Capítulo Único



Capítulo Único



A primeira coisa que Sirius fez quando acordou naquela manhã fora tatear a parte da cama que estava logo atrás de si, e ele só parou até encostar-se ao corpo de Marlene. Sorriu e relembrou momentos da noite anterior. Ele, Marlene, James e Lily foram para um pub no centro de Londres, beberam horrores e quando Marlene e Sirius foram para a casa dele, ele arrancou todas as peças de roupa dela com os dentes e teve o sexo mais divertido de sua vida. Eles riram por metade da noite, fazendo besteiras intimas e carinhos, além de muitas palhaçadas um para o outro. No meio de uma transa e outra, eles iam para a cozinha, para a sacada, conversavam, lutavam, dançavam... Eles pareciam dois amigos, porém que transavam. E se amavam.

Na realidade, era bem isso mesmo. Dois amigos que se amavam e transavam. Marlene era uma cópia de si mesmo, tão sarcástica e desejada quanto o próprio Sirius. Ele ainda não havia convidado-a para morar junto dele, mas apenas porque ela estava morando com sua irmã, que precisava de sua ajuda.

As saídas com Marlene eram ótimas. De dia, eles tinham o hábito de andar por praças, por ruas e comer em barres pequenos e vazios, apenas conversando, se beijando, se abraçando, de mãos dadas, sozinhos. De noite, eles saiam para as festas mais lotadas da balada de Londres, já bêbados, e se divertiam incrivelmente, para depois acabar na cama do apartamento dele.

Ele não podia estar com uma mulher mais correta para ele.

Dormindo na tão querida posição conchinha. Seus braços estavam dobrados na frente de seus fartos seios, e suas pernas dobravam nos joelhos. Sirius abraçou-a com mais força e deu um leve beijo na curva de seu pescoço. Marlene sorriu levemente, e quando ele se levantou, não abriu os olhos. Apenas se encolheu mais.

Sirius cobriu-a com o edredom da cama e jogou os longos e pretos cabelos dela para trás de seus ombros. Depois caminhou até o banheiro. Deu uma longa olhada em seu reflexo e sorriu.

Depois de quase dez anos de farras, mulheres, bebidas e tapas na cara, ele resolvera tomar jeito. Dez anos... Talvez fosse tarde demais. Com essa guerra, qualquer coisa pode ser tarde demais. Ah, como ele queria ter conhecido Marlene há três anos atrás, quando havia finalmente saído da escola e começou a tomar conta do próprio nariz! Eles teriam muitos outros momentos, muitas outras risadas, tantos beijos... O começo do namoro dos dois não foi dos melhores, há um ano atrás, mas mesmo que fosse há quatro anos, não seria, Sirius tinha certeza disso.

Eles estavam numa convenção de auror. Ambos exerciam essa profissão, mas naquela época, Sirius era um machista prepotente que ainda não havia aceitado que uma mulher tivesse entrado no time do Tornados. E ali estava, bem a sua frente, Marlene McKinnon, a parceira de trabalho de Olho Tonto, a única mulher de todo o Esquadrão dos Aurores, e adivinhe só, apenas um cargo abaixo da posição de Sirius.

Ele não podia acreditar, é claro. Ela era uma mulher, pelo amor de Deus. Sem força, com nojo de tudo o que vê, que servia apenas para ficar lavando roupa e cozinhando. Quando ele comentou isso com James, seu parceiro de trabalho, que estava ao seu lado, teve uma surpresa. James sorriu e disse:

- É a Mar.

E foi abraçá-la. Remus, ao ver a expressão de desentendimento em Sirius, lhe explicou que Marlene e James eram grandes amigos desde quando eram crianças. Vizinhos, na verdade. Sirius sorriu marotamente e fora falar com a mulher.

- Esse é meu melhor amigo, Sirius Black. – disse James, assim que Sirius chegou perto dos dois. – Sirius, essa é Marlene McKinnon, minha amiga de longa data.

