Capitulo 56
Já haviam passado duas semanas desde então. Essa noite Paula não podia dormir por alguma estranha razão, de fato se sentia bastante mal... Seguro algo que a estúpida cozinheira fez, odiava admiti-lo, mas Conceição era muito melhor, até poderia ir a pedir-lhe que voltasse. Essa dor de seu estomago a mantinha acordada enquanto grossas gotas de suor lhe caiam pelo rosto... Eram como as três da manhã e de verdade se sentia fatal, porém não queria ir a despertar a Harry, se tampou com o lençol e se pôs de costas até que conseguiu conciliar sono.
Harry despertou essa manhã sentindo uma dor no peito. Desceu para tomar café, outra vez a mesma porcaria, essa tipa cozinhava fatal. A criada lhe trouxe o café.
Harry: Paula já saiu de compras o que?
Criada: Pois olha que estranho, a senhora ainda não despertou, mas bom não a pode culpar, ontem comprou o dia todo assim que deve estar cansada, você fez bem em dar-lhe um chofer, porém vai gastar seu dinheiro com mais rapidez agora.
Harry: Pois sim verdade? Mas bom, me deixa mais tranqüilo saber que se quer algo tem como ir ao povoado, queres fazer-me um favor? Suba e vê se já esta acordada e senão lhe oferece o café da manhã na cama.
A criada segui as instruções de Harry e entrou no quarto de Paula quem estava placidamente adormecida, a moveu com cuidado, já conhecia o caráter da senhora. Paula nem se mexeu, agora que se dava conta estava respirando bem baixinho. Se acercou mais e a moveu com mais forças... Não respondia. A criada a moveu ainda mais e logo calmamente foi levantando os lençóis... O grito que soltou pode ser ouvido por toda a casa...
Harry escutou o grito da criada e subiu correndo... Ao principio não viu bem e logo se horrorizou ao ver a Paula adormecida em meio de uma poça de sangue que manchava os lençóis brancos, se acercou dela e a chamou... Não respondia.
Criada: Ai senhor que fazemos??? A senhora não raciocina, tem que levá-la ao hospital!!! Esta perdendo ao bebê!!!
Harry se alarmou com estas palavras, mas não sabia se move-la era o mais apropriado, ainda que seria pior ter que ir até Valverde para trazer um médico e depois ter que voltar, pegou alguns lençóis limpos no armário e envolveu ao redor de Paula enquanto a carregava em seus braços.
Harry: Vamos levá-la ao hospital, tu segue-me que vens conosco e traz um pouco de álcool para ver se conseguimos fazê-la raciocinar!!!
Subiram na camionete e saíram a toda velocidade rumo a Valverde, Paula murmurou algo em sonhos...
Criada: Senhor, esta ardendo em febre!!!
Harry acelerou, mas com cuidado, lembrava o que lhe havia passado na última vez, mas talvez uns minutos fossem a diferença entre ter seu filho ou não. Quando chegaram ao hospital todos ficaram mirando-os. Paula sangrava muito... O mesmo médico que o havia atendido nas vezes anteriores se acercou a eles e a dirigiu as urgências.
Várias horas em uma pequena sala de espera incrementaram o nervosismo e a desesperação de Harry enquanto recordava a imagem de Paula naquela poça de sangue. Quando o médico saiu, seu rosto já o disse tudo... A última ilusão de Harry havia se perdido.
Doutor: O sinto, já era demasiado tarde, creio que até quando a encontraram já era tarde, a gravidez ainda era recente e isso podia passar, vai saber por que ocorreu, acreditamos que houve um desprendimento de placenta (uma lágrima caiu pelos olhos de Harry)... De verdade o sinto senhor Potter... Ela já esta estável, mas se encontra adormecida, queres entrar para vê-la?
Harry se encaminhou ao escuro quarto onde Paula descansava. Lhe pôs uma mão na testa, ainda tinha febre. Recordou todas as coisas que havia comprado para seu filho, lembrou seu urso, seu bercinho e rompeu a chorar como um menino. Se deixou cair em uma cadeira enquanto um choro silencioso ocultava sua vontade de gritar de impotência ante o que a vida lhe estava fazendo, o ilusionava constantemente só para arrancar-lhe tudo... Cada vez era mais insuportável seguir assim. Paula se mexeu e abriu os olhos levemente... Por instinto colocou uma mão no ventre e logo se encarregou de ver onde estava... Um hospital... Cravou seus olhos em Harry chorando e rapidamente compreendeu tudo... Compreendeu que esse ventre agora estava vazio... Que já não haveria um menino em seus braços... Que já ninguém correria pela fazenda... Começou a gritar e chorar de dor, se retorcia na cama de um modo atroz enquanto Harry lhe segurava a mão. Rapidamente chegou o médico e lhe aplicou um calmante que a deixou dormindo ao instante. O médico olhou a Harry com compaixão enquanto ele soltava calmamente a mão de Paula.
Doutor: Se quiser aqui tem uma pequena capela, esta no final do corredor (se vai).
Harry se dirigiu a capela com uma mescla de tristeza e ódio, não sabia bem se odiava a Deus porque isso era tanto como assumir que existia, se inclinou em silêncio e assim permaneceu sem poder dizer nada... Uma senhora se acercou dele...
- Não desespere nem desconfie dele porque ele sabe porque faz as coisas, você vai ser muito feliz, já o verá, e também vai seu um excelente pai, porém deverá confiar em seu coração para isso, deixe de fazer o que lhe diz sua cabeça e comece a escutar seu coração -
Harry levantou a cabeça para contestar-lhe, mas a senhora já havia ido, que estranho era tudo... Acaso ela sabia que acabava de perder um filho?... Igual tudo o que lhe disse era mentira, ele nunca seria feliz porque não tinha Ginny... E definitivamente não seria pai sem ela, esta experiência havia sido muito dolorosa e ademais não queria buscar filhos com ninguém mais, a gravidez de Paula se deu assim e ele quis muito a esse bebê, mas jamais voltaria a sequer tocá-la, ainda que não podia ser um desconsiderado com ela porque havia passado pelo mesmo que ele... A partir de agora velaria por ela, se queria voltar com seus parentes melhor, mas senão a deixaria ficar na fazenda ainda que não pensava em conviver com ela, iria longe, de viagem, aclararia todas as coisas e tentaria esquecer a Ginny.
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