Reviravoltas
N/A: Pessoasss \o perdão a demora, mas é que a falta de tempo ta osso mesmooo!!! Digamos que cada dia que passa eu odeio ainda mais a vida adulta =( mas aqui está o capitulo, não deu para responder aos coments, masss no próximo é CERTEZAAA que eu os responda ok? O próximo capitulo está bem adiantado então é certeza que ele não vai demorar a sair! Beijos me liga e diz que o Dougie Poynter quer casar comigo;
*~ A música inserida no capitulo é:
- When I Grow Up – The Pussycat Dolls
A noite estava incrivelmente mal iluminada, mas ainda assim representava o local mais seguro de toda Inglaterra.
As ruas vazias e calmas, as casas com as luzes acesas, as pessoas em volta das mesas, sorrindo, divertindo-se e deleitando-se na companhia de seus filhos e parentes.
A mulher velha e ruiva endireitou o capuz da capa cor de vinho que trajava, os olhos baixos e desolados, tentava em vão não ouvir o barulho das conversas ou dos afetos. Quando fora que ela sentou-se a mesa com Nathan e Anne e dera boas gargalhadas? Nunca... Essa era a verdade.
Ela, Gaya Adhara, conhecida como uma das mulheres mais perigosas e frias do mundo Bruxo, jamais havia gargalhado na companhia de seus próprios filhos. Em verdade, jamais havia recebido um sorriso sequer deles. Era uma pobre infeliz, uma mulher que nunca conhecera o amor ou a felicidade, ela era apenas uma peça no jogo de xadrez, um dos peões comandados pelos Reis, aquela que era temida, mas que temia também.
Parou em frente a uma cerca de uma casa bonita, os jardins extremamente bem cuidados, a imagem de Morada Feliz. Havia até um balanço em uma árvore, sorriu de canto, Nathan sempre adorara balanços, quando ele e Anne eram pequenos ele mesmo havia tentado construir um, e ela, Gaya, nunca permitira que eles se divertissem.
Anne e Nathan, oh Merlim, como dizer a eles o quão arrependida sentia-se? Aproximou-se lentamente da casa apoiando o corpo ao lado da janela onde podia ver livremente uma bela mulher de cabelos negros e olhos negros sorrir e fazer cócegas em um lindo garotinho loiro, que gargalhava e tentava retribuir as cócegas em vão.
Mãe e filho brincavam quando um belo rapaz alto de cabelos negros adentrara a sala segurando um cobertor azul claro, o qual jogou sobre o filho e o abraçou com tanto amor que Gaya sentira-se tonta, Nathan amava tanto a família que constituíra que ela própria se sentia mal por tentar a destruir.
Aquela família, aquela pequena e jovem família era sua também, e aquele pequeno menininho loiro com um sorriso tão lindo quanto o de Nathan, era seu neto, seu único neto, aquele a quem ela deveria matar sem sentir absolutamente nada.
Afastou-se da janela e endireitou o capuz que cobria seu rosto, afastando-se lentamente da casa e permitindo que uma lágrima solitária lhe escapasse dos olhos. Ela, Gaya Adhara, estava chorando pela primeira vez desde que era uma garotinha assustada, e então, ela apartou, desapareceu daquela rua de famílias felizes e logo surgiu em um salão vazio e imundo completamente iluminado.
Caminhou apressada até um pequeno bar e apanhou algumas garrafas de whisky, derramando seu conteúdo por onde passava, abandonou o salão e subiu as extensas escadarias chegando a um corredor fúnebre, os quadros a observavam atentos e ao mesmo tempo assustados, a matriarca estava completamente transtornada.
Abriu as portas de seu quarto com brutalidade e finalmente levou a boca uma boa quantidade do líquido de uma das garrafas que carregava. Acendeu a lareira e arremessou nesta alguns vidros de perfume que estavam sobre a penteadeira. Gritou, urrou, chorou, caiu de joelhos e fixou o olhar em um quadro pintado, um quadro em que Anne e Nathan estavam com cinco e seis anos de idade, e Adônis, o belo e imponente Adônis Adhara os encarava com superioridade, enquanto ela, Gaya, mantinha a pose de crueldade sem fim.
Soluçou, agarrou com força as beiradas do tapete do quarto sorrindo de canto ao ver que o fogo da lareira agora ocupava boa parte de seu quarto e que os móveis já estalavam e exalavam o cheiro inebriante da fumaça. Ela morreria ali, morreria em meio ao inferno que era sua vida e levaria para seu túmulo tudo de ruim que aquele lugar lhe propunha.
- Levem isto como um presente ao pequeno Luke... Espero que possam me perdoar algum dia... – Murmurou antes de cair desacordada.
Longe dali podia-se ver a imensa nuvem negra de fumaça, o Castelo Adhara havia pegado fogo e levado com ele a maior e mais cruel mulher que já existira, a mulher que nunca fora amada, mas que no final da vida pôde dar a maior prova de amor por seus entes queridos. Gaya Adhara escolhera sua própria morte a morte de seus familiares.
Os movimentos eram ágeis, os dragões ao redor pareciam pouco se importar com a sua insignificante presença, como se já tivessem se acostumado com aquela pequena e bela mulher correndo entre pedregulhos. Os cabelos longos emaranhados banhados por sujeira e suor, a pele pálida imunda e os olhos num verde tão profundo que chegava a ser assustador.
Pulou de uma pedra para a outra, um vulcão havia entrado em erupção a alguns quilômetros atrás de si e se ela não corresse iria tomar um banho de lava, o que era irônico no momento já que sua pele não reclamava mais do calor ou do excesso de gravidade daquele lugar.
- Merda... – Grunhiu consultando o relógio de pulso.
Não tinha muito tempo, bufou correndo ainda mais, podia ver a cabeça de Theodor escondida atrás de uma imensa pedra, sentiu vontade de gargalhar, ele ainda acreditava ser um excelente vigilante. Que patético... Mal sabia quando vinha a tempestade de fogo e muito menos inimigos, como Apus costumava dizer: Theodor e Peter eram pedras no sapato.
- ANNE! – O urro de Apus parecia ainda mais feroz do que quando ela atiçara dois dragões e decidira brincar de suicídio.
Girou o corpo escalando uma montanha, a lava do vulcão vinha como um tsunami, sentiu vontade de gargalhar, Theodor ainda mantinha-se imóvel atrás da rocha, praticamente em choque. Enfiou-se em uma rachadura da montanha sentindo o ar lhe faltar os pulmões, maldita hora em que nascera humana. Respirou fundo, não podia morrer de maneira tão ridícula, ainda tinha de vingar sua família, sua mãe... Sua mãe... Por céus, Gaya estava morta! Isso lhe parecia tão impossível há tempos atrás, e só de pensar que já fazia três anos desde que Peter lhe dera a noticia... Engoliu em seco.
- APUS!!! – Berrou.
Um homem careca e musculoso lançara uma imensa corda de aço no topo da montanha, seu corpo curvara para frente em uma queda majestosa como se seu nome realmente fizesse jus ao seu significado: Apus – Ave do Paraíso. Anne tombou o corpo para trás apoiando na parede imunda, estava exausta, mas sentiu alguém lhe agarrar com ferocidade pela cintura e lhe colar ao corpo em um vôo perfeito.
A lava inundou o chão cobrindo o corpo aterrorizado de Theodor, Apus a jogou por cima da montanha a cobrindo com o próprio corpo evitando que algumas gotas ferventes lhe tocassem a pele de porcelana. Cerrou os olhos, o barulho causado pela destruição da lava havia cessado e o silêncio pairava novamente, a Cidade do Fogo não possuía ruído algum, e isso era um dos fatos pelos quais era considerada enlouquecedora.
- Como se sente? – A voz do homem musculoso ecoava preocupada e autoritária.
- Infelizmente, viva. – Respondeu a garota o empurrando de cima de si, sentando-se para então sacudir o emaranhado negro que eram seus cabelos.
Apus torcera os lábios para cima, dando a leve sombra de um sorriso, ergueu-se do chão caminhando até a beirada da montanha, tudo estava destruído, tudo estava devastado. Girou a cabeça para olhar por cima dos ombros a bela mulher que Anne havia se tornado, estava mais velha e o rosto havia endurecido como uma máscara de gesso, imutável, mas ainda assim bela.
