Capítulo 1




>> Sábado, 31 de agosto, sete da noite; Deitada na cama, no meu quarto.

Ok, eu resolvi atender aos pedidos do mundo inteiro e criar um... Uh, diário. Tá, ‘diário’ soa meio patético, mas é o que realmente vai ser. Não que as pessoas tenham me pedido pra fazer um diário, mas todo mundo me diz que minha vida daria um livro, do jeito que eu conto. Eles dizem que eu sou melodramática, acredita?
Eu, Lily Evans, 17 anos, bruxa E ruiva, melodramática? Que é isso... Só porque eu vivo comentando que a vida é geralmente injusta comigo. E não é nada que não seja verdade, mas, isso não importa agora. O que importa no exato momento é que eu acabei de falar mal de Petúnia pra mamãe, e ela realmente odeia isso. Não que ela também não fique brava com Petúnia quando ela - com freqüência - fala mal de mim. Mas isso só está me preocupando porque amanhã tenho que ir até King’s Kross e eu estou começando a achar que não devia ter irritado minha mãe. Não quando eu dependo dela para ir, de carro, à estação. Mas tente entender o meu lado. Eu cheguei toda animada conversando com a minha mãe sobre estar com as orelhas e meu rosto quase da cor do meu cabelo, o que é estranho, já que isso só acontece quando eu fico verdadeiramente envergonhada. Como é costume entre os trouxas, minha mãe me disse que minhas orelhas estão vermelhas porque tem alguém falando de mim, em algum lugar do mundo. E antes mesmo que eu pudesse dar risada sobre esses costumes trouxas bobos, ela prosseguiu: “E devem estar falando mesmo... Já que você sumiu. Não fez nada com seus antigos amigos nas férias!” Não fiz mesmo. Na verdade, faz 7 anos que eu não faço nada com os “antigos amigos”. Mas eu, gentilmente refresquei sua memória:

- Eu não sumi, mamãe. Ou caso você não se lembre, foi a querida Petúnia que fez questão de contar a todos os meus ‘antigos amigos’ que eu sou uma aberração da natureza!

Tá, se minha mãe já não fosse totalmente acostumada com o meu temperamento um pouco explosivo, ela teria se surpreendido. Mas como eu sou assim desde que me conheço por gente, minha mãe sabe que quando eu acho que estou certa, ninguém muda meus pensamentos.

- Filha, Petúnia estava assustada na época, era novidade pra ela. E além do mais, eles não levaram à sério o que sua irmã disse.

Eu me limitei a revirar os olhos.

- É, e é apenas uma infeliz coincidência que, desde aquele dia, eles evitem ficar mais do que cinco minutos na minha presença.

Minha mãe bufou, revirou os olhos e saiu do quarto.
Talvez seja por isso que eu tenho esse temperamento. Genes Evans.

Coisas a fazer:
#1: Arrumar minha mala.
#2: Tentar uma reconciliação amigável com minha mãe, até o final do dia.
#3: Mandar Petúnia tirar o pescoço girafudo do meu quarto e ir procurar sua turma. JÁ!



>> Sábado ainda, um pouco mais tarde. Arrumando minhas coisas.

Bom, acho que das três coisas que eu tinha que fazer, eu consegui fazer uma só. Estou terminando de arrumar minhas coisas. Já o resto não deu muito certo, porque no momento em que eu fui gritar pra Petúnia sair da porta do meu quarto, minha mãe saiu do banheiro e a cara-de-cavalo olhou pra mamãe como se estivesse sendo torturada ou coisa parecida. Bem... Eu não agüentei muito tempo e joguei meu livro nela. “Transfiguração Avançada” é bem pesado, pensando agora. Mas ela realmente mereceu, aquela falsa irritante. Você já imagina o que aconteceu, né? Assim... Não que minha mãe seja cega e fique sempre do lado de Petúnia, mas ela fez questão de gritar que eu tinha exagerado.

