A Nova Comensal Da Morte
Capítulo 3: A nova Comensal da Morte
O domingo chegou e Gina não teve vontade de levantar da cama logo que acordou. Ficou pensando por cerca de meia hora antes de resolver por fim se levantar. Era dez da manhã, mas Gina ainda estava extremamente sonolenta. Sua constante preocupação fez com que praticamente não tivesse pregado os olhos a noite inteira.
-Bom dia Gina. –a Sra. Weasley cumprimentou quando a filha aparatou na cozinha.
Gina deu um sorriso fraco em resposta. Estava sem fome, mas se não comesse nada sua mãe desconfiaria. Então resolveu comer apenas um pouco de mingau.
Subiu para o quarto e pensou em como iria. Decidiu-se por colocar uma capa com capuz por cima da roupa. Deixou os trajes preparados sobre a cama e foi tomar banho.
Depois penteou os cabelos e secou-os. Em pouco tempo chegou a hora do almoço. Novamente estava sem fome, mas comeu um pouco.
Ao acabar o almoço subiu novamente para o quarto, vestiu por cima da roupa a capa pré-escolhida, foi ao banheiro escovar os dentes, deu um jeito nas olheiras que ainda estavam sob seus olhos e passou uma maquiagem básica.
-Onde você vai? –a Sra. Weasley perguntou quando viu Gina passar toda arrumada.
-Cumprir um trabalho extra para a Ordem. –Gina respondeu.
-Boa sorte!
-Obrigada. –Gina agradeceu e aparatou no banheiro de uma estação de metrô.
Ainda era cedo e por isso era bobagem aparatar direto na Travessa do Tranco. Enfeitiçou a capa para parecer invisível aos olhos dos trouxas e saiu do banheiro para tomar o metrô. Ela desceu na estação mais próxima do Caldeirão Furado e passou pelo bar em direção ao Beco Diagonal.
Quando chegou na frente de Gringotes ela virou uma ruela estreita e escura à esquerda. Andou por mais uns cinco minutos e enfim chegou na Travessa do Tranco. Com certeza era um lugar sombrio e desagradável, ela nunca estivera de fato lá, mas sabia onde ficava e que muitos dos artefatos das trevas e ingredientes para poções ilegais que ela havia estudado, seriam facilmente encontrados nas lojas daquele lugar. Gina procurou pela Borgin & Burkes e logo encontrou. Na frente da loja havia uma figura encapuzada, certamente seria o comensal.
Então ela aproximou-se por trás dele e disse como Snape a instruíra:
-Sou aquela a quem esperas para levar ao Mestre. –disse firmemente.
-Eu sou aquele que cumpre a ordem de te levar até ele. –o comensal respondeu numa voz fria e arrastada, tudo isso sem nem ao menos se virar pra Gina –Siga-me.
Gina obedeceu, seguindo-o em silêncio. Ele os conduziu de volta à Londres trouxa e andaram por uns dois quarteirões até chagarem em um lugar bem menos movimentado. Então o comensal estendeu a mão da varinha em direção da rua:
-O que você está fazendo? –Gina perguntou ao se surpreender com o repentino gesto dele.
-Não se intrometa! Apenas me observe. –o comensal respondeu rispidamente.
A garota ficou quieta e pensou “Mas que cara grosso! Não vi nem o rosto dele e já o odeio. A voz me parece familiar, tenho a impressão de que já ouvi esse cretino falando alguma outra vez. Na certa é um idiota qualquer. Ai, ai...ninguém merece”.
Um barulho quebrou a linha de pensamentos de Gina e foi seguido de um clarão de faróis. O comensal chamara o Nôitebus Andante. De dentro do ônibus de três andares saiu Lalau, o condutor:
-Boa tarde! –Lalau disse entusiasticamente –Bem-vindos ao Nôitebus Andante. Eu serei seu condutor por...
O comensal o cortou:
-Blá, blá, blá interminável. Vê se cala a boca! Falo? –ele disse o puxando pela gola das vestes.
-S-sim...como quiser...podem entrar... –Lalau disse temeroso.
