Prólogo
Escola de Magia e Bruxaria de Amgis, 25 de Janeiro.
Caro Chadwell,
Estou preocupada. Sinto as forças da natureza ao meu redor se enfraquecerem cada vez mais. Sei que isso está relacionado com a ‘dispersão’, o que torna meu humor cada vez mais oprimido, pois sinto-me extremamente culpada.
Eu sei, meu amigo, que tu vais dizer-me que me engano. Ora, poupe tuas ternas palavras, desde já aviso-te de que elas não me afetarão. Sinto-me culpada e só a volta dos que se foram poderá, quem sabe um dia, pintar com outras cores este triste quadro cinzento em que me encontro.
Chadwell, meu caro Chadwell, não foi Amgis fundada para ser grandiosa? Para ser imponente não só em sua aparência física quanto em sua moral e seu valor? Ana Amélia, Sir Eliot e Gabriel deram a esta escola tudo o que ela precisava. Eles viram dias de glória, Chadwell, dias de glória! E eu, o que vejo? Vejo Amgis desmoronar. Antes apenas sentia, agora posso ver a desgraça com meus próprios olhos.
Sei que estás distante e que, com sorte, tua resposta só me chegará depois do início do ano letivo. Mas ainda assim quero saber de ti, Chadwell, como estamos progredindo? Já os encontrastes, os herdeiros? Sabes o quanto precisamos deles...
Não vou estender por muitas linhas mais as minhas lamentações. Tu não merece ouvi-las. No entanto, as ouve e as atende, bom amigo que és. Não sabes o quanto te sou agradecida. Se precisares de qualquer coisa, sabes que minha casa é tua. Mas não dependas somente da minha casa, pois ela está caindo. Sim, Amgis, minha pobre casa, está desmoronando.
Espero ver-te em breve, com ou sem boas notícias. Porque, no final da história, boas notícias são apenas o bálsamo que alivia as feridas causadas pelas más e nunca vêm em número suficiente para serem fonte de júbilo. Mas estou deixando que o pessimismo tome conta de mim, novamente. Alegra-te, meu amigo, ainda não perdi as esperanças.
Que os Astros te iluminem!
J.M
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