Encontros e desencontros
Encontros e desencontros
O calendário de provas deu aos garotos uma trégua de duas semanas antes de esmagá-los novamente, dessa vez com as primeiras avaliações do segundo período. Nesse meio tempo, a Esmeralda vencera Rubi no quadribol, com outra espetacular captura do pomo por Nicole James. O fato, ao invés de atingir Alice, abalou principalmente a Érika, que sentia a pressão sobre ela ser redobrada, mesmo que seus colegas de time tentassem segurar a onda. No entanto, apesar de agora estar com uma carga de treinos mais freqüentes e intensos, a menina ainda encontrava energias para passar horas na biblioteca, pesquisando o máximo possível os verbetes ‘James’ e ‘Monfort’.
Como Alexandre nada sabia a respeito da pequena ‘investigação’ das garotas, e mesmo se soubesse, estava sempre tão ocupado estudando que elas não teriam coragem de pedir-lhe alguma ajuda, e Carlos sempre tirava da manga uma desculpa para afastar-se quando a conversa rumava naquela direção, Alice e Érika se revezavam entre deveres de casa, treinos de quadribol e pesquisas.
-“Eu já lhe contei, aquela águia não é dela.” – sussurrou Alice.
-“Tem certeza? Você bem sabe como o d’Angelo é pirado às vezes.” – retrucou Érika, enquanto folheava ‘Águias e Bruxos, Uma Tradição Milenar’, buscando alguma relação entre a criação de águias e a família James.
-“Sim, veja isso: ‘o animal símbolo da família James e o cavalo, como consta nos mais tradicionais brasões da nobre família bruxa’.”- recitou a outra, passando o dedo por uma linha de ‘Famílias Bruxas e seus Brasões’.
-“Certo, mas isso não impede que ela tenha uma águia!”
Alice revirou os olhos, implorando aos céus por um pouco de paciência.
-“Não, não impede,” – começou ela, ao que a amiga vez uma cara de ‘então!’ – “mas eu penso que devemos aceitar a palavra do professor d’Angelo como verdadeira.”
Érika deu de ombros e fechou o pesado livro. Olhando por uma das poucas janelas da biblioteca, que davam todas para o pátio interno do casarão, Alice percebeu que já estava escuro. Sentindo-se subitamente pesada demais para se levantar, ela ficou parada, lembrando-se do quanto gostaria de já estar em sua cama, mas totalmente sem forças para deixar a cadeira onde estava.
A bibliotecária, com seu corpo esguio, seus oclinhos de armação fina e sua eterna eficiência de mulher metódica, já começara a expulsar os últimos retardatários do aposento, e logo se aproximaria das garotas para pedir que saíssem. Érika pôs-se a riscar o nome dos livros em que elas já haviam pesquisado para logo depois separar em uma pequena pilha outros tantos para levar. Alice, entretanto, só saiu do lugar quando a amiga se levantou e lhe dirigiu a palavra, convidando-a a sair.
-“Vamos pela escada terciária, é o caminho mais rápido que temos.” – disse Érika, caminhado para a terceira e última escada de Amgis, a que abria ou fechava de acordo com as fazes da lua, e ficava no lado Oeste.
Alice concordou, e sem mais nenhuma palavra, as duas rumaram para escadaria, onde quase esbarraram e Arthur Bryant e Natália Silvério.
-“Desculpem.” - murmurou o rapaz, ao que Alice e Érika acenaram com a cabeça, dizendo que estava tudo bem.
Sem maiores perdas de tempo, as garotas continuaram subindo, enquanto o rapaz continuava conduzindo Natália pela mão, escada abaixo.
-“Eles estão namorando?” – indagou Alice, surpresa ao ver o casal se afastar.
-“Você não sabia?” – surpreendeu-se Érika –“É o namoro mais comentado entre o pessoal do quadribol.”
‘Pessoal do quadribol’ era como Érika chamava os jogadores, não importando a qual casa pertenciam.
-“Espere um pouco, ele não está no terceiro ano?”
Érika confirmou com um aceno da cabeça.
-“Ela não está no sexto?”
A outra voltou a confirmar. Alice sentiu seu queixo cair.
-“Por que você acha que a relação está sendo tão comentada?” – começou Érika –“Ele é o garoto mais desejado de toda a Amgis, isso eu posso lhe garantir.” – ela sentia certa satisfação em estar à frente da amiga no quesito fofocas escolares.
Alice balançou a cabeça, ainda tentando entender o que vira – e ouvira. Sem a menor pressa, as garotas continuaram a subir os degraus de madeira escura.
-“Alice!” – bradou uma voz que a garota não reconheceu, quando ela estava quase chegando ao topo da escada –“Por favor, não vá dizer que não se lembra de mim!”
