A Nova Musica do Chapéu Seleto



-- CAPÍTULO 11 --
A NOVA MÚSICA DO CHAPÉU SELETOR


Harry não queria dizer aos outros que ele e Luna estavam tendo a mesma alucinação, se era isso mesmo, então não disse mais nada sobre cavalos, aconchegou-se na carruagem e bateu a porta atrás de si. Sem mais o que fazer, não pôde parar de olhar as silhuetas dos cavalos se mexendo pela janela.

- Alguém viu aquela mulher, a Grubbly-Plank? - perguntou Gina. - O que ela está fazendo aqui? Hagrid não pode ter saído, pode?

- Eu ficaria bem feliz se ele saísse - disse Luna -, ele não é um professor muito bom, é?

- Sim, ele é! - disseram Harry, Rony e Gina raivosamente.

Harry encarou Hermione. Ela limpou a garganta e disse rapidamente.

- Er... Sim... Ele é muito bom.

- Bem, nós, da Corvinal, o achamos uma piada - disse Luna, sem se chocar.

- Então você tem um horrível senso de humor - Rony respondeu bruscamente, enquanto as rodas abaixo estalaram em movimento.

Luna não pareceu se importar com a grosseria de Rony; pelo contrario, ela simplesmente os observou por um tempo como se ele fosse um programa de televisão um tanto interessante.

Chocalhando e balançando, as carruagens se moveram em escolta pela estrada. Quando passaram entre os altos pilares de pedra cobertos com javalis alados em ambos lados dos portões do jardim da escola, Harry se inclinou para frente para tentar ver se tinha alguma luz na cabana de Hagrid, na Floresta Proibida; o terreno estava em completa escuridão. O castelo de Hogwarts, no entanto, surgia ainda mais perto: uma massa elevada de torres, jatos negros contra o céu escuro, aqui e ali uma janela chamejante brilhava acima deles.

As carruagens pararam perto de uns degraus de pedras que levavam para as portas de carvalho da frente e Harry foi o primeiro a sair da carruagem. Virou de novo para ver se ascenderam as janelas da cabana da Floresta, mas definitivamente não havia sinal de vida na cabana de Hagrid. Derrotado, porque tinha tido uma meia esperança que tivesse sumido, ele virou seus olhos para as estranhas e esqueléticas criaturas que ficavam paradas quietas no frio ar noturno, com seus olhos brancos brilhando.

Harry já tinha tido a experiência de poder ver o que Rony não podia, mas aquilo tinha sido um reflexo no espelho, algo muito mais insubstancial que uma centena de bestas aparentemente muito sólidas e fortes o suficiente para empurrar num vôo uma frota de carruagens. Se Luna era para ser acreditada, as bestas estavam sempre lá, mas eram invisíveis antes. Então, por que Harry passou de repente a poder enxergá-los e por que Rony não?

- Você vem ou o quê? - disse Rony atrás dele.

- Ah... Sim - disse Harry rapidamente e se juntou à apressada multidão que subia os degraus de pedra dentro do castelo.

O Saguão de Entrada estava flamejante com tochas e ecoando com os passos enquanto os estudantes cruzavam os enfraquecidos pisos de pedra para as portas duplas à direita, levando para o Salão Principal e ao banquete de início do ano letivo.

As quatro longas mesas das casas estavam se enchendo embaixo de um teto negro sem estrelas, que era igual ao céu que podiam entrever pelas janelas. Velas voaram em meio ao ar por toda a mesa, Iluminando os fantasmas prateados que estavam parados sobre o Salão e os rostos dos estudantes falando ansiosamente, trocando novidades de verão, gritando boas-vindas a amigos de outras casas, comentando um ou outro novo corte de cabelo ou manto. De novo, Harry percebeu pessoas colocando suas cabeças juntas e cochichando enquanto ele passava; rangeu os dentes e tentou fingir que não viu ou não ligou.

Luna se separou deles na mesa da Corvinal. No momento em que chegaram a Grifinória, Gina foi saudada por uns amigos do quarto ano e foi sentar com eles; Harry, Rony, Hermione e Neville encontraram seus lugares juntos mais ou menos no meio da mesa, entre Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da casa de Grifinória, e Pavarti Patil e Lilá Brown, as últimas duas que deram a Harry uma arejada e exagerada boas-vindas que o fez ter quase certeza que elas acabaram de falar dele. Mas tinha coisas mais importantes para fazer, no entanto: estava olhando por cima da cabeça dos estudantes para a mesa de professores, que ficava no final do Salão.

- Ele não está aqui.

Rony e Hermione olharam a mesa também, mas não era realmente necessário; o tamanho de Hagrid o fazia instantaneamente óbvio em qualquer linha de visão.

- Ele não pode ter saído - disse Rony, soando um pouco ansioso.

- É claro que ele não saiu - disse Harry firme.

- Você não acha que ele se... Machucou, ou algo do tipo, você acha? - disse Hermione com dificuldade.

- Não - disse Harry de uma vez.

