de volta à Toca



O Profeta Diário está atirado mais uma vez na cômoda ao lado da gaiola de Edwiges. Na capa a foto de uma menina tentando cobrir o rosto, ao seu lado ninguém mais que Alvo Dumbledore, sua mão pousando no ombro dela.
Harry lera umas duas vezes essa reportagem, não que ela seja importante, mas porque ele queria entender o motivo do professor Dumbledore estar ao lado dela.
Abaixo da foto as seguintes palavras:

“Hoje no Ministério da Magia houve o julgamento da garota de quinze anos, Pollyana Pairet, sobre se ela será ou não aceita no mundo da magia.
Como sabemos, Pollyana apresentou seus poderes mágicos á poucos dias antes de completar quinze anos. O que é anormal, já que todos os jovens bruxos apresentam sinal de magia á partir dos sete anos de idade.
A maior questão era saber se essa garota, considerada trouxa até alguns meses, não havia roubado os poderes de um bruxo.
O julgamento durou em cerca de duas horas, Pollyana tendo a seu favor o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Alvo Dumbledore. Nenhum dos dois quis dar entrevista ao PD, mas foi bem claro nos rostos deles que não estavam tão contentes com a decisão do Ministério. A garota terá a permissão de entrar na escola de Hogwarts e assim no mundo da magia, mas ficará em observação do Ministério e do Hospital St. Mungus entre seis meses e um ano.”

É claro que Harry achou absurda a idéia de uma garota trouxa “roubar” os poderes de um bruxo, mas também achou estranha a idéia de descobrir que é um bruxo apenas com 14 anos.
E sentado na cama olhando para o teto Harry teve a idéia de que esse ano não será o único a ganhar olhares indiscretos e ser alvo de piadas maldosas.
Mudando rapidamente o rumo de sua imaginação ele pensa em Rony e Hermione que há essas horas devem estar n’Toca, enquanto ele só irá até lá na manhã seguinte.
Sua mala já está arrumada e Edwiges presa na gaiola, esse será seu quinto ano em Hogwarts e a expectativa de voltar para sua verdadeira casa faz seu coração saltitar ansiosamente.
A melhor opção agora é dormir para o tempo passar mais rápido, deixando bruxas com problemas, Hogwarts e Dumbledore apenas para daqui dois dias.