A menina buscou desesperadamente por algum nome perdido nas profundezas de sua memória, mas não encontrou nada. Maldita péssima memória fisionômica.
-“Mark Taylor, monitor, nos conhecemos quando a Fernandes... como foi mesmo que você disse? Ah, sim! ‘Evaporou’ sua poção.” – disse o garoto, sorrindo.
-“É claro que me lembro, desculpe, mas estou estudando muito esses dias, sabe como é.” – Alice sorriu amarelo, ao que Érika soltou uma risada pelo nariz que foi logo disfarçada em um acesso de tosse –“Essa é minha amiga, Érika Marinho, de Safira.” – apresentou Alice, aproveitando a deixa.
-“A famosa apanhadora!” – falou Mark, quase gritando de entusiasmo.
Disfarçando seu desagrado ao ouvir o nome da posição que ocupava no quadribol, a menina apertou a mão que ele lhe estendia.
-“É um prazer conhece-lo, minha amiga falou muito bem de você!”
Foi a vez de Alice rir pelo nariz, forçando seu próprio ataque de tosse logo em seguida.
-“Está na hora de irmos, estudamos muito por hoje.” – disse ela, ao recuperar-se.
-“Boa noite!” – despediu-se Mark.
-“Boa noite!” – disseram as garotas em coro, finalmente deixando a escadaria para trás.
Já no corredor, Alice e Érika se separaram, cada uma indo em direção à seu próprio dormitório.
Quando já estava quase chegando à porta da sala comunal de Rubi, Alice avistou Nicole conversando com um garoto negro, de cabeça raspada, que ela reconheceu como sendo o narrador das partidas de quadribol da escola.
-“Alice!” – a voz tranqüila, no entanto surpresa, de Carlos a saudou.
A menina virou-se, percebendo como ficara parada observando Nicole andar ao lado do outro garoto e subitamente sentiu-se idiota, envergonhada por sua atitude.
-“Olá!” – murmurou, forçando um sorriso.
-“Ainda de olho em Nicole James?” – perguntou Carlos, sorrindo sinceramente.
-“Bom, não posso negar que estou curiosa para saber o que ela tanto esconde.” – falou Alice, corando com as próprias palavras –“Você já sabe qual é o motivo para a minha curiosidade, mesmo que se faça de desinteressado pelo assunto.”
O rapaz ergueu as sobrancelhas.
-“Está me acusando de algo?”
-“Você é o único, além de Érika, para quem eu contei o que vi na livraria do ‘The Witch’s House’, mas ao contrário dela, você se recusa a me ajudar a chegar ao fundo dessa história.” – falou a garota, assumindo um ar sério e um tom acusador sem perceber.
-“Nunca lhe ocorreu que o fundo dessa história pode não ser da sua conta?” – retrucou Carlos, fazendo um esforço sincero para não ser grosseiro –“Não desperdice seu primeiro ano com ela, acredite em mim, melhor não se envolver nessa história.”
-“O que você sabe sobre essa história que lhe dá tanta segurança ao falar dela?”
O garoto hesitou por uma fração de segundo.
-“Sei que James e Monfort são dois nomes bruxos de peso, famílias com quem não se deve mexer.”
-“E quanto aquele garoto, o narrador?”
-“Paulo Fernandes, segundo ano da casa de Esmeralda, temos algumas aulas em comum.”
-“Fernandes?”
-“Sobrinho da professora, ou algo assim.” – Carlos deu de ombros –“Sabe, você deveria prestar mais atenção no quanto anda séria ultimamente, tente relaxar”
-“Desculpe, deve ser excesso de estudo.”
-“Excesso de estudo, ou excesso de pesquisa?”
-“Por favor, Carlos, se você não pretende ajudar, então esqueça o assunto.” – falou a menina, pousando a mão sobre a maçaneta da porta da sala comunal.
– “Eu posso tentar, mas Alice, compreenda que manter essa brincadeira de espionagem é loucura! Prometa que você vai parar com isso, por favor.”
A garota encarou o chão por um breve momento, depois ergueu a cabeça para olhar no fundo dos olhos do amigo.
-“Não posso.”
Abriu a porta e correu para dentro, entretanto, não foi rápida o suficiente para esconder de Carlos o brilho dourado que lhe tingiu os olhos.
* * *
Na manhã seguinte, após a primeira prova do dia, centenas de estudantes dirigiam-se às salas de estudos, à biblioteca ou às suas próprias salas comunais, afim de revisarem a matéria da prova vespertina durante as horas livres da manhã.
A sala de estudos individual consistia em três fileiras de mesas de madeira na vertical por dez na horizontal, com cinco mesas cada uma e divisórias, também de madeira, separando os alunos uns dos outros. Era como estudar em um pequeno cubículo. Normalmente um reduto de silêncio, a sala estava lotada e barulhenta, cheia de estudantes consultando uns aos outros sobre a matéria, lendo rolos de pergaminho em voz alta ou até mesmo praticado feitiços. A bibliotecária, que normalmente conseguia manter as duas salas de estudos e a biblioteca na mais perfeita ordem e inquebrável silêncio, parecia prestes a se descabelar com a desordem que se instalara nas áreas sob sua responsabilidade.
