De novo os Dursley
Oiiiii! Cá estou eu com uma nova fic, mas não é de minha autoria... eu mesma tô com uns projetinhos aí, uma fic pronta q falta pôr título, uma faltando conclusão e também título.... mas trato disso depois.
Como disse, Harry Potter e os Sarcófagos de Anubis não me pertence, pediram apenas que eu colocasse no ar.... cuidarei para que chegue à autora os comentários recebidos, por isso, façam o favor de comentar! ò.ó
Bjinhos!
N.A.:
Disclaimer: Exceto o que não for conhecido de vocês me pertence.
Boa leitura!
De novo os Dursley
*
Naquela tarde especialmente quente de verão em Little Winghing a vida parecia ter sido suspensa. As ruas normalmente tranqüilas estavam desertas devido à debandada geral dos habitantes, que em sua maioria haviam deixado a cidade
no fim de semana em busca de recantos de clima mais ameno.
Os poucos que ficaram se refrescavam como podiam, embora a proibição do desperdício de água e energia elétrica ainda estivesse vigorando, o que limitava muito as possibilidades de atenuar o forte calor.
A residência dos Dursley, na rua dos Alfeneiros, número 4, estava em festa.
Walter e Petúnia, orgulhosos, recebiam os amiguinhos do filho Duda, inaugurando a piscina (apesar do racionamento de água) que o filho exigira que eles construíssem. A área lateral da casa, reformada para abrigar o novo brinquedo de Duda, estava cheia de jovens que estudavam com o garoto. Alguns dos vizinhos, só os melhores, claro, tinham sido convidados e também aproveitavam as deliciais da água fresquinha, da mesa coberta de guloseimas e da alegria que reinava . Todos se divertiam enormemente, ou melhor, quase todos.
De seu pequeno quarto, o menor da casa , situado na parte superior da construção, Harry ouvia o som das risadas e gritinhos, o barulho dos corpos caindo na água, e as vozes alegres dos tios e do primo conversando com os convidados. Ele, claro, não tinha sido convidado, embora dessa vez também não tivesse sido coagido a não deixar o quarto, como sempre acontecia nas ocasiões em que os tios recebiam em sua casa. Apenas seu tio anunciara , durante o parco jantar da véspera ( Duda continuava de dieta, e todos com ele), que estariam inaugurando a piscina de Duda no domingo, e que esperavam convidados, frisando em seguida que não gostaria que nada viesse a estragar a festa. Harry, que mal levantara a cabeça, limitara-se a responder que pretendia passar todo o domingo no quarto, colocando em dia alguns deveres de férias. Fingiu não notar o suspiro de alívio e o sorriso de alegria de Tio Walter. Duda soltou um grande arroto e deixou a mesa, sob o olhar emocionado da mãe orgulhosa. Tinha perdido alguns quilos, finalmente parecia estar levando a dieta a sério, e Harry suspeitava que a razão disso era uma garota loura, de grandes e doces olhos azuis, que ele vira na companhia do primo algumas vezes naquelas férias.
Mas nem mesmo os indícios de que Duda estivesse apaixonado pela primeira vez tinham sido suficientes para despertar o interesse de Harry. Ele permanecia apático, voltado para dentro de si mesmo, como uma larva protegida em seu casulo. Sua rivalidade com o primo, as brigas que sempre tiveram desde a infância, suas discussões com os tios por causa da implicância, das perseguições e injustiças praticadas contra ele, tudo isso parecia pertencer a um passado muito remoto.
Harry já não sentia aquela dor esmagadora dentro do peito, embora as saudades que sentia do padrinho morto há poucos meses ainda o entristecessem terrivelmente. Sentia-se totalmente só, isolado do mundo, na verdade nem sentia que fazia parte do mundo, como se pertencesse a uma espécie extinta ou alienígena, vagando entre seres que não poderiam jamais compreendê-lo, tanto no mundo dos trouxas quanto no mundo dos bruxos.
