A questão de Fogo X Gelo
Capítulo 17: A questão de fogo x gelo
“Não me conhece tanto quanto acha, Virgínia. Talvez eu me importe mais do que pensa... Weasley”.
Isso que Draco havia dito ecoava em sua mente sem parar.
Eles já haviam passado pelo segurança (Draco havia mostrado a ele a bomba e murmurado uma desculpa para justificar o estado de Gina).
“O que é que ele quis dizer com aquilo? Esse cara tem sérios problemas psicológicos, isso é o que ele tem. Ah! Mas por que ele disse? Será que o Malfoy se importa realmente comigo? Não, claro que não! LARGUE DE SER IDIOTA, VIRGÍNIA!!! Como eu pude pensar nisso mesmo que por um único segundo? Ele deve ter querido dizer que se importa com o meu corpo, já que é isso que ele quer, e não com a minha pessoa. BURRA, BURRA, BURRA! Mas é claro que o Malfoy só quer o meu corpo”.Ela pensou andando ainda apoiada em Draco.
“Como eu fui estúpido! E-S-T-Ú-P-I-D-O!!! Sim, Draco Malfoy, você foi estúpido demais!!! Por que eu disse que me importava com ela mais do que ela pensava? EU NÃO ME IMPORTO COM A WEASLEY!!!!! Os Weasley me dão náuseas! Menos a Virgínia... Mas eles são uns burros, incompetentes e defensores de um monte de babaquices sentimentalistas... Bem, mas a Gina é diferente e é uma Comensal assim como eu... MAS AINDA É UMA WESALEY, DRACO! Agora é capaz de ela pensar que eu me preocupo com ela, mas isso não é verdade. Tá bom, tá bom... Droga! Eu estava sim preocupado, mas tenho uma boa razão para isso. A garota desmaiou, está fraca e eu não quero uma mulher fraca. Gosto de mulheres vigorosas, portanto quero Weasley em plena forma para me mostrar o quão ardente ela pode ser. Quero uma prova maior do que daquela vez que a induzi a agir por instinto. É com isso que me preocupo.” Draco pensou, convencendo a si mesmo disso.
O primeiro lugar que acharam para comer não era exatamente um restaurante e sim um café, mas entraram lá assim mesmo.
Sentaram-se em uma mesa e Draco já ia levantar para encontrar alguém a que pudesse fazer um pedido, quando uma garçonete perguntou:
- O que o Sr... – ela começou e Draco informou seu nome – Malfoy e a Sra. Malfoy gostariam de pedir?
Gina estava tão fraca que nem ouviu o comentário da moça. Já Draco espumou de raiva por dentro, mas estava com tanta fome que decidiu deixar passar:
- Nós queremos uma porção de batatas fritas, uma porção de queijo, outra de calabresa, quatro croassant de qualquer recheio e quatro canecas de chocolate quente. – ele disse e a garçonete escrevia freneticamente no caderno de notas.
- Só isso? – a francesa perguntou ironicamente.
- Vocês têm torta de morango?
- Sim, o Sr. Vai querer?
- Quero duas. – Draco disse e a moça se virou para ir buscar as coisas. – Gina. – ele chamou e ela abriu os olhos.
- Fala. – disse coma uma voz fraquinha.
- Você está muito pálida e com olheiras sob os olhos.
- Obrigada por me informar o quanto a minha aparência está decrépita. – ela tentou usar ironia.
- É sério, você parece tão fraca que eu não me surpreenderia se você desmaiasse a qualquer hora.
- Você sabe mesmo como animar uma pessoa, consola tanto...
- Com licença, - era a garçonete – aqui estão os croassants e o chocolate quente. – disse tirando da bandeja as canecas e uma cestinha com os salgados.
Gina olhou para o croassant e o croassant “olhou” para ela. Amor à primeira vista. Sem hesitar, a ruiva começou a comer com vontade:
- Isso aqui tá bom, não vai comer não?
- Está parecendo uma morta de fome. Eu sei que a sua família já foi pobre, mas está parecendo que nunca viu comida na vida. Os Weasley já foram tão pé-rapados assim, é?
- Dane-se tudo, Malfoy! Eu to com fome. –ela explicou.