- Mas onde ele está, então?

Houve uma pausa e Harry disse bem baixinho, tanto que Neville, Pavarti e Lilá não puderam ouvir.

- Talvez ele ainda não voltou. Vocês sabem... Da sua missão... Aquilo que ele estava fazendo para Dumbledore no verão.

- Sim... Sim, deve ser isso - disse Rony, soando seguro novamente, mas Hermione mordeu seus lábios, olhando pra cima e pra baixo pela mesa dos professores como se tivesse esperando por alguma explicação conclusiva sobre a ausência de Hagrid.

- Quem é aquela? - ela disse cortantemente, apontando para o meio da mesa de professores.

Os olhos de Harry seguiram os dela. Pararam primeiro sobre o professor Dumbledore, sentando em sua alta cadeira dourada ao centro da longa mesa de professores, vestindo um manto roxo-escuro espalhado com estrelas prateadas e com um chapéu combinando. A cabeça de Dumbledore estava inclinada voltada para a mulher sentada próxima a ele, que estava falando em seus ouvidos. Parecia, Harry pensou, como uma tia solteira de alguém: agachada, com um curto, ondulado, cabelo marrom de rato em que tinha colocado uma horrível faixa de Alice, que combinava com o peludo cardigã rosa que vestia sobre seu manto. Então ela virou seu rosto levemente para beber um gole de seu cálice e ele viu, com um choque de reconhecimento, um pálido rosto que parecia um cogumelo e um par de proeminentes olhos iguais a bolsas.

- É aquela mulher, Umbridge!

- Quem? - disse Hermione.

- Ela estava em minha audiência, ela trabalha para Fudge!'

- Ótimo cardigã - disse Rony, sorrindo.

- Ela trabalha para Fudge! - Hermione repetiu, zangada. - Que diabos ela esta fazendo aqui então?

- Não sei...

Hermione olhou a mesa dos professores, seus olhos se estreitaram.

- Não - ela murmurou. - Não, com certeza não...

Harry não entendeu sobre o que ela estava falando mas não perguntou; sua atenção foi pega pela professora Grubbly-Plank, que tinha acabado de aparecer atrás da mesa dos professores; ela continuou seu caminho até o final da mesa e sentou no lugar que seria de Hagrid. Isso significava que os alunos do primeiro ano já haviam cruzado o lago e logo depois as portas do Salão Principal se abriram. Uma longa fila de alunos com caras assustadas entrou, liderada pela professora McGonagall, que estava carregando um banco onde havia um antigo chapéu de bruxo, pesadamente remendado e com um grande rasgo perto da desgastada aba.

O zumbido da fala no Salão Principal acabou. Os alunos do primeiro ano se enfileiraram em frente à mesa de professores e ficaram encarando o resto dos estudantes, a professora McGonagall colocou o banco cuidadosamente à sua frente e então foi para trás.

Os rostos dos alunos do primeiro ano brilharam palidamente sob a luz das velas. Um pequeno garoto no meio da fila pareceu que estava tremendo. Harry relembrou, passageiramente, como ele tinha ficado aterrorizado quando estivera lá, esperando pelo desconhecido teste que determinaria a casa a qual pertenceria.

Toda a escola esperava com uma respiração reduzida. Então o rasgo perto da aba abriu, como se fosse uma boca, e o Chapéu Seletor entoou numa música:

"Em tempos antigos, quando eu era novo

E Hogwarts mal havia começado

Os fundadores dessa nobre escola

Achavam que nunca se separariam:

Unidos por um objetivo comum,

Eles tinha a mesma aspiração,

Fazer a melhor escola de magia do mundo

E passaram todo o conhecimento deles.

'Juntos nós construímos e ensinamos'

Os quatro bons amigos decidiram

E nunca sonharam que eles

Seriam divididos algum dia,

Pois onde poderia haver amigos

Como Slytherin e Gryffindor?

A não ser se fosse o segundo par

De Hufflepuff e Ravenclaw?

Então como pode ter dado tão errado?

Como pode tal amizade falhar?

Bem, eu estava lá e posso contar

Todo o triste, pesaroso conto.

Disse Slytherin 'Nós ensinaremos apenas aqueles

Cujo ancestral é puro'

Disse Ravenclaw 'Nós ensinaremos aqueles

Cuja Inteligência é perfeita'

Disse Gryffindor 'Nós ensinaremos todos aqueles

Com bravos atos em seu nome'

Disse Hufflepuff 'Ensinarei a laia,

E os tratarei como iguais.'

Essas diferenças causaram poucas discussão

Quando pela primeira vez vieram à luz,

Pois cada um dos fundadores tinha

Uma casa em que podiam

Pegar somente o que ele queriam, então,

De início, Slytherin

Pegou somente bruxos de sangue puro

De grande astúcia, que nem a ele,

E apenas aqueles com a mente afiada

Eram ensinados por Ravenclaw

Enquanto os mais bravos e destemidos

Foram com o audacioso Gryffindor.