- Lily! Não acha que isso está fugindo ao controle? E Petúnia, não se faça de santa. Eu sei que Lily não teria jogado um livro em você se você não tivesse a irritado. E Lily, Lily...Por favor, se controle! Eu sei que você e sua irmã não se dão, mas jogar coisas que machucam não é uma boa idéia! Sabe, eu desisto. Vocês que se entendam, a partir de agora. Eu não vou mais me meter.

E depois de terminar, em tom cansado, ela desceu as escadas. Eu recolhi meu livro, voltei pro quarto, fechei a porta e estou aqui agora escrevendo todo o ocor-

Oh.
Minha mãe na porta do quarto, só um instante.

Hum. Agora eu não tenho dúvidas de que eu herdei o temperamento da minha mãe. A não ser pelo fato de que ela é mais paciente e mais tranqüila do que eu. Mas é tão cínica, sarcástica, vingativa e cruel como eu. Sabe o que ela acabou de fazer? Botando a cabeça pra dentro do meu quarto, ela deu um sorriso provocador e disse:

- E acho que não vai haver problema se eu não te levar à estação amanhã. Afinal, o carro de Petúnia voltou do concerto essa semana e essa seria uma ótima oportunidade para uma reconciliação.

Ela me mandou um olhar falsamente inocente, e sem dizer mais nada, fechou a porta novamente.

Reconciliação?
Só se for entre a minha mão e a cara ossuda da Petúnia.

Minha mãe não espera realmente que eu vá pedir pra Petúnia me levar, espera? Não mesmo. Nem que eu vá à pé, eu não vou pedir um favor à minha irmã.



>> Duas horas depois, ainda no quarto.

Não, eu não moro no meu quarto. Eu saí, jantei, vi TV e voltei. Foi um jantar bem legal, se quer saber. Eu ri bastante com a minha mãe. Não, eu não estou com raiva dela e nós não estamos brigadas. Ela só decidiu não tomar partido na guerra Lily x Petúnia. E nem na minha ida à estação, amanhã. Enfim, nós conversamos bastante e eu ri muito, sempre me surpreendendo com a quantidade de besteiras que eu e minha mãe falamos quando estamos juntas. Petúnia se recusou a entrar na conversa - não que eu tenha lamentado - e ficou nos lançando olhares reprovadores durante uns quinze minutos, quando ela - com louvor! - terminou de comer (pastar?!) e foi para o quarto, falar com seu namorado em forma de leão-marinho, Valter. Ou vice-versa, sei lá. Fiquei confusa (Leão-marinho em forma de seu namorado).
Bom, nós terminamos de jantar e nos deslocamos para a cozinha, conversando, rindo e organizando as louças. Minha mãe é tão divertida. Quando está comigo, parece até que tem a minha idade. A gente terminou de arrumar as coisas e fomos ver tv. Estava passando um filme de tiroteio, e minha mãe ficou passeando pelos canais até constatar que não estava passando nada de bom no sábado à noite. Automaticamente eu olhei pra ela e nós falamos ao mesmo tempo:

- Vamos.

Qualquer outra pessoa que entrasse na sala naquele instante, teria nos achado loucas. Mas esse é o tipo de coisa que só acontece comigo quando estou com a minha mãe, ou com Lene. Sabe como é, aquela coisa toda de pensar na mesma coisa e nem precisar falar em voz alta. Os olhares bastam e tal. Então nós subimos, cada uma para seu quarto, para podemos ler pelo resto da noite, até a hora de dormir. Essa é outra coisa que eu herdei da mamãe.
Vício por leitura.
Enfim, eu dei comida à Lyo, que ultimamente anda meio magra para os padrões das corujas. Mas acho que ela anda apaixonada, porque altas vezes peguei ela olhando para o nada, apreciando o pôr do sol, aqui da janela do meu quarto. Mas deixando os sentimentos de Lyo de lado, eu fui no banheiro, tomei mais uma ducha rápida, escovei meus dentes e aqui estou eu, me preparando pra ler o ultimo pedaço restante de “Mackenzie Stiller”, uma trilogia, cuja autora é uma grande romancista trouxa: J. K. Rowlling.
Alice é a única amiga minha que também adora ler novelas trouxas. Lene acha tudo isso uma grande baboseira, mas que Rowlling é a melhor coisa para ler, isso é fato.
Então se me dá licença, eu vou terminar meu livro, e dormir, já que amanhã o dia começa cedo pra mim, a pobre ruiva solitária que vai de ônibus à King’s Kross.