Draco resolveu não discutir e começou a comer também, mas com classe. Por mais que estivesse com fome, ele ainda era um Malfoy e tinha que agir como um. O resto do que haviam pedido chegou, eles comiam sem se falar. Estavam com tanta fome que devoraram tudo em apenas 15 minutos:
- Não quero ver comida na minha frente por um bom tempo. –Gina declarou ao acabar de comer.
- Também estou mais do que satisfeito.
O loiro chamou a garçonete e pediu a conta.
- São 50 dólares. – ela informou.
- O quê? – Draco perguntou fechando a cara – Repete isso.
A moça abriu a boca para falar novamente, mas Gina foi mais rápida e pegou o papel indicando o quanto haviam gastado:
- Ora, Malfoy! Ela disse 50 daquelas notas verdes. Ficou surdo por acaso?
- Eu não pedi a sua opinião, Weasley. Fique na sua. – respondeu pra Gina – Eu não poderia debitar no cartão? –acrescentou em francês para a garçonete.
- Sinto muito Sr. Malfoy, mas a máquina de passar cartões foi para o conserto ainda ontem.
“Puta merda! Eu não posso acreditar no meu azar, a máquina foi para o conserto ontem... Terei mesmo que gastar as notas verdes”.Pensou e tirou do bolso a sua carteira de couro-de-dragão.
Ao abrí-la procurou por uma nota com o número 50 e a entregou para a garçonete, que fez uma cara de “Ô seu pão-duro! Cadê a minha gorjeta?”, mas nada comentou a respeito antes de voltar para o balcão de cara amarrada.
- Vamos embora daqui. – Draco disse se levantando e Gina fez o mesmo.
Quando já estavam lá fora, ele perguntou:
- Para onde quer ir agora?
- Pro hotel, pelo amor de Deus! Eu comi demais, preciso descansar.
-Tudo bem então. – concordou e começou a andar, mas ao ver que Gina não o seguia ele parou – O que foi agora?
-Eu não quero ir a pé. –ela reclamou – Vamos de táxi, hein?
-Temos que economizar, eu só tenho um pouco mais que 150 dólares e sabe-se lá quando essa viagem irá terminar.
-Mas eu estou me sentindo mole.
-Problema seu! Da próxima vez aprenda a não agir como uma morta de fome, achei que os Weasleys já tivessem superado essa fase. – Draco disse recomeçando a andar.
- Que grosseria! – a ruiva disse indignada e seguiu-o emburrada e decidida a não lhe dirigir a palavra.
Quando chegaram no hotel, Gina nem esperou Draco pedir a chave na recepção e rumou direto para o quarto, ficando parada do lado de fora a esperar que Draco destrancasse a porta. Mas ele estava demorando pra fazer isso.
- Abra logo. – ela disse sem rodeios.
- Ainda está brava comigo, não está?
A resposta da Weasley foi o silêncio.
- O.K., eu sei que eu pisei na bola...Saiba que não foi por mal.
- Não, né? Foi por costume de aporrinhar a mina família...
Ele a interrompeu:
- Mas eu estou tentando me desculpar.
Foi a vez de Gina o cortar:
- Poupe-me dos seus falsos arrependimentos e desculpas! Você é um Malfoy, ou seja, mesquinho e arrogante. Nada vai mudar isso e agora abra essa porta antes que eu me irrite de verdade e resolva te matar. Se quer saber eu estaria fazendo um favor não só a mim, mas a humanidade inteira.
O Malfoy abriu a porta mecanicamente e ficou parado do lado de fora com a boca aberta. Como Gina pôde ter dito aquelas coisas pra ele?
“Estou pasmo. Cada vez mais a Weasley me surpreende... Como é que ela teve coragem de falar daquele jeito comigo? E foi de uma maneira tão fria, parecia até eu mesmo falando. Ela foi capaz de conseguir falar tudo sem expressão. Ela não podia ter falado assim comigo, não mesmo. Me fez me sentir tão... estranho”.
“Estou ficando louca! Tá certo que ele me humilhou com aquele comentário sobre a minha família, mas como que eu consegui parecer tão indiferente? Eu agi como o Malfoy agiria... e isso me dá medo”.
Mas nenhum dos dois tiveram muito tempo para refletir sobre o que ouvira ou falara, pois o quarto estava decididamente bagunçado:
- Malfoy, venha aqui! É urgente!
Draco atendeu o chamado de Gina:
- Quer me xingar mais, é?
Gina ignorou a pergunta:
- Alguém esteve aqui.