Boa Hufflepuff, ela pegou o resto,

E ensinou a eles tudo que sabia,

No entanto as casas e seus fundadores

Permaneceram com a amizade firme e verdadeira.

Então Hogwarts trabalhou em harmonia

Por muitos felizes anos

Mas então a discórdia cresceu entre nós

Alimentando nossas falhas e medos.

E as casas, que como quatro pilares

Tinham uma vez segurado nossa escola,

Agora se viraram uma contra a outra,

Divididas, procuravam dominar.

E por um tempo parecia que a escola

Encontraria um fim próximo,

O que com duelos e lutas

E a colisão de amigos com amigos

E então veio a manhã

Em que o velho Slytherin partiu

E então a luta morreu

Ele saiu bem magoado

E nunca, desde os quatros fundadores

Que foram reduzidos a três,

Tiveram as casas unidas

Como elas uma vez foram.

E agora o Chapéu Seletor está aqui

E todos vocês sabem o porquê:

E selecionarei vocês nas casas

Porque é por isso que eu estou aqui,

Mas esse ano eu irei mais longe,

Ouçam atentamente a minha canção:

Mesmo que condenem, eu separarei vocês

Ainda que eu ache isso errado,

Mas eu devo completar meu propósito

E devo dividi-los em quatro todo ano

Ainda eu espero que seja qual for a seleção

Não traga o fim que temo.

Oh, saiba os perigos, leia os sinais,

A história de aviso mostra,

Que nossa Hogwarts está em perigo

De externos, mortais inimigos

E nós devemos nos unir dentro dela

Ou nós iremos nos despedaçar

Eu os falei, eu os avisei...

Agora que a seleção comece.

O Chapéu ficou parado outra vez; aplausos surgiram, mas dessa vez vieram - pela primeira vez na memória de Harry - com murmúrios e sussurros. Por todo o Salão Principal alunos estavam trocando comentários com os seus vizinhos, e Harry, aplaudindo como todo mundo, sabiam exatamente o que todos estavam dizendo.

- Ele aumentou um pouco esse ano, não? - disse Rony, com seus olhos castanhos levantados.

- Com certeza que sim - disse Harry.

O Chapéu Seletor geralmente se confinava a descrever as diferentes qualidades procuradas por cada uma das quatro casas de Hogwarts e em seu próprio papel de sorteá-las. Harry não pôde lembrar de ter tentado dar um conselho à escola antes.

- Estive pensando se ele já deu avisos antes? - disse Hermione, soando um pouco ansiosa.

- Sim, já - disse Nick Quase Sem Cabeça, entendido, atravessando Neville na direção dela (Neville estremeceu; era muito desconfortável ter um fantasma atravessando você). - O Chapéu acha uma questão de honra dar à escola um aviso sempre que ele achar...

Mas a professora McGonagall, que estava esperando para ler as lista dos nomes dos alunos do primeiro ano, dava aos estudantes que cochichavam um olhar que chamuscava. Nick Quase Sem Cabeça colocou um dedo transparente em seus lábios e sentou ereto de novo enquanto o murmúrio chegou a um abrupto fim. Com um último olhar carrancudo que varreu as mesas das casas, a professora McGonagall abaixou seus olhos para o longo pedaço de pergaminho e chamou o primeiro nome.

- Abercrombie, Euan.

O garoto, que parecia aterrorizado e que Harry tinha visto antes, tropeçou para frente e colocou o Chapéu em sua cabeça; ele só não caiu direto em seus ombros devido às suas orelhas bastantes proeminentes. O Chapéu pensou por um momento e então o rasgo perto da aba abriu e gritou:

- Grifinória!

Harry aplaudiu altamente com o resto da Grifinória enquanto Euan Abercrombie cambaleou até a mesa e se sentou, olhando como se gostaria de afundar na mesa e nunca mais ser olhado.

Vagarosamente, a longa fila de alunos do primeiro ano diminuiu. Nas pausas entre os nomes e as decisões do Chapéu Seletor, Harry podia ouvir o estômago de Rony roncando alto. Finalmente, "Zeller, Rose" foi sorteada pra Lufa-Lufa, a professora McGonagall pegou o Chapéu e o banco e os levou para fora enquanto o professor Dumbledore ficava de pé.

Mesmo com seus recentes sentimentos amargos em relação ao diretor, Harry ficou de alguma forma aliviado de vê-lo erguido diante de todos. Diante da ausência de Hagrid e da presença daqueles cavalos "dragonídeos", sentiu que seu retorno a Hogwarts, há tanto previsto, estava cheio de surpresas inesperadas, como notas discordantes numa música familiar. Mas isto, pelo menos, era como deveria ser: o diretor da escola se levantando para dar as boas-vindas antes do início do banquete de início do trimestre.

- Para os nossos novatos - disse Dumbledore numa voz titilar, seus braços bem abertos e um alegre sorriso em seus lábios -, bem-vindos! Para os nossos alunos antigos. Bem-vindos de volta! Há uma hora para fazer discursos, mas não é agora. Sirvam-se!