Recebera mais cartas do que jamais recebera na vida, enviadas pelos amigos Rony e Hermione, às quais respondera brevemente. Os gêmeos Weasley também lhe escreveram e mandaram um presente, uma caixa de balas de goma que provocavam desde uma crise de arrotos malcheirosos até um surto de bolhas cheias de um líquido verde esmeralda, que atingiam todo o corpo e explodiam e fediam como ovos podres, dependendo da quantidade ingerida. Teria sido divertido, tempos atrás , deixar que o grosseirão do primo encontrasse as balas, mas Harry sequer chegara a abrir a caixa.
Recebera também mensagens de Lupin , de Tonks , uma carta assinada por todos os Weasley (com exceção de Percy), e até mesmo uma carta de Dumbledore, desejando-lhe feliz aniversário. Olho-Tonto mandava uma coruja a cada três noites, e Harry respondia sem entusiasmo, apenas para cumprir o acordo fechado na estação, quando deixara Hogwarts a caminho da casa dos tios. Hagrid também tinha escrito para Harry e anexara um envelope de pergaminho que parecia conter um maço de papéis , que o garoto , desinteressado, não tinha aberto ainda.
Harry vivera momentos terríveis, que deixariam marcas profundas nele para sempre, mas não perdera a vontade de viver. Apenas não conseguia mais se interessar pelas coisas como acontecia antes da morte de Sirius, para ele uma perda mais real e dolorosa do que a dos próprios pais, já que era um bebê quando eles foram assassinados. A revelação da Profecia da Profª. Trelawney também descortinara para ele um novo horizonte. Sabia que deveria matar Voldemort, o Lord das Trevas, ou ser morto por ele. Sem Sirius, que representara para Harry durante dois anos a família que ele jamais tivera, parecia que seu destino seria a morte pelas mãos do bruxo, tal como seus pais. O próprio padrinho morrera por ordem de Voldemort, pelas mãos de Bellatrix Lestrange, prima de Sirius . Pensar nela provocava em Harry uma espécie de dormência no peito, sentia o ódio subindo até chegar ao seu rosto. Tudo bem, não esperava estar algum dia pronto para Voldemort, nem se importava mais tanto assim com o bruxo. Mas Bellatrix, não. Para ela, ele se prepararia. Chegasse ou não a ser um auror, estudaria como Hermione apenas para esse confronto, e vingaria Sirius.
Harry abandonou os pensamentos e voltou a se concentrar nos livros abertos diante dele, em cima da cama.
Concentrado, só percebeu que já escurecera quando seus olhos começaram a lacrimejar. Levantou-se para acender a luz, mas antes de recomeçar a estudar resolveu ir ao banheiro. Já seguia novamente em direção ao quarto quando percebeu que alguém subia as escadas. Apesar de não desejar ver nem ser visto por ninguém, não teve como evitar o encontro com as duas garotas que cochichavam e riam , como se estivessem fazendo algo escondido. Elas chegaram ao patamar antes que ele pudesse alcançar a porta do quarto, e pararam de chofre, surpreendidas. Uma delas era a lourinha de olhos azuis que estava namorando Duda, mas a outra Harry nunca tinha visto antes. Tinha cabelos castanhos, ligeiramente ondulados , à altura dos ombros, e fitava-o com seus olhos esverdeados que expressavam surpresa.. Os três ficaram se olhando em silêncio por um minuto, sem saber o que fazer. Foi a garota de cabelos castanhos quem quebrou o gelo.
– Olá.. viemos usar o banheiro, lá embaixo está meio confuso... – Sorriu, e seu rosto se iluminou, os olhos brilhantes fixos em Harry, que se deu conta nesse instante de que nem penteara os cabelos. Passou a mão por eles, sem jeito, e sorriu meio torto.
– Ah, não tem problema... podem ficar a vontade.. – Queria sumir dali o quanto antes, apontou o banheiro e balbuciou, reparando que ela era uma das garotas mais bonitas que ele já vira em sua vida, mais bonita até do que Cho. – Preciso ir... com licença...