- O plano se seguiu bem... – Comentou vendo-a prender o cabelo em um coque mal feito.
- Humpf... Não costumo falhar em minhas missões. – Resmungou a morena.
- Peter irá ficar realmente chateado... Diga-me, como conseguiu imobilizar Theodor sem a varinha?
- Desde quando é surpresa para você que eu faça magia sem varinha? – Os olhos verdes oliva brilhavam intensamente fazendo o homem soltar um risinho pelo nariz.
- Vamos, quero ver a cara de Peter quando dermos a noticia da morte de seu companheiro.
A morena girou os olhos que se tornaram verde-escuro, Apus correra a sua frente em uma velocidade que para ela não era nada demais, Apus sabia que há muito tempo ela já havia se tornado mais poderosa e mais veloz, era apenas uma questão de tempo até seu mestre assumir que a pupila era agora a soberana.
Correram lado a lado por um tempo, o corpo de Apus dera um brilho diferente tornando-se um falcão feroz, Anne apenas bufara continuando a correr, pouco se importando se Apus queria se exibir como Animago, isso era por demais desnecessário em sua visão.
Pararam juntos frente a uma porta de ferro, Apus voltara à forma humana dando algumas batidas violentas no ferro, a porta movera-se lentamente fazendo com que uma poeira vermelha subisse e tornasse quase impossível de se respirar. Anne fora a primeira a entrar dando ás costas ao seu mestre, ignorando olhares dos seres amaldiçoados que ocupavam aquele lugar, aquela sala imensa com uma escada no canto, mesas bambas e um bar onde um Trasgo servia bebidas, a imundície era quase sinônimo de cada um ali.
Bruxos das Trevas, Dementadores, Gnomos, Trasgos, Rabicurtos, dentre outros... Todos a encaravam com respeito, como se ali, aquela simples mulher de cabelos negros e expressão delicada, fosse a Rainha.
- ONDE ESTÁ THEODOR? – Um homem berrara no final da sala imunda levando todos a voltarem a seus afazeres.
- Por que você não vai procurá-lo? Não sou babá daquele idiota para saber onde está. – Anne falava com indiferença sentando-se a uma mesa, colocando suas botas imundas sobre esta.
- Anne, não seja mal criada... – Apus forçava um sorriso cínico sentando-se ao lado da mulher. – Sentimos muito Peter, Theodor está morto.
- Morto? – Peter arregalava os olhos categoricamente saindo da penumbra aproximando-se da mesa do casal. – IMPOSSIVEL!
- Eu diria para você ir se juntar a ele no inferno... – A morena erguia-se com delicadeza da mesa caminhando até o balcão. – Mas seria patético demais, já que estamos no próprio inferno... Um Whisky de Fogo, Kirey!
- Sim, Dama Negra... – O trasgo apressava-se em servir a mulher.
- Houve uma erupção, por pouco não fomos pegos... – Apus girava uma moeda entre os dedos enquanto falava. – Theodor não conseguiu escapar.
- Isso será relatado ao MESTRE!
- Sinceramente creio que o Mestre ficará exaltado de felicidade... – A mulher bebericava um pouco do Whisky enquanto caminhava em direção a escada. – Quanto menos incompetentes, mais rápido poderemos tomar o poder dos dois mundos, creio que o Mestre não atingiu ainda seus objetivos por falta de pessoas competentes como Apus e eu ao seu lado, por sorte recebemos um convite para voltarmos a corte.
- Voltar à corte? – Peter franzia o cenho.
- Oh sim... Aparentemente o Mestre está interessado no progresso de Anne, e devemos isso as suas cartas e as cartas de Theodor!
- Vega nós sempre falamos que ela é PERIGOSA! COMO O MESTRE PODE ACHAR ISSO ATRATIVO?
O copo estourara causando murmúrios em todos os cantos, fios de sangue escorriam da alva mão esquerda da bela morena, os olhos verde oliva brilhavam como nunca, Anne girara o corpo graciosamente andando tão depressa que chegava a dar a ilusão de que flutuava em direção ao pobre Peter que caíra ao chão cheio de pavor. Sem hesitar, a morena pisara com força sobre seu braço o quebrando, Apus apenas caminhara em direção ao balcão pedindo uma bebida, assistindo todo o terror que sua pupila causava.
- Perigosa? – Sussurrara a mulher. – Peter... Você não faz idéia do que seja o perigo...
- Dama Negra, piedade... Por favor, piedade...
- Você não faz idéia do que é o horror...
- Por favor... Eu suplico...
- Acredite Peter, o Mestre não teme a mim, eu não sou perigosa para o nosso poderoso Mestre, entretanto, para vermes como você, eu posso ser a pior coisa que já lhe aconteceu...
O urro de dor ecoara pelas paredes, um sorriso maquiavélico brotara nos lábios de Apus Vega, ele havia a treinado bem e agora só faltava a última cartada para que Anne Adhara se tornasse o soldado perfeito.
Dois rapazes altos trajados com belos ternos andavam lado a lado, um loiro e um moreno, vê-los andando lado a lado era como voltar a vários anos atrás, ambos usavam óculos escuros, ambos mantinham o maxilar endurecido, ambos eram Jay Potter e Caios Trent.
- Onde ela está? – Sussurrara Caios de maneira ansiosa.
- Já está lá dentro... Devemos nos separar assim que entramos... – Jay retirava os óculos escuros dando maior visão de sua face, agora com traços mais maduros. – Como se sente?
- Como uma garotinha prestes a fazer sexo pela primeira vez! – Zombava o loiro dando um peteleco na cabeça do melhor amigo. – O que você acha Potter?
- Hey! Perguntar não ofende!
- Quando é pergunta idiota, sim!
- Que seja... Precisamos do “ok” da Dandan para entrarmos...
- Não gosto de envolvê-la nessas missões para o Ministério...
- Caios, ela é uma jornalista, você querendo ou não ela vai se meter nas confusões do Ministério!
- Eu sei... Mas ainda assim não gosto.
Ambos trocaram olhares divertidos entrando em um beco escuro, Jay desabotoara o paletó para conferir um belo arsenal de armas, Caios gargalhara, era cômico se meter em missões como aquelas, ainda por cima, por Jay detestar disfarces.
- Não ria! – Rosnou o moreno.
- Qual é cara, você só está parecendo o James Bond, nada contra, é claro!
- Rá, rá, rá! – Jay bufara fechando o paletó. – Como você se sente?
- Em relação...?
- Você e Dandan, agora juntos, mesma casa...
- Não estamos casados, estamos...
- Aproveitando um bom sexo diário!
- Não enche! Você deveria parar de falar essas coisas dela... – Caios sorria de canto. – Foi ela que nos fez voltar a falar...
- É... Infelizmente eu devo uma a cachinhos dourados...
Jay sorrira, já fazia três anos, e sequer parecia que ele e Caios haviam ficado um tempo sem se falar, era estranho recordar, mas foi tudo graças a ela.
Estava apoiado com a cabeça no balcão, Emmy o havia feito treinar como um louco e o pior, ele tivera de se esconder na sala dos estagiários para ela não o encontrar! Tia Ashlee não havia lhe dado uma parceira, havia lhe dado uma psicopata! Respirou fundo jogando o corpo para trás, espreguiçando por um tempo, até ouvir a porta se abrir.
- Bosta... – Grunhiu, agora teria de lidar com um sermão da maluca.
- Jay? – Uma bela mulher loira surgia por trás da porta.
Seu sorriso fora involuntário, não dava para saber se era por não ser a Psicopata ou por ser alguém familiar que ele não via há tanto tempo, a verdade era que ver Danielle O’Brian depois de alguns anos lhe dava algum fruto de esperança, como se pudesse voltar ao passado e ser feliz.
- Dandan? – Correu até a mulher a abraçando com força.
A loira gargalhara bobamente, ele estava realmente mudado, mais alto e incrivelmente mais musculoso, se ela soubesse que fazer parte do Exercito do Ministério fazia tão bem aos homens, certamente ela teria pedido para ser supervisora de treinamentos.
- Merlim, quanto tempo! – Exclamou o moreno a pousando ao chão.
