Pelo que você é



Capítulo 3: Pelo que você é

No dia seguinte Harry tentou se aproximar mais de Mandy e foi fazendo isso cada dia gradativamente. Mas até agora havia feito pouco progresso, já que os dois só falavam sobre coisas cotidianas, participavam das brincadeiras de Fred e Jorge e sorriam ao se encontrarem nos corredores.
Era só isso, mas Harry queria saber mais sobre ela; sempre que tentava falar algo de mais importante com ela, era atrapalhado pelos gêmeos ou Gina (por Rony e Hermione não, pois eles pareciam estar bem ocupados com outras coisas...).
Foi então que apareceu uma oportunidade no último dia de férias, ao entardecer. Depois de uma partida com a qual Harry se surpreendeu com o resultado:
-Mandy, você joga muito bem. Nunca tinha acontecido antes de dois apanhadores capturarem o pomo ao mesmo tempo.
-Obrigada Harry. Eu era apanhadora na minha outra escola. Mas também já fui artilheira. Mas você joga bem melhor que eu...
Gina chegou interrompendo Mandy:
-Vamos dar uma volta Mandy?
-Pode ser depois Gina? Eu preciso falar com ela. –falou Harry antes que Mandy abrisse a boca para responder.
-Tudo bem, vejo vocês depois.
-Vamos Mandy. –e os dois começaram a andar por Ottery St. Cathpole (o nome do lugar onde os Weasleys moram).
Andaram em silêncio por alguns minutos:
-Você foi incrível naquela Finta de Wronski. –disse Mandy para quebrar o silêncio.
Harry sorriu e estava pensando no que dizer. Mesmo sendo um dos garotos mais cobiçados de Hogwarts, Harry era incrivelmente sem jeito em se tratando de garotas, achava que era impossível de compreendê-las e sempre que ficava a sós com a que estava interessado as palavras pareciam evaporar de sua mente e ele não sabia o que dizer. Harry queria conhecer Mandy melhor, ainda não sabia praticamente nada sobre ela:
-Onde você estudava? –foi a primeira pergunta que lhe ocorreu na hora.
-É...Em Durmstrang. –respondeu ela baixando a cabeça.
-Não se incomode com isso. Eu sei que a reputação de Durmstrang não é o que poderia se chamar de boa, mas eu já conheci o Vítor Krum, ele já estudou lá e não é má pessoa.
-Obrigado por não me julgar pela minha ex-escola. Muitos consideram bruxos das trevas todos os que passaram por Durmstrang.
-E pelo seu sobrenome... –Harry deixou escapar.
-O quê?
-Eu sei que você é uma Malfoy, eu descobri por acaso. –Harry confessou.
-Eu só contei para a Gina. Você me ouviu contando a ela?
-Sim, um pedaço, mas eu juro que foi sem querer. –desculpou-se Harry com remorso.
-E eu achava que você era legal. Mas a verdade é que você é um bisbilhoteiro, Potter! No que essa informação seria útil para você? –ela disse e sem esperar por resposta virou-se e começou a andar rapidamente. Antes que pudesse dar dez passos Harry a segurou pelo braço.
-Não é nada disso! Não foi minha intenção. –desculpava-se ele enquanto a garota começava a chorar. –Olha Mandy, me desculpa. Eu não queria te magoar. Por que você está chorando?
Ela não respondeu, apenas aproximou-se mais dele, lhe deu um selinho e saiu correndo.
Harry ficou paralisado por um tempo enquanto assistia Mandy se afastar correndo direto para a entrada da toca.Estava tentando entender a reação dela e isso só fez reforçar a sua idéia de que a coisa mais complicada do mundo é decifrar o misterioso cérebro feminino.
-Ela estava ou não zangada comigo? – Harry se perguntava.
Por fim decidiu ir atrás dela para se desculpar novamente e tentar fazê-la parar de chorar.

-Mandy, o que aconteceu? –perguntou Gina correndo escadaria acima atrás dela.
Quando chegaram ao quarto de Gina, Mandy se jogou na cama ainda aos prantos.
-Fala para mim o que aconteceu para você chorar desse jeito.
-O Harry, ele...Ouviu quando eu te contei que sou uma Malfoy.
-E o que é que tem isso?
-Não sei, e se ele não quiser falar mais comigo? Isso me deixa desesperada, mas não sei porque.
-A nossa conversa já tem algum tempo. Se até agora ele continuou falando com você, ele não tem porque parar.
-A minha família inteira foi da Sonserina, mas eu quero ir para a Grifinória.
-Mesmo se você for pra Sonserina eu não deixarei de ser sua amiga. Vamos jantar?
-Obrigado, mas hoje eu não quero jantar. Eu não vou ter coragem de encarar o Harry.