Gina olhou para a cena chocada, mas não pôde fazer nada. Ela sabia que se defendesse Lalau, se mostraria amável e estaria em maus lençóis. Então decidiu apenas seguir o comensal e sentou-se em silêncio ao lado dele.
Depois de um tempo Lalau apareceu na frente dos dois:
-O que você quer agora? – o comensal perguntou entediado.
O condutor engoliu em seco:
-É que ainda não pagaram... –ele disse inseguro.
-Ora, isso não é problema. Tome dois galeões e suma da minha frente.
-Espere! –Gina disse –Eu pago as passagens. Pegue três galeões e fique com o troco. –ela continuou, entregando o seu dinheiro e pegando de volta o do comensal.
-Quer mostrar que é rica? De que família é? –ele pergunta com desdém, mas visivelmente interessado.
-O que te importa? Eu nem sei quem é você. –Gina respondeu fazendo pouco caso e colocando os dois galeões na mão dele. Ao fazer isso percebeu que as mãos dele eram macias apesar de serem frias como o gelo.
-Em pouco tempo irá saber quem sou. Hei! Venha cá condutor de araque!
Lalau se apressou em ver o que o homem queria dessa vez:
-Vamos descer na Capela de Santa Edwiges. –o comensal informou ao condutor e Gina.
-Estaremos lá em um minuto.
Logo o Nôitebus freou bruscamente (normal dele, é claro) e Gina desceu seguindo o comensal desconhecido:
-Me siga. –ele ordenou.
-Como se eu pudesse fazer outra coisa além de te seguir.
-Eu não gosto que retruquem uma ordem minha. É melhor ficar quietinha se não quiser se dar mal. –ele avisou.
Gina bufou e continuou andando, não era nem um pouco agradável para ela estar na companhia daquele cara. Andaram por cerca de meia hora. Quando Gina ia perguntar pra onde estavam indo, o comensal falou:
Pare um pouco, eu vou buscar minha vassoura.
A ruiva assentiu e o viu entrar por uma porta de vidro quebrada e então reparou que aquela construção era de um mercado abandonado. Pouco depois o comensal voltou e disse:
-Voaremos até onde o Mestre está. Tire o capuz e revele quem é.
Gina hesitou um pouco e baixou o capuz. O Comensal da Morte ficou notadamente surpreso ao ter a visão daquele rosto delicado e daqueles cabelos sedosos cor-de-fogo:
-Weasley? –ele perguntou ainda atordoado.
-Me conhece? Mostre-me quem você é. –ela exigiu, estava morrendo de curiosidade.
Num gesto rápido ele baixou o capuz. Revelou um rosto fino e pontudo, cabelos lisos e loiros platinados, olhos frios de cor azul acinzentada e uma expressão de puro desprezo que Gina conhecia muito bem.
-Malfoy? Draco Malfoy?
-Exatamente. Não esperava que fosse você, ainda mais depois da cena no Nôitebus. Roubou aquele dinheiro Weasley?
-Se você não sabe, a minha família vai muito bem financeiramente.
-Ah, é. Havia me esquecido que o Ministério estava no fundo do poço. Só pode estar, se um Weasley chegou a Ministro.
-Cala a boca Malfoy! –Gina gritou em fúria.
Draco estreitou os olhos:
-Veja como fala comigo...Weasley. Agora suba nessa vassoura, porque eu não tenho o dia todo.
-Me recuso a voar na mesma vassoura que você!
-Acha que isso me agrada também? Mas eu estou cumprindo ordens. Ou você sobe ou eu te obrigo a subir. –Draco montou na vassoura –Suba atrás, não vou deixar que pilote uma Firebolt Golden.
Ela obedeceu de má vontade e ele levantou vôo. Gina tentou se manter o mais longe possível dele na vassoura. Voaram noite adentro e mesmo o vento gelado que batia em seu rosto, não ajudava mais a mantê-la acordada. Era um sacrilégio continuar com os olhos abertos. Necessitava urgentemente dormir para repor a noite que praticamente passara em claro. Tentava pensar em qualquer coisa que a impedisse de fechar os olhos, mas parecia impossível. Ela não tinha onde se apoiar e se dormisse seria um milagre não cair estatelada no chão. A não ser que se apoiasse em Malfoy.