>> Domingo, 1º de setembro, sete horas da manhã. Tomando meu sagrado cate, sala de televisão.

Você deve estar se perguntando o que seria cate. Especificamente, é café com leite, meu outro vício. Eu não vivo sem cate, fato. Todo santo dia, eu acordo, tomo banho, me visto, desço pra comer alguma coisa e preparo meu café com leite. Logo em seguida eu me sento em algum lugar calmo e tranqüilo e penso na minha vida, tomando meu maravilhoso cate. Isso é uma mania que dura quatro anos, então não adianta o que os outros pensem ou falem, eu não vou deixar de fazê-lo. Quando estou em casa é meio diferente, já que eu só venho pra cá durante as férias. Eu levanto, tomo uma ducha, só pra acordar, escovo meus dentes, prendo meu cabelo precariamente, coloco uma roupa deprimente de ficar em casa, desço, como alguma coisa, preparo meu café e sento no sofá, tomando cate e meditando sobre a minha vida. Já quando estou em Hogwarts, eu levanto, tomo um bom banho, me arrumo, desço pra sala comunal, deixo minha mala na minha poltrona, desço até o salão principal, como minha tradicional tigela de mingau de aveia, pego uma caneca de cate e volto pra sala comunal. Sento-me na poltrona que eu coloquei - espertamente, permita dizer - em um ângulo perfeito com a janela, de modo que eu consigo ver toda a extensão dos jardins de Hogwarts, sem precisar me espichar, e posso ficar sentada - relaxadamente - tomando meu café com leite. Até hoje nunca ninguém mudou a poltrona de lugar. O que eu duvido que alguém faria, já que eu passo quase todo o tempo sentada nela. Aqui em casa eu não posso contar com esse tipo de conforto. Arrastar o sofá até a janela, quero dizer. Não posso porque minha irmã é excessiva e compulsivamente fanática por organização. As coisas aqui dentro de casa seguem uma linha de simetria, graças à perturbada - e perturbadora! - Petúnia. Ainda bem que ela não se mete no meu quarto.

Mas voltando ao assunto do café da manhã. Eu acordei umas 6 horas hoje. Tomei banho, me arrumei, desci, tomei café e agora estou tomando meu cate, e observando meu pai dormindo, no sofá.
Hoho. Tadinho. Ele chegou tarde ontem, eu lembro de ter ouvido, e estava passando jogo na TV, então ele ficou assistindo. Cansado do jeito que estava, dormiu aqui mesmo. Mas eu não vou ser a aniquiladora de sonhos e acordá-lo agora, deixe que durma.
Daqui a pouco vou subir, terminar de me arrumar, conferir minha mala, engaiolar Lyo, e sair para enfrentar o ônibus de domingo.
Não pode ser tão ruin.
Na verdade, seria melhor ainda se eu me lembrasse onde é que minha mãe guarda aquele guia com todos os horários dos ônibus que levam ao outro lado da cidade. Acho que deve passar um lá pelas –
UAU, já é tarde assim?
Acho que me empolguei na narrativa da minha rotina diária, porque já passam das 7 e meia, e acho que se eu demorar um pouco pra sair, vou ter que me humilhar e implorar pra minha irmã eqüina me levar.
Oh não. Por favor, dê tempo.



>> Ainda 1º de setembro, dentro do ônibus. 10 horas.

