Meu coração está cheio de...

Meu coração está cheio de...



1. Meu coração está cheio de nenhum sangue

Londres trouxa, outubro de 1929 ~ 76.713º, 76.714° e 76.715° cigarros

Eu sou um almofadinha.
Daqueles fidalgos insuportáveis, da pior espécie. Se trabalha em alguma butique de luxo ou em algum desses pubs decrépitos, gostaria que eu morresse. Mas a gente não mata a galinha dos ovos de ouro. De modo que almofadinhas como eu ainda irão perdurar. Eu sei que desperto revolta gastando por mês, sozinho, o que sustenta muitas famílias de cinco pessoas. Não me leve a mal, mas a culpa não é minha se nem planejamento familiar vocês sabem fazer. Que culpa tenho se ostento o que tenho de melhor?
Também não ache você que meu dinheiro compra tudo. Claro, posso comprar muita coisa: bebidas, obras de artes, minha futura esposa e até sua dignidade. E, mesmo assim, queixo-me da vida. Quem disse que meu sorriso de dentes de louça é sincero? Quem disse que minha saúde anda bem? Quem sabe, talvez, eu não tenha pulmões podres dentro de mim? Como eu poderia ser feliz, tendo uma expectativa de vida de dois anos?
Então, não venha culpar-me se sua vida não vai bem. A propriedade é a origem da desigualdade entre os homens, não eu. A minha vida não vai bem, a do Rei não vai, a do pedinte da porta da igreja não vai. Por que acha que seria abençoado por Deus? (Se é que Ele existe). Estamos aqui para sofrer. Aqui, meu querido, é o purgatório. Não pense você que terá um julgamento pós-morte. A vida é aqui e agora, pelo menos até que alguém volte para contar.
Ajeito minha abotoadura antes de acender o cigarro. Nicotina e alcatrão entram no meu organismo, tendo efeito tranqüilizante e bloqueando qualquer pensamento de minha cabeça. Está tudo bem. Tudo vai ficar bem. Mais uma tragada... Hum, dessa vez sinto o coração desacelerar. Menos um segundo a cada tragada. Minha vital contagem regressiva. Digo, minha letal contagem regressiva.
Solto a fumaça rumo ao céu e ela se perde no fundo cinzento. A rua cheia está me dando nos nervos e meu pai me aporrinhando por causa da noite de ontem só me faz mais impaciente. Sua bengala batendo nas pedras calçadas mal faz barulho, mas sua voz cortante, apesar de baixa, é audível.

-Os Parkinson vão acabar descobrindo sua natureza boêmia. Como espera que dêem sua única filha a um beberrão como você, Draco?
-Só bebo quando necessário. Beberrões bebem o tempo inteiro – digo com o cigarro pendendo da boca.
-Você bebe o tempo inteiro.
-Porque é necessário. Quem sabe Pansy Parkinson diminua minha necessidade?

Ou talvez só a aumente.
O cheiro da terra molhada pela chuva de ontem ainda impregna o ar. Enquanto o céu parecia despencar, eu me refugiava em algum pub londrino. Daqueles miseráveis e incensuráveis. Daqueles cheios de pessoas feias, cantores medíocres e filósofos baratos movidos a absinto.

-Você não vai desposá-la para diminuir seja qual for sua necessidade. São apenas negócios. E é em negócios que deve pensar entes de encostar a taça na boca – abri o portão de ferro de nossa casa para lhe dar passagem. – É claro que beber esporadicamente, no jantar ou...
-Certo, certo... – digo entediado, esmagando o cigarro num degrau da escada. – Parece que temos visitas.
Pego meu lenço do bolso e tampo a boca antes de tossir. Sombras difusas dançam através do vidro temperado. Quando abrimos a porta, minha mãe vem apressada até nós, retorcendo as mãos enluvadas em um nó nervoso.

-Os Lovegood estão aqui – disse num sussurrar elegante. Às vezes me esqueço que Narcisa Malfoy é sempre elegante. – Me fizeram tomar um chá pavoroso e estão devaneando disparates...

Estavam sentados nos sofás estofados de tecido marfim que minha mãe tanto procurou.

Ela fez a vendedora ir e voltar dos fundos da loja até achar o tom certo de bege. “Isso é pérola!” “Tem certeza que sabe o que é marfim?” “Quer que eu cubra meu sofá com esse branco encardido de proletariados?”

