Dos Quatro até o Você Sabe Ond
Dos Quatro ao Você Sabe Onde
Aos quatro anos, eu estava loucamente apaixonada por Terencio Boot, que estava loucamente apaixonado por Marieta Edgecombe. Brincava comigo, mas jurou que se casaria com ela quando crescesse. Ou seja, aos 4 anos, eu já era a outra. Devia ter aprendido a lição naquela época, mas eu ainda tinha esperança.
Aos sete, apesar de não estar apaixonada, eu já havia planejado meu casamento. Junto com a minha melhor amiga, Demelza Robins, sobre a cama, usando uma boneca chamada Lydia Lane, planejávamos o acontecimento em todos os detalhes. Não me lembro bem, mas eu e Demelza teríamos um casamento duplo em West Point. Demelza realmente teve um, e foi no Bronx Oeste. Não te culpo, Demelza. Parabéns, e espero que viva bastante para ver todas suas filhas casadas.
Aos 14, já sabia o que era casamento, e não discutia mais o assunto com Demelza. Eu a deixara em Washington Heights, junto com os meus brinquedos favoritos, que lutara para levar comigo para Franklin Square.
“E para que você quer isso, Hermione? Você não brinca mais com eles”.
Queria os brinquedos, mamãe, porque ia me mudar para um lugar estranho e estava com medo. Você deixou Amy Kati levar os delas. Lydia Lane e todo seu enxoval foram jogados no incinerador. Isso devia ser um fato profético.
E então, aos 14, sentada em minha cama com a minha melhor amiga, Susana Bones, casamento era ter um conde judeu louco por você. Teríamos uma casa em Londres, outra em Paris e outra em Roma, e viajaríamos de casa em casa com nossos maridos. Susana também se casou, e mora em Franklin Square, a uns 3 quarteirões da mãe. Você é feliz, Susana? Se não, gostaria de trocar de lugar comigo, sua casa com sofás cobertos de peles falsas pelo meu tumulo?
Estou chocando você, mamãe? Está desmaiando horrorizada e muito sem graça porque sua filha se matou? Não se preocupe, mamãe, pode dizer as suas amigas que eu fui assassinada por um amante ciumento – bem que eu gostaria.
Quando eu entrei para a Universidade de Syracuse, já tinha idéias bem amadurecidas sobre casamento. Meu marido tinha que ser criativo. Podia ser advogado, mas só se gostasse de teatro; um médico, se seu hobby fosse a pintura; ou um pintor, se ganhasse dinheiro na Bolsa.
Tinha muito tempo para amadurecê-las, principalmente de sábado à noite, quando sempre ficava sentada no dormitório sem nenhum encontro. É sim, mamãe. É sim, papai. Sem encontros. Eu também fiquei chocada, mamãe. Você sempre disse que eu era a coisa mais linda que já vira. Menti para vocês todos os domingos à noite, quando eu ou você telefonávamos. Inventei os nomes dos rapazes e tudo o mais. Por que acreditou em mim? Como pode pensar que eu era tão assediada? Esperava mesmo que sua querida Hermione, de 1,60 m e 70 quilos, fosse a Rainha do Baile?
“Berenice, veja só o que ela está dizendo! Ela não era linda quando estava viva?”.
Não, papai. Eu ficava lá com as outras garotas sem namorado: as altas demais, as gordas demais, as com acne demais, as com mau hálito, e por ai vai. Ficava em Flint Hall olhando as com encontro marcado se arrumarem e saírem. Dávamos tchau, jogávamos carta e comíamos centenas de pizzas, que aumentavam ainda mais nossas desgraças. Fico pensando: quantas não casaram?
Syracuse não foi tão mal assim, no final. Foi lá que perdi a virgindade. Rápido, papai, o sal – mamãe está desmaiando de novo!
“Minha filha Hermione não era mais virgem?”.
É, mamãe, no final acabei dando sorte.
Alicia Spinnet, uma garota que vivia no mesmo andar, estava saindo com um cara chamado André Kirke, que era da pior turma, e ele lhe perguntara se tinha uma amiga para sair com um amigo dele no Fim de Semana de Inverno. Três garotas do dormitório recusaram, mas eu disse que sim.
“Escuta, tenho uma garota para seu amigo...” “Como ela é? É bonita?” “Tem um rosto interessante...”
Fui, só para não ter que mentir para meus pais no telefone.
E porque queria um encontro no Final de Semana de Inverno.
Andre foi nos buscar no dormitório. Empilhou a mim e a bagagem no assento traseiro do banco do carro, e ele e Alicia foram na frente. Eu era a sogra. O tempo todo fiquei olhando pela janela, tentando não ver o MUITO feliz casal.
O rapaz, Justin Finch-Fletchley, estava nos esperando do lado de fora da Universidade.
Ele era um vara-pau. Usava camisa de flanela, como as que minha mãe me obrigava a levar para acampar e tinha dentes feios. Mas o que eu poderia esperar? E o que ele poderia esperar?
Fomos todos ao jogo de basquete na sexta à noite e sentamos na arquibancada com os outros membros da turma e suas garotas. Nosso time venceu e eu fiquei tão feliz. Por quê? Não era louca por basquete, o nosso time pouco significava para mim e eu não gostava de Justin. Estava feliz por não estar no dormitório comendo pizza e jogando baralho.