Virou-se abruptamente, consciente de que fazia papel de idiota , sentindo o rosto queimar. Antes porém que pudesse entrar no quarto, a voz suave da garota soou pelo corredor.
– Pena que não tenha descido para a piscina, Harry. Muitos de nós esperavam realmente poder conhecer você hoje...
Ele se voltou, certo de que elas deveriam estar notando seu constrangimento e divertindo-se com isso
– Estive muito ocupado, hoje.... num outro dia, talvez... – Acenou meio sem jeito antes de fechar a porta, mas ainda teve tempo de ver que a lourinha, que se mantivera em silencio durante todo o tempo, levava a mão à boca e falava algo com a outra, aos cochichos. Ele fechou finalmente a porta , seguro outra vez em seu abrigo, mas apesar das tentativas de se concentrar nos livros, não conseguia mais deixar de prestar atenção nos fragmentos de conversas e nas risadas que chegavam pela janela até ele. Ficava se perguntando o que passaria pela cabeça da garota dos olhos esverdeados, e se ela teria ido até lá apenas para tentar ver de perto a aberração que era o sobrinho-problema dos Dursley.
Acabou se irritando tanto que desistiu de estudar. Fechou os livros, deixou o quarto e foi até a cozinha em busca de algo para comer. Encontrou a refeição preparada para ele pela tia, salada de aipo e duas fatias de torrada, engoliu tudo rapidamente , depois tomou um banho e foi se deitar, os cabelos molhados formando uma mancha de umidade no travesseiro, aliviando o forte calor da noite de verão. Ainda ouvia o som da festa, mas parecia que agora restavam apenas umas poucas pessoas. Harry teve a impressão de distinguir a voz da garota dos olhos esverdeados entre as outras, mas pouco tempo depois, pelo silencio, deduziu que finalmente a festa de Duda chegara ao final. Rolou na cama durante algum tempo, mas finalmente adormeceu e sonhou que estava se casando no saguão de entrada de Hogwarts com a garota trouxa de olhos esverdeados, apesar do ar de extremo aborrecimento de Dumbledore, que realizava a cerimônia e perguntava a cada dois minutos se Harry tinha certeza que queria mesmo se casar com uma trouxa e assim enfraquecer e arruinar ainda mais o sangue de seus descendentes.
Harry confirmava e sentia as fortes e insistentes cutucadas nas costelas que a Profª. Trelawney lhe dava, enquanto resmungava que não era isso o que dizia a profecia. Acordou assustado, com as bicadas de Edwiges em suas costas, trazendo pendurada na perna uma mensagem que Harry imediatamente abriu e leu, ainda se sentindo meio confuso pelo sonho.
Olá, querido
Amanhã Arthur e os garotos estarão aí ao anoitecer para trazer você para cá.
Prepare-se , temos uma grande surpresa !
Beijos saudosos
Molly Weasley
A Sra. Weasley não especificava o local de onde enviara a mensagem, portanto Harry não sabia se iria para a Toca ou para ( sentiu o coração sangrar) a sede da Ordem da Fênix. .Fosse como fosse, restava a ele apenas esperar. Virou-se de lado, e lançando mão mais uma vez do recurso que, descobrira recentemente, podia usar quando a dor ameaçava explodir seu peito, saiu de dentro de si mesmo, alheando-se de tal maneira que quase conseguia ver o próprio corpo inerte, abandonado sobre a cama, esvaziado de quaisquer sensações que não fossem apenas físicas, como cansaço, torpor , sonolência. Em instantes, dormia a sono solto, pesadamente, sem sonhar, sem sofrer.
Harry despertou com o som de passos no corredor, mas manteve os olhos fechados. Ouviu o ruído leve da porta sendo cuidadosamente aberta, e antes mesmo de voltar-se sabia que encontraria o olhar de tia Petúnia cravado nele.
Vinha acontecendo com alguma freqüência nessas férias, sentir sobre ele o olhar da tia, saber que algo diferente agora se instalara nela, como se ela finalmente o estivesse reconhecendo como seu semelhante, como seu Seu-Próprio-Sangue.