Não menos irritado do que ela, um já impaciente Alexandre lutava para manter sua concentração, enquanto segurava-se para não mandar a dupla de segundanistas ao seu lado ir conversar na rua, ou em um outro lugar não muito educado e muito mais longe dele. Para começar, porque aqueles dois estavam dividindo a mesma cabine? Aquilo era expressamente proibido na sala de estudos individual, por mais lotado que o aposento estivesse.
-“Com licença,” – adiantou-se ele, tirando a metade de seu corpo para fora da própria cabine para espiar o compartimento ao lado.
-“Isso tudo só está acontecendo por causa da relutância do seu amigo inglês, acredite em mim!” – Paulo Fernandes falou, com sua voz retumbante de narrador, sem perceber que Alexandre tentava lhe dirigir a palavra.
-“Você reclama sem razão, pois sabe que a cautela é essencial!” – disse Nicole James, num tom irritado.
-“A diferença entre a cautela e o medo é muito tênue, cuidado para não se deixar acovardar.”
Nicole fechou a cara ante aquelas palavras. Irritada, levantou-se e saiu. Seu movimento foi tão rápido que Alexandre não teve tempo algum para disfarçar que ouvira a conversa. A garota, contudo, pareceu não se importar, limitou-se a olhar para ele com desprezo e sair pisando forte, com a capa esvoaçando pelo movimento.
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-“Como eu não teria certeza, se ele me encarou? Ele me olhou bem no fundo dos olhos, como quem diz: ‘eu não mandei você sair do meu caminho?’.” – disse Érika, tentando, sem sucesso, imitar a voz de Henry Monfort ao pronunciar a última frase.
-“Como ele pode ter lhe encarado no fundo dos olhos, se estava quase virando o corredor, enquanto você abria a porta da sala comunal de Safira, portanto deveria estar a uns bons cinco metros de distância?” – questionou Alice, deixando-se cair em um dos quatro bancos que cercavam a Fonte dos Astros, no pátio interno do casarão.
-“Está bem, não no fundo dos olhos. Você também não precisa levar tudo o que eu digo ao pé da letra, precisa?” – defendeu-se Érika, ao que a outra soltou um suspiro do impaciência –“De qualquer forma,” – continuou –“sua expressão era a de alguém realmente chateado em me ver.”
-“Não duvido nada.”
-“Alice, ele pensou que eu o tivesse, de alguma forma, seguido.”
Alice ficou quieta por um instante. O casarão parecia silencioso demais para um fim de tarde pós provas. Os habitantes de Amgis, pelo menos os do primeiro ano, realmente pareciam abalados com seu péssimo resultado no primeiro bimestre ao ponto de dedicarem qualquer momento livre possível aos estudos. Este fenômeno costumava ter como conseqüência uma superlotação no primeiro andar, onde ficavam as salas de estudos e a biblioteca, e uma considerável redução populacional nos andares restantes. Aproveitando a quase ausência de colegas no térreo, as garotas demoravam-se a conversar no pátio interno, sem, contudo, esquecerem-se das provas do dia seguinte.
-“Certo, vamos repassar: você se despediu de mim na saída da escadaria terciária,” – falou Alice, ao que Érika confirmou com a cabeça –“andou em direção ao seu dormitório, na ala Sul,” – outra confirmação –“quando viu Monfort logo a sua frente, virando o corredor.”
-“Ele olhou para trás antes de continuar, como se estivesse verificando que não havia ninguém atrás dele, foi aí que ele me viu.” – interrompeu Érika.
-“Definitivamente, ele deve estar pensando que você o seguiu.”
-“E o que faremos?” – perguntou Érika, sentando-se ao lado de Alice –“Quero dizer, as ameaças dele me pareceram bem sérias naquele dia... você sabe, da detenção.”
Alice olhou para o céu, respirando fundo. Estava preparando-se para dizer um cansado: “acho que não há nada que possamos fazer”, quando Alexandre, com uma aparência não muito boa, surgiu.
-“Boa tarde!” – disse Érika, sorrindo para ele.
O garoto limitou-se a um sorriso sem dentes, sentando-se entre as duas garotas.
-“O que houve?” – perguntou Alice, preocupada.
-“Aquela James louca, fica me encarando de cara amarrada o tempo todo, como se quisesse me matar com os olhos, só porque eu ouvi uma conversa dela com outro garoto, sem querer.”