Não são nem seis da manhã e a luz fraca do sol entra no quarto refletindo com a cor pêssego das paredes e cai sobre o rosto de Harry, que continua a dormir, seus óculos atirados na cômoda ao lado junto com sua varinha.
Aos poucos ele se acorda e logo já vai se arrumando, sente uma certa ansiedade para que chegue às onze horas. Será nessa hora que o Sr. Weasley irá vir buscá-lo.
Harry continua a mexer nas suas coisas até os ponteiros do relógio indicar 10h55min. A qualquer momento o Sr. Weasley chegará e Harry não quer ver os Dursley o recebendo sozinhos.
Ele desce as escadas, mas por precaução para no último degrau e se espicha o suficiente para ver o tio e Duda atirado nos sofás da sala, dando a imagem de dois gigantescos leões-marinhos. O cheiro do almoço e o cantarolar vindo da cozinha denunciam tia Petúnia.
Harry desce o último degrau e vai até o hall onde olha insistentemente para a rua.
- moleque! – troveja seu tio Valter.
Harry não responde, apenas volta seu olhar para o tio com seu bigode enorme cobrindo os lábios.
- não responde mais?
Harry levanta as sobrancelhas.
- O que você tanta olha pra rua?
- to esperando alguém.
Valter enruga a testa, exprimindo os pequenos olhinhos ainda mais, ele se levanta lentamente com a mão gorducha ainda no sofá.
- que diabos ce ta aprontando moleque?
Harry abriu a boca para responder, mas antes que pudesse pensar em alguma coisa alguém bate na porta. Ele gira rapidamente a maçaneta e na soleira da porta o rosto um tanto velho e os cabelos cor de fogo do Sr. Weasley o fitam.
- ah, olá Harry!
- Sr. Weasley. – Harry estende a mão e aperta fortemente a outra do homem sorridente. – ã.. Entre por favor!
Harry não tem certeza se isso é uma boa alternativa, mas achou grosseiro demais deixar ele na rua.
- obrigado, Harry. Bom dia, Sr. Dursley!
Sr. Weasley se precipita para o tio Valter com a mão já estendida e esse o fita com uma cara desconfiada.
Tia Petúnia aparece da cozinha com um assado nas mãos e para de chofre ao ver a figura inusitada da visita.
- me desculpe Sr. Weasley, mas é que aqui ninguém é muito agradável.
O Sr. Weasley puxa a mão de volta e um tanto sem jeito e aborrecido ele se volta para Harry.
- creio que suas coisas estejam prontas Harry.
- ah, estão sim, vou buscá-las.
Ele subiu rapidamente as escadas e em menos de um minuto já descia com seu malão, sua vassoura e edwiges na gaiola.
- está tudo aqui. – diz ele ofegante.
O pai de Rony o olha um tanto confuso, parece esperar que Harry faça alguma coisa. Imaginando o que é ele se vira para o tio e a tia.
- daqui dois dias vai começar o ano letivo em hogwarts e eu estou indo para a casa do Sr. Weasley enquanto isso. Aposto que vocês não vão se importar, só vão me ver ano que vem.
- mas é claro que não! Só não quero saber de gente da sua laia entrando e saindo da minha casa quando bem entendem. E quem é você? – troveja Valter, apontando para Arthur com a cabeça.
- ah, me desculpe. Sou Arthur weasley, pai do amigo de Harry, Rony weasley.
Valter olha para o homem de cabelos ruivos com receio e o rosto um pouco mais vermelho que antes. Harry acha melhor acabar logo com isso antes que o tio resolva a ter mais uma ataque.
- bom, eu já to indo. Tchau.
Harry puxa o malão para mais perto de si pronto para sair sem esperar a resposta dos tios, mas antes que ele e Arthur cheguem até a porta um estrondo, labaredas verdes e fumaça jorram para tudo que é lado, vindo da lareira.
Alguns segundos depois que a fumaça baixa Harry vê a tia gritando alto com o assado coberto de cinzas ainda na mão, o primo chorando como uma criança no canto da sala e o tio se levantando do chão. O bigode farto de sujeira e chamuscado.
Parecia que apenas Harry e o Sr. Weasley não estavam tão detonados. E antes que pudessem ver o motivo da algazarra, três vozes muito conhecidas soam por perto da lareira.
-... por que você sempre me empurra Fred?
- cala-boca Rony! Essa já é a terceira lareira que você nos traz.
- estamos no lugar certo, Fred?
- Fred? Jorge? Rony? O que vocês estão fazendo aqui?
- ah, oi pai!
- oi, Harry!
Os três garotos parecem muito mais sujos do que qualquer outra coisa na casa. Fred e Jorge com os mesmo traços tendo como diferença apenas a sujeira pelos corpos. Rony quase tão alto quanto os dois olha sorridente para Harry.
- mas que diabos é isso?
Tio Valter que a recém consegue se levantar olha dos garotos ruivos para Harry Potter. Apesar da sujeira Harry consegue ver a veia quase explodindo na têmpora do tio.
- queira nos desculpar...
-... mas é que tivemos um imprevisto.
Fala Jorge e Fred o completa.
- que imprevisto?
Interrompe o Sr. Weasley antes que Válter atropele novamente.
- acabamos de receber o correio-coruja com cartas de hogwarts, pai.
- as aulas irão começar amanhã.
- viemos chamar vocês para virem logo. Sabe... A mamãe ta um pouquinho nervosa.
- por que eu não recebi nada? – pergunta Harry.
- você recebeu, mas sua carta foi para a Toca. Sabiam que você deveria estar lá. – responde Jorge.
- E deveriam, porque demoram tanto?
- estaríamos lá se vocês não estivessem aqui. – Sr. Weasley parece mais nervoso e irritado com os filhos. Harry estranha, nunca o viu assim, mas imagina que seja pelos doces tios de Harry.
- puxa! Ficou um pouco sujo, né? – falou Fred.
- pior ficou as outras duas casas... a gente tinha que limpar...não tinha?
- ah, claro, Rony! Vamos aproveitar e aparar a grama deles também. – retruca Jorge com a cara amarrada.
O Sr. Weasley puxa a varinha das vestes. Os dursley pulam para trás como se aquilo fosse uma bomba atômica. Válter se adianta para Arthur.
- O que pensa que vai fazer com essa coisa?
- limpar a sujeira. Tergeo. – responde o Sr. Weasley e com um aceno de varinha a sujeira vai sendo sugada como num aspirador de pó.
- bom, acho que estamos em cima da hora! – continua o Sr. Weasley sem dar importância ao olhar apavorado e irritado do Sr. Dursley.
- é melhor sairmos daqui...
-... antes que a mamãe também resolva fazer uma visitinha. – devolvem Fred e Jorge.
- então tchau.
Fala novamente Harry para os tios. O Sr. Weasley olha para os dursley como se esperasse resposta.
- Harry deu tchau para vocês.
- ã... Não tem importância, Sr. Weasley. Sério mesmo.
- vocês vão ver seu sobrinho apenas no verão que vem. – Arthur levanta as sobrancelhas para o tio Válter que continua com seu corpanzil próximo ao sofá atirado. – devo repetir que Harry lhe deu tchau?
Harry percebe com o canto do olho que a varinha do Sr. Weasley treme levemente em sua mão.
- então... tchau, moleque. – responde o tio com indiferença, parecendo notar a mesma coisa que Harry.
- tchau.
Primeiro foi Fred, depois Jorge, Rony e Harry para dentro da lareira, acharam melhor ir pela rede de flu do que o Sr. Weasley aparatar tantos. Esse ficou por último, o rosto um pouco mais suave desde a hora da visita inesperada dos filhos.
Harry rodopiou pelas chamas verdes e viu a imagem da sala dos dursley se perder, sentindo um calor pelo seu corpo seus pés tocam o que seria o chão da lareira da Toca.

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