“Eu não vou pedir pra ele! Nos odiamos e com certeza ele diria não, então nem vou perder o meu tempo. Tenho que me manter acordada!” ela pensou urgentemente.
No entanto isso só a manteve acordada por mais meia hora e inevitavelmente dormiu, sem consciência de que estava se apoiando em Draco:
-Eu sei que eu sou lindo e tudo mais, mas contenha-se. Me larga Weasley!
Ele reclamou o resto do trajeto e quando finalmente pousou, percebeu que Gina o agarrara para não cair e não com outras finalidades...
Desmontou a vassoura e a ruiva continuava a dormir. Draco chacoalhou-a pelos ombros:
-Acorda Weasley! Acorda!
Ele não obteve resultado e resolveu largá-la, vendo-a despencar e nem assim se mover:
-Enervate! –ele disse e ela finalmente abriu os olhos com dificuldade.
-Chegamos? Eu não consigo manter meus olhos abertos, estou morrendo de sono.
Draco tirou do bolso um frasco e colocou-o nas mãos de Gina:
-Beba. É uma poção anti-sono. Você fica me devendo um favor. –ele disse de forma grosseira.
Ela relutou em aceitar beber algo que Draco lhe oferecia. E se fosse veneno? Mas no fim teve que aceitar, não poderia falar com Voldemort estando bêbada de sono. Ao terminar de beber o líquido do frasco, sentiu-se totalmente desperta:
-Obrigada. –ela agradeceu.
-Vou levá-la até a sala do Lord.
Estavam na frente de um barraco e iam em direção à ele. Poderia ser o QG de Voldemort em um simples barraco? Ao entrar pela única porta, percebeu que não. Por dentro era uma suntuosa mansão na qual haviam muitos comensais que olhavam surpresos Draco e Gina andando por lá. Aproximou-se deles um homem que parecia ser um Draco 20 anos mais velho. Sem dúvida era Lúcio Malfoy. Gina agora reparava nas semelhanças entre os dois. Os mesmos rostos finos e pontudos, o cabelo loiro, os olhos cinzentos idênticos. Apenas a expressão no rosto de Lúcio parecia ser mais fria e dura do que a de Draco:
-Trouxe uma Weasley para nos divertirmos? Uma “torturazinha” seria um bom passatempo. –Lúcio disse sorrindo de forma fria e maldosa.
-Não, eu não a trouxe aqui para isso, infelizmente. Ela será a nova comensal. –Draco respondeu.
-O quê? Uma Weasley? Querendo ser uma de nós? É inconcebível!
-Surpreso, Malfoy? Achava que me conhecia? Saiba que a Gina bobinha e ingênua morreu! Agora parem de me olhar como se eu fosse um pingüim no deserto e me levem até Voldemort. –Gina disse fria e despreocupadamente.
Os dois acompanharam-na até um aposento no primeiro andar. A porta estava fechada, por isso Lúcio se adiantou e bateu brevemente por três vezes. De dentro do aposento ouviu-se uma voz fria e cortante:
-Abra a porta, Rabicho. –Voldemort ordenou e Rabicho obedeceu –Entrem.
Lúcio entrou seguido de Draco e Gina. A sala tinha uma lareira e duas poltronas:
-O que esta Weasley está fazendo aqui? –Belatriz Lestrange pergunta perplexa.
-Sente-se aqui, Virgínia. –Voldemort disse ignorando a pergunta de Belatriz e apontando para a poltrona que estava na frente dele.
-Obrigada! –ela agradeceu e obedeceu –Mas não precisa de formalidades. Me chame apenas de Gina, já nos conhecemos...Tom.
Voldemort encarou-a com seus vermelhos olhos ofídicos. Gina tentou manter sua mente em branco e obteve êxito. Então Voldemort pegou a mão direita da ruiva (com as suas brancas e aracnídeas) e beijou-a em cumprimento:
-Estou muito curioso, Gina. O que a fez querer mudar de lado? Era tão amiga do Potter e de toda aquela corja defensora de sangue-ruins. Gostaria muito que explicasse essa sua repentina mudança de opinião.