OI, gente, não sou uma alienígena, ok? Não precisam realmente ficar me olhando dessa maneira. Como se não bastasse eu já estar suficientemente de mau-humor por Lyo estar me olhando de cara feia. E ela está fazendo o maior escândalo aqui! Isso que dá ter uma coruja mimada. Mas, por favor, Lyo, pare de estalar o bico desse jeito, ou o cobrador do ônibus vai chamar o órgão-protetor-das-corujas-domesticamente-criadas-que-são-submetidas-a-andar-de-ônibus-em-pleno-domingo-de-manhã. Acho é que deveriam criar um órgão desses para meninas-indefesas-de-17-anos-que-tem-irmãs-mongas-e-carrancudas-que-arruínam-sua-vida. Mas a vida é mesmo injusta, então esse órgão nunca existirá.
Mas sabe o que super (hiper mega?!) estranho nisso tudo?
Tem um garoto sentado no fundo do ônibus e de frente pra mim, que também está carregando um malão de tem uma coruja engaiolada.
Então, alguma dúvida de que o citado garoto estuda em Hogwarts?

Não.

Mas ainda mais estranho é que, sabe, ele não aparenta ser nenhum tipo de calouro. Pra ser bem sincera, ele deve ter a minha idade, o que me leva a crer que ele deve estar no sétimo ano. Mas com certeza ele é um aluno de intercâmbio - não que seja do meu conhecimento nenhum tipo de programa de intercâmbio em Hogwarts - porque, definitivamente, ele nunca esteve na escola.

Mas pelo menos as pessoas não estão olhando só pra mim agora. O que é muito bom, considerando que fora eu, ele, o cobrador e o motorista, só há mais umas três ou quatro pessoas aqui dentro. E elas não estão nem tentando disfarçar a desaprovação à engaiolação(?) de corujas. Ou pelo menos aos estalos que Lyo está fazendo com o bico.

Olhando bem pro garoto agora, eu percebi que ele não é estranho, como normalmente os alunos de intercâmbio dos livros são.

Ele é até que bem atraente.
Mesmo.
Hum.
Tomara mesmo que ele esteja no meu ano.
E que seja da Grifinória.

Huum.

Será que ele não precisará de uma ajudinha no primeiro dia em Hogwarts? Aquele colégio é com certeza muito grande, cheio de suas pegadinhas, acho bom ajudar o novato.Talvez a vida não seja tão injusta assim.
Com licença, vou tentar uma aproximação amigável com o pimpolho dos olhos azuis.
Ok, eu exagerei no ‘pimpolho’.



>> Mais domingo, 1 da tarde. Expresso de Hogwarts.

Há, eu sou demais. Hoho, as meninas simplesmente babaram quando eu contei que conversei com o novato. Elas só faltaram comê-lo com os olhos, e quase voaram em cima de mim, quando eu contei que cheguei com ele na estação. Elas me fizeram contar tudo, em detalhes.

- Como assim, Lil? - Perguntou Marlene, me empurrando no assento e sentando de frente pra mim.

- E como ele foi? Sociável apenas, ou calorosamente legal? - Quis saber Alice, tão afobada quando Lene.

- Acalmem-se garotas, o que vocês acham de me deixar primeiro respirar, guardar minha mala e soltar Lyo? E enquanto isso alguém fecha a porta. Eu conto em um minuto. - Como eu sou má. Eu poderia ter contado a elas enquanto ajeitava minhas coisas, mas preferi torturá-las até o último instante.

- Você é terrível, Lils - Disse Alice, voltando a se sentar. - Pronto, já fechei, agora conta!

- Que fogo todo é esse, Lice? Você tem o Frank, se controle. - Lene fez-se de indignada.

- Ok, ok, vou contar. - Não tinha mais como enrolar. Mais um pouco e elas me torturavam pra saber. - Hum, vamos ver. Ele se chama Douglas, e é da Itália.