- Alô, será que nunca ouviu falar em serviço de quarto ou camareira? Apesar de que preciso reclamar na gerência sobre o serviço da anta do funcionário que passou por aqui, acho que não existe ninguém com pior senso de organização.
- Será que dá pra “criança” para de gracinha?
- Não estou tentando ser engraçado, se estivesse você estaria rolando de rir.
- Não quero falar sobre a sua capacidade de ser ou não engraçado. Estou querendo dizer que camareira nenhuma mexeria nas malas dos hóspedes. Nossas roupas estão todas espalhadas pelo chão.
Um brilho de raiva passou pelos olhos de Draco:
-eu mato a criatura desgraçada que ousou fazer isso se um dos meus Armani estiver danificado.
Gina rolou os olhos em tédio e fez um feitiço que colocou em ordem a sua mala e a de Draco.
- Fizeram isso de propósito, alguém esteve procurando algo nas nossas coisas. – o loiro disse.
-Eu estava tentando olhe dizer isso desde...
Ele a interrompeu:
-O mapa! Onde você o guardou? Na mala?
- Não. – respondeu sentando-se perto da cabeceira – Aqui. – e apontou o criado mudo antes de abrir.
Draco chegou perto de Gina, mas viu apenas um tinteiro dentro da gaveta. Ao ver o ponto de interrogação nos olhos de Draco, ela fez um feitiço que destransfigurou o tinteiro no mapa:
- Muito esperta, Virgínia. – Draco a elogiou.
- É preciso ser. No nosso ramo, quem não é esperto dança. – respondeu simplesmente.
-Será que dá pra parar de agir como eu?
-eu? Agindo como você? –ela perguntou com desdém e Draco sorriu – Do que está rindo?
- Você está sendo fria e usou o meu tom de desdém. Ainda vai dizer que não está agindo como eu?
Ela rolou os olhos pelo quarto antes de responder na defensiva:
- Eu tenho culpa de você estar me influenciando?
- Não. – disse e suspirou pesadamente antes de continuar – Mas eu prefiro a Gina esquentadinha, - falou chegando mais perto – é mais excitante. –apenas sussurrou ao ouvido dela. Rapidamente Draco se afastou de Gina (a proximidade estava beirando perigo eminente) e percebeu que ela estava muito vermelha.
- Isso mesmo, eu quero a Gina que cora ao ouvir algo insinuante.
- Ora Malfoy! Seu... – a ruiva ergueu uma mão para desferir um tapa contra o rosto dele, mas ele segurou a mão dela e sorriu arrogante.
- Até mesmo dou preferência a vê-la prestes a me estapear do que...bem, eu só quero que nunca mais fale fria daquele jeito comigo, Virgínia...
- Eu sempre te agüentei sendo frio comigo. Por que é que eu não posso ser também um poço de frieza?
- Não combina com a imagem que faço de você e, além disso, pra que juntar gelo com mais gelo se o fogo tem o poder de o derreter? – disse e beijou a mão da ruiva antes de soltá-la – Vou sair, o.k.?
Como Gina nada respondeu, ele aceitou como um tudo bem:
- Não sei a hora que volto. – acrescentou saindo e fechando a porta atrás de si.
??? Era o que estava acontecendo com a Weasley, sua cabeça estava cheia de pontos de interrogação.
“O que é que ele quis dizer com aquela história de fogo e gelo? Eu falo que ele não bate bem da cabeça... No fim eu nem tive tempo de falar que o fato das nossas roupas estarem espalhadas quando chegamos tem o dedo daquele que está nos seguindo, pelo menos eu acho...” pensou deitando-se na cama e fechando os olhos.
“Oh Merlim! Eu não sei como contar ao Draco. Não posso chegar nele e simplesmente dizer: Na verdade eu sou espiã da Ordem da Fênix e preciso que você traia Voldemort pra me ajudar. Bem, se eu disser pra ele dessa maneira, ele não vai pensar duas vezes antes de lançar um Avadra Kedavra, mas mesmo se eu não contar dessa forma, ele também pode querer me matar. Eu juro que não sei o que faço!!!! Estou com tanto sono... tão cansada...” foram os último pensamentos dela antes de dormir.
Gina caiu em um sono conturbado com um sonho esquisito:
“Primeiro ela aparece em um lugar escuro com breu:
- Dá pra alguém acender a luz? – perguntou normalmente.
