Revelações
Draco e Gina foram guiados por Lúcio. Ele os forçava a avançar, com a varinha em suas costas:
-Ansiosos? –Lúcio perguntou irônico –É realmente uma honra serem convidados do Lord.
-Não vejo honra nenhuma nisso. –Draco retrucou.
-Demonstre bons modos para com o Lord. Você infelizmente ainda é um Malfoy e foi educado como um. A menos que queira ter uma morte bem dolorosa ou quem sabe a Weasley pode pagar pelo seu comportamento...
“Maldito!” Draco pensou “Se fizerem alguma coisa com ela...Há! Vão conhecer o meu lado sombrio”.
Chegaram a uma sala de jantar que Draco já estivera outrora. O piso negro e brilhante, a mesa grande de mogno puro e um lustre de cristal que pendia do teto. Numa das pontas da mesa, estava Voldemort, sentado e parecendo satisfeito:
-Aproximem-se. –ele ordenou.
Gina apertou mais forte a mão do namorado. Era a primeira vez que via Voldemort após o seu retorno e a visão de certo não a agradava. Ele tinha o olhar mais demoníaco e gelado que ela já tinha visto, não restava mais nada do garoto bonito de 16 anos que a enganara por um diário. Os dois se aproximaram de Voldemort com passos vacilantes:
-Sentem-se. –era outra ordem –Não do lado um do outro. Sente-se do outro lado Draco.
Eles obedeceram. Voldemort estalou os dedos e na mesa apareceram copos com suco de abóbora e pratos com sopa:
-Acho que podemos comer enquanto temos nossa conversa.
-Que tipo de veneno tem na comida? –Draco perguntou –Pelo que te conheço deve ser um com efeito lento, para poder ver como agonizamos e sofremos.
Voldemort riu sem emoção:
-Eu seria mais prudente se fosse você, garoto. Coma, é uma ordem. Vai querer que eu te obrigue?
Draco então sorveu algumas colheradas de sua sopa, gesto imitado por Gina:
-E o que aconteceu com você, Weasley? O gato comeu sua língua? Pelo que me lembro, você costumava escrever muito no meu diário.
A ruiva engoliu em seco:
-Não tenho nada pra falar com você. –respondeu, tentando soar confiante.
-Não adianta fingir, eu sei que está morrendo de medo, pequena Weasley.
-O que quer com a gente? Não fizemos nada pra você. –Draco tentou desviar a atenção de Voldemort de Gina.
-Lúcio me contou sobre o caso de vocês.
-Não é caso! –Gina teimou e encarou Voldemort que a encarou de volta –Eu..eu... –e desviou o olhar –Amo o Draco.
-Patético, Weasley. –Voldemort respondeu –Esse tempo todo o Draco apenas te usou. Ouvi o Lúcio se gabando por seu filho enganar uma Weasley tão facilmente...
-Não acredite nele, Gina! Ele está tentando te envenenar contra mim! Isso não é verdade! –Draco exclamou.
-Por que mente pra ela, Draco? A farsa acabou, não precisa mais fingir que se importa com ela. Ela já te deu prazer o suficiente, não seja tão egoísta. É a vez do Potter consolá-la antes que eu o mate. Quando será que ele virá resgatar a amada donzela Weasley...ops, donzela não, não é mesmo, Draco?
-CALE-SE! –Draco gritou e no mesmo instante Belatriz e Lúcio aparataram na sala de jantar.
-Ninguém manda o Lord das Trevas calar a boca. –Voldemort disse suavemente –Crucio.
Draco caiu da cadeira, o corpo inteiro se contorcendo com uma dor insuportável. Um grito escapou de sua garganta. Draco não sabia quanto tempo agüentaria mais antes que enlouquecesse com tamanho martírio.
Gina escondeu o rosto nas mãos, lágrimas pesadas escorrendo por sua face. Não agüentava ver Draco ser torturado daquele jeito:
-PÁRA!!!! POR FAVOR! –Gina gritou.
-Implore, Weasley. De joelhos. Quem sabe eu penso no seu caso. –Voldemort respondeu, ainda mantendo o feitiço.
A ruiva deixou todo seu orgulho de lado e ajoelhou-se no mesmo instante:
-POR FAVOR!
Voldemort cessou o feitiço e Draco ficou caído no chão, tentando regularizar a respiração. Gina fez menção de ir até ele, mas Lúcio Malfoy a segurou por trás:
-ME SOLTA!
-Então você realmente ama o filho do Lúcio. Realmente patético, Weasley. Poderia ter o heróizinho Potter e escolhe um futuro Comensal da Morte. E ainda se humilhou perante a mim...por ele. O que aconteceu com a honra que os Weasleys diziam ter?
-Não meta a minha família nisso. Diga de uma vez o que quer comigo.
-Eu sei que o Potter te ama. Vocês tolos que amam são previsíveis demais. A princípio eu queria uma isca e o seu nome caiu como uma luva. Você sempre foi ligada ao Potter. Lúcio me contou sobre ter entregado o meu diário a você. Bem, aí eu disse ao Lúcio que mandasse uma carta ao Draco, dizendo que eu tinha uma missão pra ele. Que ele conquistasse a sua confiança, mas pelo visto ele conquistou muito mais que isso...Muito bem, Draco.
