Invasão



- Ande, Gina, está vendo no que dá ir dormir tão tarde?
- Está bem, Mamãe Ganso – falou a ruiva, com cara de sono e um sorriso bobo, mas gracioso, no rosto.

Gina se levantou preguiçosamente da poltrona em que cochilava na Sala Comunal, mandou um beijo para o irmão que jogava Snape Explosivo com Harry e atravessou o retrato da mulher gorda.

- Perderam alguma coisa nas roupas de Gina?! – resmungou Rony em alto e bom som, para os colegas que lançavam a ela olhares nada discretos.
- Talvez tenha sido meu juízo. Mas, nas roupas, não. Talvez no corpo dela... – provocou Alex Ruttherford.
- Como ousa?! – Rony se levantou tão vermelho quanto seu cabelo, punhos cerrados.
- Rony Weasley, quantas vezes terei que te avisar para não ceder a provocações desse tipo? – bradou Hermione.
- OK, Mamãe Ganso – falou Rony, com um leve tom de ironia, jogando um olhar feroz ao “abusado mauricinho do Alex”, como pensava.
- E quando vão parar de usar esse apelido ridículo comigo? Gina ainda me paga por tê-lo inventado...
Harry assistia a tudo sério, sem dizer nenhuma palavra.

- Vai ficar assim encostada em mim, menina? Acho isso uma grande falta de respeito... Além do mais eu não fui feita para ocultar intrometidos que escutam a conversa dos outros!
- Eles estavam falando de mim – respondeu Gina com paciência.

Ela estava segurando o retrato e observando a discussão escondida. Não pôde deixar de sentir uma pequena satisfação com o comentário de Alex. Ele havia sido grosseiro, mas aquilo não deixou de alimentar seu ego.

- Então devia ter se defendido!
- Não achei o comentário de todo ruim... Gosto de me sentir bonita.
- Antes era um patinho meio feio...

A paciência da menina se esgotou com o último comentário. Quem aquela mulher a óleo pensava que era? Virou-se e rumou a quadra de quadribol, ligeiramente mal-humorada.

- Patinho feio! Ora! Também, porque eu tinha que esquecer minha bolsa no vestiário?! Sou mesmo muito distraída... – monologava mentalmente.

Quando saiu do castelo, tomando cuidado para que ninguém a visse, já era noite alta. A temperatura baixa a fez estremecer e o vento fazia várias com que suas mechas flamejantes dançassem no ar. A luz do luar também ajudava a dar-lhe uma imagem belíssima.

- Conseqüência!
- O que fazem aqui? Já deviam estar todos no castelo... Fiquem tranqüilos, não comentarei nada. Também estou infringido regras. Mas cuidado, se Filch os pega... – falou risonha, ao ver as feições assustadas do grupo de secundaristas que brincava de um jogo trouxa, escondidos nas arquibancadas do campo.

Gina finalmente achou sua bolsa, ainda onde havia deixado. Colocou-a nos ombros e andava em um dos corredores abaixo das arquibancadas, em direção ao castelo. Tudo estava imerso no mais completo silêncio, somente os sons leves dos seus passos ecoavam entre rochas e estruturas de madeira antigas. Sentiu um arrepio na nuca que a perturbou.

- Varinha... Varinha, cadê você? – falava enquanto procurava o objeto na bolsa – Você anda bem desorganizada, Gina!

De repente, um grito agudo ecoou por todo o castelo. As luzes em todo o extenso território de Hogwarts se apagaram.
Gina deu um salto, assustada. Começou a correr em direção ao castelo, precisava saber como estavam Rony, Mione, Luna e... Harry Potter. Alguém a puxou pelo braço.

- Quem é? Quem é? Largue-me!

Sem varinha, debatia-se ferozmente.

- Largue-me!

Era inútil. Um homem a segurava pelos braços e se aproximava cada vez mais. Seu vulto na escuridão mostrava que era alto e a maneira com que segurava Gina provava que era realmente forte.
Ela sentia o horror à flor da pele. Puxando-a pela cintura, ele encostou todo seu corpo no dela e, num gesto rápido, beijou-a com urgência.
Gina lutava com todas as suas forças contra aquela invasão a ela mesma. Mas ele a dominava com facilidade. Aos poucos, sua resistência foi enfraquecendo. O perfume másculo inebriava seus sentidos, a confusão em que estava a deixava vulnerável. Sentia-se envolvida por aquele corpo atlético, e as mãos gélidas que percorriam sua pele causavam-lhe arrepios.
Ele percebeu a entrega de Gina e transformou o beijo de urgente, a carinhoso.
Gina sentia a paixão que despertara naquele que nem sabia quem era. Nunca havia despertado sensações tão intensas em nenhum namorado. Rendeu-se ao momento.
Ele se afastou, fez uma carícia no rosto delicado da ruiva e murmurou:

- Petrificus Totales!

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