Capitulo 12




Harry entrou na casa como se estivesse pisando no mesmo inferno. Se odiava e a odiava por colocá-lo assim. Estava dividido, destruído e necessitava vê-la. Subiu ao seu quarto e viu como dormia com grande calma, era um anjo. Se aproximou da cama com silêncio, não queria despertá-la. A olhou fixamente. Não se merece uma filha assim... E eu? Eu tampouco mereço a alguém assim e por culpa do infeliz de Arthur tenho que lhe fazer mal. Ginny suspirou e o chamou em sonhos. Alarmado se afastou dela. Recuperando a coragem, se aproximou outra vez e com toda a força do mundo a chamou gritando.

Harry: DESPERTA AGORA!!!

Ginny: Mauricio? O que passa bebê? (se levantou)

Harry: Não pretendes seguir dormindo em minha cama, não é?

Ginny: Para dizer a verdade sim!

Harry ficou atônito. Ela lhe havia desafiado.

Harry: Pois te digo que não! (a carregou nos braços e foi levando-a até seu quarto).

Ginny (movendo-se): Mauricio, desce-me já!!! Você é um... é tão... desce-me já.! Posso caminhar só!!!

Ele a baixou, porém imediatamente ela parou e em sua cara refletiu a grande dor que sentia seu corpo. Sem pensar duas vezes voltou a carrega-la outra vez, agora com mais delicadeza. Ela se deixou levar e se acomodou contra seu peito. Harry a depositou suavemente na cama.

Ginny: De novo te vai?

Harry: Sim, algum problema?

Ginny: Não te importo, não é? Por que fizeste isso? Por que te casaste comigo?

Harry (fingindo despreocupação): Por interesse, queria ser dono da empresa de teu papai. Te ocorre algum modo melhor de conseguir do que me casando com sua filhinha herdeira?

Ginny (chorando): Você é um monstro desprezível!!! Vai embora Mauricio!

Harry saiu. Era a primeira vez que ela o mandava embora. Sentiu-se mais lixo que nunca e em parte lhe disse a verdade, se casou com ela por interesse, mas agora... Agora já não estava seguro de nada. Talvez o melhor fosse deixá-la fazer sua vida e vingar-se de outra forma de Arthur. Dar-lhe o divórcio para que fosse feliz com outro homem, em outros braços...

Harry: Nunca!!! Ela é minha, só minha.

Ginny seguia chorando em seu quarto. Assim que isso era tudo? Um asqueroso interesse pela empresa de seu pai. Esse homem não tinha limites, era ambicioso até o extremo para enganá-la e iludi-la. Era um animal, ainda assim o amava...

Ginny: Já não posso seguir assim (chorando). Vou morrer de dor, de angustia, me falta amor nestas quatro paredes. Mas, se o deixo vou morrer de todas as formas. O que faço Deus? Não sei o que pensar... Desde que cheguei nunca tive um dia feliz, cada vez que penso que as coisas estão por melhorar, ele arruína tudo. E disse que não me quer, nem sequer gosta de mim, que esperança posso ter? Estou aqui a sua mercê e o pior é que eu quero seguir assim, o vazio que sinto agora não é nada comparado ao que vou sentir se o deixo. Mãezinha me escuta? Mamãe tenho tanto medo, me sinto tão só mãe. Quando o conheci pensei que você havia me mandado um anjo, mas ele não é um anjo, não é mamãe? É um demônio que vai acabar comigo sem que eu consiga impedir. Todos os dias estou morrendo um pouco mãezinha, todos os dias ele rouba um pedaço de minha alma. Quero estar contigo mamãe!!! Quero morrer e estar contigo!

Conceição escutou o choro de Ginny e foi até seu quarto.

Conceição: Senhora, o que houve?

Ginny (chorando): Ele não me quer, e eu sem ele não quero viver!!!

Conceição (a abraça): Não chore, ele não a merece. Ele só quer alguém para que possa jogar seu ódio, sua dor.

Ginny: Mas por quê? Algo lhe aconteceu Conceição, algo o marcou.

Conceição: Quando cheguei aqui, o dia em que o conheci, ele vinha carregando esse quadro. O que está ali (apontou para o retrato do homem, esse que Ginny achava familiar). Eu lhe disse que o levaria a algum lugar, mas ele gritou comigo dizendo que ninguém tocava nesse quadro, que era seu passado.

Ginny: Esse quadro? Que tem a ver esse homem com meu marido?

Conceição: Não sei senhora, deve ser algum parente, algo dele.

Ginny: É que eu não conheci seus parentes, mas esse homem me parece familiar, elem disso se parece muito com Mauricio.

Conceição: Por isso senhora, ponha-se teimosa e investigue.

Ginny: Mas como? Estou aqui sozinha e não irei contatar meu pai dizendo-lhe o que passa, porque virá e me levará a milhares de quilômetros de distância. Já sei! Conceições têm que levar uma carta a Valentino Lanús. Farias isso por mim?

Conceição: Sim senhora, escreve logo que já está anoitecendo.

Ginny pegou sua caneta, um papel e escreveu.

Valentino: Dirás que sou folgada, pois apenas te conheço e já estou te pedindo favores, mas de verdade te considero um amigo, alguém de minha total confiança e além disso estou desesperada. Como te disse, não sei muito sobre o homem com quem me casei e sua atitude me desconcerta e me causa dor. Eu pensei que o amor era suficiente, mas não é assim, ainda mais quando não é correspondido, e necessito saber quem é o homem com quem vivo. Tem um passado que desconheço e que é a maior barreira em nossa relação, se é que se pode chamar de relação o que temos. E não sei o que fazer, tenho que tomar uma decisão, mas necessito saber onde estou parada. Eu sei que é abusar, porém você é um homem de mundo e tens seus contatos por ai e poderia averiguar tudo sobre Mauricio Landetta? E quando digo tudo é tudo! Não sei nada, ele é o mais absoluto dos mistérios para mim. Estou contando contigo, iria ver-te pessoalmente, porém tive um acidente e me encontro de cama, logo que tenhas noticias mande-as para mim através de Conceição. Desculpa que seja tão aproveitadora, porém não negues um favor a tua nova amiga convalescente. Obrigada.

Ginny: Aqui está (lhe entrega a carta). Creio que ele está em seu iate, pelo menos foi isso que entendi.

Conceição: Ok, por favor, anime-se senhora seja o que for que esconda o patrão, já iremos saber.

Ginny: Isso espero.

Conceição: Já verá que sim. Agora mesmo lhe trago seu jantar (sai).

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.