E agora? O que ela responderia? Enganar Voldemort seria muito difícil, mas ela o faria mesmo assim. Gina encarou-o e deu um sorriso calmo:
-Ora, mas isso é muito simples de se responder. Potter me trocou pela sangue-ruim metida a sabe-tudo e isso é uma coisa que eu não posso tolerar. Eu sou muito melhor que ela, eu é que tenho sangue-puro correndo em minhas veias. Potter pisou em meus sentimentos e me humilhou, e agora só o que sinto é ódio e rancor. Tudo o que quero é poder saciar o meu desejo de vingança, nem que seja a última coisa que eu faça. –Gina disse enojada, apesar de não demonstrar isso.
-Ela está blefando! –Belatriz exclamou.
-Até eu inventaria uma desculpa melhor, Weasley. –Draco disse.
-Ela não pode estar falando sério. Os Weasleys todos foram grifinórios. –Macnair afirmou.
-O que você tem contra? Eu fui da Grifinória. –Rabicho lembrou-o.
-Você não é o que se pode chamar de comensal exemplar, Rabicho. –Lúcio afirmou.
-Calem-se! –Voldemort ordenou e eles imediatamente obedeceram –Eu digo o que penso. Vejo que aquela garota idiota que você era aos 11 anos morreu para dar lugar a uma bela mulher muito decidida. Acho que iremos nos dar bem, Gina. Devo ter deixado um pouco da minha essência em você.
Gina sorriu, mas na verdade estava apavorada. Teria ela um pouco de Voldemort em si mesma?
Voldemort levantou-se e ficou postado ao lado dela:
-Draco e Macnair, -disse aos dois que eram visivelmente os mais fortes –mostrem a utilidade de seus músculos. Segurem-na pelos pulsos.
-Por que eles têm que me segurar? –Gina perguntou incomodada com o fato daqueles dois homens estarem com os dedos fechados firmemente em seus pulsos.
-Vou torná-la uma Comensal da Morte. Não é isso que deseja? –Voldemort perguntou.
-Sim, é claro. –Gina respondeu tentando relaxar –Como fará isso meu Lord?
-Verá. –Voldemort respondeu.
Então ergueu a manga esquerda da capa dela e correu seu indicador até o lado interno do bíceps. De repente cravou a unha na pele da ruiva fazendo um desenho. Ela mordeu o lábio até quase sangrar e virou a cabeça para o lado direito. Viu Draco olhando-a com cruel satisfação, demonstrando claramente que o fato dela estar sentindo dor o agradava imensamente.
-Já pode olhar Weasley. –Draco disse com um sorriso sádico.
-Aprecie a sua tatuagem. Agora é uma de nós, você tem a Marca Negra. –Macnair falou como se fosse a maior das honras.
Gina então olhou e viu a Marca Negra em seu braço. Ficaria com aquela marca horrível para sempre, agora era uma Comensal da Morte e não poderia apagar isso de sua vida.
-Pode ir. Quando eu precisar de você, a sua marca queimará em seu braço e saberá onde aparatar. Draco, acompanhe-na até a saída.
-Por que eu é que tenho que fazer isso? –ele perguntou olhando para Gina com desprezo.
-Eu posso ir sozinha. Não preciso da companhia dele. –Gina disse de cara fechada.
-Ora, ora, Draco. Você nunca ousou me desobedecer. Não vai começar agora, vai? Todos, inclusive você terão que se dar bem com Gina. Agora ela é uma Comensal da Morte. Portanto me obedeça se não quiser sofrer as conseqüências. –Voldemort disse o ameaçando.
-Sim senhor. Anda logo Weasley! –ele disse e saiu com Gina do aposento.
-Lúcio?
-Sim Mestre.
-Se tem uma coisa que eu não gosto de ver é desentendimentos entre comensais. Portanto, ou ensina o seu filho a se dar bem com ela, ou matarei os dois. Entendeu?
-Claramente.
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