Capítulo 6



Capítulo 6.

Definitivamente não fora uma boa idéia assistir o treino de quadribol. Muito enjoada com o comportamento de Charles, acabei falando em alto e bom som que Sirius era muito melhor que ele. Marlene ficou chocada com a minha observação.

Ela disse que iria ter de falar com Potter que eu estava interessada em Sirius, para que ele tomasse providencias. Então falei que Sirius era muito melhor para ela do que Charles. E ela me perguntou se eu estava louca. Então estávamos quase brigando quando ela me disse que eu não devia julgar os outros pela minha própria história.

Resumindo ela quis dizer que estava projetando meu romance com Potter, nela e em Sirius. Mas, deixou claro que isso não tem nada a ver, já que ela e eu somos muito diferentes, e absolutamente Sirius e Potter também são pessoas distintas. Acontece que falei pra ela que eu concordava com isso, e justamente achava que ela e Sirius formavam um belo par, enquanto eu e Potter definitivamente não.

Foi aí que me pediu pra eu provar pra ela, então. Se eu realmente não gostava de Potter, então por que ficava o dia inteiro na companhia dele? Como se eu tivesse escolha. E falou que me desafiava a ficar 24 horas longe de Potter, como prova de meu desamor.

Aceitei o desafio. Então, o dia de hoje vai ser longo. Tenho exatas sete horas sem falar com Potter, sete das quais eu estive dormindo. Acordei mais cedo novamente, e desci pensando em não esbarrar em Potter na sala comunal. Felizmente, ele ainda não havia acordado, somente Remus.

Convidei Remus para tomar café comigo. “Por que temos que tomar café na cozinha?” Não gosto de mentir, mas era preciso. “Eu estou com pressa hoje, quero passar na biblioteca antes das aulas.” Ele pareceu engolir bem esta desculpa. O bom de Remus é que ele não costuma fazer muitas perguntas, ao contrário de seus amigos.

Tentei demorar o menos possível no meu café. “Você também vai para a casa de Lene nas férias?” Ele me disse que não poderia. Então ele falou que Sirius estava querendo que Alice me acordasse ontem, só para que eu despejasse as informações da minha conversa com Lene. Como conseguiria evitar Potter se o melhor amigo dele está atrás de mim?

Terminamos o nosso café e Remus disse que não poderia me acompanhar à biblioteca, porque tinha que fazer a ronda da manhã. Dei meus pêsames de ex-monitora pra ele. Então fui bolando alguma estratégia para que Potter não me achasse nas aulas.

Não poderia ir para à biblioteca, Remus não evitaria me entregar. Não poderia faltar as aulas, Lene dissera que assim seria fácil demais, seria fugir. Resolvi entrar numa sala ao lado da de Defesa contra as artes das trevas e aguardar as aulas começarem para, então, entrar. Sentaria bem longe de Potter e ele não ousaria em se aproximar enquanto o professor estivesse dando a aula.

Estava otimista com meu plano, mas então Sirius, sabe-se lá como, me achou na sala. “Como você me achou aqui?” perguntei com o coração disparado, será que Potter havia vindo atrás dele? “Isso importa? Lily, quero que você me diga o que descobriu.”

Ah! Sim, ele é Sirius Black e só pensa nos interesses dele. Mas, bom, eu sou Lily Evans e estou bem focada nos meus. “Potter veio com você?”. Ele me olhou com curiosidade “Ele queria vir, mas falei que talvez fosse bom te deixar fazer o que quer que fosse aqui nesta sala sozinha” Ah! Pelo menos ele não veio. Mas como eles sabiam que eu estava aqui?

“E como vocês sabiam que eu estava aqui?” Estava de boca aberta. “Me conte sobre Lene e eu te falo, você já sabia mesmo... Antes de ter perdido a memória, quero dizer”. Pensei durante um minuto e achei que parecia uma boa troca de informações.

“Acho que ela gosta de você, agora me diga!”Falei sorridente. “Ah! Lily, você pode fazer melhor que isso” Como ele era insistente. “Realmente acho que ela gosta de você, ela não me falou com todas as palavras, mas, por exemplo, parece ter ciúmes de você.” Eu não podia parar por aí. “Você deveria...não sei... marcar um gol amanhã e dedicar a Lene”

Ele me olhou como se eu estivesse louca “Não mesmo, Lily”. Sirius não ser exatamente o cara mais romântico do mundo, não era uma surpresa. “Então, você poderia dar uma caixa de chocolates pra ela, deixar ela comer tudo e então quando ela estivesse sem fome e feliz, falasse ‘Lene, deixe o Charles para trás, não vou te deixar jamais’”

“Lily, deixa a parte da conquista comigo, ok? Só tente conseguir mais informações.”. Ele estava me olhando como se eu fosse uma completa idiota. Só o trabalho sujo para a Lily aqui, não é mesmo? “Então me diga como você e Potter sabiam que eu estava nesta sala?”