De repente, o lugar ficou iluminado e a ruiva estava na Antártida coma mesma roupa com que fora dormir, mas não estava com frio. Havia vários (pra não dizer muitos) pingüins, que sequer notaram-na ali.
- Oi Gina.
Ela virou-se e viu que era Draco.
- O que você quer aqui, Malfoy? Não vê que está me atrapalhando?
- Atrapalhando? Mas você não está fazendo nada.
- Estou sim, o Voldemort me mandou ser babá desses pingüins.
- É mesmo, esqueci que eles são filhos do Lord.
- Ainda não me disse o que veio fazer aqui, Malfoy. Veio só afogar um dos filhos do Lord pra me culpar?
- Não, eu apostei com Potter que poderia vender uma geladeira em qualquer lugar e aqui estou. – Draco explicou e imediatamente uma geladeira apareceu atrás dele.
- Fique à vontade, mas creio que alguém aqui vá comprar.
- Vou fazer uma demonstração do meu produto.
- Não precisa! Além disso, estou ocupada. – mas Draco já estava abrindo a geladeira.
- O lhe que design arrojado, a cor branca que combina com o ambiente. O espaço de dentro é ampliado com magia, sabia? Quer ver os gelos do freezer?
- Não estou interessada. Por aqui, em qualquer lugar que se olhe, tem gelo.
- Mas o preço tá uma pechincha, só 150 galeões. – falou, já pegando duas amostras de gelo do freezer e fechando a geladeira.
- 150? Ficou louco? Isso tá muito caro! Eu nem preciso da geladeira.
Draco pareceu não ouvi-la:
- Observe esses dois gelos. – disse e Gina rolou os olhos. – Observe! – ele insistiu.
- Tá. O que é que tem?
- Imagina que são duas pessoas.
- Pra quê?
- Apenas imagine.
- Se você insiste...
- Se eu pegar e atritá-los, eles vão se desgastando.
- E eu com isso?
O loiro decidiu ignorar o tom ‘doce’ com que Gina perguntara.
- Se são duas pessoas... podemos dizer que são duas pessoas com gênios difíceis agindo da mesma maneira.
- E...
- E isso as faz brigar e só as desgasta.
- Ainda não sei o que tem a ver com a geladeira.
- Nada, mas é um conselho. Bem, e se pegarmos gelo e... – ele disse e estalou os dedos, fazendo-os aparecer em um deserto com um sol escaldante. – contrapormos com o calor do sol ou mesmo do fogo, - tirou um isqueiro do bolso, o acendeu e colocou perto dos dois cubos de gelo – o gelo acaba derretendo. Isso te diz alguma coisa?
- Não. – respondeu, depois de pensar um pouco.
- Faz algum sentido?
- Não.
- Mas algum dia vai fazer.
O corpo de Draco foi ficando translúcido, ele estava preste a desaparecer.
- Do que está falando? – Gina pergunta quase que desesperada de curiosidade para saber a resposta.
- Não se preocupe, você ainda vai entender. – respondeu e desapareceu por completo ““.
Gina acordou sobressaltada em sua cama. Quanto tempo ela estivera dormindo? Não dava para saber, mas já era 7h da noite (ela constatou no relógio de parede) e nada de Draco. Aquele sonho estava deixando a ruiva com dor de cabeça, por isso ela decidiu ir tomar um banho para relaxar.
Preferiu a banheira, pois achou que seria melhor para fazer reflexões.
“Pense, Gina! Você tem que desvendar! Deixe-me ver, o Malfoy tinha me falado que o fogo derrete o gelo... e o Malfoy do sonho também. Acho que quer dizer que com meu jeito sou capaz de derreter o gelo, a frieza do Malfoy... Mas espera aê!! Então o Malfoy me disse que eu causo esse efeito nele... Por que ele deixaria isso claro pra que eu descobrisse? Talvez ele queira que acredite que ele sente algo especial por mim e assim aproveitar-se da minha ingenuidade. Só que acontece que eu não sou mais ingênua e boba há muito tempo. Eu prevejo cada movimento que ele vai dar em relação a mim. Enquanto ele está indo com a farinha, eu já estou voltando com o bolo. É, o Malfoy vai ver que não é tão fácil quanto aprece enganar Virgínia Molly Weasley”.