Houve uma gargalhada apreciativa e uma onda de aplausos quando Dumbledore sentou destramente e jogou suas longas barbas sobre os ombros para que ficassem longe de seu prato - pois a comida tinha aparecido do nada, então as cinco longas mesas estavam gemendo sobre carnes e tortas e pratos de vegetais, pães e molhos e garrafas de suco de abóbora.

- Excelente - disse Rony, com um tipo de gemido pela espera, e se apoderou da prataria mais próxima de costeletas e começou a pilhá-las em seu prato, observado ansiosamente Nick Quase Sem Cabeça.

- O que você estava dizendo antes da Seleção? - Hermione perguntou ao fantasma. - Sobre o Chapéu dar avisos?

- Ah sim - disse Nick, que parecia feliz por ter uma razão para se virar de Rony, que agora comia tomates assados com quase o mesmo indecente entusiasmo. - Sim, eu já tinha visto o Chapéu dar vários avisos antes, sempre em tempos em que ele detectava períodos de grande perigo para a escola. E sempre, é claro, seu conselho era o mesmo: fiquem juntos, sejam fortes daqui pra frente.

- Omo le pudi zaber qui iscolaestaem peio selechapeu? - disse Rony.

Sua boca estava tão cheia que Harry achou um grande feito para ele conseguir fazer qualquer som.

- O que foi que você disse? - Nick Quase Sem Cabeça educadamente, enquanto Hermione parecia revoltada. Rony deu uma enorme engolida e disse.

- Como ele pode saber se a escola está em perigo se ele é um Chapéu?

- Eu não tenho idéia - disse Nick Quase Sem Cabeça. - Mas, claro, se ele vive no escritório de Dumbledore, então eu temo dizer que ele pega coisas lá em cima.

- E ele quer que todas as casas sejam amigas? - disse Harry, olhando para a mesa de Sonserina, onde Draco Malfoy estava em sua corte de influência. - Grande chance.

- Bem, agora, você não deveria ter essa atitude - disse Nick, reprovando-o. - Cooperação pacífica, essa é a chave. Nós, fantasmas, mesmo pertencendo a casas diferentes, mantemos vínculos de amizade. Devido às competitividades entre Grifinória e Sonserina, eu jamais sonharia em procurar um argumento com o Barão Sangrento,

- Somente porque você está assustado com ele - disse Rony.

Nick Quase Sem Cabeça pareceu muito insultado.

- Assustado? Eu digo que eu, Sir Nicholas de Mimsy-Porpington, nunca fui culpado de covardia em minha vida! O sangue nobre que corre em minhas veias...

- Que sangue? - perguntou Rony. - Com certeza você não tem mais nenhum...?

- É uma figura de linguagem! - disse Nick Quase Sem Cabeça, agora tão aborrecido que sua cabeça tremia sinistramente em seu pescoço parcialmente cortado. - Eu assumo que ainda estou permitido ao prazer de usar qualquer palavra que eu goste, mesmo que os prazeres de comer e beber me sejam negados! Mas eu estou bem acostumado a alunos fazendo graça da minha morte, eu te garanto!

- Nick, na verdade ele não estava rindo de você! - disse Hermione, jogando um olhar furioso a Rony.

Infelizmente, a boca de Rony estava cheia a ponto de explodir de novo e tudo o que ele pôde tentar falar foi:

- Eunão stavarindo dvocê - o que não pareceu a Nick constituir uma desculpa apropriada.

Levantando-se ao ar, ele ajeitou seu chapéu de penas e se distanciou até o outro lado da mesa, vindo a descansar entre os irmãos Creevey, Colin e Dennis.

- Muito bem, Rony - disse subitamente Hermione.

- O quê? - disse Rony indignado, tendo conseguido, finalmente, conseguido engolir sua comida. - Não posso fazer nem uma simples pergunta agora?

- Ah, esquece - disse Hermione irritada, e os dois passaram o resto da refeição num insolente silêncio.

Harry estava bem acostumado com a disputas deles para se preocupar em reconciliá-los; achou melhor usar esse tempo para comer fixamente seu bife e sua torta de rim, e então um grande pedaço de sua favorita torta de melaço.

Quando todos os estudantes terminaram de comer e o nível de barulho no Salão tinha começado a aumentar de novo, Dumbledore ficou de pé mais uma vez. O falatório cessou imediatamente e todos viraram seus rostos para o diretor da Escola. Harry estava se sentindo agradavelmente sonolento agora, sua cama estava lhe esperando lá em cima maravilhosamente quente e macia...