- Huuum.

- Lene, deixa ela falar!

- Veio pra cá por motivos que ele ainda não me contou, mas vai contar. - Eu disse, com um sorriso presunçoso. - Veio morar com os tios aqui, e disse que falou diretamente com Dumbledore, pra vir pra Hogwarts. Ele tem a nossa idade, e disse que já sabe tudo sobre as casas e deseja muito ficar na Grifinória. Permitam-me dizer que ele voltou a afirmar isso depois que soube que EU sou de lá. - Terminei, esperando pra ver as reações.

- Ah, cala a boca, Lils. - Protestou Lene, rindo.

- Imagina se ele fica mesmo na Grifinória - Alice falou, esperançosamente.

- Independente disso, tenho certeza de temos o sétimo ano mais gostoso de toda a história de Hogwarts!

- Tá falando de quê, desculpe? - Perguntei, meio sem entender.

- Ah, Lily! Vai dizer que você não encontrou com nenhum menino ainda? - Lene me olhava de olhos arregalados. - As mudanças são evidentes. Podemos dizer que houve uma melhoria em massa, esse ano.

Alice riu, eu continuei quieta. Não tinha cruzado com ninguém que eu pudesse notar grandes diferenças.

Ou devo ter cruzado, mas estava tão entretida conversando com Douglas que não prestei atenção à minha volta.

A porta da cabine se abriu e um garoto muito bonito, loiro de olhos cor-de-mel entrou no compartimento.

- Posso saber a razão pra essas carinhas tão sonhadoras? - Perguntou animado, Déryck.

Déryck é meu amigo gay. Um amor de pessoa. Fora Lene, Sirius e minha mãe, Déryck é a pessoa que me entende melhor, nesse mundo todo. E isso não é pouca coisa.
Eu voei de encontro a ele, me pendurei em seu pescoço e nos abraçamos fortemente, matando parte das saudades causadas pelas férias.

Ele me ergueu no colo e me analisou de cima abaixo:

- Você está ainda mais linda, Lil. - ele disse, sorrindo radiante.

- São seus olhos, amor. - Brinquei com ele.

Logo em seguida em fui puxada de volta ao chão, por Lene e Lice, que também puxaram Déryck para um abraço triturador de ossos e depois dele ter elogiado todas nós e termos gritado e matado mais um pouco das saudades, ele sentou conosco.

- E então? Ainda se lembram da pergunta que eu fiz quando entrei? - Insistiu ele, olhando de Alice para mim, e de mim para Marlene.

- Você não viu? Mérlin, o expresso inteiro deve estar comentando...

Mas antes que Alice pudesse continuar Déryck a interrompeu:

- Ah, então foi o que eu imaginei. Homem novo no pedaço. É por isso que todas estão tão alvoroçadas.

- Hãm, você fala desse jeito porque já arranjou o seu, querido. - Provoquei.

- O que, na verdade, não é desculpa alguma, já que a Lice também já tem namorado e continua toda empolgada com a ‘novidade’. - Acrescentou Lene.

- Mas quem foi que disse que eu não me incluo nesse “todas”? - Perguntou Déryck, se fazendo de desentendido.

- Deixa só o William saber disso... - Alice falou em falso tom preocupado.

Depois disso a gente inteirou Déryck sobre o “novato” - como decidimos chamá-lo - e ficamos rindo e colocando a conversa em dia.
Frank chegou agora há pouco, estava com uns amigos da Corvinal, mas já nos deu o ar da graça.
Ele também mudou um pouco, do ano passado pra cá. Está mais musculoso, mais bonito. Enfim, mais atraente. E totalmente apaixonado. Oun, é tão fofo vê-los juntos depois de tanto tempo torcendo pra isso acontecer. Alice e Frank, quero dizer. E a Bruna também chegou faz uma meia hora. Depois de ser torturada por nós todos, ela nos confessou que quando chegou foi direto para a cabine dos Marotos, ficar um pouco com Remus.