Depois do jantar.

-Tchau, Mi. –disse Rony beijando Hermione.
-Vai demorar, é? Sabiam que o corredor é público? –perguntou Harry rindo do constrangimento dos dois.
-Não vai, não. Tchau para os dois. Boa noite. –falou Mione se retirando.
-Harry, você tinha que chegar agora? –perguntou Rony se lamentando.
-É que Rony, a Mandy discutiu comigo e nem foi jantar. Eu estou muito mal por isso.
-Essa hora a Gina está tomando banho. –disse Rony olhando para o relógio em seu pulso. –Vai ao quarto dela e tenta conversar.
-Boa idéia, te vejo depois. –disse subindo mais um lance de escadas.

Toc, toc, toc.
-Quem está aí?
-Sou eu Mandy, o Harry. –silêncio -Abre, por favor.
-Está bem.
Harry entrou e se sentou de frente para ela na cama, ela perguntou:
-O que você quer?
-Saber porque você ficou tão mal.
-Porque eu achei que você não iria se importar mais comigo se eu fosse uma Malfoy.
-Como você pode pensar isso? Eu não julgo as pessoas pelas famílias que elas têm. Não me importa o seu sobrenome. Eu gosto de você pelo seu jeito de ser, pelo que você é.
Mandy estava paralisada tentando absorver o sentido do que ele havia acabado de dizer. Harry olhou para aqueles olhos azuis acinzentados (iguais aos de Draco), mas diferentemente dos olhos de Draco quando o mesmo o encarava, os olhos de Mandy brilhavam com uma expressão curiosa que era ao mesmo tempo terna e desejosa. Enquanto Mandy tentava decifrar os olhos profundamente verdes de Harry, ele tentava fazer o mesmo com ela. Os dois estavam sem palavras e muito próximos um do outro...Então um enorme desejo tomou conta de Harry e ele não resistiu ao impulso. Beijou-a como se fosse a última coisa que iria fazer na vida e ela correspondia à altura. Mandy tirou os óculos de Harry sem quebrar o ritmo do beijo enquanto ele começava a desabotoar os botões da camisola dela. Ela segurou as mãos dele para impedir que ele continuasse a desabotoar. Harry começou a beijá-la no pescoço e ela sentiu um arrepio que quase a levou ao delírio. Quase, porque ela se controlou:
-Não, Harry... –ela disse com o que parecia custar toda a sua determinação. –A Gina pode chegar a qualquer momento.
-Mulheres demoram séculos no banho. Só mais um beijo. –ele pediu com jeitinho e ela cedeu.
Um beijo, porém muito longo, tão longo que Harry e Mandy chegaram a sentir que só existiam os dois no mundo. Mas não era bem verdade, porque nesse instante Gina presenciou a cena e deixou cair a saboneteira de sua mão com um estrépito que chamou os dois à realidade. Imediatamente se separaram e estavam muito constrangidos.
-Desculpa por interromper vocês. –Gina falou em tom de quem se culpa e se diverte ao mesmo tempo.
-Ah, que nada, o Harry já estava de saída.
-É, já estou indo. Boa noite Mandy e Gina.
Ele lançou um último olhar sedutor para Mandy e se retirou fechando a porta de leve ao passar.
-Vocês estavam se divertindo bastante. A meu ver se eu não chegasse, ele não estaria de saída. – diz Gina para provocar a amiga. –A propósito fecha esses botões ou vai pegar um resfriado. É essa a idéia? Porque se você ficar doente já tem quem adoraria cuidar de você.
-Ah! – responde a garota jogando um travesseiro em Gina. –Vamos dormir!
-No seu caso é sonhar com o famoso Harry Potter.
Mandy não conseguia pegar no sono:
“Será que foi praga da Gina?” –ela pensou.
Ela sentia uma sensação de leveza e bem-estar. Afinal o que significaram aqueles beijos? Mal sabia ela que não era a única pessoa na casa que não conseguia dormir, Harry se sentia do mesmo jeito.

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