- Eu sei! – Rira a mulher. – Você está tão mudado!
- E você? Cabelo diferente! Gostei! Vem, senta aqui... – Jay a puxava para se sentar a uma mesa bagunçada de algum estagiário nada organizado. – O que faz no Ministério?
- Eu é que pergunto, o que você faz na Ala dos Estagiários?
- Me escondendo.
- Emmy?
- Sim.
- É, ela disse que você estaria aqui...
- Droga, ela desvendou meu esconderijo! Terei de pensar em outro...
- Jay... – Danielle gargalhava. – Você não mudou em nada.
- Hum? É claro que mudei! Antes eu fazia os outros sofrerem para o treinamento no Quadribol e agora eu que sofro nas mãos de uma mulher maluca! – O moreno passava as mãos pelos cabelos. – Mas o que você faz aqui?
- Vim te procurar... – O semblante da loira tornava-se sério.
Jay engoliu em seco, Danielle apenas retirou a bolsa marrom dos ombros retirando de dentro desta um exemplar do Profeta Diário, a foto de Anne estava na capa. A náusea parecia que jamais passaria. Respirou fundo arrancando o exemplar das mãos da loira, era realmente inacreditável ver que aquilo tudo estava acontecendo, justamente com ela!
- Eu soube antes da publicação... – Confessou cabisbaixo. – Eu tentei argumentar, mas foi em vão, eles estavam irredutíveis! Eles não me escutaram...
- Eu sei... Isso me parece tão injusto!
- As coisas não são mais como nos tempos de Hogwarts, Dani... A vida é mais dura aqui fora...
- Caios está definhando... Vocês precisam deixar o passado de lado Jay! Eu nunca vi Caios precisando tanto do melhor amigo quanto agora.
- Eu não sei se ele precisa de mim... – O moreno levantava-se brutamente, limpando com força uma lágrima que lhe escorrera dos olhos. – Quando eu soube que Anne o havia deixado eu sequer fui vê-lo, mesmo sabendo que ele...
- Jay...
- Eu não fui um bom amigo Dani...
- O passado não importa mais! Vocês são como irmãos!
- Que tipo de irmão tem vergonha de ver o outro? – O moreno explodira. – EU TENHO VERGONHA DE OLHAR CAIOS NOS OLHOS!
- Ele ainda o ama Jay...
- Mas ele seria capaz de me perdoar?
- Você seria capaz de perdoá-lo?
Os olhares se cruzaram, o castanho sincero de Danielle parecia uma faca lhe atingindo o coração, era verdade que ele sempre sentira falta de Caios, eram melhores amigos e havia coisas que Jay sabia que apenas Caios Trent seria capaz de compreender. Puxou ar para os pulmões abotoando a camisa do uniforme, Danielle fitava-o aturdida e ansiosa.
- O que estamos esperando? – Resmungou saindo pela porta.
Escutou palminhas dadas pela loira e logo ela pulando em suas costas de cavalinho, sorriu, deveriam resolver as pendências e seguir para o futuro, essa era a verdade.
Chegaram até a casa, franziu o cenho, que jardim pateticamente mal cuidado era aquele? Lançou um olhar sério a Danielle, ela apenas maneara a cabeça negativamente, Caios realmente deveria estar na pior... Tocou a cerca a fazendo cair aos pedaços, lançou um olhar assustado à loira que apenas dera os ombros.
- Eu acho melhor vocês conversarem sozinhos... – A loira estendia a chave. – Estarei na casa de Nathan e Stacy, caso vocês se matem...
- Obrigado pelo incentivo... – O moreno sorria de canto.
- Disponha!
Jay apanhara a chave atravessando o resto dos jardins, enfiou a chave na maçaneta e sem sequer pensar no que estava fazendo atravessou a porta. A sala estava uma zona, a cristaleira destruída e tudo parecia em total ruína. Aquele não era o Caios ao qual estava acostumado, quando Danielle disse que ele estava definhando não esperava que fosse a situação tão séria.
Subiu os lances de escada, o corredor não possuía nenhum objeto, nenhum quadro, parecia uma casa abandonada, mas um barulho de teclado ecoando da última porta demonstrava o contrario, caminhou e empurrou a madeira que ruíra, Caios estava sentado na cama de casal, a barba por fazer, o cabelo despenteado e pijama, ao seu lado estavam pedaços de comida e pergaminhos amassados.
- Caios... – Chamou com uma voz rouca.
O loiro erguera a cabeça de maneira leve, as olheiras estavam realmente escuras e a pele do rapaz estava branca como papel.
- O que faz aqui?
- Vim ver o estado ridículo em que você está. – Rosnara o moreno batendo a porta com força.
- Se manda James!
- Não.
- O que você faz aqui? Veio jogar na minha cara que eu não tive competência nenhuma para segurar minha própria mulher e evitar que ela seja caçada por TODO O MUNDO MÁGICO?
- Na verdade eu vim salvar meu melhor amigo de sua própria desgraça!
- Seu melhor amigo? – O loiro levantava-se da cama retirando a blusa e a arremessando longe. – EU NÃO TENHO MELHOR AMIGO JAMES!
- Se não tivesse eu não estaria aqui, e nem Danielle!
- Vocês não sabem de nada... – Grunhira o loiro saindo pela portinha da varanda, sendo seguido pelo moreno.
- Agora virou mania? Você fugir da realidade?
- Que realidade?
- ESSA! – Berrara Jay. – ANNE SE FOI CAIOS, ELA É SANGUE NEGRO AGORA! NÃO IMPORTA O QUE EU SINTO, OU O QUE VOCÊ SENTE POR ELA, ELA É NOSSO INIMIGO! ANNE NÃO SE IMPORTOU COM VOCÊ, COMIGO, COM DANIELLE OU COM QUALQUER PESSOA QUANDO SE JUNTOU A APUS VEGA!
- CALA A BOCA QUE VOCÊ NÃO SABE DE NADA!
- EU SEI SIM! EU SEI QUE O CAIOS QUE EU CONHECI, NUNCA FICARIA SENTINDO PENA DE SI MESMO EM UMA CASA QUE MAIS PARECE AQUELES CASTELOS DE FILME DE TERROR, EU SEI QUE O CAIOS QUE EU CONHECI JAMAIS IRIA BAIXAR A CABEÇA SEM LUTAR ANTES! VOCÊ NÃO ESTÁ LUTANDO PELO QUE QUER, ESTÁ DANDO TUDO DE MÃO BEIJADA!
- EU NÃO SEI MAIS JAY! EU ESTOU DESESPERADO! ENTENDE? Eu...
- Eu sei...
O loiro apoiara ás costas na grade tombando a cabeça para trás, a respiração acelerada, Jay matinha-se a sua frente, respirando tão pesado quanto.
- O passado será esquecido... – Declarou o moreno.
Caios sorrira voltando a encarar os olhos do amigo, maneou a cabeça afirmativamente estendendo-lhe a mão.
- Então, estamos de volta.
Jay abraçou o amigo com força o soltando na mesma hora com uma expressão de repulsa.
- Você precisa de um banho.
- Aqui... – Caios mostrava um espelho dentro do bolso brilhando. – Aqui está o OK.
- Seguiremos o plano?
- Tentaremos... – O loiro sorria marotamente.
- Só uma coisa...
- O que?
- Se eu morrer, por favor, não deixe a Gordon fazer o discurso no meu enterro!
- Claro! Eu mesmo irei fazer... – Caios gargalhara correndo para fora do beco.
Jay sorrira retirando um chapéu de dentro das vestes o colocando na cabeça, saiu do beco com um andar de pura elegância, algumas prostitutas tentaram chamar sua atenção na esquina, limitou-se a ignorá-las, a fila para a Boate estava gigantesca, sorriu de canto aproximando-se do segurança negro e robusto que o fitava com desconfiança e severidade.
- Fila! – O segurança apontava com o dedo.
- Desculpe, sou da área vip. – O moreno piscava maroto retirando um cartão de dentro do bolso.
Os olhos do segurança arregalaram e logo ele sorrira abertamente lhe dando passagem, muitos reclamaram na fila, fazendo Jay apenas sorrir, os trouxas eram sempre tão escandalosos que chegava a lhe dar enxaquecas.