- Bem, agora que estamos todos digerindo outro magnífico banquete, peço uns poucos momentos de sua atenção para os nossos usuais avisos início de ano - disse Dumbledore. - Alunos do primeiro ano devem saber que a floresta do terreno é terminantemente proibida para alunos. E uns poucos de nossos alunos mais velhos devem estar sabendo agora também - Harry, Rony e Hermione trocaram sorrisos. - Sr. Filch, o zelador, me pediu, pelo que ele me disse é a quadricentésima sexagésima segunda vez, para lembrá-los que mágica não é permitida nos corredores entre classes, nem um monte de outras coisas, todas podem ser checadas na extensa lista que agora fica fixada na porta do escritório do Sr. Filch. Nós tivemos duas mudanças na equipe de professores esse ano. Estamos muito felizes em dar as boas-vindas de volta à professora Grubbly-Plank, que estará dando aulas de Trato das Criaturas Mágicas; também estamos encantados de apresentar a professora Umbridge, nossa nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Houve uma onda de educados e sem entusiasmo aplausos, durante a qual Harry, Rony e Hermione trocaram olhares com um pouco de pânico; Dumbledore não tinha dito por quanto tempo Grubbly-Plank estaria lecionando. Dumbledore continuou.

- Tentativas para os times de Quadribol das casas serão...

Ele parou, olhando curiosamente para a professora Umbridge. Ela não era muito mais alta em pé do que sentada, houve um momento em que ninguém entendeu o porquê de Dumbledore ter parado de falar, mas então a professora Umbridge limpou sua garganta - Hum, hum - e ficou claro que ela ficou de pé e estava querendo fazer um discurso.

Dumbledore apenas olhou e ficou confuso, então se sentou espertamente e olhou em alerta para a professora Umbridge, como se não tivesse desejado nada melhor que ouvi-la. Outros membros da equipe não eram tão adeptos a esconder suas surpresas. Os olhos castanhos da professora Sprout desapareceram em seus cabelos e a boca da professora McGonagall ficou tão fina quanto Harry nunca tinha visto. Nenhum professor novo tinha interrompido Dumbledore antes. Muitos estudantes estavam cochichando; essa mulher com certeza não sabia como as coisas eram feitas em Hogwarts.

- Obrigada, diretor - a professora Umbridge disse, sorrindo - por essas educadas palavras de boas-vindas.

Sua voz era muito melancólica, ofegante e parecida com a de uma garotinha e, de novo, Harry sentiu um poderoso ímpeto de desgosto que não podia explicar para si mesmo; tudo o que sabia é que tinha odiado tudo sobre ela, desde sua estúpida voz até ao peludo cardigã rosa. Ela deu mais uma pequena tosse de limpar a garganta ("hum, hum") e continuou.

- Bem, é adorável estar de volta a Hogwarts, e devo dizer! - sorriu, revelando dentes bastante pontudos. - E ver rostos tão felizes olhando para mim!

Harry olhou em volta. Nenhum dos rostos que podia ver pareciam felizes. Pelo contrário, todos pareciam confusos em serem tratados como se tivessem cinco anos de idade.

- Eu estou realmente esperando conhecer todos vocês e estou certa que seremos ótimos amigos!

Estudantes trocaram olhares com isso; alguns estavam mal concedendo caretas.

- Eu serei amiga dela enquanto eu não tiver que usar aquele cardigã - Pavarti sussurrou para Lilá e ambas delas caíram em silenciosas gargalhadas.

A professora Umbridge limpou sua garganta de novo ("hum, hum"), mas quando continuou sua voz não parecia mais ofegante. Parecia muita mais como a de alguém de negócios e suas palavras tinham um monótono som de tê-las aprendido de cor.

- O Ministro da Magia sempre considerou a educação de jovens bruxos e bruxas de vital importância. Os raros dons com os quais vocês nasceram poderiam não servir para nada se não fossem nutridos e afiados por instruções cuidadosas. As habilidades anciãs exclusivas para a comunidade de bruxos devem ser passadas por gerações pois podemos perdê-las para sempre. O tesouro guardado pelo conhecimento mágico passado por nossos ancestrais deve ser guardado, reabastecido e polido por aqueles que foram escolhidos para a nobre profissão de lecionar.

A professora Umbridge pausou e fez uma pequena referência para seus colegas de equipe, nenhum deles referenciou de volta. Os olhos castanhos escuro da professora McGonagall tinham se contraído tanto que eles positivamente pareciam com os de um falcão, e Harry distintamente a viu trocar um significante olhar com a professora Sprout enquanto Umbridge deu outro pequeno "hum, hum" e voltou para seu discurso.

- Cada diretor e diretora de Hogwarts tem trazido algo de novo para a pesada tarefa de governar essa histórica escola, e assim é que deveria ser, pois sem progresso haveria estagnação e decadência. Há de novo, progresso por fazer progresso deve ser desencorajado, pois nossas tentadas e testadas tradições geralmente não requerem mudanças. Um balanço então, entre velho e novo, entre permanecer e mudar, entre tradição e inovação...