Talvez isso tivesse relação com a mensagem de Dumbledore , ou com a tristeza de Harry, com seu comportamento ( tão cordato, coerente, irrepreensível, intocável), o fato é que Petúnia parecia de repente ter se dado conta de que um poderoso laço os unia.
Talvez , pela primeira vez depois de anos, conseguisse ver a irmã como ela era, através do seu filho órfão. Certamente, se isso tivesse sido desencadeado um ano antes, Harry se sentiria absolutamente feliz. Mas agora esse olhar o agoniava, causava desconforto. Ele descobrira que laços de amor fragilizavam, expunham. Nunca tivera o amor da tia e nem o desejava nesse momento. Por isso, desviou os olhos dos dela e se espreguiçou antes de se levantar.
– Preparei um lanche para você, Walter e eu vamos levar Duda para experimentar o uniforme novo. A Sra. Figg convidou você para passar o dia com ela, mas se não quiser... – Harry se alarmou, a tia parecia prestes a convidá-lo para sair com eles.
– Já sei, não devo mexer em nada, nem sair do meu quarto – Falou depressa, para não dar tempo à tia de concluir – Aliás, vou estar mesmo muito ocupado arrumando minhas coisas, os Weasley virão me buscar hoje . Creio que essa é a nossa despedida, até as próximas férias de verão. – Lançou um olhar desafiador para a tia, desejando lembrá-la do quanto eram diferentes, do quanto seus mundos eram distantes. Viu que a manobra surtiu efeito quando ela, comprimindo os lábios, anunciou que nesse caso almoçariam fora e aproveitariam a tarde para retribuir uma visita, recomendando que ele não deixasse aquela gente ser vistanem danificar nada . Virou-se e saiu do quarto, deixando Harry com um aperto no estômago e um gosto amargo na boca.
Harry olhava pela janela da sala a rua silenciosa, sem conseguir afastar da mente a noite em que, um ano antes, tivera um encontro com os dois dementadores enviados por Dolores Umbridge. Os tios não haviam retornado, nem os Weasley aparecido. O malão estava no chão, perto da porta, e Edwiges , pousada no peitoril, parecia louca para sair para uma caçada. Harry olhou a coruja branca e sorriu. Não precisava se preocupar, ela o encontraria onde quer que ele estivesse, como sempre. Passou o dedo de leve pela cabeça da ave, sentindo a impaciência começar a tomar conta dele. Por que a demora? Os tios acabariam por chegar, e o que Harry menos desejava era ter que cruzar novamente o olhar com o da tia.
Como se fosse uma resposta ao seu pensamento, ouviu um ruído na lareira , seguido da luminosidade esverdeada que indicava a chegada de alguém usando a rede de Flu. O Sr. Weasley se materializou, tossindo um pouco e espanando o pó das roupas, antes de se aproximar de Harry, sorridente, e envolvê-lo num forte abraço. Em instantes, Harry se viu cercado de gente que o abraçava, Rony, Ginny, os gêmeos Fred e George, e Lupin, que parecia apressado.
– Olá, Harry. – Parecia mais magro e pálido do que nunca, embora os olhos brilhassem ao fitar o garoto.– É bom que você esteja pronto, temos pouco tempo.
Demoramos mais do que o previsto...– Seu olhar caiu sobre os gêmeos, que fingiram estar muito interessados nas fotos que ornamentavam a lareira dos Dursley – Podemos ir?
Harry assentiu, sem tempo ao menos de cumprimentar adequadamente os amigos. Ouviu Ginny falar o endereço da casa de Sirius, mas antes que pudesse pensar em qualquer coisa, viu-se empurrado na direção da lareira pelo Sr. Weasley. Falou em voz alta o endereço e se viu arrebatado pelo torvelinho que era a viagem pela rede. De repente, estava saltando diante da lareira da sombria cozinha de seu padrasto morto, acolhido pelo caloroso abraço da Sra. Weasley.
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