Ela balançou levemente a cabeça para Sirius, que retribuiu o gesto. Não, ela não era bonita. Pelo menos estava bem longe do nível das mulheres que Sirius levava para a cama (modelos do Semanário Bruxo). Tudo bem, seus olhos eram encantadores, assim como a risada que ela dava para James, mas ela não era bonita. Tinha um charme, apenas isso.

- Mas então, senhor Black, você é parceiro de James? – ela perguntou, tomando um longo gole do Martini que estava em sua mão. Sirius lhe ergueu a taça, como se brindasse.

- De tempos. – ele respondeu, sorrindo maroto.

- Ele é um grande filha da puta, não é? – ela dissera, fazendo um cafuné nos despenteados cabelos de James, que revirou os olhos. – Sempre aprontava comigo. Lembra aquela vez em que nós estávamos transando no jardim dos Abbot e a tia Maria apareceu, gritando com a gente? Você saiu correndo e me deixou lá sozinha.

Enquanto James gargalhava com vontade, se dobrando no próprio corpo, Sirius pensou. Transando? Ela com James? Mas James não tinha mania de falar com as mulheres com quem ele dormia, muito menos agora, que estava noivo de Lily.

- Então vocês namoraram? – perguntou Sirius, bebendo. Marlene e James se entreolharam, sorrindo.

- Não. – ele disse, dando de ombros. – Nós apenas... Não sei explicar. Conta pra ele, querida. – ele disse a ultima palavra como os maridos falavam para suas esposas, e Marlene riu com vontade.

- Nós tínhamos apenas quatorze anos, queríamos descobrir... Coisas. – ela disse, dando de ombros e olhando nos olhos de Sirius. – E sempre confiamos muito um no outro, então um dia disse que queria que a minha primeira vez fosse com ele, pra não ser com nenhum outro homem que não mereça. Naquele dia mesmo a gente transou.

- É, e depois ela não conseguiu mais parar. – disse James, fazendo Marlene arregalar os olhos. – Na boa, se a minha cama não fosse tão boa e grossa, eu teria quebrado as minhas costas. Você ainda continua assim, Mar?

Marlene deu um tapa no ombro de James, rindo. Depois deu as costas e foi falar algo com Olho Tonto.

- É sério, mano. – disse James, virando-se para Sirius. – Ela gosta de sexo, gosta mesmo. Tudo o que eu sei eu aprendi com ela, e ela é muito experiente. Faz coisas que eu nem sabia que podiam ser feitas. A gente estudou o assunto ao fundo.

Obviamente, naquele momento, Marlene já era mais atraente que qualquer outra mulher no mundo para Sirius.

Mais tarde, naquela mesma festa, ele chegou nela, conversando. Bom, foi mais um papo curto, porque dez minutos depois, ele estava lutando contra o sutiã dela enquanto ela o jogava numa cama. E James tinha razão: ela gostava de sexo. Quando Sirius não agüentava mais, quando a única coisa que ele queria era capotar ali do lado dela e dormir, ela subia em cima dele novamente, e só o sorriso que ela exibia fazia Sirius querer rolar sobre o edredom com ela de novo e de novo e de novo...

E nesse exato momento, enquanto ele saia do banheiro e voltava para o quarto, ele percebeu que, pela primeira vez em muitos anos (dez, para ser exato), ele estava feliz de verdade. Ele tinha amigos, tinha um emprego, uma mulher maravilhosa o esperando na cama, e que ele amava... O que mais ele podia querer?

Quando ele entrou no quarto, Marlene estava sentada, se espreguiçando de olhos fechados. Sirius sorriu de lado e se apoiou no portal da porta, de braços cruzados. Marlene jogou os braços do lado do corpo e olhou para Sirius, um leve ar de riso em seu rosto. Sorriu infantilmente ao ver Sirius ali, devorando seu corpo com os olhos.