A garota Lovegood tem os olhos arregalados e o cabelo comprido e loiro. Mas não um loiro como o nosso. É um loiro cor-de-água-suja. Um loiro nada atraente. Trazia uma bolsa grande nas mãos e para completar o visual de lunática, usava calças. Calças são para homens! Calças masculinas! Provavelmente pegou as calças do pai.

-Lovegood. – meu pai disse num tom sério cumprimentando o homem com um aperto de mão rápido. Meneou a cabeça na direção da garota, sem nem ao menos olhá-la nos olhos. Também apertei a mão do velho, que chamaria, no mínimo, de excêntrico.

É fato que os Lovegood só freqüentam os mesmos ambientes que nós por causa do maldito jornaleco. O Pasquim! Isso lá é nome de jornal decente? Claro que não! Desde quando o jornal do Lovegood seria decente? Muitas pessoas até acham engraçado o jeito lunático dos dois (inclusive os Potter), mas devo concordar plenamente com meu pai, quando diz que eles chocam a sociedade. Se por um acaso eu tivesse uma filha, com certeza não a deixaria chegar perto desses dois. Essas feministas...

-Eu vim conversar com você, Malfoy, a respeito da plataforma 9 ¾ de King Cross.
-Ah, sim! – meu pai diz com um súbito clarão nos olhos – A estação 9 ¾.
Minha mãe me olha com um olhar interrogativo, a boca crispada em reprovação. Dou de ombros, displicente.
-É aquela estação da qual falou, papai? – pergunta a lunática com os olhos brilhando. Sua voz é doce como mel. Doce e enjoativa.
-Sim, querida. Aquela que julgo conter uma passagem secreta.
Bufo irritado e minha mãe revira os olhos.
-E o senhor já tentou abrir a tal passagem? – meu pai pergunta descrente.
-Ah, não. Suponho que não fique aberta o tempo inteiro.
-Talvez só abra no Beltane¹ – digo irônico. – Não dizem que Boudicca¹ foi enterrada embaixo da estação?
-Sinto muito Lovegood, - disse meu pai sem nem ao menos tentar parecer sentido – mas não acredito que haja uma passagem secreta em King Cross.
-Mas você não poderia... Não sei, pedir para os guardas ficarem de olho na plataforma 9 ¾?
-Ah, claro! “Por favor, capitão Bulstrode, será que poderia pedir para algum guarda vigiar esta parede?” – digo sem me conter. Meu pai me lança um olhar faiscante antes de se virar para retomar a conversa.
-Bem, eu vou ver o que posso fazer Lovegood.
-Nesse caso, obrigada desde já Malfoy. Vamos, minha Luna? – ela levantou e mordeu a boca, incerta em cumprimentar minha mãe. Quando finalmente estendeu a mão, minha mãe a tocou relutante, com as pontas dos dedos. – Ainda tenho que passar no banco e...
-Mas papai, eu tenho que ir para a casa. Por acaso se esqueceu que...
-Claro que não! Certo – ele pegou um relógio de bolso grande e de ouro bem amarelo. -Mas já estou atrasado, Luna. Você não pode esperar?
-Mas já era para eu estar lá.
-Compreendo. Nesse caso eu vou ao banco outro dia. Provavelmente não se importarão em remarcar – disse coçando o bigode.
-Tenho uma sugestão – meu pai interrompeu altivo. – Por que você não vai tranqüilamente ao banco, - nessa hora a garota deu um suspiro e baixou os ombros – enquanto Draco a leva para a casa?
-O quê?!
-Você a acompanharia em segurança, Draco? – Lovegood se dirigiu a mim radiante.
-Claro – respondi.
Ótimo! Levar essa lunática até o outro lado da cidade! Tudo o que eu queria fazer. Até por que começou a chover e eu não poderia ter um programa mais prazeroso.
-Nesse caso vamos – disse o velho apertando nossas mãos de novo. Aquela mão suada e vermelha. Com esses dedos que mais parecem salames e... Argh!
-Draco os acompanha até a porta. Só vou ter uma palavra com ele antes – Lucius disse sorrindo sadicamente.