- Olá meu senhor... – Uma mulher alta, trajada com um short minúsculo púrpura e um tomara-que-caia preto lhe acenava. – Onde deseja sentar desta vez?
- Próximo ao palco, por favor, Marrie...
- Sim, sim! – Ela sacudia os imensos cabelos negros correndo e indicando uma mesa. – Temos uma nova dançarina hoje, Miss América! Certamente você vai se encantar!
- Com esse nome, quem não se encantaria, hum?
Marrie gargalhara falsamente correndo para atender mais clientes, aquela boate para homens era incrivelmente cômica, afinal, apenas os mais poderosos da cidade estavam ali, poderosos que entregavam sua própria gente para a destruição. Caios e Danielle em suas investigações para o Profeta Diário, acabaram por descobrir que um dos donos do Strip Night andava em conspiração com o novo Mestre das Trevas, e aparentemente colaborava com os sangues negros, tudo por mais dinheiro...
- Jay... – Caios surgia atrás de si com um copo de Whisky nas mãos. – Danielle está no andar de cima, irei ajudá-la a buscar os papéis, você e Emmy ficam encarregados pela parte aqui embaixo.
- E onde a Gordon está?
- Você já vai ver... – O loiro sorria se afastando.
Jay girara os olhos, por que sempre a tarefa difícil ficava para ele? Bufou indignado, o ambiente já estava bem cheio e nada de Emmy Gordon surgir, ela só poderia querer ferrar com o resto do plano para depois jogar a culpa nele! Resmungou alguns palavrões baixinho quando as luzes se apagaram e a luz central do palco se acendera.
The Pussycat Dolls - When I Grow Up
- SENHORES, COM VOCÊS A NOSSA NOVA APRESENTAÇÃO... MISS AMERICAAA!!!
Os garotos te chamam de sexy
And you don't care what they say
E você não se importa com o que eles dizem
You See everytime you turn around
Você já viu que toda vez que você dá uma voltinha
They screaming your name
Eles gritam seu nome
Boy's call you sexy,
Os garotos te chamam de sexy
And you don't care what they say
E você não se importa com o que eles dizem
You See everytime you turn around
Você já viu que toda vez que você dá uma voltinha
They screaming your name
Eles gritam seu nome
As cortinas abriram-se lentamente, Jay confortou-se na cadeira, pelo menos assistira alguma gostosa a se despir a sua frente, nada demais é claro! Se Emmy queria demorar, que ela chegasse após o show! Sorriu abertamente ao ver a tal mulher entrar o palco, trajada apenas com uma camiseta branca abotoada, um short curto azul, botas vermelhas de cano alto, óculos escuros retrô, chapéu branco de marinheiro e cabelo preso.
- Não é de se jogar fora... – Comentou para si mesmo.
Agora, eu tenho uma confissão (HA-HA-HA-HA)
When I was young I wanted attention (HA-HA-HA-HA)
Quando era pequena, queria atenção (HA-HA-HA-HA)
An I promised myself that I'd do anything (HA-HA-HA-HA)
E prometi a mim mesma que faria qualquer coisa (HA-HA-HA-HA)
Anything at all for them to notice me (HA-HA-HA-HA)
Qualquer coisa pra eles me notarem (HA-HA-HA-HA)
A dançarina caminhara até a beirada do palco jogando o corpo para frente se livrando dos óculos, do chapéu e da blusa, Jay arregalou os olhos afrouxando a gravata, só podia ser a pior piada do mundo! Emmy estava lá, os cabelos longos soltos, a expressão tão atônita na face quanto ele. Engoliu em seco, quando foi que eles haviam desligado o ar condicionado?
Mas não estou reclamando
We all wanna be famous (Oh)
Todos nós queremos ser famosos
So go ahead and say what you wanna say (Oh)
Então siga em frente e diga o que quer dizer
You don't know what it's like to be nameless (Oh)
Você não sabe como é ser ignorada
Want them to know what your name is (Oh)
Querer que eles saibam seu nome
'Cause see when I was younger I would say
Porque veja, quando era mais nova, eu dizia...
Emmy caminhara até a barra de ferro a segurando com firmeza, respirou fundo balançando nesta, Jay olhava para os lados aflito, Caios certamente sabia o que iria acontecer e que Merlim o perdoasse, mas ele iria MATAR SEU MELHOR AMIGO! Emmy ainda rebolava, e por Morgana, quando foi que ele começou a reparar nas pernas de sua inimiga? Vulgo, sua parceira.
Quando eu crescer,
I wanna be famous, I wanna be a star, I wanna be in movies
Quero ser famosa,quero ser uma estrela, quero estar em filmes
When I grow up
Quando eu crescer,
I wanna see the world, drive nice cars, I wanna have groupies
Quero ver o mundo, dirigir carros maneiros, quero ter fãs
When I grow up
Quando eu crescer,
Be on TV, people know me, be on magazines
Aparecer na TV, todo mundo me conhecer, estar em revistas
When I grow up
Quando eu crescer,
Fresh and clean, number one chick when I step out on the scene
Refrescante e brilhante, primeiro lugar na audiência, quanto eu estiver em cena.
Ela rebolava, aquela barra parecia incrivelmente estressante de repente, e sua boca começara a ficar seca, apanhou com ferocidade um copo de vodka de uma das garçonetes bebendo com avidez todo o liquido. Emmy parecera o notar, aquilo estava o enlouquecendo, o que ela queria fazer? O enfartar? Bem, estava conseguindo...
Cuidado com o que você sonha, porque...
You just might get it
você pode conseguir
Y-You just might get it
Você pode conseguir
Y-You just might get it
Você pode conseguir
And Be careful what you wish for 'cause
Cuidado com o que você sonha, porque...
You just might get it
você pode conseguir
Y-You just might get it
Você pode conseguir
Y-You just might get it
Você pode conseguir
Get it?
Conseguir?
Ela parara no meio do palco e dirigira-se a pequena escadinha, Jay olhara ansioso para os lados, alguém poderia lhe trazer paramédicos? Ela começou a caminhar em sua direção e ele sabia que todos os homens daquele local estavam de olhos presos naquele corpo perfeitamente delineado por curvas sensacionais.
Eles diziam que eu era boba (HA-HA-HA-HA)
Until I popped up on the TV (LA-LA-LA-LA)
Até eu estourar na TV (LA-LA-LA-LA)
I always wanted to be a superstar (HA-HA-HA-HA)
Sempre quis ser uma superstar (superstar)
And knew that singing songs would get me this far (LA-LA-LA-LA)
E sabia que cantando ia conseguir chegar lá (LA-LA-LA-LA)
But I ain't complaining (Oh)
Mas não estou reclamando
We all wanna be famous (Oh)
Todos nós queremos ser famosos
So go ahead and say what you wanna say (Oh)
Então siga em frente e diga o que quer dizer
You don't know what it's like to be nameless (Oh)
Você não sabe como é ser ignorada
Want them to know what your name is (Oh)
Querer que eles saibam seu nome
'Cause see when I was younger I would say
Porque veja, quando era mais nova, eu dizia...
Ela caminhara até ele e debruçara-se na mesa, fitando-o com aqueles olhos esverdeados e brilhantes, Jay sentiu sua respiração ficar presa na garganta, Emmy dera a volta em sua cadeira apoiando as mãos em seus ombros e abaixando o suficiente para seus lábios quase tocarem a orelha do moreno que estava tentando lembrar da morte de algum cachorrinho em sua infância.
- Eu preciso dizer que não sou uma stripper?
- E eu preciso dizer que eu não escolhi essa missão? – Retrucou dentre os dentes.
- Não é você que está com a roupa de stripper e uma vontade tremenda de assassinar o parceiro...
Quando eu crescer,
I wanna be famous, I wanna be a star, I wanna be in movies
Quero ser famosa,quero ser uma estrela, quero estar em filmes
When I grow up
Quando eu crescer,
I wanna see the world, drive nice cars, I wanna have groupies
Quero ver o mundo, dirigir carros maneiros, quero ter fãs
When I grow up
Quando eu crescer,
Be on TV, people know me, be on magazines
Aparecer na TV, todo mundo me conhecer, estar em revistas
When I grow up
Quando eu crescer,
Fresh and clean, number one chick when I step out on the scene
Refrescante e brilhante, primeiro lugar na audiência, quanto eu estiver em cena.