Não que seja pecado, ou algo do tipo.

Mas é um ritual nos encontrarmos primeiro na ‘nossa cabine’, antes de qualquer outra coisa.
Ou era, sei lá, antes de duas de nós arranjarem namorados.
Mas agora estamos todas aqui e --

Remus acabou de abrir a cabine.
Uau, ele realmente mudou também. Ele sempre teve um porte físico bem bom, pra ser sincera. Mas ele usa roupas um pouco largas, e não muito bem cuidadas, na maioria das vezes.
Mas, assim como Frank, Remus também está mais atraente.

Ok, tenho que me apressar. Acabei de pedir a ele um minuto, pra terminar de escrever aqui e guardar as minhas coisas, pra ir com ele falar com os novos monito--

OH.
MEU.
MÉRLIN.



>> Salão Principal, esperando a entrada dos calouros.

OK, eu estou MUITO chocada no momento, então eu escrevo depois, quando já estiver no dormitório.



>> Dormitório feminino do sétimo ano, meia-noite.

Sim, eu ainda estou chocada, mas acho que já posso escrever. Só pude começar agora, porque estávamos todas conversando sobre...
Bem, exatamente sobre que vou escrever agora. Ahn, então. Eh...
Ai, que ridículo. Vou falar de uma vez, quem sabe seja menos doloroso.

Porque ele tem que fazer isso?
Ou pior: Porque ele FAZ isso?
Pior ainda: Como ele CONSEGUE fazer isso?

Eu acharia que era totalmente impossível, se não tivesse visto com os meus próprios olhos.
Sabe, quando você iria imaginar que uma pessoa acima dos níveis de beleza pudesse SUBIR AINDA MAIS? Mérlin, eu não acredito que eu estou nesse estado.
Ei, isso não é justo sabia? Deveria existir alguma lei que proibisse meninos fisicamente abonados de melhorarem a cada ano.
Isso acaba com toda a teoria de Lily odeia James.

E isso é inaceitável.

Seguinte: Lá estava Remus, me chamando pra ir falar com os novos monitores e tal, me perguntando se eu tinha esquecido que tinha sido monitora-chefe. Óbvio que eu não esqueci. (Quem esqueceria?) Mas o fato é que eu estava tão abalada emocionalmente (ou hormonalmente?) pelo ‘novato’ e tão feliz por rever meus amigos que me esqueci que tinha reunião de monitores, ainda no trem. Aí pedi a Remus alguns segundos, pra guardar minhas coisas e poder ir com ele, quando Sirius chegou na porta da cabine também.
Ok, sempre soubemos que Sirius é gostoso e tal. Super charmoso, com aquele brilho malicioso que não sai de seus olhos e com aquele sorriso galanteador que deixa qualquer garota de Hogwarts suspirando. Mas realmente entendi o que Lene tinha me falado. Sobre ter uma melhora ‘em massa’ esse ano. Sirius estava muito bem.
Muito mesmo sabe.
Juntando Remus com Sirius, a visão era assustadora para os hormônios.

E foi aí que eu tive aquele surto de “Oh meu Mérlin!”.

Foi nessa hora que aquela peste apareceu pra acabar com o meu dia.
James Potter também sempre foi suficientemente bonito e sexy para arrancar suspiros de todas as garotas da escola. Mas Mérlin, ele se superou esse ano. Sabe aquele cabelo preto, nem comprido demais, nem curto demais, que aponta pra todas as direções? Aqueles olhos castanho-esverdeados que perfuram? Aquela boca feita pra perdição? Aqueles braços tão... tão...

Ah, sei lá.
Eu realmente não deveria estar me sentindo assim.
Não mesmo.
Isso não é bom, tenho certeza de que não é bom.
Acho que eu vou dormir, e amanhã eu não vou sentir nada além da habitual antipatia, indiferença, desdém e desprezo por ele.

É isso aí.


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