-Eu não vou! – sussurrei assim que nos afastamos até a sala de jantar.
-Vai sim – disse naquele tom calmo e controlado, que me faz ter vontade de socar-lhe a cara. Até que aqueles dentes brancos fiquem manchados de sangue.
-Por que fez isso? Por que está se comprazendo desses lunáticos?
-Negócios, Draco. Negócios. Como está se mostrando muito imaturo no ramo dos negócios, resolvi lhe dar uma lição para que aprenda a...
-Maldição!
-Agora vá, como um bom menino. Eu vou usar o carro, de forma que terão de ir de bonde. E não quero que me interrompa. Ouviu bem?
-Obviamente - retruco, o sangue martelando em minha cabeça. Sinto uma onda de frustração tomar conta de mim. Uma sensação quente sobe por minha garganta, e ela não é nada boa. Cretino! Os acompanho até sairmos de casa.

-É aqui que deixo vocês – disse o homem beijando a testa da filha e acenando para mim com a cabeça. Ele entra em um carro de luxo, pintado de dourado. As rodas, a lataria e parece que até o interior é extravagante como os donos.

A lunática se vira para mim com os olhos vibrando, esperando ansiosamente pelo passo seguinte. Uma fina chuva cai sobre nós. Antes que possa pegar o lenço, começo a tossir convulsivamente. Resmungo antes de caminhar para a próxima rua, onde o bonde passa. Ela me segue em silêncio, agarrada à bolsa gigante e a uma distância segura.
Assim que viramos a última esquina o bonde passa e saímos correndo atrás da condução. Ela parece sorrir enquanto corre, os cabelos tremulando como uma bandeira e a água batendo com força no rosto pálido. Que desfrutável! Pelo menos as calças fazem com que ela corra mais rápido do que se estivesse de vestido, como uma mulher normal. Só há dois lugares vagos e ela se senta de qualquer jeito, sem importar com o que aprendeu na escola de etiqueta. Não que eu ache que essa maluca tenha freqüentado uma. Depois de me sentar, pego o maço no bolso interno do paletó. Dessa vez meus cigarros escaparam por pouco da chuva londrina. Nessa cidade abominável chove metade do ano, então dia ou outro acabo perdendo meus cigarros. Sugo o cigarro como um viciado derrotado. Como um daqueles beberrões que não sabem se controlar.
Olho em volta de novo, já que com o efeito da nicotina me sinto mais receptivo. Um carteiro passa correndo na chuva, fazendo os cachorros da vizinhança latirem. O chapéu de um homem é levado pelo vento enquanto ele tenta ajudar uma mulher, cuja sombrinha é entortada pelo vento. Assim que percebe que o chapéu rodopiando na ventania é o seu, sai correndo atordoado, se esquecendo da senhora. A menina ri ao meu lado. Ela tampa a boca com a mão enquanto gargalha por baixo dos dedos. A outra mão tenta conter os cabelos que se agitam à medida que tenta tomar o ar de volta. Ao me ver revirar os olhos, ela pára.
Que se dane! Guardo o maço no bolso e vejo um pedaço rasgado de papel saindo de lá.

Arte de amar
“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”²
D.M.


Ao terminar a leitura, sinto olhos sobre mim. Lovegood está me observando, os olhos úmidos e curiosos. O chuvisco parou de fazer barulho sobre o teto do bondinho.

-Você quem escreve? – é a primeira vez que fala comigo. Por que pareço tão chocado? Sinceramente, não estou me reconhecendo. Sinto que devo lhe responder. Então por fim acabo dizendo:
-Por quê?
-Por que o quê? – ela fala em resposta.

Reviro os olhos, indignado e cruzo os braços. Dai-me paciência! Pra que diabos fui dar conversa para essa... essa lunática? Por Deus, ela usa calças! Onde eu estava com a cabeça, afinal? Será que eu devo largar o cigarro? O médico bem que disse que isso era uma droga, mas eu achava que acabava com meus pulmões, não com o cérebro...

-De qualquer forma, é muito bom. Sincero e angustiante.
-Obrigado – digo sem saber o que falar.

Ninguém nunca soube que eu escrevia. A não ser a criadagem, mas... pelo menos ela gostou. Apesar de ter invadido minha intimidade... Ela cruza as pernas e pousa as mãos sobre a bolsa no colo. Sua mão está manchada de tinta. No menor dedo há um pingo azul. E sob a unha do polegar há um resto de tinta vermelha. As pontas de três dedos estão manchadas de um verde estranho.