Emmy olhara para os lados, girando o corpo de maneira formosa sentando-se no colo de Jay que inclinara o corpo para trás e arregalara tanto os olhos que sentiu até dor, ela estava em seu colo e tudo que Jay conseguia pensar era um modo de tirá-la dali de cima antes que a situação realmente começasse a ficar feia.
- Potter! Potter! – Ela o puxava com força pelo queixo.
- O que você está fazendo aqui?
- Coloca sua mão em minha bunda!
- O QUE?
- Argh! – A loira puxava com força a mão do moreno a colando em sua coxa a subindo.
- Você ficou louca?
- Por Merlim, como você é idiota! – Ela inclinava a face dando mordiscadas no lóbulo da orelha do rapaz que arrepiava por inteiro. – Estão nos vigiando, Danielle e Caios estão no andar de cima, precisamos alcançá-los, eles te reconheceram...
Emmy se afastava do moreno, a música continuava, mas aparentemente nem ela e nem mesmo Jay conseguiam a escutar, a loira lhe oferecera a mão e lhe dera um sorriso malicioso o puxando em direção a uma das escadinhas que ligavam aos quartos de luxo. Jay apenas fingiu estar bêbado deixando-se ser levado pela bela Miss América.
Ao chegarem no andar de cima, ambos trocaram olhares cúmplices, Jay abrira o paletó lhe entregando uma varinha e duas armas, Emmy prendera o cabelo em um rabo de cavalo alto e sua expressão maliciosa fora trocada por uma séria, como se tivesse envelhecido uns cinco anos.
- Quanto tempo temos até eles virem atrás de nós? – Indagou o moreno carregando a arma.
- Segundos? – Retrucara a loira com um sorriso debochado. – Faremos assim, os da esquerda são meus e os...
Antes que Emmy pudesse terminar a frase, Jay já havia disparado ás armas e atirado em vários seguranças que vinham em sua direção, a loira bufara e rolara os olhos numa expressão um tanto quanto divertida.
- Ok, todos são seus! Argh, como consegue ser tão egoísta?
- Aprendi com a melhor! – Jay piscava maroto.
- Vou atrás de Caios e Danielle, não morra ok? Eu detestaria ter de escrever um relatório sobre como o maior imbecil que já conheci morreu!
Jay gargalhou ao vê-la correr, as balas haviam acabado, bem... Era a hora do corpo a corpo. Deu alguns socos e chutes, sabia que mais cedo ou mais tarde teria de usar magia, mas por enquanto deveria manter a descrição, se é que destruir um corredor era considerado algo discreto.
Emmy corria pelos corredores, virara uma esquerda, duas direita, sim, era o final e era lá que era o escritório. Abriu a porta com violência, Caios e Danielle estavam sérios observando vários papeis sobre uma mesa de reuniões.
- Isso daqui é fascinante! – Exclamou a loira.
- Oh! Por Céus Dandan! Eu estou com roupa de Stripper e o Potter está dando uma de 007 lá na frente! Você e a ameba loira poderiam ser CDF’s depois?
- Nos descobriram? – Caios arregalara os olhos.
- Não, imagina! Eu estou aqui apenas para brincar de primeiro de abril! O QUE VOCÊ ACHA???
- Ela realmente está ficando irritante como o Jay... – Sussurrara Caios para a loira que concordara com a cabeça.
Ambos enfeitiçaram os papeis os guardando em tubos e os enfiando em uma maleta imensa a qual Danielle transformara em uma bolsa pequena e amarrara no pulso.
- Sabe, eu realmente vou fingir que não te vi assassinar a moda! – Rira Emmy.
- QUE LINDO, EU MORRENDO LÁ TRÁS E TODO MUNDO PAPEANDO AQUI! – Gritara Jay atravessando a porta.
- Quantos são? – Caios franzia o cenho.
- No começo cinco...
- E agora? – Danielle arriscava.
- Trinta?
- Merda... – Emmy batia na testa. – Eles devem até ter chamado a policia trouxa.
- Não tem saída por aqui... – Dani franzia o cenho.
- Se aparatarmos, o pessoal do Sangue Negro vai saber que estávamos investigando e... – Emmy comentava pensativa.
- JANELA! – Caios e Jay berravam em uníssono.
- Droga, terei que tirar pedaços de vidro do meu cabelo! – Reclamava Emmy.
O quarteto trocara olhares aflitos correndo juntos e atravessando a imensa janela vitral. O barulho fizera com que a porta fosse derrubada e alguns homens fardados vissem a janela despedaçada, mas nenhum sinal de quatro pessoas diferentes. Um homem barbudo correra até sua mesa e gritara, ele poderia ter sido descoberto.
As cartas estavam sobre a mesa, os olhos atentos em cada virar de peça, em cada rolar de dado... Era como se o mundo estivesse em silêncio enquanto ele, Sirius Zabine, estivesse trapaceando. Os olhos cinzentos davam-lhe um ar lupino, o modo ao qual decifrava e contava cada carta sem ninguém perceber era quase que surreal, ele, aos vinte anos de idade já havia ficado mais rico do que seus próprios pais, apenas... Trapaceando.
- BLACK JACK! – Gritara o contador.
Sorriu de canto bebendo um gole de uma taça de champanhe, o que ele poderia dizer? Estava cansado de ser caçado pelos seguranças dos cassinos que não conseguiam explicar como ele conseguia tanto dinheiro, apenas jogando cartas! Os trouxas às vezes eram tão idiotas...
- Mais cartas? – Perguntou o homem a sua frente.
- Bem eu acho que...
- SIRIUSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!! – Um urro tomara conta de todo salão.
O moreno derrubara a taça de champanhe, seu coração acelerado e sua respiração a mil, como foi que aquela pessoa o encontrar? Girou o corpo para trás a fim de ver a pessoa vindo em sua direção, era simplesmente vergonhoso.
Kevin Malfoy, seu melhor amigo, trajado de terno azul claro, pulando em sua direção feito um bambi no cio, e para completar ele tinha um sorriso tão debilóide no rosto que Sirius tinha certeza que fazia todos crerem que ele possuía algum distúrbio mental.
- Não acredito. – Sussurrou.
- SIX!!!! – Kevin saltava em cima do amigo o derrubando da cadeira com tudo o que estava em cima da mesa.
Sirius arregalou os olhos, Kevin parecia uma criança carente que passara anos sem receber um abraço, deu algumas palmadinhas nas costas do amigo a fim de que este o largasse, após muito custo o loirinho estava de pé sorridente lhe oferecendo a mão.
- Será que você não consegue ser mais gay? – Indagou o moreno levantando-se.
- Bem, eu te mando zilhões de cartas durante três anos, não recebo resposta de nenhuma, meu casamento é daqui a um mês e eu tenho que verificar que o meu padrinho vai não é?
- Você percebeu que você não respirou durante toda essa frase?
- Sirius! – Kevin franzia o cenho.
- Urgh... Vamos conversar nos meus aposentos.
- Você tem aposentos? Wow, legal! Não precisarei gastar meu dinheirinho...
- Você realmente é uma praga... – O moreno girava os olhos apanhando algumas fichas do chão e enfiando no bolso do paletó.
Kevin sorria conforme seguia o amigo pelo salão, pouco se importava se todos estavam o encarando, ele nunca ligou mesmo para o que os outros pensavam... Caminharam lado a lado até o elevador, Sirius mantinha-se tenso e em absorto silêncio, já Kevin cantarolava uma das inúmeras músicas da xuxa, aparentemente escolhidas a dedo para aquele momento tão constrangedor. O elevador parara na cobertura, as portas abriram-se dando passagem aos dois homens, que agora se encontravam em uma luxuosa sala de estar espelhada.
- Cara, você realmente sabe viver com estilo... – O loirinho saltava em cima de um dos sofás.
- E você realmente continua sem educação... – Zombara o moreno.
- Sirius, você está ranzinza...
- Sério?
- Vai ficar velho mais cedo.
- Não me diga... – O moreno desabava no sofá a frente.