Nesse momento, Draco ficou em pé, apoiando-se na mesa:
-Não foi assim que aconteceu... –disse fracamente.
-Qual é a sua versão então, Draco?
-Eu queria a Gina simplesmente pelo prazer de tirá-la do Potter... –ele começou a dizer, mas foi interrompido.
-SEU CANALHA! VOCÊ ME ENGANOU SEU DESGRAÇADO MALDITO!!!! –a ruiva gritou e Belatriz riu –VOCÊ E O SEU PAI, FOI TUDO UM TEATRO!
-Exatamente. –Lúcio concordou.
-Como você é burra, Weasley. Achou mesmo que o Draco ia se apaixonar por uma garotinha boba como você? –a comensal perguntou e mais lágrimas rolaram pelo rosto dela.
-Eu ainda não terminei de falar. Me escutem até o fim. –Draco falou.
-Ok. –Voldemort concordou.
-Eu já tinha em mente conquistar a Gina quando fiquei sabendo o que o Lord queria que eu fizesse. Mas eu acabei caindo na minha própria armadilha. Me envolvi, me apaixonei. Eu amo a Gina.
-CHEGA DE MENTIRAS, MALFOY! –Gina gritou –FALE A VERDADE TODA DE UMA VEZ! VOCÊ ME USOU E ACABOU, NÃO MINTA MAIS PRA MIM, DROGA!
-Eu te amo. Não foi teatro.
-O que está dizendo, Draco? –Lúcio perguntou –Você não pode estar falando sério. Essa Weasley é uma ninguém!
-Isso é uma vergonha para nós. –Belatriz concordou com Lúcio.
Voldemort olhou Draco profundamente:
-O garoto não mente. –concluiu com desgosto –Como pretende ser um Comensal da Morte se ama essa Weasley?
-Simplesmente não pretendo.
Lúcio torceu o braço de Gina:
-Que tipo de lavagem cerebral fez no meu filho sua putinha barata?
-Ai, seu animal! Me solta!
-SOLTA ELA! –Draco exigiu –Será que é surdo?
-O que pretende fazer, Lord? –Belatriz perguntou.
Voldemort passou um de seus dedos finos e longos pelo rosto de Gina e em seguida levantou o queixo dela:
-Eu estou atrás de uma coisa, sabia Weasley?
“O Harry?” ela pensou “Todo mundo sabe que você quer matar ele”.
-Não falo do Potter. É algo que eu me perguntava se realmente existia ou se era apenas uma lenda.
Todos estavam curiosos e esperavam por Voldemort continuar:
-A Pedra do Amor. Diz a lenda que a pedra escolheria quem seria digno de tirá-la de onde estava. Não se sabe quais são todos os poderes dessa pedra, mas ela serve como talismã para quem a porte, desde que essa pessoa ame alguém. Também diz a lenda que por um ritual em que se sacrificam os amantes, essa pedra pode ser corrompida e passa a ter o poder de espalhar o ódio e discórdia pelo mundo. Imaginem só. O mundo não seria maravilhoso se não houvesse amor? Se não houvesse essa maldita coisa chamada amor, eu teria matado o Potter há 15 anos. Eu seria bem mais forte e ninguém mais sofreria por ter o coração partido ou não ser correspondido. Seria o mundo perfeito.
-O seu mundo perfeito. –Draco disse –Não existe.
-Mas pode passar a existir. –Voldemort respondeu para Draco –Pensei que fosse mais inteligente, Draco. A pedra que você e a Weasley carregam, tem grandes chances de ser a Pedra do Amor. O único fato curioso é ela ter se divido em duas e ter o formato peculiar, de coração.
-Simplesmente porque talvez essa não seja a mesma pedra que você procura ou então dividida dessa forma ela perdeu a serventia para os fins que você deseja. –Gina respondeu.
-Ou simplesmente porque vocês são o casal de amantes ideal para ser sacrificado, já que a pedra julgou o amor de vocês digno. –Voldemort respondeu.
-Vai nos matar por causa de uma pedra lendária que você nem sabe se funciona? –Draco perguntou.
-Mataria por muito menos. Sintam-se honrados por terem um motivo para serem mortos. A sorte de vocês é que eu ainda preciso descobrir como se realiza essa ritual...Lúcio, pode soltar a Weasley. Eu quero você, a Bela e todos os outros Comensais procurando informações sobre essa pedra. Onde estão elas, Lúcio?
-Nas capas escolares deles, eu não consigo tocá-las. –Lúcio informou.
-Então podem ficar com elas por enquanto. –Voldemort disse para Draco e Gina –Até eu descobrir uma forma de realizar o sacrifício. Levem-nos daqui de volta para a masmorra, Bela.
***
Já passava da meia noite quando Narcisa saiu pela lareira da sala de Dumbledore. O diretor tinha a cabeça enterrada nas mãos e parecia não ter notado a presença dela:
-Dumbledore? –ela chamou, cautelosamente.