Harry viu sua atenção decaindo, como seu cérebro saísse e voltasse de uma canção. O silêncio que sempre se enchia no Salão quando Dumbledore estava falando estava sumindo enquanto alunos colocavam as cabeças juntos, cochichando e murmurando. Na mesa da Corvinal, Cho Chang estava tagarelando animadamente com usas amigas. A uns poucos assentos depois de Cho, Luna Lovegood tinha tirado o The Quibbler de novo. Nesse instante, na mesa da Lufa-lufa, Ernie MacMillan era um dos poucos que ainda olhava para a professora Umbridge, mas usava óculos e tinha certeza que estava apenas fingindo que ouvia apenas para fazer valer seu novo distintivo de monitor brilhando em seu peito.

A professora Umbridge parecia nem ter percebido a inquietação de sua platéia. Harry teve a impressão que uma revolta de grande escala podia ter surgido sobre seu nariz que teria continuado com seu discurso. Os professores, no entanto, ainda estavam prestando bastante atenção e Hermione parecia estar bebendo cada palavra que Umbridge dizia, ainda que, julgando pela sua expressão, não era de jeito nenhum de seu gosto.

- ...Porque algumas mudanças virão para melhor, enquanto outras virão, ao completar o tempo, a ser reconhecidas como erros de julgamento. Enquanto isso, alguns velhos hábitos serão mantidos, e com o mesmo direito, haverá outros, fora de moda e fora de gasto que devem ser abandonados. Vamos ir para frente, então, entrem numa era de aberturas, efetividade e acontabilidade, com o intento de preservar o que deve ser preservado e aperfeiçoar o que deve ser aperfeiçoado, podendo sempre que acharmos práticas que deveriam ser proibidas.

Ela sentou. Dumbledore aplaudiu. O corpo docente seguiu sua liderança, no entanto Harry percebeu que muitos juntaram suas mãos apenas uma ou duas vezes antes de parar. Uns poucos estudantes se juntaram, mas a maioria tinha ficado desavisados no final do discurso, não tendo ouvido mais que algumas poucas palavras dele, e antes de pudessem aplaudir propriamente Dumbledore tinha se levantado de novo.

- Muito obrigado professora Umbridge, isso foi bastante esclarecedor - ele disse, referenciando-se. - Agora, como eu estava dizendo, seleções de Quadribol serão...

- Sim, foi realmente esclarecedor - disse Hermione numa voz baixa.

- Você não está me dizendo que gostou? - Rony disse quietamente, virando um rosto evidraçado em Hermione. - Este foi um dos discursos mais chatos que eu já ouvi, e eu cresci com Percy.

- Eu disse esclarecedor, não agradável - disse Hermione. - Ela explicou muito.

- Foi? - disse Harry em surpresa. - Soou como um monte de bobeira para mim.

- Havia coisas importantes escondidas nessas bobeiras - disse Hermione espantada.

- Tinha? - disse Rony, empalidecendo.

- Que tal: "progresso por fazer progresso deve ser desencorajado"? Ou então "podendo sempre que acharmos práticas que deveriam ser proibidas"?

- Bem, o que isso significa? - disse Rony impacientemente.

- Eu vou dizer o que isso significa - disse Hermione por entre os dentes, que rangiam. - Isso significa que o Ministério está interferindo em Hogwarts.

Houve uma grande barulheira ao redor deles; Dumbledore tinha obviamente dispensado a escola, porque todos estavam de pé prontos para deixar o Salão. Hermione pulou, parecendo perturbada.

- Rony, nós deveríamos estar mostrando aos calouros aonde eles devem ir!

- Ah é - disse Rony, que tinha obviamente esquecido. - Hey... hey, vocês! Pigmeus!

- Rony!

- Bem, eles são, eles são baixinhos...

- Eu sei, mas você não pode chamá-los de pigmeus! Novatos! - Hermione os chamou, comandando-os pela mesa. - Por aqui, por favor!

Um grupo de novos estudantes andou timidamente pelo espaço entre a mesa da Grifinória e Lufa-lufa, todos dificilmente tentando não liderar o grupo. Realmente pareciam muito pequenos; Harry estava certo que não parecia tão novo quando chegara ali. Fez caretas a eles. Um garoto loiro próximo a Euan Abercrombie petrificado cutucou Euan e cochichou algo em seu ouvido. Euan Abercrombie olhou igualmente assustado e roubou um olhar horrorizado de Harry, que sentiu a careta desaparecer de seu rosto como bombas de bosta.

- Vejo vocês depois - ele disse monotonamente para Rony e Hermione e fez seu caminho fora do Salão Principal sozinho, fazendo tudo o que podia para ignorar mais cochichos, olhares e apontamentos enquanto ele passava.

Mantinha seus olhos fixos enquanto cortava seu caminho pela multidão na Saguão de Entrada, correu pela escadaria, pegou alguns atalhos de caminhos conhecidos e logo deixou a maior parte da multidão para trás.