- Por que você se isolou assim? – O loirinho tornava-se sério. - Pelo que sei, nem mesmo as cartas de seus pais você anda respondendo.
- Ando ocupado.
- Desde quando trapacear deixou de ser um hobby?
- Como vai Lauren? – O moreno mudava de assunto caminhando em direção a varanda, acendendo um cigarro.
- Bem... Ela anda com planos para nós, compramos nossa casa na semana passada... Fica alguns quarteirões da casa de Caios... Agora as mulheres estão ocupadas com o casamento, aquela bobajada toda de frufrus sabe? Não que eu esteja reclamando, antes elas cuidando disso do que eu.
- Quem diria... – Sirius ria soprando uma quantidade de fumaça percebendo então o amigo ao seu lado. – Você vai se casar.
- E com a mulher que eu amo...
- É...
- Sirius, eu sei que foi errado aparecer aqui de surpresa, bem na sua área... Mas eu precisava te ver, você é o meu melhor amigo...
- Kevin...
- Eu sei que você anda meio deprimido desde que apareceu no jornal que Danielle e Caios estão juntos...
- Dani e eu terminamos, fico feliz que Caios esteja a fazendo bem e vice versa.
- É... Eles estão se curando da maneira deles. Mas eu me preocupo com o que você está se tornando.
O loiro respirara fundo retirando de dentro do paletó um envelope dourado o depositando sobre uma mesinha, Sirius apenas baixara os olhos terminando de fumar seu cigarro.
- É meu casamento e você é o padrinho, por favor, esteja lá.
Sirius engoliu em seco, Kevin não estava mais presente na sala, aquela foi à visita surpresa mais rápida de toda a história. Respirou fundo virando-se para ver o envelope dourado, sorriu levemente o tomando entre os dedos e o analisando com carinho. Que tipo de pessoa ele estava se tornando?
O loiro girou o corpo na cama, ainda sentia os resquícios do sono em sua mente... Há quanto tempo que não sonhava com Anne Adhara? Séculos talvez... Abriu com dificuldade os olhos esverdeados fitando a face angelical ao seu lado, os cabelos loiros lisos curtinhos emoldurando a face infantil, a pele alva e macia... Por Merlim, como ele tinha sorte de ter aquela mulher ao seu lado... Ela fora a luz no final do túnel, fora sua salvadora e tudo que ele tinha ele devia exclusivamente a ela: Danielle O’Brian.
Tontos? Imagina! Estavam tontos depois da terceira dose de tequila dada por Alex! Afinal, Vovô Cold desejou uma festa de noivado gigantesca, graças a isso todos os membros das famílias mais importantes do mundo Bruxo estavam completamente alcoolizados.
Sentiu vontade de gargalhar, Kevin estava dançando a macarena em cima da mesa enquanto Lauren tentava inutilmente o tirar de lá, cena incrivelmente patética, mas pelo menos rendia boas gargalhadas. Olhou para o lado, Danielle ainda estava ajudando Nathan a tirar Stacy de perto do ponche, aparentemente sua prima havia gerado uma grande adoração pelo líquido cor de rosa.
- Cacazitinhoooooo... – Kevin o chamava saltando da mesa. – Hoje é o dia mais feliz da minha vidaaaaaaaa.
- Se eu não estivesse completamente bêbado eu juro que te daria os parabéns Keke!
- Eu seiiiiiiiiii.
- Caios... – Danielle se aproximava equilibrando-se no salto alto.
A loira possuía os cabelos anelados e volumosos, o corpo perfeito coberto por um lindo vestido de seda preto que combinavam com as sandálias envernizadas de salto alto. Caios apenas abriu os braços para puxá-la em um abraço apertado. Havia virado costume andarem abraçados de um lado para o outro ou simplesmente trocarem carícias.
Danielle havia sido seu Sol, há cerca de um ano conviviam na mesma casa e se cuidavam, aparentemente um tentava salvar o outro e com isso haviam conseguido juntos um bom trabalho no Profeta Diário. Melhores amigos, parceiros e colegas de quarto! Chegava a ser cômico dizer que não tinham nada, mas não tinham, eram apenas amigos.
- Eca, se agarrem longe de mim! – Kevin contraia a face numa careta arrancando risinhos dos loiros.
- Estou enjoada. – Declarou a loira. – Acho que bebi demais!
- Nathan conseguiu tirar Stacy do lado do ponche? – Indagou Caios afagando a face da amiga.
- Ela disse que o faria trocar a fralda de Luke por dois meses caso ele não a permitisse beber devidamente!
- Pobre Nate, minha irmã ainda vai o levar a insanidade! – Kevin maneava a cabeça negativamente. – Vou salvar a vida do meu cunhado, e vocês dois, JUIZO!
Caios gargalhara beijando com carinho o pescoço da loira que respirara fundo, afastou-se lentamente fitando a dimensão castanha dos olhos de Danielle, eram olhos tão doces, tão puros. Roçou o próprio nariz ao da loira e se afastou a puxando para mais um abraço, Danielle limitou-se em repousar a cabeça no tórax do rapaz e respirar pesado.
- Está tudo bem? – Perguntou o loiro erguendo o queixo da loira com a mão.
- Vamos para casa?
- Podemos dormir aqui na Mansão Malfoy se você quiser...
- Quero ir para nossa casa...
- Ok, vamos por flú, se Kevin nos ver partindo vai fazer um escândalo!
- Adoraria evitar escândalos...
A loira forçou um sorriso, Caios a puxou pela mão e juntos subiram para o segundo andar. Era tão fácil lidar com Danielle, era tão fácil conviver com ela. Adentraram no escritório e passaram pela lareira, se Caios estava meio tonto antes, agora o mundo estava girando sozinho, saiu da lareira batendo a testa, Danielle riu o segurando, ambos se desequilibrando e caindo sobre o tapete felpudo da sala.
As gargalhadas pareceram tomar conta de cada ponto daquela casa, cerrou os olhos a puxando para si, dando-se em conta de como gostava do perfume da amiga, sentou-se a vendo deitada ainda com sombras das gargalhadas na face, ela também estava tonta. Riu colocando cada braço ao lado do corpo da loira que o fitou curiosa, abaixou a face roçando o nariz ao dela.
- O que pensa estar fazendo Sr.Trent? – Ela indagava risonha.
- Me curando... – Murmurou colando os lábios aos dela.
A loira enlaçara as mãos ao pescoço do rapaz o puxando para mais perto, o beijo sôfrego, cheio de lembranças, era como se nunca tivessem se beijado, como se a cada roçar de língua estivessem se desvendando, pouco a pouco. Caios não se controlava mais, o desejo recendia e logo não estavam mais no tapete da sala e o mundo parecia ficar exatamente onde deveria estar, tudo nunca lhe parecera tão correto quando naquele momento.
- Bom dia loiro... – Ela murmurara abrindo lentamente os olhos.
- Bom dia loira... – Ele sorria acariciando-lhe a face.
- O que foi?
- Estava lembrando de quando acordamos juntos pela primeira vez...
- Qual parte? A que eu te acusei de ser insensível e acabar com a minha inocência ou a...
- Na verdade a vez em que vimos que juntos éramos perfeitos.
Danielle sorriu abertamente o abraçando com força, já fazia dois anos que dividam a mesma cama e por Deus como era bom ficar nos braços de Caios, protegida, amada... Até mesmo seus pais haviam aprovado sua decisão de morar com o loiro, tudo bem que Digo queria matar Caios a todo custo, mas no final, ambos acabaram tomando uma bela caneca de cerveja amanteigada.
- O que quer de café da manhã? Panquecas ou omelete? – Perguntou saltando da cama permitindo que sua camisola de bichinhos ficasse a mostra.
- Você! – Caios rira.
- É sério! – A loira mostrava a língua. – Temos trabalho daqui a duas horas, o que quer?
- Hum... Panquecas! – O loiro espreguiçava arrancando risadas de Danielle que logo abandonava o quarto cantando uma melodia qualquer.
Caios desfizera o sorriso sentando-se na cama, o semblante sério fazia parte de si novamente. Por que sonhara com Anne? O nome dela havia sido proibido entre todos e nem mesmo Nathan, que aparentemente morria de saudades da irmã, falava sobre ela. Nunca mais foi comentado nada no Profeta Diário ou na reunião de inomináveis sobre ela, o assunto sobre Vega surgia vez ou outra, mas Anne Adhara nunca mais fora pronunciada.