Draco abriu a porta do quarto e viu que Gina estava sentada na cama (já vestida para dormir, com pijamas) e olhava vidrada para a televisão.
- Já vai dormir, Virgínia?
Mas a ruiva não respondeu e sequer pareceu ter ouvido. Ele deu de ombros, tirou os tênis e meias. Depois desligou a TV e nem assim Gina se mexeu.
“Essa Weasley tem sérios problemas, parece estar em transe... Será possível?” pensou, enquanto desabotoava a camisa branca.
Então deu de ombros e andou até a Weasley.
- Weasley? – perguntou, agitando uma mão na frente dela e nada.
Draco abaixou-se, apoiando as mãos no colchão e sussurrou ao ouvido dela:
- Será que a Gininha ficou surda?
A reação foi imediata. Gina sentiu o perfume do corpo dele, a proximidade e a voz arrastada pareceu a ela uma carícia lasciva que a fez se arrepiar.
- Até que enfim acordou. – murmurou e então se afastou.
A ruiva percebeu nesse momento a camisa aberta dele deixando o peitoral largo e liso e a barriga bem trabalhada à mostra. Gina engoliu em seco.
“Oh, Merlin! Não seja estúpida Gina! PARE DE REPARAR NO QUANTO O MALFOY É GOSTOSO!!!” pensou, chutando-se mentalmente por isso e forçou-se a olhar nos olhos dele.
- Não me chame de Gininha, eu não sou nenhuma garotinha. Além disso, eu não estava dormindo. – foi o que conseguiu dizer (agradecendo a Deus por não ter gaguejado).
Draco deu um sorriso misterioso.
- Estou ciente de que não uma garotinha, apesar de às vezes agir como uma. Bem, mas como é que consegue se desligar tanto do mundo?
- Pode acontecer quando estou perdida em pensamentos, é normal...
- Só se for pra você.
- Ah! Vá tomar banho, Malfoy!
- É, eu sei. Já estava indo mesmo. – ele respondeu, se encaminhando para o banheiro.
- Vê se você se troca no banheiro. Ouviu, Malfoy?
- Mas que saco, Weasley! – reclamou, se encaminhando pra mala, a fim de pegar suas vestes de dormir.
Ao ver Malfoy entrar no banheiro e fechar a porta, ela deitou-se na cama e puxou o edredom para cobrir-se.
- Mas ele é mesmo um pedaço de mal caminho... ai, aqueles beijos do Malfoy... Merda!!!! Será que o que quero na verdade é estar nos braços do Draco recebendo os beijos dele? NÃO É POSSÍVEL!!! Agora que ele parou de tentar me beijar, eu deveria estar aliviada... mas não estou. Posso estar sentindo falta? MAS NEM BRINQUE COM UMA COISA DESSAS, VIRGÍNIA! – disse, socando a travesseiro. – É melhor eu dormir.
Gina fechou os olhos, mas qualquer um sabe que não basta fechar os olhos e dormir instantaneamente. Bem, pelo menos não quando você dormiu várias horas seguidas de tarde.
Depois de ficar se revirando na cama por um tempo, Gina ouviu a porta do banheiro ser aberta e fingiu estar dormindo.
- Será que a Weasley já dormiu? – Draco perguntou, se aproximando da cama e observando a ruiva – Sim, dorme mesmo como uma pedra, já deve estar no 7º sono. – concluiu, subindo na cama e se cobrindo também com o mesmo edredom.
Gina não se mexeu, mas ficou instantaneamente corada por Draco estar debaixo do mesmo edredom.
“É a minha chance de saber se ele é capaz de fazer algo comigo enquanto estou dormindo”.
- Ah, Virgínia... Que bom que não perguntou onde fui. Eu não gostaria de ter que mentir pra você... – falou calmamente, enquanto alisava os cabelos dela com delicadeza. – Você é muito linda enquanto dorme, mesmo sendo uma Weasley...
“... queria que fosse minha... e você vai ser”. acrescentou em pensamento, tirando a mão do cabelo de Gina e virando-se para o outro lado.
- Hum... Draco? – Gina perguntou o mais calmamente que pôde.
O loiro quase deu um pulo de susto.
- Está acordada desde quando?
- Eu não dormi ainda. Depois diz que eu não sou normal, você fala sozinho...
Draco engoliu em seco.