- Oi. – ela disse, se ajoelhando na cama. Deus, ela estava simplesmente maravilhosa naquela lingerie azul. Realçava seus olhos de maneira quase que desumana.

- Oi. – ele disse, e se ajoelhou na frente dela. – O que a gente vai fazer hoje?

- O que você quer fazer? – ela perguntou, se sentando como índio. Sirius sorriu maroto.

- Você ainda pergunta?

- Si! – ela disse, rindo e dando um leve tapa no braço dele. – Você deve ta querendo me matar, só pode. – ela completou, e Sirius riu. Marlene sorriu levemente ao o ver jogar a cabeça para trás enquanto ria. Ela gostava de vê-la rindo sinceramente, de algo que ele achava engraçado, ao em vez de rir ironicamente ou marotamente, como costuma a fazer na frente dos outros.

- O que você quer fazer? – ele perguntou, se sentando e colocando uma mecha de cabelo dela atrás de sua orelha. Ela mordeu os lábios e pensou por um segundo, olhando para o teto.

- Cozinhar.

- E eu quero comer, então perfeito. – ele disse, batendo uma palma. Jogou-se na cama e deitou, enquanto estudava cada movimento que Marlene fazia para se levantar. Quando ela começou a andar para fora do quarto, Sirius a puxou pela mão, fazendo a cair em cima de si mesmo. A puxou pela nuca e beijou-a com fervor, enquanto sua outra mão deslizava pela pele macia da mulher. Ela arranhou o peito nu do rapaz e se sentou em cima da cintura dele, enquanto fazia movimentos circulares com o quadril ali. Sirius gemeu levemente e chegou mais perto dela, se sentando na cama também. Inverteu as posições e deitou por cima dela, e pressionou seu quadril com força no quadril dela, que gemeu mais alto. Beijou-a por mais uns dez minutos e quando sentiu que o clima ia esquentar, se separou dela.

- Eu quero comer, porra. – ele disse, saindo de cima da mulher que novamente gemeu, mas não de prazer.

- Você é mal. – ela disse, se levantando e saindo do quarto. Sirius sorriu mais ainda e se deitou de vez na cama. Olhou para o teto branco por uns minutos, e fechou os olhos. Sorriu levemente ao ouvir Marlene cantando lá da cozinha “love’s not a competition, but I’m winning!”. O amor não é uma competição, mas eu estou ganhando. Sirius se sentia assim nesse momento. O amor não é uma competição, ele não precisa provar para absolutamente ninguém além dele mesmo o quanto ele havia mudado para melhor depois de conhecer Lene. Mas ele estava ganhando. Apenas por poder ficar com a mulher mais completa e bonita de todo o mundo, ele já estava ganhando de todos os outros caras do mundo inteiro. Levantou-se de um salto e começou a andar para a cozinha. Deu de cara com uma Lene de costas, que agora, além da calcinha e do sutiã, usava uma camisa branca social de Sirius, que ficava enorme em si mesma, jogando os cabelos de um lado para o outro no ritmo da música que ela ainda cantava, procurando alguma coisa na geladeira. Sorriu marotamente e chegou por trás da menina, e abraçou-a pela cintura.

- Ô, que enconchada. – ela disse, levando uma de suas mãos para os cabelos do namorado. A outra ainda procurava algo dentro da geladeira cheia.

- Só pra quem merece. – ele disse, beijando o pescoço dela. Depois se sentou à mesa que estava ali e abriu seu Profeta Diário. – Posso saber por que diabos você está andando de calcinha e sutiã pela casa? O vizinho pode te ver, e eu absolutamente não quero que isso aconteça.

Lene sorriu enquanto levava o leite para a pia.

- Você não pode falar nada. Fica ai andando só de boxer pela casa, mostrando essa sua barriga feia... E nós dois bem sabemos que é por você que o vizinho é tarado.

Sirius prendeu a risada e arqueou uma sobrancelha, erguendo seu olhar para Lene.

- Algo contra a minha barriga, senhorita McKinnon?