Levantou-se da cama apanhando a varinha fazendo um leve movimento, arrancando uma tábua do chão, logo murmurando outro feitiço fazendo a porta do quarto se trancar. Sentou-se observando uma caixa localizada no buraco onde antes havia a tábua. Apanhou a caixa dentre os dedos soprando a poeira, abriu com delicadeza deparando-se com uma foto movimentada.
Anne sorria e ele beijava sua face, eram jovens, deveriam estar nos terrenos de Hogwarts e por Merlim ela era tão linda... Se fechasse os olhos talvez ainda pudesse ouvir o som de sua gargalhada. Afastou-se da caixa a guardando novamente e a selando com a tábua.
Danielle era o certo em sua vida, ele deveria afastar antigos pensamentos... Entretanto, Anne o pedia ajuda em seu sonho, ela estava tão ferida... Ela chorava.
Caminhou até o banheiro começando a banhar-se, a água caia em seu corpo e o pensamento de que sua ex-mulher não estava bem continuava o incomodar, como será que ela estava? Viva? Morta? Era ridículo pensar tanto em uma pessoa que o abandonara com tanta facilidade.
Desceu os lances de escada, a mesa do café estava posta e Danielle já estava arrumada para o trabalho, ela havia usado o banheiro do quarto de hóspedes, era sempre assim, quando ele demorava demais no banho, ela se adiantava no outro banheiro.
- Está tudo bem? – A loira indagou bebendo um gole de suco de uva.
- Hum? Por que não estaria?
- Você está colocando calda de chocolate no café e açúcar nas panquecas.
- Hã... Uma nova mania!
- Caios... Eu te conheço há tanto tempo, não vai querer me enganar agora vai?
- Eu não conseguiria mesmo! – Resmungou cruzando os braços.
- É por causa da matéria da boate? Não se preocupe, a edição foi confirmada, eles não vão mais machucar os trouxas...
- Fico preocupado é com o fato de que eles fujam antes que os prendam... – O loiro entrava na conversa.
Sim, Danielle não iria tocar no assunto “Anne” afinal ambos nem conversavam sobre ela! Seria realmente ridículo que Danielle falasse da morena do nada. Continuou a comer e a discutir sobre o trabalho, ele sabia que a única pessoa com quem poderia conversar sobre esse assunto morava na casa ao lado. Encarou a janela enquanto Danielle fazia um feitiço para lavar as louças, era tão estranho...
- Dani, vou ter que ir resolver umas coisas com o Nate antes do trabalho.
- Coisas? – A loira franzia o cenho.
- Surpresa para a Stacy, amanhã eles fazem quatro anos de casados lembra?
- Oh! Sim! Vocês já têm um plano?
- Quase isso... – Mentiu com um meio sorriso.
- Okay! Aviso que você vai se atrasar.
O loiro maneara a cabeça positivamente dando-lhe um selinho e saindo pela porta sem nem mesmo dizer um tchau. Danielle suspirou, Caios chamara Anne durante a noite inteira, suplicava por ela, havia tanto tempo que isso não acontecia, fazia tanto tempo que ele não se trancava e olhava as fotos dela debaixo da tábua do quarto... Ele sempre achava que ela não sabia de nada, mas ela sempre soube.
Danielle não era boba, conhecia Caios melhor do que ninguém, caminhou até a janela da cozinha o vendo pular a cerca que dividia seu terreno ao de Nathan, talvez Nathan fosse o único capaz de ajudar Caios, afinal o loiro não se abriria com ela sobre esse assunto, não sobre Anne.
- Espero não o estar perdendo... – Sussurrou enxugando as mãos em uma toalha.
Caios saltara a cerca pisando no gramado, Stacy descia as escadinhas da casa, trajada com roupas trouxas e os cabelos castanhos escuros curtinhos, a primogênita dos Malfoy’s parecia mais séria e profissional. Stacy dava aulas de literatura para o Ensino Médio, o que era realmente cômico, já que era uma bruxa ensinando trouxas.
- Quantas vezes eu vou ter que dizer para não pular a cerca? – Ralhara a ex-Malfoy em um tom brincalhão.
- Maus costumes nunca se perdem prima! – Rira Caios dando um beijo estalado na morena.
- Deveriam se perder! Onde está Dani?
- A caminho da redação...
- Fale com ela para jantarem esta noite aqui em casa, farei ensopado de abóbora!
- Urgh! Não me obrigue a comer da sua comida! – O loiro fazia careta recebendo um soco no braço.
- É sério!
- OK, sem violência! Onde está o meu afilhado e o pai irresponsável?
- Se aprontando... Bem eu preciso ir, te vejo a noite! – Stacy dava um beijo na bochecha do primo caminhando em direção a um carro vermelho.
O loiro ficou observando a prima a desaparecer na rua, subiu ás escadinhas da soleira e atravessou a porta que ligava a sala. Era nessas horas que ele entendia o que Nathan queria dizer como “Intimidade é uma merda”, Caios sempre entrava na casa do amigo sem sequer bater na porta, e só de lembrar que uma vez ele quase pegara sua amada prima e seu grande amigo quase dando um irmãozinho a Luke, lhe levava a crise de gargalhadas insaciáveis.
- AHHHHHHHHHHHH!!! – O berro de Nathan ecoava pelas paredes. – POR MERLIM CAIOS! EXISTE CAMPAINHA!
- Foi mal... – O loiro sorria de canto passeando as mãos pelo cabelo.
O moreno bufara vestindo uma camiseta pólo azul escura, quando estavam a sós em família, Nathan costumava a andar sem camisa, o que para Caios era incrivelmente desnecessário.
- O que faz aqui? Não trabalha mais não? – Resmungara o homem caminhando para a cozinha e saindo de lá com uma merendeira do homem aranha nas mãos. – LUKE ANDA LOGO! SE NOS ATRASARMOS NOVAMENTE SUA MÃE NÃO DEIXARÁ SÓ VOCÊ DE CASTIGO!
- Stacy anda fazendo greve de sexo? – Debochava o loiro.
- Ela deve ter aprendido com Danielle... LUKE ANDA LOGO!
Caios rira, Nathan parecia incrivelmente mais velho quando se portava diante de seu único filho, até porque o pequeno Luke, aos quatro anos de idade era quase tão peste quanto seu tio Kevin de vinte anos, Stacy ainda tinha esperanças de que quando o pequeno crescesse não se metesse tanto em confusão.
Não tardou nem dois minutos até que um menino loirinho começasse a descer as escadas, era a mesma coisa do que ver Nathan menor, só que de cabelos loiros e olhos claros. Luke era a mistura perfeita do pai e da mãe, mas o sorriso havia herdado sem sombra de dúvidas de Cold Malfoy.
- Tio Caios! – O menino sorria largamente.
- Fala Luke! – Caios batia a mão na do “sobrinho”.
- Eu consegui montar na vassoura sozinho dessa vez, mas mamãe disse que eu não posso voar de novo pelo bairro.
- As crianças trouxas não entenderiam. – Caios coçava a cabeça em divertimento.
- Você vai me levar na escola com o papai?
- É... Vou! – O loiro ria olhando para Nathan que apanhava uma mochila e colocava nas costas do filho logo entregando a merendeira.
- Vamos logo, não agüento mais ocorrências dadas por aquela professora.
- Papai anda rabugento... – Luke sussurrava perto do loiro. – Mamãe brigou com ele, porque pegou minha professora o chamando de bonitão.
Caios fitara Nathan com ironia, Stacy vivia caindo em brigas com o marido pela aparência dele ser “bem vinda” demais na região, em quatro anos de vida, esta era a terceira escola de Luke, tudo por conta de professoras assanhadas que não sabiam respeitar um homem casado. Nathan girara os olhos logo deixando brotar um sorriso nos lábios, a situação até que era um tanto quanto cômica.
- Stacy ainda vai lançar uma maldição imperdoável nessas trouxas... – Nathan comentava enquanto atravessavam os jardins e Luke andava a frente com a mochila nas costas.
