Trouxas do oeste - primeiro at
Chegara, pressentia a presença dela. Maldita! Não via a hora de por as mãos naquela vadia. Queria machucá-la, fazê-la sofrer. Hipócrita asquerosa! Não fazia idéia de como fora se deixar enganar tão cegamente? Mas ali estava agora, e jamais poderia imaginá-la num lugar como aquele: árido e desolado. A casa adiante parecia bem cuidada, mas animais a rodeavam e crianças... muitas delas, de todos os tamanhos. Que tipo de lugar era aquele? Subiu a leve inclinação e a viu atrás de um lençol estendido no varal. Uma aba do pano tremulou com o vento, flutuando para o alto, descobrindo a mulher. E ela o viu também, deixando cair o que tinha nas mãos. Talvez ela tenha pensado em fugir, que tentasse fazer isso... ela sabia que não iria longe. A mulher resolveu caminhar na direção dele.
Snape empunhou a varinha, os olhos fixos na mulher voltaram-se rapidamente para um garoto que aparecera na varanda.
— Quem é o senhor? - perguntou o garoto. Snape nem se deu ao luxo de responder. Continuou andando, com fúria no olhar, na direção da mulher. O garoto pressentiu perigo e insistiu: - O que o senhor deseja?
Snape parou, olhou-o pela segunda vez, o pirralho até era alto, as roupas surradas, a bota gasta e o chapéu ajeitado na cabeça mostravam que vivia ali, provavelmente cuidando dos animais, não meteria medo nem em um bruxo desmemoriado.
— Largue o que tem nas mãos, senhor! - Era educado, o pobre coitado. - Não daria mais um passo sequer se fosse o senhor!
— E quem acha que é para me impedir? - rosnou Snape, sentia a hostilidade, talvez o garoto já soubesse sobre bruxos. - Com o que quer me vencer?
— Com o que tenho aqui - preveniu o rapaz, indicando com um balançar de cabeça o revólver dentro do coldre, na bainha da calça.
— Trouxa ignorante! Não percebe que não tem a mínima chance?
— Eu não diria isso! - insistiu o rapaz imóvel, as mãos ladeando o corpo, soltas, mas preparadíssimas e estrategicamente posicionadas.
— Louco - murmurou Snape - suicida.
— Digo o mesmo do senhor - respondeu, tinha ouvido o murmúrio.
Os dois encaravam-se sem sequer piscar. A tensão era grande, sentiam-na ao redor. Agora havia outros observando a cena.
— Vou lhe dar uma última chance. Baixe a cabeça e dê o fora daqui! - bradou Snape. - Esse assunto não lhe diz respeito!
— Assim que pisou em minhas terras, seu assunto se tornou meu!
— Não sabe que tipo de mulher é essa - advertiu Snape, apontando para aquela perto do varal -, garoto.
— Não sou garoto coisa alguma, senhor.
Snape riu, havia conseguido seu intento.
— Drew! - gritou a mulher.
— Avada...
BAM!
Os olhos de Snape comprimiram-se quando procuraram pelo garoto no qual jogara o feitiço. Não o via, decerto o matara, tendo se livrado dele então, poderia pegar a safada. Mas não conseguia se mexer, não sentia as pernas e quando levantou a mão da varinha percebeu que seu abdômen estava ensangüentado. Havia sido baleado pelo trouxa, o havia subestimado... e o garoto estava ao seu lado, apoiado em um dos joelhos. Snape ouvia o garoto dizer:
— Senhor?! Senhor?! Chamem o doutor! Alguém chame o doutor!
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