Ele pegou um pergaminho, desdobrou e vi que estava em branco. Então, falou “Juro solenemente não fazer nada de bom” e linhas foram sendo desenhadas. Era uma mapa de Hogwarts, e tinham pontinhos que representavam pessoas, e lá estava meu nome ao lado do nome de Sirius. Fica difícil lutar contra adversários com armas tão engenhosas!

“Será que você podia deixar o Potter afastado deste mapa hoje?” Perguntei esperando que ele não me respondesse com perguntas. “Se você me disser o porquê, não me importaria.” Tenho certeza que Sirius me achava louca. Mas tudo bem porque eu também não o acho nada normal.”Sirius...Só até meia noite, Por favor! Uma garota precisa de privacidade de vez em quando...”

Ele assentiu e perguntou se não iríamos para a aula. Então acabei me sentando com Sirius, na única carteira vaga, a da primeira fila. Potter estava no lado oposto da sala! Afinal, Merlin ainda gosta de mim!

Sirius conseguia falar mesmo na cara do professor. E infelizmente não consegui resistir em responder. “Mas, Sirius, você vai passar as férias na casa dela, tem que tirar proveito disso.” Ele me olhava com pena. “Eu vou na casa dela desde meus três anos de idade, isso não é muita vantagem, é?” Ficamos a aula toda assim, pensando em qual seria a melhor forma de Sirius se declarar para Lene. Não chegamos a nenhum acordo, já que Sirius tem idéias idiotas. “E se eu simplesmente a coloca-se contra a parede e a beija-se?” parece que ele acha que o beijo dele é algo irresistível. E minhas idéias também não o agradavam, ele definitivamente me achou uma doente quando sugeri que ele anunciasse seu amor por Lene no Profeta Diário.

Mas era extremamente legal fazer isso. Ficar bolando idéias para Sirius conquistar Lene. Era como se eles fossem meus bonequinhos. Mil idéias brotavam em minha mente e após uma pequena filtragem, falava para Sirius que, apesar de rejeitá-las, tenho certeza que as registrava.

Nem mexi em meus livros e cadernos para não ter que desarrumar minha mochila e demorar para sair da sala. Falei para Sirius não se esquecer de nosso acordo sobre o mapa e disse que ia almoçar na cozinha. Mas na verdade fui para o dormitório, não achava que Sirius ia ficar verificando se eu estava ou não na cozinha.

Não estava com fome. Tomar o café rápido havia me deixado enjoada, eu achava pelo menos. E como isto de fugir de Potter estava me deixando deprimida, resolvi ir em minha caixinha secreta ver as últimas cartas de meus pais. Depois de amanhã iríamos para a casa de Lene e nem ao menos sabia se meus pais foram informados.

Quando abri a caixinha, vi o amuleto de Potter. Havia me esquecido dele. Depois poderia perguntar pra Sirius o que exatamente era aquilo. Peguei as cartas de meus pais e infelizmente as fotos vieram juntas.

Tinham duas fotos novas ali. Uma eu vira no dia em que perdera a memória, Potter sorrindo e depois piscando o olho. Olhando para a foto dele nem fiquei irritada com o fato de ele estar sempre sorrindo. Atrás a letra de Potter desenhava “Para você não esquecer de mim durante as férias. Com amor, James”. Ele deve ter me dado antes das últimas férias de verão. Fiquei ainda mais deprimida.

Mas a segunda foto era ainda pior. Estávamos eu e Potter na sala comunal, ele me abraçando por trás, ambos sorrindo e então ele me dava um beijo no rosto. Atrás de nós dava pra ver um bolo, era aniversário de alguém. Olhei atrás da foto e agora era minha letra que desenhava “Primeiro aniversário de James que passamos juntos.”. Aquilo era perturbador demais!

Resolvi dar um basta em meus pensamentos sobre Potter. Porque, obviamente, aquelas fotos e uma pessoa com a imaginação tão fértil como a minha poderiam fazer eu definhar pensando nas mil possibilidades de minha vida esquecida. Então peguei as cartas de meus pais para ler.