Tinha sido estúpido em não esperar por isso, pensou raivosamente pelos corredores muito mais vazios acima das escadas. Claro que todos olhavam para ele; tinha emergido do labirinto do Tribruxo dois meses atrás carregando o corpo morto de um amigo estudante e clamando que viu Lord Voldemort retornar ao poder. Não houve tempo no último ano para se explicar antes de todos terem ido pra casa - mesmo que tivesse tido vontade de dar a toda a escola um detalhado conto sobre os terríveis acontecimentos naquele cemitério.

Harry alcançou o final do corredor da sala da Grifinória e parou em frente do retrato de uma Mulher Gorda antes de perceber que não sabia a nova senha...

- Er... - disse sonsamente, olhando para a Mulher Gorda, que amaciava as bordas de seu vestido rosa e olhava seriamente a ele.

- Sem senha, sem entrada - ela disse elevadamente.

- Harry, eu sei! - alguém apareceu atrás dele e Harry virou para ver Neville passando à sua frente. - Adivinhe o que é? Na verdade eu serei apto a lembrar de uma vez por todas... - ele balançou o estonteado pequeno cacto que tinha mostrado no trem. - Mimbuius mimbletonia!

- Correto - disse a Mulher Gorda e seu retrato se abriu para frente deles como uma porta, revelando um buraco circular na parede atrás, o qual Harry e Neville agora escalavam.

A sala da Grifinória parecia tão bem-vinda como nunca, uma sala torre circular acolhedora cheia de dilapidadas e esmagadas poltronas e desconjuntadas velhas mesas. Um fogo estalava alegremente numa grelha e algumas poucas pessoas estavam aquecendo suas mãos nele antes de irem para seus dormitórios; do outro lado da sala Fred e Jorge Weasley estavam pendurando algo no quadro de notícias. Harry deu boa noite a eles e foi direto para a porta dos dormitórios dos garotos; não estava com muito humor para conversas no momento. Neville o seguiu.

Dino Thomas e Simas Finnigan tinham alcançado o dormitório antes e estavam no processo de cobrir as paredes ao lado de suas camas com pôsteres e fotografias. Estavam conversando quando Harry empurrou para abrir a porta mas pararam abruptamente no momento em que o avistaram. Harry imaginou se eles estiveram falando de si ou estava ficando paranóico.

- Oi - disse, movendo-se para seu próprio malão e abrindo-o.

- Hey, Harry - disse Dino, que estava colocando um par de pijamas nas cores do West Ham. - Boas férias?

- Não foi ruim - murmurou Harry, como se a verdade sobre suas férias teria pegado a maior parte da noite para relatar e não podia encarar. - Você?

- É, foi ok - disse Dino com um riso contido. - Melhor que Simas, de qualquer forma, ele estava me falando agora mesmo.

- Por quê, o que aconteceu, Simas? - Neville perguntou enquanto colocava sua Mimbuius mimbletonia carinhosamente no armário ao lado da cama.

Simas não respondeu imediatamente, estava perdendo bastante tempo se assegurando que seu pôster do time de quadribol Kenmare Kestrels estava bem certo. Então disse, com as costas ainda viradas para Harry.

- Minha mãe não queria que eu voltasse.

- O quê? disse Harry, pausando o ato de tirar suas vestes.

- Ela não me queria de volta em Hogwarts.

Simas se distanciou de seu pôster e tirou seu pijama do seu malão, ainda não olhando para Harry.

- Mas... Por quê? - disse Harry, assombrado. Sabia que a mãe de Simas era uma bruxa e não podia entender, entretanto, o porquê de ela ter ficado tão parecida com os Dursley.

Simas não respondeu até ter terminado de abotoar seus pijamas.

- Bem - ele disse com uma voz medida. - Eu acho... Que é por causa de você.

- O que você que dizer? - disse Harry rapidamente.

Seu coração batia bem rápido. Sentiu vagamente que algo se aproximava.

- Bem - disse Simas de novo, ainda evitando os olhos de Harry. - Ela... Er... Bem, não é apenas você, é Dumbledore, também...

- Ela acredita no Profeta Diário. Ela acha que eu sou um mentiroso e que Dumbledore é um velho tolo?

Simas o olhou.

- É, algo assim.

Harry não disse nada. Jogou sua varinha na mesa ao lado da cama, tirou suas vestes, juntou-os nervoso em seu malão e tirou seus pijamas. Estava cansado disso: cansou de ser a pessoa que todos olhavam e falavam sobre todo o tempo. Se algum deles soubesse, se algum deles tivesse a menor idéia do que era se sentir ser o único em qual todas essas coisas aconteceram... A Sra. Finnigan não tinha idéia, aquela mulher estúpida, pensou raivosamente.

Foi para a cama e ia puxar as cobertas em volta de si mas antes de fazê-lo Simas disse.

- Olha... O que aconteceu naquela noite quando... Você sabe, quando... Com Cedrico Diggory e tudo o mais?

Simas soava nervoso e ansioso ao mesmo tempo. Dino, que estava juntando suas coisas para pegar um chinelo, ficou estranhamente parado e Harry sabia que ele ouvia tudo.