-É uma pena que você só costume ser sincero quando escreve – ouço uma voz doce me despertando.
-O que está dizendo?
-Que a sua poesia é encantadora. Sem meias palavras. Mas o estilo não é nada parecido com o seu.
-E desde quando você conhece o meu estilo?
-Não dizem que a primeira impressão é sempre a que fica? Minha primeira impressão sobre você é de um fidalgo imaturo, ranzinza e que nem ao menos sabe viver.
-Ah, e é você quem vai me ensinar? – digo irritado.
-Quem sabe se você pedisse – ela diz como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como se fosse bem comum eu chegar em qualquer pessoa e pedir algo. Ah, sem esquecer da palavrinha mágica. Por favor. Existe coisa mais humilhante do que pedir por favor?
-Ah, claro que vou pedir Lovegood - digo cruzando os braços e virando o rosto, em claro sinal de que a conversa cessou. Demente. Esclerosada! Só pode estar de brincadeira comigo. “Quem sabe se você pedisse”! Enfio a mão, enfurecido, por dentro do paletó. Onde estão os malditos cigarros? Por que não podem simplesmente me deixar em paz? Por que esse vício está demorando tanto a me consumir? Mais dois anos. Não agüento mais esperar pela morte...

-E então? - ouço Lovegood dizer melodicamente.
-O que é?
-Estou esperando.
-Lovegood, me deixe em paz, certo?
-Mas eu pensei que...
-Que eu fosse lhe pedir algum favor? Que eu fosse lhe pedir dicas de como viver bem? Que eu fosse pedir para brincar com tinta junto com você? Que tal mancharmos nossas mãos e depois sairmos feito lunáticos pela rua, eu de vestidos e você de calças?

Ela me olha com o queixo tremendo, os olhos mais encharcados do que o normal e percebo que está prestes a chorar. Ah, droga! Era só o que faltava. “Você a acompanharia em segurança, Draco?” ouço a voz do velho Lovegood dizer. Uma gota de óleo da culpa flutua no meu lago de convicção. Os olhos azuis e graúdos dela estão lacrimosos e seu cabelo sujo e longo está caindo por cima do rosto. Ah, meu Deus! Que súbita vontade é essa de colocar o cabelo dela atrás de sua orelha? Certo, é só culpa o que estou sentindo. Salvo pelo gongo!
Vejo a placa de Brick Lane e me preparo para descer do bonde. Quando chegamos no ponto, a garota agarra-se a bolsa como um animal encurralado. Ela olha para a rua vazia antes de começar a descer a ladeira a passos largos, sem me esperar. Puxo o lenço e tusso nele. Um cachorro levanta a perna junto ao poste quando ela vira em um beco. Duas vizinhas debruçadas sobre os muros de suas casas nos olham desconfiadas. Mexeriqueiras! Pego um cigarro e coloco na boca, procurando pelo isqueiro nos bolsos. Droga! Devo ter deixado cair enquanto revirava descontroladamente os bolsos no bonde.
A garota pára em frente a uma casa que, mesmo se não a visse parada lá, julgaria pertencer aos Lovegood. Ou a algum pirado desse calibre. A casa se ergue verticalmente de encontro ao céu, um cilindro azul-marinho e grande, com o céu cor de chumbo atrás dela.
Três avisos pintados à mão foram pendurados na grade do portão.

Primeiro, ESCOLHA SEU PRÓPRIO VISCO.
O segundo, EVITE AS AMEIXAS DIRIGÍVEIS.
O terceiro, ATELIÊ L. L. LOVEGOOD.

Ela entra batendo o portão, fazendo os avisos estremecerem e água cair das trepadeiras enroscadas nas barras de ferro. Empurro o portão e a sigo pelo caminho de zigue-zague.

-Lovegood! – grito assim que ela abriu a porta. Ela se vira para trás, com o rosto ameno. Perigosamente ameno. Espera até que eu a alcance antes de falar:
-Sim?
-Tem fogo? – pergunto indicando o cigarro.
-Claro. Entre. – disse abrindo a porta. – Quem sabe eu não possa lhe ensinar sua primeira lição? Acho até que já passou da hora.