- Com certeza. – ela disse lhe lançando um rápido olhar maroto, para depois se concentrar nas panquecas que fazia. – Ela fica roubando a minha atenção, eu não posso fazer nada sem errar quando você fica sem camisa. É uma merda.

Sirius sorriu abertamente.

- E você acha que é fácil ler meu jornal quando suas coxas estão logo atrás dele, nuas? – ele disse, mordendo o lábio inferior e jogando o jornal pro lado. Ela se apoiou na pia, olhando diretamente para os olhos dele.

- Não. – ela disse simplesmente, sorrindo. Sirius sorriu e se levantou. Caminhou até ela e segurou seu rosto com as duas mãos.

- O que é que eu faço com você, hein? – ele disse, lhe dando um beijo de esquimó. Lene fechou os olhos, sentindo o carinho.

- Me deixa ir na missão no Brasil com você. – ela disse, ainda com os olhos fechados. Sirius fez um longo “hm” enquanto pensava.

- Me de um bom motivo.

- Eu não quero que você vá sozinho. – ela disse, olhando dentro dos olhos cinza do homem. – Lá esta cheio de Comensais, corre o boato que o próprio Voldemort está lá... – nesse momento, Sirius percebeu um brilho de temor passar pelos olhos de Marlene. – E a única maneira de eu poder ir com você pra lá, é consultando o meu chefe, e como você é o meu chefe...

- Pois é, eu sou seu chefe. – ele disse, sorrindo superior. Marlene revirou os olhos, divertida.

Obviamente, Sirius queria que Marlene fosse com ele. Queria passar o máximo de tempo possível ao lado dela, não desgrudar jamais de sua companhia, de seu corpo, de seu colo... Queria que, onde ele fosse, ela estivesse do seu lado. Uma vez ele lhe dissera isso, e ela lhe respondera, sorrindo levemente, que talvez fisicamente ela estivesse longe, mas seu coração estaria sempre ao lado dele. Ele se sentira muito melhor após essas belas palavras, mas ainda assim, não era o suficiente. Ele queria tocá-la, beijá-la...

- Eu deixo você ir. – ele disse, e Marlene abriu um sorriso enorme. – Mas só porque você é minha mulher.

- Ah, seu mentiroso, você me quer lá porque você precisa dos melhores aurores possíveis, e eu sou a numero um daquela merda de Esquadrão. – ela disse, sorrindo e fazendo uma dança da vitória. Sirius riu. – E além do mais, eu não sou sua mulher.

- Um dia vai ser. – ele disse, dando um selinho nela. Sentou-se novamente, enquanto Marlene voltava as suas panquecas. Tentou ler seu jornal, mas era simplesmente impossível. Marlene não parava de dançar, subia a camisa até a altura de seu umbigo, cantarolava, mordia seu lábio inferior, prendia os cabelos que logo em seguida se soltavam numa dança lenta e sedutora. Sirius observava tudo aquilo com um leve brilho no olhar fixo.

- Mar? – ele chamou, mordendo o lábio inferior.

- Sim? – ela respondeu, sem olhar para ele.

- Você está tentando me seduzir? – ele perguntou, e a morena parou de dançar. Virou-se para ele com um sorriso maroto, arqueou uma sobrancelha e disse:

- Por quê? Você é seduzível?

Ah, ela não fazia idéia do quanto ela conseguia se sexy...


****

Eu já disse como eu sou fã da Marlene? E como eu invejo ela?

Eu sou fã dela. E invejo ela pra caralho.

(L)

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Comentários (1)

  • Luh Balaço

    Tbm m sou mt fã dela e ele invejo ela pra caralho, principalmente por ngm encoleirar o Sirius como ela e pq eu vivo me identificando com ela mas n chego aos pés dela nem ferrando. Fic mt boa msm, acho q é uma das q descreve melhor a relação entre Sirius, Marlene e James, se não A melhor.

    2014-03-25
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