- Pra que você me pergunta? - Harry replicou. - Apenas leia ao Profeta Diário como sua mãe, por que não? Ele lhe dirá tudo o que você precisa saber.

- Você não precisa falar da minha mãe - Simas devolveu.

- Eu falarei de qualquer um que me chame de mentiroso.

- Não fale assim comigo!

- Eu falo com você do jeito que eu quiser - disse Harry, com seu temperamento subindo tão rápido que agarrou sua varinha de volta da mesa. - Se você tem um problemas em dividir um dormitório comigo, vá e pergunta a McGonagall se você pode mudar... Pare de preocupar sua mamãezinha.

- Deixe minha mãe fora disso, Potter!

- O que está acontecendo?

Rony tinha aparecido na porta. Seus longos olhos passaram por Harry, que estava ajoelhado em sua cama com a varinha apontada para Simas, para Simas, que estava em pé com seus punhos levantados.

- Ele está falando da minha mãe! - Simas gritou.

- O quê? - disse Rony. - Harry não faria isso. Nós conhecemos sua mãe, gostamos dela...

- Isso era antes de ela começar a acreditar em cada palavra que aquele fedorento do Profeta Diário escreve de mim! - disse Harry no topo de sua voz.

- Ah - disse Rony, uma linha de compreensão se desenhou sobre seu rosto sardento. - Ah... Certo.

- Você sabe o quê? - disse Simas quente, dando a Harry um olhar venenoso. - Ele está certo, eu não quero mais dividir o dormitório com ele mais, ele é louco!

- Isto está fora de questão, Simas - disse Rony, cuja orelhas começavam a ficar vermelhas, o que era sempre um sinal de perigo.

- Fora de questão? - gritou Simas, que em contraste a Rony estava pálido. - Você acredita nas besteiras que ele fala sobre Você-Sabe-Quem, não é? Você acha que ele está falando a verdade?

- Sim, eu acho - disse Rony, nervoso.

- Então você é louco também - disse Simas com desgosto.

- É? Bem, infelizmente para você, amigo, eu também sou monitor! - disse Rony, mirando a si mesmo no peito com o dedo. - Então a não ser que você queira uma detenção olhe o palavreado comigo!

Simas olhou por uns segundos como se detenção fosse um preço razoável a pagar para dizer o que estava passando pela sua mente; mas com um som de contentamento virou seus calcanhares, caiu na cama e puxou as cobertas com tanta violência que foram arrancadas da cama e caíram numa empoeirada pilha no chão. Rony encarou Simas, então olhou Dino e Neville.

- O pais de mais alguém têm algo contra Harry? - disse agressivamente.

- Meus pais são trouxas, cara - disse Dino, encolhendo os ombros. - Eles não sabem nada sobre mortes em Hogwarts, porque eu não sou idiota de falar para eles.

- Você não conhece minha mãe. Ela descobre qualquer coisa de qualquer pessoa! - Simas revidou. - De qualquer forma, seus pais não lêem o Profeta Diário, não sabem que nosso diretor foi expulso de Wizengamot e da Confederação Internacional de Bruxos porque ele está perdendo sua sanidade...

- Minha avó diz que isso é mentira - interrompeu Neville. - Ela disse que é o Profeta Diário que está decaindo, não Dumbledore. Ela cancelou nossa assinatura. Nós acreditamos em Harry - disse Neville simplesmente. Subiu em sua cama e puxou a coberta até seu queixo, olhando como uma coruja até Simas. - Meus avós sempre disseram que Você-Sabe-Quem voltaria um dia. Ela disse que se Dumbledore diz que ele voltou, ele voltou.

Harry sentiu um ímpeto de gratidão em relação a Neville. Ninguém mais falou nada. Simas pegou sua varinha, consertou a coberta da cama e sumiu atrás delas. Dino foi para cama, rolou sobre ela e caiu em silêncio. Neville, que parecia não ter mais nada a dizer também, estava contemplando fixamente seu enluarado cacto.

Harry caiu sobre seu travesseiro enquanto Rony caminhou para a próxima cama, colocando suas coisas. Ele levantou, tremendo pela briga com Simas, de quem sempre tinha gostado muito. Quantas pessoas sugeririam que ele estava mentindo, ou inventando?

Tinha Dumbledore sofrido tudo isso o verão, primeiro com o Wizengamot, depois com a Confederação Internacional de Bruxos, expulsando-o de seu lugar? Estavam ele furiosos com Harry, talvez, que fez Dumbledore parar de mantê-lo informado por meses? Os dois estavam nisso juntos, no final das contas. Dumbledore tinha acreditado em Harry, anunciando sua versão da história por toda a escola e então para toda comunidade de bruxos. Qualquer um que achasse que Harry era um mentiroso tinha que achar que Dumbledore também era ou então que o diretor ficou maluco...

"Eles verão que nós estamos certos no final", pensou Harry miseravelmente, foi para a cama e apagou a última vela no dormitório. Mas imaginou quantos outros ataques como esse de Simas teria que agüentar até que essa hora viesse.

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