Eles já sabiam que iria para a casa de Marlene. Aliás, pareciam felizes com isso, porque Petúnia estava perturbando-os para que o namorado dela não encontrasse com o meu. E, além de tudo, falavam um bocado sobre Potter, e minha mãe parecia adorá-lo. Meu pai, bom, parecia amá-lo. Mas meu pai também nunca foi muito bom da cabeça.

Caminhei em direção à aula de aritimancia pensando em como eu tinha azar. Quanto mais fugia de Potter mais ele entrava na minha vida. E como um agouro, ele surgiu na minha frente. Meu coração disparou. Procurei Marlene, mas nem tinha sinal dela. Tentei, então, me acalmar.

“Lily” Ele obviamente tinha corrido até mim, estava ofegante. Estávamos no segundo andar, quase enfrente a sala de aula. “Por que não almoçou hoje?”. Sirius traidor havia deixado ele ver o mapa. Permaneci calada, tinham 13 horas que não falava com ele, não queria botar tudo a perder.

Olhei nos olhos dele. Abri a boca, então fechei e fui para aula. Ele não foi pra aula, porém. Fingi que estava prestando atenção na professora, mas na verdade queria era que acabasse logo, assim ia falar com Sirius. Nem me importava que ele estivesse sentado ao lado de Marlene. Queria aquele mapa. Eu queria ver onde Potter estava, necessitava.

Na verdade Sirius veio até mim, porque eu acabei dormindo em minha mesa. Dois dias acordando cedo e ainda sem almoço não estavam me fazendo bem. “ Lily, está tudo bem com você?”.

Claro que não estava, mas menti. “James e Marlene brigaram...” Acho que ele percebeu que eu não estava muito interessada no momento pelo romance dele e de Marlene. “Ah! Ele já sabe que você não pôde falar com ele antes da aula porque a Lene a desafiou...” Estou cercada de traidores.

“Como ele soube se ele nem estava na aula?”, Sirius mexeu no bolso da calça e disse que tinha seus meios. Esqueço sempre que estou lidando com malfeitores. “E então ele e Lene brigaram... Ela disse que só estava querendo ajudar...E ele falou que só atrapalhou...” Ah claro, isso faz muito sentido.

“E onde ele está agora?” perguntei pensando se Marlene talvez suspendesse o desafio, estava precisando falar com Potter. Mesmo que fosse uma de nossas conversas retóricas. Qualquer coisa estava topando. “No campo, estou indo pra lá...Aposto que hoje o treino vai ser pesado.”

Sentei-me no sofá do salão comunal. Fiquei quieta fingindo estar lendo um livro. Depois de algum tempo, Remus veio falar comigo. Não ouvi nenhuma palavra do que ele disse até que ele mencionou Potter. “Daqui a pouco James deve estar chegando...Você e Sirius já pensaram em algo para Lene?” Falei qualquer coisa para ele. Na verdade, acho que estava doente.

Sirius chegou depois, havia 20 horas que não falava com Potter. Mas, veio sozinho. Chegou perto de mim e disse que tinha feito algo com Charles e, novamente, não prestei atenção. Então, falou que Potter estava tomando banho no vestiário. Ele me perguntou por Marlene e Alice, e a verdade é que eu não sabia delas. “Ah! Sirius veja seu mapa” Falei desanimada.

E então Potter chegou. Não esperei ele chegar onde eu estava com Remus e Sirius. Não me importei que devia esperar mais duas horas para poder falar com ele. Era como se eu fosse usuária de uma droga, a droga, neste caso, era Potter. Levantei e simplesmente o abracei afundando meu rosto em seu peito. Ele me envolveu com seus braços, devolvendo o abraço.

E tudo voltou ao normal. Não estava me sentindo mais deprimida ou enjoada. E até a fome voltou. Mas isso também não queria dizer que eu ia sair de meu abraço. Simplesmente parecia impossível sair dali.

“Isso não quer dizer que eu te amo”, falei, evitando enganos futuros. Era mais como se meu corpo dependesse de uma dose diária de Potter para poder se manter bem. “Ah! Eu jamais imaginaria algo assim” Sabia que ele estava rindo e nem me importei. Então ele deu beijo no alto de minha cabeça e apertou ainda mais o abraço. “Nunca mais faça isso, pode até me dar um novo tapa, mas não fique longe de mim, está bem?” Como se eu tivesse escolha.

Por que eu?

Nota da autora:

Eles são tão fofos, não são? Desculpem, mas novamente o capítulo não terminou do jeito que eu queria, mas sim do jeito que a Lily queria. Juro, a vontade do abraço foi crescendo conforme o capítulo foi sendo escrito e no fim foi irresistível.

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