- Nem me diga, Danielle disse que vai oferecer um Cruccius à próxima vizinha que me oferecer comida...
- Vai entender a cabeça das mulheres...
- E então? – Nathan enfiava as mãos no bolso encarando o filho continuar a andar a frente. – O que te traz a minha humilde residência pela manhã?
- Anne.
Nathan parara de andar, seus orbes negros não focavam mais seu filho, mas sim seu ex-cunhado, o moreno parecia ter a garganta seca e uma expressão doentia havia tomado conta de seu rosto perfeito.
- Papai, vamos logo! – Resmungava Luke à frente.
O moreno balançara a cabeça seguindo o filho, Caios tinha o semblante rígido, aparentemente falar de Anne não só o feria, mas feria aquele homem ali ao seu lado.
- Notícias de minha irmã?
- Sonhei com ela esta noite...
- Queria eu poder sonhar com ela...
- Nathan...
- Luke pergunta por ela sabe? Semana passada teve um dever de casa sobre “Como Seus Pais Escolheram Seu Nome”, Luke escreveu que era o nome que a tia dele iria dar à seu futuro filho, Stacy leu e ficou calada, Luke perguntou por que ainda não a conheceu e tudo que eu consegui dizer foi que ela está viajando por uns tempos...
- Você não sabe nada dela?
- Caios, esqueça Anne...
- Você sabe que não é fácil.
- Entenda uma coisa, você tem Danielle agora, precisa ficar com ela e não procurar um fantasma de seu passado. Danielle te trouxe a cura.
- Eu sei... – O loiro bufava parando frente a grades prateadas.
- Luke venha se despedir! – Nathan ralhava fazendo o menininho voltar e o abraçar forte. – Sua mãe te pega mais tarde.
- Ok! Até logo papai, até depois Tio Caios!
- Até garoto! – Caios acenava com a cabeça vendo o loirinho correr escola adentro.
Nathan ficou observando o filho por um tempo até se virar e começar a andar em direção contrária, Caios o seguiu com as mãos no bolso permitindo que o mais absorto dos silêncios se instalasse entre eles, era estranho como apenas o citar do nome de Anne, as coisas conseguirem ficar absurdamente tristes.
- Vou ver se consigo informações... – Nathan murmurou.
- Nathan...
- Ela é minha irmã Caios, você pode ter tido um presságio. Fico agradecido por ter me contado o que soube.
- Você é um de meus melhores amigos e ela, ela é...
- Ela sempre vai ser. – Nathan forçava um sorriso. – Você precisa ir para o jornal agora.
- É, eu vou... Até mais cara.
- Até... – Nathan respirava fundo vendo o amigo correr para longe, certamente para algum beco para assim apartar.
Caminhou com as mãos dentro do bolso por algum tempo, sentia-se enjoado e ligeiramente doente, talvez fosse a conversa com Caios ou o café da manhã que ele mesmo resolvera preparar, a verdade era que se Nathan Adhara estivesse pelo menos um pouco atento teria percebido que era seguido e que o vulto o observava de longe com olhos lupinos e perigosos.
Estava sentada no chão imundo, sua mala estava em cima da cama e só de pensar que ali só havia vestes que ela não usava a mais de quatro anos lhe dava vontade de gargalhar. Balançou a cortina negra que eram seus cabelos e apanhou um vestido leve cor de rosa, o fitou com desprezo, roupas coloridas não eram mais o seu forte.
Caminhou até a cabeceira da cama apanhando sua varinha, apontou para a mala hesitando, maneou a cabeça negativamente e tocou a mala com carinho retirando desta um álbum velho de fotografias, o abraçou com força... Ela estava voltando para lá, estava voltando para Inglaterra, ela iria vê-lo novamente, sentiu o coração bater mais forte, se afastou do álbum como se este fosse amaldiçoado e tornou a apontar a varinha para a mala que logo começara a pegar fogo.
- Tomou gosto pelas chamas e resolveu se tornar piromaníaca? – A voz debochada de Vega queimava em seus ouvidos.
- Humpf... Apenas não aprecio estas vestimentas.
- Poderemos comprar mais em Londres...
- Em Londres? – Gargalhou a morena. – Somos caçados em Londres! Acha mesmo que desfilarei em Londres com casacos de pele? Poupe-me Apus...
- Você não só desfilará como também irá ao Ministério da Magia e entrará pela porta da frente...
- Acho que o calor fundiu seu cérebro... – Anne franzia a face apagando o fogo com a varinha.
Apus girara o corpo com velocidade, a morena saltara para trás evitando que ele a atingisse com um de seus conhecidos golpes.
- Você está veloz... – Ele analisara. – Seus poderes aumentaram tanto que ninguém conseguirá te impedir...
- Eu sou a mais forte? – A morena indagava com superioridade.
- Não enquanto eu for seu mestre... – Apus piscava marotamente.
Anne girara os olhos caminhando para a janela quando sentiu o braço ser puxado com força, tentou se afastar, mas Apus já havia a imobilizado contra a grade, respirou fundo o encarando nos olhos, olhos que ela havia aprendido a respeitar e a se auto-inferiorizar, Apus Vega era muito mais do que aparentava, ele era como seu nome, mas poucos eram capazes de notar sua magnitude.
- Não tema seus inimigos, não tema sua maldição...
- Eu não temo, eu não sinto, sou superior a isso!
- Mas ainda não é forte o bastante minha cara...
- Sou mais forte do que aparento. – Resmungara sentindo o corpo ser solto por Apus e seus joelhos ralarem ao tocarem ao chão.
Apus afastou-se e apanhou o álbum de fotografia na cama, ele o folheou e observando-o com desprezo jogou-o aos pés de sua pupila e fitando-a com seriedade.
- Você ainda não está pronta para enfrentar sua maldição.
- Quando? – A voz da Dama Negra sai como uma suplica. – Quando eu estarei pronta?
- Em breve... Você irá entender tudo a sua volta, até lá lute!
Anne engoliu o choro que estava por vir, Apus apontara a varinha para o álbum e este se tornou cinzas em poucos segundos. A morena ergueu-se do chão e inclinou a cabeça para trás arrebitando ainda mais seu nariz.
- Procyon sabe que ando agindo como Agente Duplo.
- Como?
- Irá haver um baile em nossa homenagem, Procyon irá me matar neste baile.
- Do que você está falando? – A morena aproxima-se do homem o tocando no rosto com carinho. – Apus...
- As informações que passei a Carter Trent e ao Ministério, Procyon está ciente, ele não sabe que você tem sido minha cúmplice por isso você terá que usar boa parte de seu poder para omitir essas informações em seu cérebro...
- O que você...
- Ele irá me matar.
- Entendo... – Anne afasta-se e volta a encarar a janela, os olhos disfarçando toda a dor de seu ser.
- Você deve agir como agente dupla, Procyon certamente irá lhe sugerir isto já que o Ministério sabe que é minha noiva, você deve deslumbrar Procyon.
- Devo fazê-lo se apaixonar? – A morena o fitou por cima dos ombros.
- Não apenas se apaixonar... – Apus se aproxima e a toca nas costas com carinho. – Deve fazer com que ele confie apenas em você, que ele sucumba por você... Você deve ser o centro do mundo dele... Eu não estarei mais aqui Anne, mas você é capaz de erguer e destruir um homem, nós dois já vimos isso antes.
- Carter Trent sabe como quebrar minha maldição, não sabe?
- Sim.
- Por que não me transmite essa informação?
- Ainda não está pronta.
- O que eu devo fazer?
- Deve esquecer que Anne Adhara Trent existiu e que agora só resta a Dama Negra, apenas isto.
A morena respirara fundo, fitou as cinzas do álbum de fotografias, ela era uma maquina ela deveria agir como uma maquina e assim ela iria finalmente acabar com o sofrimento que causara.
Apus não estava mais atrás de si, certamente deveria estar mandando informações a Carter Trent, seu ex-sogro... Ela deveria fazer alguém se apaixonar e ao mesmo tempo deveria destruir esse alguém, quantas vezes em vida ela teria de fazer isto? Quantas vezes ela teria de ser uma assassina? Que Deus tivesse piedade de sua alma, pois ela mesma não sentia mais.
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