Depois do jogo, Andre, Alicia, Justin e eu fomos a um pequeno restaurante italiano: Mama-alguma-coisa. Comida barata, toalhas de plástico em xadrez branco e vermelho, bancos duros e garrafas vazias de Chianti com velas espetadas. Compramos uma garrafa de vinho ordinário e voltamos para o apartamento ordinário que os garotos dividiam. Eu não queria ir.
“Hermione, querida, escute o que sua mãe diz. Não deixe um rapaz tocá-la você sabe onde.”
Tinha que ir, mamãe. Estava encurralada. Encurralada num quartinho com colchas listradas que não combinavam, pôsteres de touradas pelas paredes, Sean Kingston no aparelho de som e um cheio de roupa suada por toda a parte.
HERMIONE, QUERIDA. ESCUTA SUA MÃE. NÃO DEIXE UM RAPAZ TOCÁ-LA VOCÊ SABE ONDE.
Assim que chegamos a esse estúdio de solteiros, (a , Playboy deveria ter feito uma reportagem a respeito; estou certa que as manchas nas paredes iam sair fabulosas nas fotos), as luzes apagadas, Andre e Alicia não perderam tempo. Durante metade da noite foi uma sinfonia de zíperes se abrindo, respirações, suspiros, gemidos, colchão estalando e... Adivinha, pessoal? Foi tudo tão bem que... Que começou outra vez!
Bravo, Alicia! Bravo, Andre! Vocês foram os maiores! Foi ótimo ouvir vocês! Um perfeito filme pornô para cegos.
Tem alguma idéia do que é se sentar em uma cama com estranho de dentes podres e ficar escutando uma trepada? Todos aqueles ruídos caindo em ouvidos virgens. O que se pode conversar numa hora dessas?
- Justin, qual é o curso que você está fazendo?
E do outro lado do quarto:
-Andre, não, está doendo.
Justin era caladão e sorrateiro. Algumas centenas de vezes tentou me tocar você sabe onde, e eu pulava para escapar. A mão dele tinha uma pontaria ótima para um quarto escuro. Eu estava assustada. Não que fosse ingênua. Passei um verão como conselheira de teatro no Cantor’s Hotel, em Catskills. Ah, as coisas que aconteciam lá! Olhem, passei muitas noites namorando pra valer, ta? No ginásio, ficava dando uns amassos durante horas. O garoto e eu íamos para casa quentes, mas aquilo era diferente.
No começo, estávamos só sentados na cama. Depois, Justin conseguiu me pegar meio desequilibrada e ficamos deitados lá.
Ele tentou, e sempre que ele tentava, eu perguntava alguma coisa, do tipo “Justin, de onde você é?”.
E conseguiu tirar minha meia calça. Demorou mais ou menos meia hora, e assim que conseguiu tirar, Justin se levantou e foi no banheiro. Sabem como isso é apetitoso antes de fazer amor? Também tive que ir, mas estava sem graça.
Não deixei que ele tirasse meu vestido. Era como se eu estivesse de vestido, não valia.
Minha mão cansou de puxar a dele. Não consegui manter a conversa, e ele não conseguiu controlar a vontade de fazer o que Andre estava fazendo.
Até que afinal, quando o sol começava a raiar, eu, Hermione Granger, deixei que Justin Finch-Fletchley me tocasse, vocês sabem onde, e ele fez vocês sabem o que. Conseguiu, hein, Justin?
E ai está. Doeu. E nenhuma gota de sangue manchou a colcha listrada. Dali em diante, não poderia mais ser sacrificada aos deuses. E eu tive sorte de não ter nenhum Justin Finch-Fletchley Junior.
Demelza, lembra quando descobrimos como se fazem os bebes? Ficamos doentes com as descoberta. Não podíamos imaginar como alguém podia fazer aquilo, especialmente nossos pais. Já fez aquilo alguma vez, mamãe?
Susana, lembra se quanto tempo gastamos discutindo como seria? Realmente imaginávamos que seria como ser transportada aos céus – com violinos e todo o resto.
Oh, meu deus, Amy Kati, você se lembra de quando eu lhe contei? Eu tinha 13 anos e você oito. Você foi procurar mamãe chorando.
Portanto, Justin Finch-Fletchley teve a mim em primeiro lugar. Que bom para você, Justin, ganhou o primeiro premio: a virgindade de Hermione Granger. E nem ao menos mandou um bilhete agradecendo ou qualquer outra coisa. Mas gostaria de dizer obrigada a você, Justin. Por sua causa, a minha vida social em Syracuse floresceu. Dormi com o presidente do Diretório Acadêmico e com o ex da maior gata da Faculdade em uma só semana. Meu nome e telefone estavam em todos os banheiros de todas as associações de estudantes do campus. Ta, só das judaicas. Não que eu fosse muito religiosa, mas...
Já estão sabendo? Hermione Granger é fácil. Basta telefonar para ela. Nem tem que lhe pagar uma bebida ou levá-la a uma festa. Nem mesmo precisa ser visto com ela em publico. É só telefonar e levar.
Fico contente com isso. Toda aquela trepação fez duas coisas boas para mim. A primeira foi me fazer perder um pouco de peso.
Fato: o ato sexual consome em media cerca de 150 calorias. É verdade, é um fato. E não pode comer durante. Então, quanto mais se faz, menos se come. É a melhor dieta que eu já fiz.
Segundo, acabou as minhas neuroses sexuais. Qual é a sua, mamãe, de não deixar tocarem em você em você sabe onde? É bom quando tocam em você em você sabe onde.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!