...” – Pensou Liu sorrindo de leve.
- Mas afinal, o que é o Amor?! – Perguntou o padre sem esperar nenhum tipo de resposta, mais como uma auto – pergunta.
- “O Amor é tudo e mais um pouco!” – Respondeu Liu mentalmente, agora o padre havia conseguido chamar a atenção da garota.
- O Amor é a suprema felicidade do místico... – Começou o padre falando bem devagar. – É a alma acesa em todas as dimensões da vida, é a força concêntrica do cosmo, é a luz de Deus que se expande em todas as latitudes da criação. – Disse sentindo cada palavra.
- “O Amor é como o oxigênio... Sem ele não conseguimos viver...” – Pensou Liu sorrindo.
- A escola do Amor é infinita, como infinito é o poder do Pai Celestial. – Continuou o padre na sua calma. – O Amor canta, na força eletrostática do átomo, e torna – se uma melodia universal, a mecânica do cosmo. – Falou sorrindo. – Ele é um conjunto de fios invisíveis que partem do Criador ligando toda a criação... – Completou.
- “Uau...” – Pensou Liu deixando – se levar pelas palavras do padre.
- O Amor é vida... – Disse o padre pausadamente.
- “O Amor é paciência...” – Completou Liu em pensamentos.
- O Amor é Deus! – Continuou o padre.
- “O Amor é o perdão...” – Adicionou Liu mentalmente, sorrindo discretamente.
- O Amor é caridade... – Murmurou o padre olhando para todos lá presentes.
- “O Amor é a amizade...” – Pensou Liu.
- O Amor é o trabalho... – Falou o padre sorrindo.
- “O Amor é a fraternidade...” – Liu completou em seus pensamentos.
- Nada resiste ao Amor... – Finalizou o padre. Liu apenas sorriu.
- Nosferato meu bem... – Começou Marta. – Dá para cavar um pouco mais rápido, por favor?! – Pediu com um ar de impaciência, afinal eles estavam naquele cemitério há muito tempo e Nosferato ainda não tinha terminado de cavar o lugar onde o caixão de Liu havia sido enterrado. Silas estava parado em pé olhando para Nosferato que estava cavando com a única pá que eles tinham. Marta estava ocupada impaciente olhando para as suas próprias unhas.
- Aff! – Exclamou Nosferato cansado parando momentaneamente de cavar e se apoiando na pá.
- Porque você parou?! – Perguntou Marta com uma cara de surpresa. – Eu já te disse que isso é para hoje, meu Amor?! – Disse num tom claro de irritação.
- Se estais com tanta pressa, cave você! – Disse Nosferato impaciente, entregando a pá para Marta, que olhava para a pá com uma cara de desgosto.
- Ogro! – Exclamou Marta irritada com Nosferato, que estava se sentando na grama.
- Vamos meu bem, é para hoje, não para amanhã! – Pirraçou Nosferato já sentado na grama com uma cara de tédio. De seu rosto suor escorria.
- Não é assim que se trata uma dama como a Marta, Nosferato... – Disse Silas pegando a pá da mão de Marta e fuzilando Nosferato com o olhar.
- Foda – se Silas... – Sugeriu Nosferato com uma cara de indiferença.
- Foda – se você, Nosferato! – Retrucou Silas jogando a pá no chão.
- Chega vocês dois! – Gritou Marta ao ver que Silas estava partindo para cima de Nosferato. – Nós temos um trabalho para terminar... – Lembrou com um sorriso.
- Aff... – Murmurou Nosferato ainda sentado na grama com uma cara de tédio.
- Eu já sei o que fazer... – Começou Silas com um sorriso vitorioso. Nosferato balançou a cabeça negativamente e respirou fundo.
- O que é “gênio do crime”?! – Perguntou Nosferato com voz de total deboche.
- Mágica... – Murmurou Silas com sua varinha em mãos. Marta sorriu para Silas, Nosferato fez uma cara de tédio ainda maior. Silas balançou sua varinha e então a terra que ainda restava no topo do caixão saiu. Com um outro balançar de sua varinha, Silas fez com que o caixão fosse parar bem perto deles. Nosferato se levantou, e os três ficaram ao redor do caixão na expectativa.
- Quem vai abrir?! – Perguntou Nosferato confuso e curioso.
- Eu faço questão de abrir... – Respondeu Marta com um sorriso misterioso, a varinha dela já estava em mãos para caso algo acontecesse.
Silas e Nosferato olhavam atenciosamente para aquela cena. Marta já estava prestes a abrir o caixão. Ela abriu o caixão, Nosferato e Silas fizeram caras de desapontamento e curiosidade ao mesmo tempo.
- Como assim?! – Perguntou Marta boquiaberta, nenhum dos três estava acreditando naquilo. Dentro do caixão não havia corpo algum, apenas um envelope branco tamanho pequeno, o que caberia apenas um curto bilhete.

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