Uma surpresa
Era um final de tarde ensolarado na casa dos Weasley. A conhecida casa de muitos andares, de estrutura irregular, torta e inclinada era magicamente mantida de pé. Isto já era conhecidíssimo do mundo bruxo. A família também era conhecida pelas muitas gerações de filhos homens e nenhuma moça em oito gerações. Apesar de a casa sempre estar cheia, não somente pelos filhos, mas também pelas visitas constantes dos muitos amigos da família, a jovem Sra. Weasley não se sentia completa. Algo em sua alegria estava com um buraco. E ela sabia muito bem do que se tratava.
Queria ter uma filha, queria ter uma menina que pudesse lhe fazer companhia quando seus filhos já tiverem crescido. Sabia que uma menina na família encheria de forma diferente o clima daquela casa já tão alegre e cheia de amor. Desejava, mas não contava à ninguém seus sonhos, somente esperava que Merlin tivesse uma súbita misericórdia e lhe oferecesse este presente.
Gui, o primeiro filho dos Weasley tinha 10 anos o mais sossegado dos filhos. Carlinhos com 8 anos era muito rápido, não significando bagunça. Percy, tinha 7 anos, desde de tenra idade contava todas as armações de seus irmãos trazendo para si uma inimizade com os mesmos. Fred e Jorge, gêmeos idênticos tinham 5 anos, mas aprontavam tanto, que chegavam a deixar a mãe descabelada literalmente. O caçula de 3 anos, Rony era realmente uma fofura, extremamente apegado a mãe não deixava que ela carregasse nada sozinha sem que ele pudesse ajudar, nem que fosse segurando as colheres de pau na cozinha.
Não poderia ser dito que a Sra. Weasley não fosse uma mulher atarefada, mas incrivelmente organizada, ela conseguia ter tempo para seus hobes e estudos particulares. Molly ainda tinha a aparência jovem e ainda era muito formosa, apesar de suas grandes responsabilidades.
Ao final da noite depois do jantar, todos os Weasley estavam na sala aproveitando da presença do pai que não viam a pelo menos dois dias, Arthur era um homem bondoso e muito amável com seus filhos, especialmente atencioso com sua esposa, apesar do muito trabalho no Ministério da Magia tentava a medida do possível não estar tão isolado das responsabilidades da criação dos seis meninos, que ocupavam todo o tempo do casal.
Enquanto o casal tentava colocar seus filhos para dormir, Arthur escutou um estalo vindo do jardim, já descia as escadas para recepcionar a visita quando escutou de novo mais um estalo, imaginou que eram dois os visitantes, mas quando abriu a porta teve uma surpresa. Em frente à porta havia uma cesta com um lindo bebê que dormia tranquilamente, como se nada houvesse acontecido. Arthur olhou ao redor procurando pela sombra daquele que havia deixado o bebê, mas nada achou. Pegou o cesto e entrou com ele na sala depositando-o em cima da mesa de centro. Do lado do pequeno corpinho havia um envelope que Arthur só repara agora que olhava de perto os traços delicados do rostinho, os cabelos ruivos que apareciam por debaixo da manta e a paz que aquele bebê transmitia em seu sono.
Queridos Weasley,
Boa noite. Desculpe-nos por estarmos fazendo com que vocês recebam esta criança dessa forma tão hostil e corrupta, entregue à vocês na calada da noite como se ela fosse algo que não desejamos.
Este bebê é a benção mais significativa em nossas vidas. Ao contrário de vocês que tem a alegria de terem seis filhos, esta menina é nossa única filha e é com todo pesar que a deixo na porta da casa de vocês.
Fomos obrigados a deixá-la aí sem nos revelarmos, pois não queremos que a profecia se cumpra. Sobre a profecia queremos dizer que não nada relacionado à vocês, mas que fomos aconselhados a observar vocês e sobre a confiança que poderíamos ter sobre o cuidado da família Weasley com as crianças.
Se todos os nossos planos para que a profecia não se cumpra der realmente certo esperamos voltar a nos comunicar novamente daqui a 16 anos, mas se isto não acontecer, pedimos que continuem cuidando de nosso precioso presente como se esta fosse filha de sangue de vocês.
O nome que escolhemos foi Ginevra e se pudéssemos pedir, o que já achamos por demais abusado, gostaríamos muito que este nome continuasse, não por pura vaidade, mas já que não participaremos da criação de nossa filha, talvez desta forma, possamos sentir um pouco menos de dor ao pensar nela.
Bem, nos despedimos de vocês acreditando que nossa pequena princesa será realmente feliz com vocês.
Arthur terminou de ler a carta com a boca aberta, não sabia ao certo se lera corretamente, já que nada daquilo fazia sentido. Molly descia as escadas como alguém que andava no meio de ovos espalhados pelo chão, tal era seu cuidado em não emitir nenhum som enquanto caminhava. Encontrou o esposo com uma expressão assustada e preocupada, não precisava mais que seu esposo falasse para que soubesse o que estava sentindo e pensando, muitas vezes.
Sem dizer nenhuma palavra o jovem senhor apontou para o cesto no meio da mesa e lhe entregou a correspondência. Molly leu e releu a carta sem entender nada, virava a folha e procurava algum vestígio de que aquilo era só um mau entendido, mas não encontrara. O casal ainda não havia dito uma palavra, somente se entreolhavam. Quando derrepente de dentro da lareira com um barulho significativo, saiu um senhor alto de cabelos e barbas prateadas e óculos em forma de lua.
- Boa noite, meus amigos! – Dumbledore falava enquanto batia nas vestes com a intenção de se livrar das cinzas.
- Diretor! – O casal ainda não perdera o hábito de chama-lo pelo cargo que ocupava a um bom tempo, mesmo depois de formados.
- Oh! O presente chegou antes que pudesse avisar... – O bruxo dizia isso enquanto limpava os óculos e ajeitando-os na face olhava com respectiva atenção ao bebê.
- Diretor, foi o senhor que mandou este bebê à nós?
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