O diretor levantou a cabeça:
-Narcisa. Tem alguma novidade?
Ela fez que sim:
-Lúcio os levou para a casa da minha irmã, Bela.
-Como soube?
-Por um quadro em comum que a minha mansão e a dela tem.
-Onde fica? Temos que trazê-los de volta.
-Há um problema. Lá são realizados vários encontros entre Comensais da Morte e por isso o lugar é protegido pelo feitiço fidélius. Não posso revelar onde fica, penso que o meu marido é o fiel do segredo.
-Hum... –Dumbledore murmurou pensativo –Não há nada que possamos fazer então?
-Tudo o que eu posso fazer é deixar com você esse feitiço localizador. –ela disse tirando de um bolso o que parecia uma espécie de chaveiro com um dente pendurado –É um dente de leite do Draco, eu fiz esse feitiço há uns 10 anos atrás, pra sempre saber onde ele está. Mas obviamente não funciona nesse caso, por causa do fidélius. Mas quem sabe eles transfiram o Draco de lá, se isso acontecer...É melhor que esteja com você, acho que pode encontrá-lo mais rapidamente que eu. Por favor, Dumbledore, traga o meu filho de volta. Estou confiando em você, diretor. –entregou a ele o entrou na lareira sem dizer mais uma palavra.
***
Em sua cama, Harry rolava de um lado pro outro, sem conseguir dormir. Ainda tentava processar tudo o que havia acontecido. O rapto de Gina, sua preocupação com o que aconteceria com ela e sua obstinação em a encontrar, o desabafo com Luna, os beijos com Luna...
Ele havia se comprometido com ela e agora pensava se não fora um pouco precipitado. De certo havia gostado de ficar com ela, mas será que não estaria apenas a iludindo? Não queria que ela sofresse, assim como ele sofreu por não ser correspondido por Gina.
Mas como ela mesma havia dito, era melhor tentar e viver um dia de cada vez. Harry não poderia continuar se martirizando por não ter o amor de Gina, estava na hora de se conformar e dar a volta por cima. Teria que aprender a ser apenas um amigo da ruiva e como amigo ele se preocupava com ela, assim como Rony e Hermione deveriam também estar preocupados. Perguntava-se o que Lúcio Malfoy podia querer com ela. Não sabia ao certo o que ele pretendia, mas de uma coisa tinha certeza... Não era algo bom e Gina poderia muito bem estar em maus lençóis, precisando de ajuda...
“Mas como é que eu posso ajudá-la se nem ao menos sei onde ela se encontra? Espero que o Malfoy a proteja...Isso se ele também não estiver em perigo. Onde eles podem estar? O que estarão fazendo agora?” Harry se perguntava e já havia decidido, se não recebesse logo notícias da Weasley, sairia procurando por conta própria.
***
Fazia frio na masmorra. Draco abraçava Gina tentando ao mesmo tempo esquentá-la e esquentar a si próprio. Nenhum dos dois dormia. Era impossível conseguirem dormir naquela situação, sentados naquele chão frio e duro. A atmosfera era hostil e parecia zombar da preocupação que eles tinham. Era horrível a sensação de se esperar pela morte...
-Não quer deitar um pouco e dormir? –o loiro perguntou.
-Eu não conseguiria. –ela respondeu –Você me ama mesmo, não é, Draco? –perguntou insegura.
-Sinceramente, Gina. Você acha que eu estaria aqui nessa masmorra, sem conforto nenhum se eu não te amasse?
-Me desculpe, Draco. –e deu um selinho nele –Mas é que...não sei explicar.
Ele pareceu chateado:
-Você não consegue confiar plenamente em mim porque sou filho de um Comensal da Morte e porque confessei que no início eu queria você pra me vingar do Potter. Sim, isso é verdade. Eu não pensei que fosse começar a gostar de verdade de você. Dá pra pelo menos você confiar no que eu sinto por você?
Ela virou-se, sentando no colo de Draco, de frente pra ele:
-Draco, eu confio em você. –e passou as mãos pelos cabelos dourados dele –O que eu mais queria é pudéssemos ter uma chance. Uma chance para escapar daqui e viver. Não quero morrer agora que estamos juntos.
-Eu também. Tudo o que eu desejaria é poder fugir daqui.
Beijaram-se e logo perceberam um bolso de suas capas estava quente. Se separaram:
-São as pedras, Draco.
-É. –ele concordou –Sabe de uma coisa? Eu realmente acho que essas pedras eram a tal Pedra do Amor.
Os dois tiraram as pedras de seus bolsos e colocaram uma do lado da outra. Um feixe luz branca foi emitido delas, apontando para um lugar específico. Havia uma grande pedra que pareia estar mal encaixada. Draco puxou-a e ela saiu um tanto facilmente, abrindo um buraco suficiente para que eles se encolhessem e passassem.
-Gina, encontramos uma saída. –Draco disse olhando para todos os lados para ver se alguém os observava.
-É a nossa chance de ouro. –Gina disse –Temos que tentar.
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