-“E você está se deixando abalar por tão pouco? Não é possível! Logo você, que foi melhor do que ela no teste prático de Feitiços, que obteve notas mais altas do que ela todas as provas teóricas do primeiro bimestre!” – disse Érika, com um tom surpreendentemente indignado –“Você é muito mais do que Nicole James!” – e levantou-se para encarar o amigo –“Portanto não se rebaixe!” – concluiu, marcando bem as sílabas das últimas palavras.
Os olhos de Alexandre se arregalaram diante da explosão da garota. Sim, ela estava certa: ele estava se deixando abalar por muito pouco. Talvez a pressão de estar em uma semana de provas o tivesse deixado naquele estado. Alice também ficou impressionou, no entanto, foi mais calma.
-“Ela tem toda a razão.” – Alex virou-se para encará-la, ao ouvir suas palavras –“Mas o que exatamente você escutou a James falar?”
O garoto hesitou, não sabia se seria certo, ou não, contar as amigas o que ouvira. Ele detestava fofocas, mas sabia que as garotas não eram o tipo de pessoas que saem espalhando tudo o que ouvem.
Apesar de confiar nelas, Alexandre não gostava de fazer com os outros o que não gostaria que fizessem com ele. No entanto, o conflito mental não durou mais do que uma fração de segundo em sua mente:
-“Ela estava sentada ao lado daquele amigo, o narrador das partidas de quadribol.” – começou, ao que Alice murmurou ‘Fernandes’ –“Bem, parecia que ele estava reclamando de alguma coisa, mencionou um ‘amigo inglês’ que Nicole teria. Falou também algo sobre relutância excessiva por parte do tal inglês.”
-“Ele disse o nome?”
-“Não, Alice, não disse.” – negou Alex –“Mas qual é o motivo de toda essa curiosidade?”
As garotas, porém, ignoraram a pergunta.
-“Esse ‘amigo inglês’ deve ser o nós daquele bilhete!” – disse Érika.
-“Pode ser, mas eu acho que o bilhete foi forjado. Aquela letra estava muito feia para ser de Nicole. Além disso, você lembra como ele estava em branco quando o velho Tobias o leu?”
-“Existem certas tintas mágicas que desaparecem com o tempo. Mas do que vocês estão falando?” – indagou Alexandre, sendo, mais uma vez, ignorado.
-“Mesmo com o bilhete sendo falso, eu acreditava que o nós era Nicole e Paulo, mas parece que há mais alguém os ajudando.” – concluiu Alice, levantando-se do banco e passando a caminhar de um lado para o outro -“Você disse que Henry olhou para trás, como se estivesse se assegurando de que não havia ninguém atrás dele?”
-“Sim, ele parecia...”
-“Com medo de ter sido escutado?” – a outra confirmou com a cabeça, ao que Alice continuou –“Então, ontem à noite sim, ele havia se encontrado com a James!”
Foi a vez de Érika se levantar:
-“O que?”
-“Eu a vi, caminhando em direção a ala Norte ao lado de Paulo Fernandes, o narrador, pouco antes de encontrar Carlos.”
-“Eles devem ter tido algum tipo de reunião no segundo andar ontem à noite!” – concluiu Érika.
-“SERÁ QUE ALGUÉM PODE ME EXPLICAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO?” – gritou Alexandre, ao que as duas garotas viraram-se para encara-lo, como se tivessem sido eletrocutadas.
-“Alex, desculpe não termos lhe contado antes, mas é que...” – começou Érika.
-“Agora não!” – interrompeu-lhe Alice –“Eu prometo que lhe explico mais tarde, mais ainda precisamos juntar algumas peças deste quebra-cabeças. Érika, quem nós vimos perto do segundo andar, ontem?”
-“Henry Monfort, você disse que viu Nicole e Paulo, antes de encontrar Carlos.” – ela contou nos dedos.
-“Temos também Mark, Natália e aquele garoto, Arthur. Agora vamos ver quais são os nomes mais britânicos que temos, são eles: Arthur Bryant, Mark Taylor e Carlos McLean.”
-“Mas o Bryant estava com a namorada, então está fora.” – sentenciou Érika.
-“A não ser que a Natália esteja envolvida também.”
-“Pode ser, as eu duvido.”
Alexandre continuava mirando as duas com uma expressão totalmente confusa no rosto.
-“Carlos nem ao menos é da mesma casa de Nicole, e honestamente, eu nunca os vi conversando. Ao que me parece, ele tem até uma certa aversão a garota. Já o Taylor, bem, ele é de Esmeralda.” – justificou Alice.
-“E estava conversando com Nicole e Paulo no almoço hoje, eu vi!” – assegurou Érika.
-“Então é atrás dele que ficaremos agora.” – concluiu Alice.
Alexandre estava cada vez mais perplexo, seu olhar ia de uma à outra, em busca de uma explicação que, tão cedo, não chegaria.
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