Eu simplesmente vou ignorar as asneiras que ela diz. Vou dizer-lhe bom dia, boa tarde, boa noite, fazer-lhe um aceno educado com a cabeça e acho que isso já deve bastar.
Observo a casa enquanto ela sai por uma porta no canto esquerdo. Tudo na casa parece ter sido curvado para encaixar nas paredes circulares. Os sofás, a lareira, a cristaleira e até os quadros pendurados nas paredes. São todos côncavos. E as cores são vibrantes. O artista parece preferir as cores primárias, já que a maioria das telas têm vermelho, azul e amarelo em sua composição. Também têm uma temática bem infantil. Não que as pinceladas lembrem traços borrados de crianças. Mas a inocência e a sutileza deles lembram a pureza de... algo. Alguma coisa que eu conheço, mas que não consigo associar aos quadros no momento.
Ela volta com o isqueiro em uma das mãos e uma xícara de chá e uma toalha felpuda na outra.

-Número um, seja cortês com as pessoas. Além de fazer bem para a alma, atrai amigos e boas energias – ela diz me entregando tudo de uma vez só, como se eu tivesse quatro braços ou mais.
-Já lhe ocorreu, Lovegood, que talvez eu não tenha alma? – digo tomando um gole do chá de beterraba. Ou que pelo menos aparenta ser. Mas o gosto é bom. Dou um gole grande demais e acabo queimando minha língua.
-Todos têm almas. Até zonzóbulos têm. Por que você não teria?

Enxugo a cabeça com a toalha verde. “Por que você não teria?” Imagino a cara de asco de minha mãe ao ver que o enxoval dos Lovegood é verde-claro.

-Talvez por que eu nunca a tenha sentido – digo abrindo o isqueiro com um estalo. – Obrigada, Lovegood. Tenho que ir.
-Obrigada também, Malfoy. Por me trazer até aqui. Eu preciso acabar uma das telas o mais rápido possível. Harry encomendou para sua casa nova. De qualquer forma, acho que Ginny gosta mais dos quadros do que ele. O ouvi dizer uma vez que não gostava muito do meu estilo fauvista. Se bem que esse meu quadro ficou mais diferente que o normal.
-Hum, certo – digo atordoado.
-Eu lhe acompanho até a porta. Dizem que quando fazemos isso, as visitas sempre retornam.

Ela me segue até o portão da frente, que é coberto de trepadeiras exóticas. Me recordo então da cena que protagonizei uma hora atrás, quando acompanhei os Lovegood até a porta. Será que esses lunáticos ainda voltarão à Mansão Malfoy? Desço a rua tragando o cigarro profundamente, os quadros, as pinceladas, os pingos descuidados e as cores de Lovegood ainda alfinetando minha mente.

-Não se preocupe! – ouço a garota gritar, espalhando sua voz, doce como mel, no ar úmido. – Você tem alma sim, acabei de ver um pouco dela escapando da ponta do seu cigarro.


Índices:
¹ Boudicca: rainha celta que viveu por volta de 60 a.C. Segundo uma, das muitas lendas relacionadas a ela, seu corpo foi enterrado exatamente onde hoje é a estação de King Cross.
Beltane: festival celta realizado na primavera.

² Todos os poemas relatados na fic como de autoria do Draco são, na verdade, do Manuel Bandeira. Que, coincidentemente (mentira) também sofria horrores com os pulmões.

Set list*:

~ The Doors – Light my fire
~ Amy Winehouse – He can only hold her
~ Amy Winehouse – Addicted
~ Amy Winehouse – Tears dry on their own
~ Lily Allen – Smile
~ Red Hot Chilli Peppers – My friends
~ Red Hot Chilli Peppers – Snow


*Caso alguém queira, eu tenho todas as músicas de todos os set lists dos capítulos em MP3. Mandem e-mail, coruja, scrap, MP...

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Primeiro Lugar no I Challenge de Universo Alternativo:

http://i80.photobucket.com/albums/j177/amandajkbaame/DF.jpg


Prêmios especiais de Beijo Cinematográfico, Melhor Final e Melhor Caracterização - Luna:

http://i80.photobucket.com/albums/j177/amandajkbaame/DOCEFIM.jpg

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