- Não exatamente, você estava acordada e eu não falo sozinho... apenas converso comigo mesmo... Bem, agora vá dormir.
- Estou sem sono. – a ruiva disse e Draco se controlou para não dizer que não tinha nada a ver com isso. – Hum... você demorou bastante... Por onde andou?
- Por aí.
- Por aí não esclarece nada.
- Você me ouviu... eu não quero ter que mentir pra você, não sobre isso.
- Isso o quê?
- Garanto que ficará sabendo em breve, por isso não me pergunte mais, o.k.?
- Tudo bem. – Gina concordou, ainda um pouco relutante em deixar a curiosidade de lado.
“Eu preciso contar pra ele sobre mim. Como é que eu começo?”
- Draco?
- O que é, Gina? – ele perguntou meio aborrecido.
- Eu preciso falar com você.
- Falar comigo? Mas você já está falando.
- O que eu quis dizer é que preciso falar sério com você.
- Sério? E não pode deixar pra amanhã?
- Não, não dá.
- O.k. então, pode mandar bala.
- Bem, eu queria saber o porque de você ter virado um Comensal.
- Que assunto mais chato. Pra que quer saber isso?
“Pensei que queria falar sobre nós”. ele pensou, confuso.
- Você sabe meus motivos, quero saber dos seus.
- Desde que nasci o meu pai queria que eu me tornasse um, mas não foi bem por isso... eu sou bem capaz de desafiar meu pai se eu quiser. Mas o fato é que eu sempre fui ambicioso, não é á toa que fui da Sonserina. Também me irritavam os trouxas com aquela mania de se acharem superiores porque têm tecnologia.
- Tá, e você é ambicioso em relação a quê?
- Poder, eu adoro a idéia de controlar os outros por ser poderoso. Ocupo um ótimo cargo no Ministério da Magia, mas nossos horários eram diferentes e por isso não nos cruzávamos.
- Você trabalha em qual departamento?
- Execução das Leis da Magia.
“Isso explica porque as leis de proteção a trouxas não estavam sendo aprovadas”. a ruiva deduziu sabiamente.
- E você está satisfeito com a sua vida?
- Qual a finalidade do interrogatório?
- Quero saber mais sobre você, Draco. Ás vezes tenho a impressão de que não te conheço nem um pouco.
Draco revirou os olhos em tédio antes de continuar.
- Tenho dinheiro, um bom emprego e chovem mulheres aos meus pés. Não posso dizer que tenho uma vida ruim.
- Então você está satisfeito com tudo?
Draco olhou para Gina e ela olhou de volta. O loiro parecia estar avaliando.
- Vou te contar se você prometer levar isso para o túmulo.
- Prometo. – a ruiva disse beijando os dedos indicadores cruzados em X.
- Eu nunca gostei de ter ninguém mandando em mim e dizendo o que eu tenho que fazer. Não gosto de ter que obedecer Voldemort, ele é um coroa chato e frustrado por ter vivido em orfanato. – Gina segurou o riso ao ouvir isso. – Esse é o lado ruim de ser Comensal. Eu queria ter poder sobre ele um dia.
A ruiva desviou o olhar.
“Então o Malfoy não é tão leal assim, melhor pra mim...”.
- Você nunca pensou em deixar de ser um Comensal da Morte?
- Não, na minha opinião é um caminho sem volta. Voldemort pode ser muito cruel com os traidores. Você já se arrependeu?
Gina engoliu em seco.
- Não, claro que não. Eu fiz o que tinha que fazer.
“Não vai dar pra revelar agora”.
- Você é a Comensal mais estranha e linda que eu já conheci.
- Como se tivesse muitas Comensais. – respondeu, corando até a raiz dos cabelos.
- Foi apenas um elogio, não é nada demais, então não precisa ficar tão vermelha. Agora vamos dormir.
- Você fala isso pra todas, não é seu cachorro?
- Não pra todas, eu não sou tão hipócrita assim, Weasley.
- Me deixe em paz!
- Boa noite pra você também.
- Eu não te desejei boa, na verdade você merece uma péssima.
- Tudo o que quiser desde que cale a boca. – e ela não falou nada. – Preciso dormir, estou morrendo de sono.
A ruiva apenas bufou.
“Linda? O Malfoy deve estar com sono mesmo, pra me elogiar... Eu tenho que trazê-lo pro meu lado. Apenas não sei como”.
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